Bancadolândia

"O único 'jogador' que não tem preço

No patamar Champions League nunca temos muito por onde escolher para que o caminho seja menos espinhoso. É estar lá e jogar com coragem, inteligência e ambição. O sorteio da fase de grupos da Liga dos Campeões determinou que, nesta temporada, o Benfica terá de enfrentar PSG, Juventus e Maccabi Haifa na batalha de seis actos pelo acesso aos oitavos de final da competição. O capítulo de estreia da campanha da equipa de Roger Schmidt em 2022/23 terá redação de 90 minutos no Estádio da Luz, a partir das 20h00 de 6 de Setembro, frente ao campeão de Israel, o mesmo que as águias terão por diante na jornada 6, a de encerramento de contas no grupo H. Todos os momentos e golos a favor são (potencialmente) valiosos, e os desta atípica Liga dos Campeões, cuja fase de grupos será disputada a correr porque há um Campeonato do Mundo para jogar antes do inverno, prometem ser ainda mais relevantes nos detalhes das suas circunstâncias e dos seus contextos. Um Benfica empolgante, intenso e astuto nas zonas de ataque, mas também sólido e equilibrado defensivamente, junta o essencial dos hemisféricos, para, na empreitada Champions League usufruir de uma energia diferenciadora, ao alcance de poucos na grande Europa do futebol, como aquela que o melhor Inferno da Luz poderá propiciar. Com coração e pulmão de Liga dos Campeões, os encarnados jogarão sempre com mais um, do primeiro ao último minuto, esteja quem estiver do outro lado. É garantido e não tem preço.

Falhou, como os melhores factos

O futebol é desafiante e apaixonante também por casos como o de Roman Yaremchuk. Em pouco mais de um ano, o avançado de referência da selecção ucraniana totalizou quase 50 presenças em jogos do Benfica, mas não fez jus à reputação nem à capacidade goleadora conferidas pelas suas características de homem de área, de amante das balizas. De águia ao peito, ficou a um golo da dezena, pecúlio muito magro, concordaremos todos, para um jogador que, em campo, tem/teria como principal missão fazer a diferença. Não correu bem, não resultou como se perspectiva e desejaria, mas os números não definem tudo e, nesta situação, não lhe amarrotam o prestígio nem lhe distorcem a valia. Acontece, aconteceu. Não será gravado na pedra que o facto de gama alta é aquele que nos assenta na perfeição e nos deixa sempre confortáveis. Acredito que ainda ouviremos falar muito de Yaremchuk.

Boa sorte, Roman!"

João Sanches, in O Benfica