Últimas indefectivações

terça-feira, 4 de junho de 2019

O estranho caso de Mr. Hagan (Parte I)

"Pela primeira vez desde Ted Smith, o Benfica tinha um inglês como treinador. E as coisas começavam mal. À 11.ª jornada, via o Sporting com seis pontos de avanço. Calado demitira-se. O dr. Borges Coutinho mantinha a calma em mar encapelado.

Não haverá, em momento algum, forma de os clubes não serem o espelho da alma daqueles que neles trabalham.
Esta semana lembrei-me de uma figura fechada, tranquila, às vezes com um toque próprio de uma antipatia de ferro: Hagan, Jimmy Hagan.
Depois dos 103 golos marcados pelo Benfica neste campeonato, era impossível não recordar Hagan. E, curiosamente, Hagan nunca foi, apesar dos seus três títulos consecutivos de campeão nacional, uma figura consensual no Benfica.
Recordo-me bem da sua chegada. A verdade era indubitável: nunca treinara uma grande clube em Inglaterra, apenas o Petersorough e o West Bromwich Albion.
Mas o Benfica convulsionava-se. José Augusto terminara a época como técnico interino. Vencera a Taça de Portugal. Consolo pequeno para tão gigantescas ambições.
O campeonato começou mal para o inglês: vitória de aflitos sobre a CUF (1-0), empate em Alvalade, uma dolorosa derrota frente ao Farense. O veredicto do público não dava direito a apelo! Culpado? Hagan! «Morbidamente virado para a preparação física, desconhecendo a importância do estudo táctico, entranhado na mentalidade inglesa, não falando a língua do país onde ganhava a vida... Os jogadores contrariados porque não tinham prelecções, porque se sentiam desacompanhados, porque eram eles próprios que se orientavam em campo. Hagan apontado a dedo». Palavras da jornalistas Edite Soeiro, numa longa reportagem sobre o «Caso Hagan».
A tranquilidade de Borges Coutinho
As brechas começaram a abrir. Francisco Calado, o Chefe do Departamento de Futebol demitiu-se. De forma irredutível! E Calado era um peso forte dentro do clube. Não fez grandes declarações na hora da saída. Limitou-se a dizer, com a simplicidade que lhe era característica, que o técnico inglês não tinha capacidade nem condições para a exigência do lugar. E que já estava pelas orelhas com factos inexplicáveis: jogadores proibidos de falar e censura prévia a tudo o que fossem dizer publicamente.
Borges Coutinho era o presidente. Caíam sobre os seus ombros todas as responsabilidades. Era um homem sem dúvidas: «Que eu saiba, só houve um treinador inglês anterior a este que trabalhou no Benfica e deu magníficas provas. Evidentemente que se eu não achasse que Hagan não era a pessoa indicada para estar à frente do futebol benfiquista, já o teria tirado».
Falava de Ted Smith. O homem que levou o Benfica à vitória na Taça Latina de 1950.
Borges Coutinho sempre foi tido como alguém que não se precipitava e que tinha uma habilidade especial para resolver as questões mais bicudas. Em termos públicos, não fugiu às dificuldades que o Benfica estava a sofrer num campeonato que acabou por ter muitas similaridades com este que agora chegou ao fim. Falava com a sensibilidade de quem se debruçara seriamente sobre o que estava a acontecer no clube: «Evidentemente que não penso ser uma vantagem o facto de o treinador não falar português. Mas se me perguntarem se é um inconveniente, também afirmarei que não é. O Benfica tem um treinador-adjunto que é o José Augusto. Ele e o Sr. Hagan dão-se bem e conseguem entender-se numa mistura de inglês e português. Não há dúvidas que se entendem um ao outro. Aliás, o próprio Hagan consegue conversar com os jogadores individualmente, estando a par de todos os problemas. E tem resolvido alguns da melhor maneira».
Talvez optimismo a mais para quem via o Sporting adiantar-se na classificação. «Sinceramente não me sinto preocupado. De forma alguma. Segundo o meu critério, o sr. Hagan corrige um ou outro defeito em um ou outro jogador que não esteja a actuar segundo as indicações dadas por ele. Se me dão licença, sobre tácticas não me pronuncio. Acho que é o que deviam fazer todos aqueles que não percebem do assunto. Não sou um táctico. Não sou um técnico do futebol. O sr. Hagan está aí para dar um plano de jogo a todos os membros da equipa e tenho toda a confiança nele, como é óbvio. À 11.ª jornada estamos a 6 pontos do Sporting, mas direi que a principal razão para tal está nas lesões que nos assoberbam, como as de Torres, Matine, Eusébio, Simões e um ou outro caso. Recordo também que estamos e, plano processo de remodelação dos quadros da nossa equipa. Só há razões para as coisas evoluíram positivamente».
Tinha razão... Como veremos.
(continua na próxima edição)"

Afonso de Melo, in O Benfica

Casal de capitães

"A provar que tudo se pode conciliar, depois de casar e ter filhos, Maria da Conceição continuou a dedicar-se ao desporto.

Num período em que o desporto era considerado 'coisa de homens' e Portugal vivia sob uma ideologia política que defendia que o papel social da mulher era o de esposa, mãe e dona de casa, muitas mulheres mostraram que podiam ser isso tudo e muito mais, inclusivamente atletas. E houve homens que o apoiaram.
Em Lisboa, cidade grande, a possibilidade de praticar desporto num clube ou numa associação até chegava a grande número de meninas e jovens. Para muitas, o  desporto rapidamente deixava de ser uma mera actividade recreativa e passavam a dedicar-se-lhe afincadamente e a competir. Porém, para a maioria, terminada a vida de solteira, viam igualmente findada a sua carreira atlética. Mas outras houve que conseguiram vencer 'os preconceitos que, à sua volta, se erguem para a afastar dos campos de desporto' e conciliar a vida familiar com a desportiva, mostrando que a mulher pode querer e ser muito mais que 'um ser sem quaisquer outras ambições que não sejam as de ficar no seu lar, simples e recatadamente aguardando a chegada do esposo'.
Pelo Benfica passaram alguns exemplos. Entre eles, o da voleibolista Maria da Conceição Magalhães - filha de Germano de Campos, também ele atleta 'encarnado' -, um 'caso curioso de uma senhora casada que continua (...) a dedicar-se às práticas desportivas', como referiu a revista O Benfica Ilustrado, em Janeiro de 1963.
Maria da Conceição chegou ao Benfica 'bastante nova, quase mesmo de miúda'. No voleibol 'encarnado' conheceu José Magalhães - jogador e, posteriormente treinador das Marias, a equipa de voleibol feminino que venceu 9 Campeonatos Nacionais consecutivos nos anos 60 e 70. Casou, foi mãe e, facto considerado à época, 'invulgar e talvez inédito', continuou a jogar.
Em entrevista, Maria da Conceição frisou: 'Julgo que tudo se poderá conciliar!'. Por seu turno, José, que a apoiava 'a continuar a dedicar-se ao voleibol', sublinhou: 'Só vejo vantagens na prática do desporto pela mulher!'.
O casal Magalhães que, no início dos anos 60, capitaneava as equipas seniores feminina e masculina, esteve em destaque na edição de Janeiro de 1963 d'O Benfica Ilustrado, cujo original se encontrava em arquivo no Centro de Documentação e Informação do Sport Lisboa e Benfica."

Mafalda Esturrenho, in O Benfica

Sinopse da SAD vigiada pelo financial fair play

"Compulsando o relatório e contas da Porto SAD referente à época de 2017/2018, encontramos que os principais aquisições de jogadores foram as seguintes conforme (...).
A rubrica 'Encargos adicionais' refere-se a gastos relacionados com as aquisições de direitos económicos, nomeadamente encargos com serviços de intermediação, serviços legais, prémios de assinatura de contratos, entre outros custos relacionados com a aquisição dos direitos económicos.
Incluiu também o efeito da actualização financeira das contas a pagar a médio prazo originadas por estas transacções.
Desde logo deste quatro ressaltam duas coisas:
Uma primeira respeita ao facto da Porto SAD ter adquirido 15% do passe de Octávio a empresa privada.
Ao contrário do que tinha sido divulgado em Setembro de 2014, o FC Porto não pagou ao clube brasileiro Internacional Porto Alegre 5 milhões de euros pelos direitos federativos do jogador com 19 anos na altura.
Na verdade o Sport Club Internacional como legítimo titular dos direitos federativos cedeu ao cessionário (FC Porto), de forma definitiva e gratuita, a totalidade destes direitos... pode ler-se no acordo com data de 1 de Setembro de 2014.
Os direitos económicos de Otávio permaneceram na altura na posse do Coimbra Esporte Clube (65%), GE: Assessoria Esportiva (20%) e Otávio Bezerra Júnior (15%), comprometendo-se o FC Porto a distribuir a verba apurada num futura venda por estas três entidades, sendo que, posteriormente, os portistas adquiriram 33% dos direitos económicos de Otávio, a troco de 2,5 milhões de euros. Mas já no exercício de 2017 a Porto SAD tinha adquirido 20% do passe à mesma entidade conforme (...).
A Fédération Internacionale de Football Association (FIFA), por meio da Carta Circular n.º 1.464/2014, regulamentou disposições para a proibição de terceiros na propriedade de direitos económicos de futebol, sendo conhecido como Third Party Ownweship.
As alienações no exercício findo em 30/6/2018, foram de Diogo Dalot ao Manchester United, pelo montante de 22.000.000 Euros, que gerou uma mais-valia de 20.900.000 euros, após dedução do valor de 1.100.00 euros relativo a custos com serviços de intermediação prestados pela Proeleven Gestão Desportiva, Lda, a de Ricardo Pereira ao Leicester City, pelo montante de 20.000.000 euros, que gerou uma mais valia de 12.672.256 euros, após dedução do valor global de 7.327.744 euros relativo a: (i) efeito de actualização financeira das contas a receber a médio prazo originadas por estas transacções; (ii) responsabilidades com o mecanismo de solidariedade; (iii) proporção do valor de venda do passe detida por terceiros (12%); (iv) valores a apgar ao intermediário Pacheco & Teixeira, Lda. a título de compromisso assumido relativamente a transferência futura do Jogador; (v) custos com serviços da intermediação prestados pela PP Sports, Lda.; e (vi) valor líquido contabilístico do passe à data da alienação.
Ainda, Willy Boly ao Wolverhampton, pelo montante de 12.000.000 euros, que gerou uma mais-valia de 5.569.575 euros, após dedução do valor global de 6.430.425 euros relativo a: (i) efeito da actualização financeira das contas a receber a médio prazo originadas por estas transacções; (ii) responsabilidades com o mecanismo de solidariedade; (iii) custos com serviços de intermediação prestados pela Gestifute - Gestão de Carreiras de Profissionais Desportivos, S.A.; e (iv) valor líquido contabilístico do passe à data da alienação e por último Martins Indi ao Stoke City, pelo montante de 7.700.000 euros, que gerou uma mais valia de 5.332.968 euros, após dedução do valor global de 2.367.032 euros relativo a: (i) efeito de actualização financeira das contas a receber a médio prazo originadas por estas transacções; (ii) responsabilidades com o mecanismo de solidariedade; e (iii) valor líquido contabilístico do passe à data da alienação.
Além de no momento em que escrevo a Porto SAD já ter alienado 3 jogadores, sinal dos tempos, como era possível que o valor a receber de clientes em 30 de Junho de 2018 fosse, conforme (...)"

Pragal Colaço, in O Benfica

O Cantinho do Olivier - ep. 1

Benfiquismo (MCC)

Obras...

Três Benfiquistas... que são pais dos filhos(as)!!!

Não cansa...!!!

O Benfica é superior...

"Numa semana são os árbitros, uma juíza e o primeiro ministro. Pouco depois é o norte e o sul, em conversa da treta requentada. Na outra são os sub 20 encarnados, que não ganharam sozinhos o campeonato do mundo. Nesta é o João Félix, que tem de valer menos que o Marega. Já para não falar nas encomendas diárias nos media que disputam o campeonato da descida de audiências.
Em todos estes dias esqueceram -se de comemorar os títulos de andebol, hóquei e sub 19 em futebol. Deixem lá... comemoro-os eu: parabéns aos portistas que gostam do seu clube e rejeitam os valores do ódio, da violência e da imbecilidade, tatuados na pele de alguns dos seus representantes.
Custa-me a compreender que tendo gente tão qualificada a puxar pelo azul e branco, não se rebelem contra parasitas, aprendizes de criminosos, arruaceiros e maestros de sarjeta, que gostam de se intitular de representantes do "somos Porto". É a esses tais bandalhos que me dirijo. Acreditem, mesmo que não queiram: o Benfica é superior. O Benfica é superior em títulos conquistados. O Benfica é superior no ecletismo. O Benfica é superior na acção social. O Benfica é superior nas infraestruturas que construiu e pagou. O Benfica é superior nas contas. O Benfica é superior no fair play e na rejeição do doping. O Benfica é superior na reputação da sua marca. O Benfica é superior na reacção ao vosso ódio. Mas acima de tudo e de todos, sejam eles quem forem, o Benfica é superior na força integradora e propulsora dos seus adeptos, espalhados de norte a sul, ilhas e por todo o Mundo. É esta esmagadora superioridade que vos deixa atónitos. Em todo o País a maioria das pessoas identifica-se com o seu clube, que é o Benfica. Não querem saber do que se passa convosco e com outros. Sois algo desinteressante, reflexo e mesmo antagónico. Sois o que o Benfica for. Ganhadores pela nossa incompetência pontual. Perdedores pela nossa naturalidade. Pensem nisto quando vos ocorrer um ataque cobarde a um rapaz de 19 anos, apenas acompanhado pelo irmão menor e pelos pais. Pensem sempre no Benfica, superior, a pairar sobre tudo e todos. Cá em baixo, mas acima do vosso nível, estamos sempre disponíveis para vos enfrentar."

37 desejos para 2019/2020

"Acabou a Liga Portuguesa 2018/2019. Depois deste 37.º título (top 3 dos títulos mais saborosos da minha vida), e sem querer parecer que estou a pedir muito, aqui ficam 37 desejos para a próxima época:
1. A 8.ª Supertaça em Agosto;
2. Um sorteio de novo sem condicionantes mas desta vez a sério;
3. Respeito pelos adeptos com datas dos jogos a tempo e horas e, já agora, articulados com os voos das companhias aéreas para os Açores;
4. Liberdade para escolher as cores da roupa que uso nos estádios de futebol (ou em alguns campos da bola, vá);
5. Mais tolerância e educação por parte das forças policiais ou de quem as comanda;
6. Dá-me o 38;
7. Que a nossa direcção defenda os seus adeptos ou que, pelo menos, não se remeta a um silêncio ensurdecedor, quando somos varridos à bastonada por causa de nada ou quando nos enjaulam sem água e luz numa bancada com apenas uma porta fechada;
8. Um “ligeiro” aumento no orçamento informático do SLB ou mais competência. Bilhetes online sim mas sem ficarem em off durante 6 horas;
9. Que os nossos sócios presentes no estádio sejam mais adeptos e menos espectadores;
10. Que a Adidas comercialize um manto sagrado “long sleeve”. A malta gosta e o Nuno merece; 
11. Dá-me o 38;
12. Somos nós. Temos que ser mais e melhores a puxar pela equipa que o contrário. Eles depois fazem o resto. Isto não é só festa e do outro lado está sempre uma equipa que também joga e quer ganhar;
13. Maior proximidade entre equipa e adeptos (o Lage nesta vai dar uma ajuda);
14. Camisola 10. Se o Jonas acabar a carreira que seja entregue ao puto Félix;
15. Samaris a capitão;
16. Dá-me o 38;
17. Uma Champions, finalmente, “À Benfica”;
18. Que as fotos de equipa no início dos jogos não seja só mais uma foto. 6 levantados e 5 agachados (old fashion way);
19. Já leram metade do post. Obrigado pela paciência;
20. Mais futebol dentro das 4 linhas e menos nos bastidores (sou um lírico);
21. Dá-me o 38;
22. Que os comentadores de futebol...gostem e falem de futebol. Isto e seriedade já basta;
23. Que o meu clube me trate mais como adepto e menos como cliente;
24. Que o Canal Panda continue com a sua fantástica grelha. Super Wings inclusive;
25. Menos luzes e (ainda) mais tomates;
26. Dá-me o 38;
27. Regresso de um troféu chamado “Eusébio Cup” jogado na Luz;
28. Já que o Var veio para ficar então que cumpra a sua missão. E não se esqueçam que o protocolo não pode ser cego nem estanque;
29. Que as eleições de 2020 não sirvam de pretexto para lavar roupa suja e ataques pessoais. Discuta-se apenas e só o Benfica. O objectivo de todos os candidatos tem de ser o mesmo. Servir o Sport Lisboa Benfica;
30. Ganhar a taça da liga ( será a oitava) porque é mais um troféu e não para ser “campeão de inverno” no Record e para a Liga Portugal;
31. Dá-me o trigésimo oitavo título de campeão nacional;
32. E depois estar presente no Jamor;
33. Elaboração de um “Programa de Jogo” a ser distribuído por subscrição. Pode não ser um sucesso imediato mas as coisas estranham-se e depois entranham-se;
34. Voltarem a pensar (ou fazer a CP pensar) no regresso do Comboio Benfica. E que seja nos dois sentidos - trazer os nossos para nossa casa e levarmos os nossos à casa dos outros;
35. Que o número 8 esteja presente durante toda a época. Pensem nesta;
36. Que não nos façam sofrer tanto (não quero pensar outra vez que me vai dar um treco num jogo contra um Portimonense desta vida);
37. Mais cultura desportiva e desportista (esta é mesmo para todos, onde, obviamente, me incluo);
38. Apercebi-me agora que afinal são 38 desejos: dá-me o... vocês já sabem!"

As escolhas de Santos para a Suíça

"Deve Fernando Santos apostar, simultaneamente, em Bruno Fernandes, João Félix, Bernardo Silva e Cristiano Ronaldo?

A Liga das Nações, que deverá permitir um encaixe de 150 milhões de euros à economia portuguesa, é uma competição em que as melhores selecções europeias apostaram fortemente e que está agora apenas ao alcance de Portugal, Suíça, Inglaterra e Holanda.
E, destas quatro, qual é mais favorita? Obviamente, Portugal, campeão da Europa em título e anfitrião do evento. E o que vale esse favoritismo? Como diria o novo treinador do Flamengo, «bola!».
É preciso recuar 21 anos para ver a equipa da casa a ganhar um Mundial (França, 1998) e 35 para um Europeu (França, 1984)...
Fernando Santos, numa competição-relâmpago, jogada em regime de mata-mata, não necessita de se preocupar por aí além com o desgaste dos jogadores, ao contrário das provas mais longas, que podem chegar aos sete jogos.
Desta vez, o seleccionador nacional tem em mãos um dilema diferente daqueles com que se viu confrontado no passado: será que é possível compatibilizar, no mesmo espaço e no mesmo tempo, os quarto jogadores mais vistosos da Selecção Nacional? Ou seja, Fernando Santos estará disposto a colocar Cristiano Ronaldo, Bernardo Silva, João Félix e Bruno Fernandes no onze inicial? Conhecendo o seleccionador campeão da Europa, e sabendo da sua obsessão pelo equilíbrio defesa-ataque, é legítimo que surjam dúvidas. Mas, em exercício académico, imagine-se que Fernando Santos aposta mesmo neste quarteto de luxo. Que enquadramento poderia sustentá-los? Um 4x4x2, com Rúben Neves na posição seis, e Bernardo, Bruno e Moutinho, mais à frente, pedindo a cada um destes, e ainda a João Félix, que actuaria nas costas de CR7, um constante compromisso defensivo? Ou um 4x3x3, com a inclusão de um interior esquerdo de cariz mais conservador (William ou Guerreiro...), para equilibrar o que Cristiano Ronaldo não defende? Neste caso teríamos, por hipótese, um meio-campo a três com Rúben Neves, Bruno Fernandes e Guerreiro (ou William) e um trio da frente com Bernardo, Félix e CR7. Ao longo dos anos e das competições, nem sempre tenjo concordado com as opções de Fernando Santos. Mas respeito-o o suficiente para lhe dar mais do que o benefício da dúvida. E respeito ainda mais a coragem necessária para, muitas vezes, não ir atrás da solução mais fácil, preferindo a eficácia à nota artística. Dito tudo isto, comigo, jogavam os quatro...

Ás
Jurgen Klopp
Uma equipa de autor. Como o Barcelona de Guardiola, o Inter e o FC Porto de Mourinho e o Real Madrid de Zidane. O Wanda Metropolitano foi palco da consagração internacional de um treinador-comunicador, que brilha com luz própria. Klopp pode registar a patente da fórmula do sucesso com um sorriso nos lábios.

Ás
Pedro Roxo
Reeleito presidente da Académica, tem em mãos a tarefa de devolver a Briosa à dimensão futebolística que historicamente justifica. Na cidade dos doutores, a proliferação de opiniões tem sido, bastas vezes, força de bloqueio. Mas a Académica só poderá honrar o passado se for capaz de se abrir ao futuro...

Duque
Hélio Sousa
O responsável técnico pela selecção de sub-20 é o rosto do fracasso, que não é apenas seu, no Mundial que decorre na Polónia. Sejamos absolutamente claros: Portugal não justficou a passagem aos oitavos de final. O futebol exibido foi pobre, a anos-luz do potencial dos jogadores escolhidos. Um acto falhado.

Nós com 431, os ingleses com 6000 milhões...
«A Primeira Liga aumentou receitas em 18%, com uma maior polarização na distribuição a fazer crescer o desequilíbrio competitivo»
Relatório, Deloitte
Apesar de um crescimento de 18 por centro nas receitas, a Liga portuguesa, que viu aumentado o desequilíbrio competitivo, é apenas a nona mais rentável da Europa (431 milhões), atrás não só das big five, mas também da Rússia (813), Turquia (731) e Holanda (495). Com eleições à porta, ou os clubes veem o negócio como um todo, ou vão lamentar, amargamente a falta de perspectiva.

'Seu' Jorge desafia arrogância brasileira
Os brasileiros são um povo simpático e afável em quase tudo. Porém, quando chegam ao futebol, viram arrogantes, com tiques, até, autistas, que só os prejudicam. São pentacampeões do Mundo, sabem tudo, não precisam de aprender nada com os gringos. Aqui residirá a maior dificuldade de Jorge Jesus na aventura na Gávea.

José Antonio Reyes
Durante a passagem de José Antonio Reyes pelo Benfica, o esquerdino andaluz não escondeu a 'afición' tauromáquica e concedeu uma entrevista a A Bola, no Campo Pequeno, onde ensaiou alguns passes com a capa. Tempos felizes de uma existência cortada brutalmente pela estrada, engrossando uma lista de futebolistas, onde constam nomes portugueses como os de Néne, Tobica, Zé Beto ou Rui Filipe. Reyes superou uma infância de pobreza e afirmou um talento exuberante, conquistando títulos em Espanha, Inglaterra e Portugal, além de deter o recorde de vitórias na Liga Europa, nada menos que cinco! Infelizmente não pôde gozar a vida que construiu."

José Manuel Delgado, in A Bola