Últimas indefectivações

sexta-feira, 26 de junho de 2015

Quem mais arrisca?

Promete ser espetacularmente de gritos o próximo campeonato de futebol. Agora é que é mesmo: Benfica, FC Porto e Sporting (mera ordem de classificação na anterior Liga) precisam de ser campeões. Precisam! Os três arriscam imenso! Quiçá mais do que nunca. E, no final, inevitável, haverá dois perdedores...
Todos na zona vermelha do conta rotações (e desta feita, também mais do que nunca, incluindo os três treinadores...), quem arrisca ainda acima do risco dos outros? Luís Filipe Vieira e Rui Vitória? Pinto da Costa e Julen Lopetegui? Bruno de Carvalho e Jorge Jesus?

Adeptos do Benfica, regressados ao hábito de vencer, reclamam 3.º título consecutivo (aí, sim, haveria retorno da longínqua hegemonia benfiquista). Se esse objetivo falhar, cabo das tormentas para Luís Filipe Vieira que, provocando quase generalizada estupefação, empurrou Jorge Jesus para a porta de saída (enorme maioria de adeptos, de qualquer dos gigantes, está-se nas tintas para restrições financeiras e projetos a médio prazo; quer é títulos; sobretudo na massa de adeptos nos quais se enraizou esse ótimo sabor...).
Ainda assim, Vieira poderá contrapor, a par da necessidade de vacas magras nas finanças, o trunfo dos dois últimos títulos. E do regresso de Benfica campeão também em quase todas as outras modalidades. Chegará para anular eventual fiasco no futebol? Depende do nível do fiasco. Muito dificilmente se equipa em reconstrução com escassez de meios for atirada para regresso aos consecutivos anos de Benfica limitado ao 3.º lugar.
Rui Vitória arrisca, mas bem menos. Se acontecer flagrante dissonância de meios face aos que teve o seu antecessor (embora o último título tenha sido grande proeza de Jorge Jesus, após perder, de rajada, 8 campeões!, e perante o luxo do plantel portista). Que plantel Vieira irá dar ao novo líder técnico? Rui Vitória, pressionado pelo novo projeto de aposta em jovens vindos da formação, logo frisou: «Sim mas não sou tolinho...».

FC Porto não pode perder 3 campeonatos a fio... E agora, subitamente, vê forte hipótese de novo Sporting ampliar o habitual palco de duelo com o Benfica.
Pinto da Costa decidiu manter Lopetegui. Ambos pressionados ao máximo. Por isso, já se percebeu: o FC Porto perde Danilo, Casemiro e Jackson, mas encaixa milhões de euros à escala de dezenas e não irá desinvestir. Pelas contratações já feitas e pelas que parecem a caminho, com base no Dragão estará outro plantel de luxo. Ou como Lopetegui estará proibídissimo de voltar a falhar... Se isso acontecesse, o pedestal de Pinto da Costa muito abanaria.

Jorge Jesus assume a responsabilidade de intenso foco como protagonista de revolução à vista. No entanto, é de Bruno de Carvalho o máximo risco. Na grande cartada de contratar o treinador bicampeão apostou tudo. Dificílimo meio termo entre estrondoso êxito e início de desmoronamento. Bruno de Carvalho acerta em cheio nos treinadores: Leonardo Jardim, Marco Silva, Jorge Jesus. Contraponto: com o primeiro, desafinou-se na ponta final (mau grado o 2.º lugar); com o segundo, criou verdadeira borrasca logo a meio da época e teceu indigno final (apesar da conquista da Taça de Portugal). Agora, tendo arriscado enorme salto em frente Bruno de Carvalho enfrenta enorme diferença: está absolutamente dependente de Jorge Jesus (êxito ou fracasso).

Por isso, ao presidente do Sporting não bastará o enorme e tão inesperado, investimento financeiro neste treinador. Terá de prossegui-lo no plantel. Nas receitas não concretizadas por veto de Jorge Jesus às saídas dos mais valiosos jogadores. E na aquisição dos reforços a sério que Jorge Jesus reclama e lhe terão sido prometidos. Reviravolta na política de treinador e plantel com baixos custos. E rápido acentuar de aposta em recrutamento na formação fica adiado. Porque, se Rui Vitória já frisou não ser tolinho, Jorge Jesus é... raposa velha.

Conclusão: as duplas responsáveis no FC Porto e no Sporting arriscam ainda mais do que a do Benfica, apesar de tudo...

Santos Neves, in jornal A Bola

Mini Pereira e Marco Selva

Se, porventura, Maximiliano Pereira continuar no Benfica vão ser poucos os adeptos benfiquistas dispostos a perdoar-lhe amorosamente, como sempre fizeram, a mais pequena falha em campo, coisa que raramente acontecia. 
- Devias ter ido para o Porto! - é o grito que surgirá das bancadas sempre que o uruguaio desacertar.
É no que dão estes romances insuportavelmente esticados para lá do tempo razoável da intriga. Enjoam. 
Não tendo havido consenso entre as partes para a renovação do contrato antes do fim de 2014, era certinho que a discussão do futuro do jogador iria ser um dos pratos fortes do defeso de 2015, até à exaustão. 
Maxi Pereira está há oito anos na Luz e, devagarinho, foi-se afirmando como um esteio da equipa, como uma referência de empenho e de dedicação que conquistou o coração dos adeptos convencidos de que tudo aquilo que o viam fazer em campo era obra de um insuspeito benfiquismo intercontinental que lhe corria nas veias desde a hora em que nasceu, lá longe no Uruguai.
A dor iminente de se perder um excelente defesa-direito tem vindo a ser suplantada, e brutalmente, pela decepção de uma evidência mil vezes mais castigadora. A de que, afinal, Maxi Pereira não é do Benfica desde pequenino, é apenas um profissional de futebol - e dos bons! - que faz contas à vida e deita os olhos ao seu futuro.
A esta chatíssima novela nem sequer falta um suposto vilão. Trata-se do empresário do jogador, esse grande malandro que quer enfiar Maxi no Porto tal como já fez no passado com Cristian Rodriguez, outro uruguaio por si agenciado que transitou da Luz para o Dragão sem pensar duas vezes.
Porque o processo foi muito rápido, a deserção de Cristian Rodriguez causou surpresa e comoção. O eventual trânsito no mesmo sentido de Maxi Pereira já não causará surpresa nem, muito menos, comoção porque este enredo abusa da lentidão e da paciência geral.
Exaspera-se, em primeiro lugar, o público que concede benevolentemente um tempo legítimo para estes suspenses. Mas depois, vendo a acção engonhar, acaba toda a gente por se desinteressar do assunto. Qualquer que seja o desfecho, já vai tão longa a conversa que, francamente, deixou até de ser emocionante para passar a ser coisa enfadonha, entediante. Talvez seja esta a estratégia do Benfica para perder Maxi Pereira para o Porto ou para qualquer outro emblema sem que haja revolta na Luz.
- Vamos aborrecê-los de morte com o caso Maxi Pereira até ser um alívio a sua partida! E, assim, se perderá sem fazer ondas um jogador que foi importantíssimo no renascer do Benfica para a conquista de títulos e na consequente recuperação da auto-estima da casa que andou muito por baixo durante anos a fio.
Aconteça o que acontecer, é nossa obrigação agradecer a Maxi Pereira a entrega total em oito anos ao serviço do Benfica. Foi frequentemente notável o seu contributo.
Ao ponto de nos fazer achar que, finalmente, já havia entre os jogadores quem interpretasse maravilhosamente o papel de moicano de eleição, servindo de exemplo não só para os mais novos do balneário mas também de exemplo para os nossos adeptos imparáveis que se reviam inteiros e de alma lavada naquele uruguaio não menos imparável.
No Benfica, Maximiliano Pereira foi sempre Maxi.
O Maxi Pereira da Luz. Nunca Mini Pereira.
Mini Pereira será para os outros. E acabem lá com isto, por favor.

Se já é arrevesado e injusto despromover Maxi Pereira a Mini Pereira feitas as contas aos tais oito anos passados pelo uruguaio no Benfica - e vá ele para onde for -, o que dizer do absurdo da transformação de Marco Silva em Marco Selva após um ano em Alvalade com a conquista de um título oficial coisa que não se via por aquelas bandas há uma quantidade de anos?
Os presidentes ao presidir podem fazer o que lhes dá na gana. Aliás, em alguns casos, foi para isso mesmo que foram eleitos. Contratar e despedir funcionários é uma das atribuições de quem preside e o exercício da vontade suprema, o luxo das decisões indiscriminadas, o poder absoluto sem quem o contrarie são as pequenas alegrias de quem, de repente, se vê numa altíssima posição de comando sem saber muito bem como.
O despedimento com alegada justa causa de Marco Silva é uma decisão que cabe na área de legitimidade do presidente do Sporting e que, por isso mesmo, não se discute a sua autoridade - presidente é presidente - embora, tudo o indique, venha a ser discutido em tribunal.
Despediu, está despedido, acabou-se a conversa.
É normal, é futebol.
O que não é normal nem é futebol é esta coisa malsã de andar o presidente despedidor, consumado o acto, a insultar o treinador despedido com palavras feias e destruidoras do carácter de um profissional que desse ponto de vista, profissional, não falhou no seu ano de trabalho. Ou falhou?
O presidente do Sporting quer fazer de Marco Silva um Marco Selva.
Quer-me parecer que, neste capítulo, não vai ter sorte nenhuma.

Amigos sportinguistas e portistas dizem-me que não querem o Maxi Pereira nos seus respetivos clubes porque, sendo ele um caceteiro de primeira ordem, passará a vida a ser expulso já que nem o Porto nem o Sporting gozam da proteção dos árbitros ao contrário do que sucede com o Benfica.
No fundo, não acreditam no que dizem.
Pois se fosse assim nem o Sporting se dava ao trabalho de contratar o treinador campeão Jorge Jesus nem o Porto se incomodava a desviar jogadores campeões do Benfica. Bastava-lhes seduzir árbitros. Uns poderiam até depositar uns quantos milhares de euros na conta de um qualquer fiscal-de-linha distraído enquanto outros poderiam impor à descarada os produtivos métodos da fruta e do cafezinho com leite.
Mas não. O que querem mesmo é jogadores do clube campeão e o treinador do clube campeão, o que se compreende.
No entanto, confesso que gosto desta fama que o Benfica bi-campeão ganhou. Considero mesmo uma maravilhosa novidade ouvir os nossos rivais utilizar os mesmos argumentos que nós, benfiquistas, utilizávamos quando as coisas corriam ao contrário dos nossos desejos materiais.
Por exemplo, quando o Argel, que tinha passado pelo Porto, chegou ao Benfica e levou o seu primeiro cartão amarelo num dos seus primeiros jogos de águia ao peito, levantou-se imediatamente um coro de inteligentes nas bancadas da Luz:
- Se ainda fosses do Porto não tinhas levado amarelo!
É esta a lógica das emoções no mundo da bola. O reportório é muito escasso e pouco imaginativo no que diz respeito a reclamações e a justificações. Se, outro exemplo, Jorge Jesus falhar no Sporting - como se deseja deste lado da Segunda Circular - ainda vão dizer muitos inteligentes que o Benfica mandou o seu antigo treinador no papel de emissário disfarçado para destruir o Sporting a mando de Luís Filipe Vieira com quem fingiu estar zangado.
As histórias repetem-se e repetem-se e repetem-se.
E é assim que andamos todos entretidos.

Afinal parece que o Jonas já não se vai embora. Era uma pena se fosse porque se trata de um grande artista e de um exímio goleador. Julgo que a receita do sucesso do Benfica na última época se ficou a dever ao eixo Júlio César, num extremo, e Jonas, no extremo oposto.
Os dois veteranos brasileiros deram à equipa de 2014/2015 uma eficácia que chegou a ser posta notoriamente em causa depois da debandada de meia-equipa do lindo triplete de 2013/2014.
Seria um descanso partir para a época de 2015/2016 com o mesmo eixo de sábios no ativo. Júlio César a não deixar os golos entrar e Jonas a meter golos nas balizas dos adversários. Quanto aos demais, logo se verá quem vem e quem vai. Mas estes dois, se for possível, é para deixar estar como está.

Excelente decisão da Liga ao impedir que os jogadores emprestados defrontem os seus clubes emprestadores. Tudo o que é em prol da transparência é bom para o negócio e para toda a gente. A única pessoa que pode ficar triste com esta regra é o Miguel Rosa porque assim, deixa-se de falar dele naquelas duas vezes por ano em que era o jogador mais famoso e mais influente de Portugal.

Leonor Pinhão, in jornal A Bola

Falências e obscenidades

Há poucos anos, havia o clássico escocês Celtic-Glasgow Rangers. Uma espécie de Benfica-Sporting, de lá. Entretanto, os protestantes (Rangers) não conseguiram superar o garrote financeiro e foram declarados insolventes. Foi criado um seu ersatz, que começou por baixo e está agora na 2ª divisão. Assim terminou o (pouco) fascínio de uma liga monopolizada pelos dois rivais de Glasgow.
Agora são mais dois clubes que abrem falência. O Parma, em Itália e o CSKA, na Bulgária. Os italianos de uma cidade da parte rica transalpina chegaram ao fim, depois de gloriosas épocas, mas também de fantasias, tendo ganho uma Taça das Taças, duas Taças UEFA e uma Supertaça Europeia. O clube oriundo do exército búlgaro, crónico campeão, antes temido nas competições europeias, sucumbiu depois de desvarios. 
Por cá, tudo numa boa. Treinador entre os mais bem pagos do planeta, transferências de muitos milhões, contratos inexplicáveis no contexto português e de crise (pelo que li, no caso de Maxi, haverá oferta de valores mensais que são 571 vezes o salário mínimo ou, dito de outra forma, correspondendo o salário mensal do uruguaio a 41 anos de trabalho de uma pessoa com o salário mínimo!), comissões obscenamente exigidas e recebidas por intermediários que fazem de conta que são empresários. 
A festa continua, numa vertigem que se sabe como começa, mas não se conhece como acaba. Certa populaça, que vocifera contra outros ordenados, discorre sobre anormalidade desta apoplexia salarial, imoral e injustificada, alimentada por certos media tão críticos para uns euros e tão acríticos para esta flagrante obscenidade.

Bagão Félix, in jornal A Bola

Di Maria com espinha atravessada

Gloriosos Indefectíveis,

Os nossos nunca se esquecem. Angel Di Maria é um dos nossos. Sempre que fala do Sport Lisboa e Benfica fa-lo com muito carinho e está gravado no meu coração vermelho de indefectível como um dos indefectíveis. Angel Di Maria e Oscar Cardozo têm aí um cantinho especial. Dois jogadores ímpares e inigualáveis.

Ontem, Angel Di Maria (Fideo) concedeu uma Entrevista ao jornal argentino Olé onde aborda assuntos vários, especialmente ligados à selecção alviceleste.

A espinha atravessada na garganta


A meio da entrevista, fala da espinha atravessada na garganta, quando foi impedido de jogar a final do campeonato do mundo de 2014. Uma carta enviada pelo Real Madrid a proibi-lo. Ao receber a carta na véspera do jogo Di Maria rasgou-a e foi falar com o treinador Alejandro Sabella dizendo que estava pronto para jogar mas Sabella deixou-o de fora da convocatória. Angel Di Maria diz que jamais irá esquecer. Será algo que caminhará com ele toda a sua vida.

Eis aqui um extracto da entrevista:

- Por cuánto tiempo vas a maldecir no haber jugado la final del Mundial?
-Toda mi vida. Podemos llegar a otra final del Mundo pero la espina de no haber jugado ésa siempre va a estar. Hice todo para llegar, hasta sufrí para estar.
- Si jugabas te podías romper todo o influyó la carta que envió el Real Madrid metiendo presión?
-No. Se dijeron muchísimas cosas pero la realidad es como me llegó, a la carta la rompí.
- En qué momento fue?
-Llegó el mismo día de la final. Y decía que la Selección Argentina se tenía que hacer cargo de todo lo que me pudiese pasar, porque por esa lesión yo no podía jugar esa final. Me la dio el doctor, la leí y la tiré... Ahí mismo fui a hablar con Don Julio (Grondona). Le pregunté si había algún problema. El me miró y me dijo: “Nene, si vos querés jugar, jugá. Nosotros nos hacemos cargo”. Entonces lo busqué a Alejandro (Sabella) y me puse a disposición. “Si me querés poner, poneme. Hacé lo que sea mejor para el equipo”. Y él decidió lo que le parecía correcto."
in jornal Olé

Angel Di Maria não o menciona, mas poucas dúvidas restarão de que aqui está a razão porque ele quiz sair do Real Madrid. Um jogador cheio de paixão pela sua alviceleste. Um indefectível de que muito me orgulho de ter presenciado a sua magia sobre os relvados da catedral.

Hoje encontra-se em Manchester, subjugado por um treinador sem escrúpulos para quem o génio é nada comparado com o seu ego holandês. Di Maria está ostracizado por jogar muito e bem. Diz Van Gaal que Di Maria joga depressa demais. Esquece-se de esperar pela equipa. Mas Di Maria é grande. É feito da fibra dos maiores. Irá sobreviver a tudo isso e mostrar o jogador ímpar que é.

Para mim é uma honra e um motivo de felicidade porque sou seu vizinho. De Fideo e do Markovic, dois super craques, uma vez que moro entre Manchester e Liverpool. Quem sabe algum dia nos cruzaremos no caminho, hem Di?

Sempre contigo, indefectível Fideo!

Pelo Benfica! Sempre!

Redheart <3