Últimas indefectivações

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Antevisão...

Vitória em Torres...

Torrense 1 - 2 Benfica


Excelente vitória com o líder da Liga (incrível como o Torrense ainda pode perder o título...!), confirmando a excelente 2.ª volta, e garantido o 3.º lugar...
Estreia a titular do Avançado Nigeriano Peter Edokpolor, com dois golos... o puto tem potencial!

Fever Pitch - Domingo Desportivo - Uma Ode a Emanuel Simões

Falar Benfica #204

Jogo Pelo Jogo - S03E37 - Benfica e Sporting até ao fim? Yeah

Mata Mata: Benfica e Sporting Vencem. Mourinho na Seleção?

Pre-Bet Show #131 - Top5 Médios Defensivos 🔝

No Princípio Era a Bola: Um Benfica que pensa melhor longe da Luz e um Sporting que não se satisfez com pouco continuam às turras no topo do campeonato

Fortes com os fortes


"Assim parece o Benfica 2024-2025 que, depois de golear no Dragão há apenas 15 dias, saiu da difícil viagem a Guimarães com uma vitória clara, porventura mais clara do que o jogo permitia, e com a certeza que também sabe ser cínico e eficaz, ao contrário de tantas vezes nesta época. No sábado passado, o Benfica nunca conseguiu dominar o jogo, em algumas partes foi até dominado, mas nunca pareceu ter perdido o norte e o autocontrolo que tem faltado algumas vezes. Sempre bem posicionado, com poucos erros não forçados e mostrando-se sempre capaz de sair rápido e causar perigo, contou ainda com um Trubin de excelência na baliza e com o goleador Pavlidis a manter o “ketchup” aberto. Devemos acreditar que nestas quatro finais teremos o Benfica da Champions, do Dragão e de Guimarães, concentrado, coeso, intenso e eficaz. Se assim acontecer, todas as esperanças num final feliz, com a consciência de que depois de um jogo com o Tirsense em que o que se pede é sobretudo seriedade para com a competição, teremos na Luz mais um “aflito”, que jogará consciente que nada dele se espera e, por isso mesmo, com a tranquilidade que ultimamente tem causado problemas. É precisamente recordando o Farense e, sobretudo, o Arouca, os mais difíceis adversários dos últimos tempos, que o Benfica terá de mostrar que para além de forte com os fortes sabe também ser consistente com os menos fortes. Só assim poderá chegar ao jogo com o forte Sporting e confirmar a regra 2024/2025 como todos nós, benfiquistas, esperamos e desejamos..."

3x4x3


Segunda Bola


- Rubricas... 

Um Benfica inteligente, matreiro e autoritário


"O primeiro golo do Benfica em Guimarães deu-me esperança num final feliz, mesmo que a história não seja como a imaginei. Na minha cabeça, o Benfica é todo-poderoso: deve ser sempre possante, dominador, um compressor que verga os adversários e os esmaga com galhardia e lealdade. A realidade é que nem sempre colabora. Corria o vigésimo minuto da partida e o Vitória tentava impor o seu jogo, passando mais tempo no meio-campo adversário.
A estratégia parecia empurrar-nos para demasiado perto da área, o que sugere, desde logo, más memórias. Não gosto de ver uma equipa do Benfica encolhida no campo. Admito que a realidade nem sempre permita ao Benfica ocupar o relvado como se fosse seu e os adversários estivessem lá apenas porque as regras da modalidade a isso obrigam — mas parece-me sempre uma coisa meio imprópria, contrária à imagem que tenho do meu clube. Não perdi mais tempo. Abri o WhatsApp e preparava-me para partilhar com amigos um primeiro sentimento de apreensão, isto perante mais uma saída a jogar que nos fazia parecer acossados. Quis o destino que a app se desligasse sem motivo aparente. Enquanto o WhatsApp reiniciava, Florentino, Akturkoglu e Pavlidis desdobraram-se para ocupar o relvado como se este fosse exclusivamente seu e me explicarem que havia um plano.
A facilidade com que esta equipa passa de um momento de aperto para outro de felicidade descreve bem aquilo que tem sido a época do Benfica com Bruno Lage. Já muitos o deram como despedido ou condenado ao insucesso, mas o treinador do Benfica continua a fazer como naquela célebre imagem de Cristiano Ronaldo, em pleno El Clásico, quando pede calma e diz que está ali. Bruno Lage, ao que parece, também, e o seu trabalho continua a explicar-se melhor do que a oratória.
Não é exatamente o Benfica que idealizei — e creio que também não corresponde à ideia original de Lage —, mas o facto é que alguns dos jogos mais difíceis da época têm sido superados de forma inteligente. A equipa parece optar por dar alguma iniciativa ao adversário, como se conseguisse medir exatamente até onde este pode ir (um plano arriscado, claro), esperando pacientemente pela oportunidade de usar o talento disponível para revelar uma versão matreira que responde de forma bem oleada à pressão adversária, quase sempre com oxigénio e engenho suficientes para desferir ataques perigosos ou fatais — que é como quem diz, colocar o adversário no seu devido lugar e fazê-lo duvidar da sua superioridade territorial. O Vitória teve mais bola, mas quase nunca jogou mais à bola.
Talvez por isso o Benfica aparente mais desenvoltura a jogar fora de casa, onde a expectativa de passar 90 minutos instalado no meio-campo adversário é um pouco menor. Por comparação, os jogos em casa, no Estádio Allianz, têm sido mais complicados, como demonstrado recentemente pelo Arouca e até mesmo pelo Farense.
Os algarvios, ainda que tenham tido pouca bola (apenas 30%), conseguiram fazer o ataque posicional do Benfica parecer um pouco mais frágil do que seria desejável. Já o Arouca, que teve direito a um bónus arbitral, soube ocupar o meio-campo do Benfica e não só teve mais bola (45%) como mostrou o que se pode fazer com ela. Esta debilidade na transição defensiva não me parece ser um problema com solução conclusiva esta época, mas vem aí um teste em que não podemos falhar. Importa perceber como vai o Benfica chegar ao jogo contra o Sporting, em casa, onde, tudo indica, terá a responsabilidade de vencer por dois golos de diferença.
Sabendo da apetência do Sporting para um jogo vertical, competente a fazer a bola chegar rapidamente a Gyokeres, será fundamental que o Benfica mostre primeiro a sua versão mais autoritária e só depois a matreirice. Antes disso, e para que este parágrafo não envelheça mal, só uma coisa interessa: vitórias contra Aves SAD, Estoril e, já agora, Tirsense.

O dossiê vazio da centralização
Mudam-se os tempos, mas falta saber se a vontade acompanha. As recentes alterações na liderança da Liga e na estrutura da FPF, assim como a permanência do tema, criaram espaço para intervenções muito interessantes sobre o projeto de centralização dos direitos televisivos. Começando pela mais importante, de Reinaldo Teixeira, novo presidente da Liga, cujo discurso de tomada de posse fez soar alarmes e confirmou uma coisa que muitos iam ouvindo dizer por aí — mas não a um microfone.
Contrariamente à definição mais ampla encontrada no dicionário, as referências a um dossiê da centralização dos direitos televisivos diziam afinal respeito ao objeto literal: uma pasta onde se arquivam folhas e documentos. Lá dentro, de acordo com a nova liderança da Liga, pouco consta.
Segundo Reinaldo Teixeira, está tudo por fazer: qual a chave de repartição, que modelo competitivo, que tipologias de produto serão apresentadas ao mercado, ou que investimento será feito para recalibrar a Liga portuguesa numa nova era de conteúdo digital e acesso aos protagonistas. Junte-se a isto as reflexões pertinentes e preocupadas de Luís Sobral, ex-diretor-geral da FPF, Rui Pedro Soares, consultor com experiência neste tema, ou a recente entrevista de Francisco Lampreia a este jornal — um executivo com vasta experiência internacional em clubes de topo nas áreas de media, patrocínios e conteúdos.
Todos têm um mérito: o de tornar esta discussão mais clara e de tornar os alarmes ainda mais audíveis. E todos parecem indicar o mesmo: que as expectativas criadas são irrealistas e que, digo eu, dificilmente todos sairão satisfeitos.
Os alertas vêm de todos os lados, exceto de quem devia naturalmente liderar o futebol português e acelerar a mudança. Continua a ser estranho, no mínimo, que pouco ou nada se saiba sobre o pensamento do atual presidente do Benfica acerca deste tema.
Neste, como noutros assuntos, o plano de jogo parece dar a iniciativa aos adversários — mas, se a estratégia vai resultando dentro do relvado, pode ter resultados desastrosos cá fora. Não deixa de me pasmar e entristecer que alguém historicamente conhecido pela sua visão de jogo pareça tão distraído e inoperante nesta fase da sua vida profissional."

Os cartões amarelos, os anjinhos e os honestos


"Este texto foi escrito com recurso à inteligência artificial. Não para a escrita em si, mas para tentar perceber a dimensão de um fenómeno 'novo': o forçar de cartões amarelos. Não ajudou...

Soltou-se uma alegada polémica, desde sábado, a propósito de dois cartões amarelos vistos por jogadores do Benfica que, dessa forma, completam séries que lhes conferem castigo de um jogo, libertando-os por isso do risco de verem esse cartão amarelo fatídico antes daquele que parece vir a poder ser (sublinho o parece, porque o Totobola não anda fácil) o jogo do título, dentro de três jornadas, entre Benfica e Sporting.
Fazem-me sempre confusão as ocasiões em que coisas tomadas por adquiridas e banais se transformam, passe o exagero, em assunto de Estado. Pelo menos no futebol, que aliás já foi apelidado de estado dentro do Estado.
Gosto de factos e números, mas perante as tarefas do dia assumi como impossível verificar o historial desta prática, pelo que decidi, em conformidade com os tempos, perguntar (é isto, perguntar?) a uma ferramenta de inteligência artificial sobre «cartões amarelos forçados».
A resposta dada pela plataforma Perplexity falou-me imediatamente do Vitória-Benfica (claro, estava fresco nos motores de busca), mas quando pedi factos e números respondeu-me (acho que podemos falar de uma conversa a dois, não?) com uma lista relativamente grande de jogadores punidos por forçar cartões amarelos... no âmbito das apostas desportivas, a nível mundial.
Isto sim, é grave, e devia preocupar os agentes desportivos. Mas bem sabemos que são muitos os agentes e poucos os pontos de convergência.
Bruno Lage, homem honesto, disse o óbvio depois do jogo em causa, em que Di María (este já no banco) e Florentino viram o sagrado quinto amarelo: «A este nível tudo é estratégico.»
Todos os que nesta altura estratégica se arvorarem em arautos da virtude são exatamente o que os arautos da virtude são nos filmes da Páscoa: anjinhos. Ou querem passar por anjinhos, como se nunca lhes tivesse ocorrido forçar um cartão para garantir presença onde (em princípio) realmente importa.
Em tese, estaria tentado a dizer que jogador que nesta situação forçasse quinto amarelo deveria ser expulso, cumprindo o jogo seguinte e mantendo a série de amarelos em curso. Mas na verdade, à luz de um estado de Direito, isso é como deixar que se faça justiça popular sobre um assassino ou um violador, em vez de lhe dar um julgamento assente em provas. E quem prova que os amarelos são forçados? Só os honestos como Lage, que ainda vai acabar multado..."

O zigue-zague de Tomás Araújo


"Tomás Araújo, no Benfica, vive no impasse entre jogar e recuperar bem. É possível jogar com pubalgia? Sim — mas não convém arrastar o problema

Para além de uma grande carreira, o que têm em comum jogadores como Aimar, Wayne Rooney, Fernando Torres, Kaká, Richarlison ou David Beckham? Pubalgia. A lesão que afeta a região púbica e a parte inferior do abdómen.
É neste impasse entre jogar e recuperar bem que se encontra Tomás Araújo. No início do ano houve quem o comparasse a Franz Beckenbauer, mas após alguns jogos e uma mudança de posição em campo, percebeu-se que Tomás Araújo não era o mesmo jogador do início da época. É possível continuar a jogar com pubalgia? Sim, é. Temos o exemplo dos jogadores mencionados acima. Mas não convém arrastar um problema.
Num conjunto de estudos e ensaios controlados/aleatorizados, o Copenhagen Adduction associou-se a uma redução de 41% na prevalência e no risco de problemas no contexto da síndrome pubálgica em jogadores de futebol masculino.
O futebol é um desporto extremamente complexo a nível tático e técnico. No entanto, a componente física é um fator muito relevante. As necessidades do jogo, normalmente, exigem que na sua grande maioria seja realizado a baixa intensidade. No entanto, é influenciado por esforços explosivos e de alta intensidade.
O consenso de Doha veio ajudar a uniformizar esta síndrome patológica, definindo quatro possíveis estruturas que originam os sintomas, até então genericamente definidos por pubalgia: adutor, iliopsoas (músculo psoas-ilíaco), inguinal e púbica foram as estruturas definidas. O adutor representa cerca de dois terços de todos os casos de pubalgia, sendo o mais comum e com melhor prognóstico. Este quadro clínico faz com que a área da medicina desportiva não tenha a real ideia da extensão deste problema, uma vez que a grande maioria dos estudos epidemiológicos recorrem ao diagnóstico de lesão por «tempo perdido por lesão» (time-loss) e nesta condição é possível jogar uma carreira por completo, apenas gerindo cargas externas e realizando tratamento.
Os tempos mudaram. Hoje, os jogadores falam menos, ou praticamente nada. Interagem pouco. E quando tentam interagir, não podem. Para ser diferenciada, a pessoa não pode apenas fazer o seu trabalho bem feito, ser campeão ou ser o melhor. Precisa ser espetacular dentro do seu ofício e maior ainda fora dele. Mas ainda não ouvimos o Tomás. Nem sabemos se prefere jogar a central ou a lateral direito. Ou outra posição que hão de inventar."

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diario...

Zero: Tema do Dia - Noitada no Porto: nomes, factos e consequências

Zero: 5x4 - S05E30 - Temperatura do playoff começa a aquecer!

DAZN: The Premier Pub - Especial com Rúben Dias e Josko Gvardiol

ESPN: Futebol no Mundo #444 - Disputa dramática na Itália e a noite épica da Liga Europa

TNT - Melhor Futebol do Mundo...

Humberto, o miúdo de Otto Glória


"Memória de um jogo entre Boca Juniors e Benfica, a 20 de agosto de 1968, em Buenos Aires Humberto Coelho fez 75 anos, o nosso jornal não o esqueceu oferecendo aos leitores uma inédita reportagem fotográfica, recordando momentos altos da sua carreira, mais que merecida homenagem à que gostaria de poder juntar-me, lembrando o que creio ter sido o seu primeiro jogo, no estrangeiro, com a primeira equipa do Benfica, a 20 de Agosto de 1968, em Buenos Aires, contra o Boca Juniors, no histórico Estádio La Bombonera.
Eu, que estava na Bolívia, fui até lá para dar uma pequena ajuda ao saudoso e querido amigo Carlos Pinhão, que acompanhava o Benfica como enviado-especial. Depois do obrigatório grande abraço, disse-me o Carlos: «O Otto Glória traz aí um miúdo que só tem 18 anos, mas que já é um ótimo defesa, chama-se Humberto e vai ser um craque.»
Na comitiva havia outro jovem, lourinho e tímido, o Praia, que nos deixou na flor da vida e pude ver como o Toni, que era mais velho, se preocupou em proteger e apadrinhar os dois na sua primeira experiência internacional.
Os argentinos vivem o futebol de uma forma muita especial e, nesse desafio amigável em que nada estava em jogo, o ambiente era extraordinário, como se fosse a final da Taça Libertadores.
Vi o jogo sentado no banco ao lado do Otto Glória, interessava-me ver e escrever sobre as reações dos treinadores durante os desafios, experiência que repeti um pouco mais tarde num desafio europeu do Benfica contra o Ajax, em Amesterdão.
O Boca foi o primeiro a marcar, de penálti, mas logo a seguir empatou Jacinto, também de grande penalidade. «Foi para compensar, o deles também não tinha sido», confidenciou-me no momento o técnico brasileiro.
Não houve mais golos e tudo acabou igualado, Humberto Coelho foi titular, disputou a grande nível todo o desafio enquanto Praia só jogou a segunda parte, no lugar de José Augusto.
Terminado o desafio houve uma bronca monumental no balneário do Benfica e tudo à custa do Eusébio. Era sabido que o cachet que recebia o Benfica seria muito diferente com ou sem Eusébio. Ele, que recentemente tinha sido operado ao joelho, aceitou prestar mais um dos seus grandes serviços ao Benfica, fazendo o sacrifício, mesmo com risco para a sua saúde, de ir com a equipa para que o contrato pudesse ser cumprido.
Só vê-lo era suficiente para constatar de que não estava em condições de jogar, ao adversário que o tinha que o marcar bastou-lhe ver em que joelho estava a ligadura para dar-lhe aí com a bota e deixá-lo fora de combate. Não aguentou nem meia hora dentro do relvado.
Com isso o Boca Juniors sentiu-se enganado, tinham-lhe dado gato por lebre, pagara para ver o grande Eusébio e levaram-lhe um jogador coxo sem quase poder por-se de pé. Fora de si, o presidente do clube, um tal Armando, a altos gritos, chamou de tudo, de ladrões para cima, aos dirigentes benfiquistas que acompanhavam a equipa e que, perante a evidência pouco mais podiam fazer que calar e aguentar a descompostura.
Este foi só um episódio, dos muitos ao longo da sua carreira, vivido por Humberto no importante dia do seu batismo internacional, aquele menino que tive o privilégio de conhecer quando tinha 18 anos agora chegou aos 75. A idade é só um número e três quartos de século não é nada, espero e desejo que seja só o começo duma nova vida com boa saúde e muito golfe. Parabéns, campeão!"

«O futebol é um sítio que torna as pessoas felizes», Papa Francisco


"1. Recebemos o Benfica e não fomos capazes; como tantas vezes tem sucedido. O Benfica em Guimarães é uma espécie de malapata, mas desta vez, apesar de tudo — sobretudo apesar do resultado anormalmente desproporcionado —, o que aconteceu foi diferente. O Vitória teve a iniciativa do jogo, o Vitória chamou a si as despesas do jogo ofensivo, o Vitória teve de longe as melhores oportunidades do jogo e, no entanto, acabou derrotado de modo copioso face ao que sucedeu em campo. Claro que esta narrativa serve de fraco consolo, odeio vitórias morais e elas soam até a ridículo quando explicativas de um resultado como o que acabou por acontecer. Mas guardo como satisfação a postura que o Vitória apresentou, ignorando a luta pelo título, concentrando-se apenas na sua luta por um lugar europeu, e querendo vencer, ainda que viesse a perder. Se há umas semanas critiquei a postura do Vitória em casa frente ao Santa Clara — jogo que vencemos — agora só posso elogiar a postura da equipa e o alinhamento tático de Luís Freire. Perdemos, mas fizemos tudo para vencer.
Na análise ao jogo não pode ser ignorado o falhanço absolutamente inacreditável de Telmo Arcanjo, logo no 1.º minuto. Como não podem ser ignoradas as defesas do outro mundo de Anatoliy Trubin a um cabeceamento de Filipe Relvas e a um remate de Jesus Ramírez. Três golos feitos. Que teriam mudado a face da partida. Mas também aí se faz a diferença. Onde tivemos oportunidades claras para marcar, como a de Telmo Arcanjo, resolvemos ser displicentes; o Benfica, nas suas oportunidades, não o foi. Onde foi preciso aparecer um guarda-redes para fazer a diferença, ele apareceu. E são estes detalhes que definem os que vencem e os que perdem. No resto, na ambição de vencer, na postura e produção ofensiva, em tudo o resto, o Vitória fez o que devia ter feito. Mas o Benfica fez o bastante para sair mais feliz de um jogo em que, surpreendentemente (face às suas responsabilidades), foi o dominado.

2. Os eventos que tiveram lugar este fim de semana na Porto International Cup são do mais primitivo e intolerável que pode acontecer em futebol. Agressões a jogadores no âmbito de um torneio amigável, agressões a jovens da equipa suíça do Meyrin FC levadas a cabo — segundo as notícias e as imagens — por familiares de jogadores da equipa portuguesa do SC Cruz, que além do que as imagens puderam documentar, foram ao ponto de dois jovens do Meyrin FC necessitarem de assistência médica devido a várias lesões e ferimentos, e conduziram mesmo ao abandono da equipa espanhola do Orillamar, é algo que não pode limitar-se a uma nota de rodapé.
Se uma situação desta natureza — agressões a jovens estrangeiros e abandono por outra equipa estrangeira sob o argumento de que «viemos aqui para jogar futebol, não para andar à pancada com ninguém» — não leva as mais altas autoridades do futebol a intervir, não sei para que servem afinal. Onde está a Federação Portuguesa de Futebol?
Há maior desprestígio para a imagem do futebol português e da nossa sociedade do que uma situação desta natureza? A Federação só intervém quando joga a Seleção e deixa o resto das modalidades andar à sua sorte? O torneio em causa lá prossegue indiferente ao ocorrido. Num país civilizado, o presidente da FPF já teria vindo a público condenar os eventos e anunciar medidas duras e inequívocas relativas à participação de familiares em encontros de futebol juvenil. Se chegámos à conclusão que as pessoas não são capazes de assistir civilizadamente aos jogos dos seus filhos e funcionam como um fator de deseducação, pois medidas têm de ser tomadas. O que não podemos é continuar a assistir impávidos a situações desta gravidade e assobiar para o lado como se não fosse nada connosco.

3. Deixou-nos o Papa Francisco. Alguém que, com o seu exemplo de vida, procurou ensinar uma forma de estar que se encontra nos antípodas da postura a que me referi no ponto anterior. O chefe da Igreja Católica era um homem comum, «gente como a gente» e, também por isso, adorava futebol.
Na Argentina, Jorge Bergoglio não era adepto de um dos grandes, mas do San Lorenzo de Almagro, que não se compara com Boca Juniors e River Plate, apesar de ter vencido a Taça dos Libertadores em 2014. «Pode-se perseguir um sonho sem ter de ser forçosamente campeão», disse Jorge Bergoglio numa das muitas frases que nos inspiram, a nós, aos raros adeptos portugueses que fogem ao destino nacional de termos de torcer por um dos três chamados grandes, por vezes acompanhada da comiseração achincalhante de deixar sobrar uma simpatia pelo clube da terra.
O Papa Francisco considerava que «o futebol é um sítio que torna as pessoas felizes». No que tem toda a razão! E é precisamente por isso que atitudes que envergonham o desporto e o país, têm de ser banidas para deixar do futebol aquilo que dele queremos retirar: competição sã e felicidade."

Números de circo


"1. Não haverá nenhum árbitro português no Mundial de Clubes que arranca nos EUA daqui a dois meses. Que chatice.

2. Toda a gente sabe que os EUA são o país que inventou a indústria do entretenimento e que sempre explicou a sua aversão ao soccer - o futebol tal como o conhecemos e amamos - pelo facto de ser um jogo em que 'não se passa nada' ao maior parte do tempo e que até pode terminar com resultados de zero-a-zero, sendo isso, o zero-a-zero, considerado a afronta das afrontas ás leis locais do entretenimento.

3. Por tudo isto, para os norte-americanos para quem o soccer é um longo bocejo de 90 minutos, que extraordinário contributo forneceria ao Mundial de Clubes no país do show business a presença daquele árbitro português que, ainda recentemente, explicou ao microfone a 60 mil pagantes num estádio de futebol que uma sua determinada decisão se justificou por causa da ação de um determinado jogador que 'rasteirou com a cabeça' um adversário.

4. Proezas físicas destas, rasteiras com a cabeça, são o que faz falta nos EUA para fazer levantar um estádio em delírio de modo que o soccer atinja um plano de notoriedade e de sucesso no país onde o show business é uma religião. E como se dirá 'rasteirou com a cabeça' em inglês? Sim, porque o árbitro, obrigatoriamente um poliglota, teria de explicar ao microfone para o público norte-americano, como fez recentemente num estádio em Portugal para o público nacional, os ditames das rasteiras com a cabeça e o seu impacto na indústria do futebol e na indústria do circo.

5. È da exclusiva competência dos dirigentes do Benfica ligar com acontecimentos tão estrambólicos como os do último domingo pelo final da tarde no Estádio da Luz. Os dirigentes do Benfica têm o dever e a autoridade institucional de defender o Clube porque é, justamente, para isso que são eleitos de 4 em 4 anos. Não cabe aos comentadores, nem aos sócios, nem aos simpatizantes o exercício dessas funções altamente profissionalizadas.

6. Os comentadores, os sócios e os adeptos mandam 'bitaites', não têm 'poder' nenhum a não ser o da paixão que têm pelo Clube. É verdade que a paixão move montanhas, mas, não podendo exorbitar as suas funções, os comentadores comentam, os sócios apoiam as nossas equipas, os simpatizantes simpatizam com as nossas cores. Os dirigentes dirigem, estabelecem políticas, e o seu trabalho é avaliado periodicamente. É assim o Benfica.

7. Seria excelente que os benfiquistas não se deixassem distrair pelo circo de notícias à pressão sobre contratações extraordinárias, para a próxima temporada, que são, objetivamente, uma desconsideração pelos jogadores do atual Benfica, que é o nosso, é o que temos, não há outro."

Leonor Pinhão, in O Benfica

Deixem jogar o Fernando


"Chalana viu, por duas vezes, impedida a sua estreia de águia ao peito, mas ainda foi a tempo de estabelecer um recorde

Durante a formação, há um sonho que é unânime entre os jogadores, a estreia pela equipa principal. O monumento á aguardado por todos com enorme expectativa, chegando mesmo a idealizá-lo. Passa-se a partilhar o balneário com ídolos, ser reconhecido pelos adeptos e poder demonstrar o seu talento. Jogar peça equipa principal é o ponto de partida da carreira! Por muito bom que se seja na formação, a verdadeira prova de valor é enquanto sénior.
Em meados da década de 1970, havia um atleta, recentemente contratado ao Barreirense que se destacava na formação do Benfica, Fernando Chalana. Nas primeiras semanas de pré-época de águia ao peito, deixou deslumbrados dirigentes, adeptos e imprensa, com jogos ao serviço dos juniores e das reservas, apesar de ter apenas 15 anos. Na estreia oficial, para a 1.ª jornada do Campeonato Nacional de Juniores, na vitória frente ao Belenenses por 3-1, foi 'o grande atrativo. Demonstrou realmente boa capacidade técnica, recepção e passe de bola perfeitos, muita intuição e, como é natural, alguma verdura', apenas se lhe apontado 'um defeito: joga sem caneleiras (o que é perigoso) e de meias caídas (o que é feio)'.
Ao longo da época, replicaram-se as exibições de elevada qualidade, em que demonstrava uma capacidade de drible ao nível dos predestinados. Era um jogador entusiasmante, dos que elevam o futebol para um patamar artístico. O treinador da equipa de honra, Milorad Pavic, que tinha dado o aval para a sua contratação, começou a chamá-lo constantemente, a incorporá-lo nos treinos. Convencido da sua qualidade, resolveu convocá-lo para a final da prova-rainha, frente ao Boavista. No entanto, 'a FPF negou o pedido para que o jovem Chalana jogasse a final da Taça de Portugal. Tinha pouco mais de 16 anos'. O Benfica acabou por perder o encontro por 2-1, e Chalana a oportunidade de se estrear pela equipa de honra.
Na temporada seguinte, com Mário Wilson no comando técnico dos encarnados, o Velho Capitão quis promover a estreia de Chalana frente ao Bayern Munique, para  a 1.ª mão dos quartos de final da Taça dos Clubes Campeões Europeus. Para tal, foi pedido à Federação Portuguesa de Futebol para que não fosse para a Madeira com a seleção de juniores, seguido de 'um faxe para a UEFA solicitando autorização para que Fernando Chalana fosse utilizado' no jogo perante os alemães. Contudo, a UEFA não permitiu, e o jogador foi ao encontro da seleção.
De regresso, finalmente pôde estrear-se pela equipa de honra. Perante o Farense, foi lançado após o intervalo, rendendo Toni, e revelou, 'de facto, qualidade. Bons pés (melhor o esquerdo), desenvoltura (não pareceu intimidado), três ou quatro aberturas bem vistas, tendencialmente visado para o ataque, mas não descurando a marcação do adversário'. Aos 17 anos e 25 dias, tornou-se no jogador mais jovem a atuar no principal escalão nacional. Seriam apenas os primeiros passos de um dos melhores jogadores da história do futebol português.
Saiba mais sobre o Pequeno Genial na área 23 - Inesquecíveis, do Museu Benfica - Cosme Damião."

António Pinto, in O Benfica

Sei o que não vais fazer neste verão


"Vamos imaginar que, nas nossas profissões, fazemos asneira da grossa semanalmente. E não queremos saber da opinião dos nossos colegas ou dos chefes de serviço. Provavelmente só teríamos direito a receber o primeiro salário. Ou nem isso, de acordo com as novas leis laborais. O mais certo era, como se diz em bom português, ir para ao olho da rua.
O padeiro deixou a fornada queimar porque perdeu a noção das horas. A agente da autoridade olhou para o lado enquanto o larápio da ourivesaria enchia a mochila de fios de ouro. O motorista de autocarro recusa-se a parar nos sinais stop. A contabilista não sabe preencher o IRS. Que imagem da profissão passam para os outros? Que hipóteses de promoção têm nas suas carreiras? Provavelmente nem boa imagem nem aumento no ordenado, mas, se forem árbitros profissionais de futebol, alguns escapam entre os pingos da chuva. Basta que errem para o lado certo, e daí a nada vão estar a apitar os jogos mais importantes ou, de castigo fictício, vão fazer uma perninha aos campeonatos das Arábias, para ganhar um rendimento suplementar.
Nesta semana, além do súbito e seletivo ataque da miopia ocorrido nos Açores e da invenção da rasteira de cabeça, ficámos a saber que a arbitragem nacional não vai estar representada no Mundial de Clubes do próximo verão. Zero pessoas ficaram surpreendidas com esta notícia. É apenas o corolário de um percurso 'brilhante' de alguns homens do apito que, da forma que se tem visto, conseguem atirar (ainda mais) para a lama a imagem de toda uma classe. Os critérios adoptados por alguns destes profissionais do apito são difíceis de entender. Ou talvez não.
Uma coisa é certa: nos EUA não vão estar. Para a maior competição de clubes a nível global só contam as melhores equipas, os melhores treinadores, os melhores jogadores e os melhores árbitros. No fundo, até faz sentido não estarem por lá. É que a sua equipa do coração também não irá estar presente."

Ricardo Santos, in O Benfica

Assaltados


"Quando a luta pelo título estava a ficar animada, eis que apareceu alguém que para ela não tinha sido convidado: a arbitragem.
Esta última jornada foi deveras preocupante. Se for para as coisas continuarem assim, mais vale as equipas nem voltarem a entrar em campo: entregue-se já a taça a quem se pretende favorecer, e escusamos de perder tempo a fingir que é tudo normal.
Nos Açores, ficou um penálti claro por marcar contra o Sporting, Hélder Malheiro, refastelado na Cidade do Futebol, tinha todas as condições para analisar o lance. Decidiu deixá-lo seguir. Porquê? Só ele saberá.
Na Luz aconteceu ainda pior. Até concedo que, em campo, num primeiro momento, o lance protagonizado por Otamendi pudesse parecer faltoso. Com as imagens televisivas percebe-se desde logo que não o é. O VAR cumpriu a sua função e chamou a atenção do árbitro António Nobre. Quando era óbvio que este ia reverter a decisão, eis que, perante o espanto de todos, insistiu na marcação de uma grande penalidade totalmente absurda - que nós vimos, o VAR viu e ele também viu que não existia.
Contas por alto, o Benfica podia ter agora 4 pontos de vantagem. Por factores externos, vê-se novamente igualado na frente da classificação, Nenhuma equipa está preparada para isto.
O Benfica tem resistido às equipas adversárias, à pressão competitiva, à onda de lesões que também o afectou, e á hostilidade de grande parte da comunicação social. Torna-se mais difícil resistir a quem tem o dever de dirigir os jogos com imparcialidade, e não faz.
Esta é a forma mais revoltante de perder pontos. Quando se joga mal, quando se tem azar e as bolas batem no poste, quando os guarda-redes adversários brilham, enfim, tudo faz parte do jogo, é futebol. O que aconteceu nesta jornada é outra coisa qualquer que não consigo definir."

Luís Fialho, in O Benfica

Ponte de Sor


"Tornou-se um clássico, e é com ansiedade que as centenas de jovens do projeto Para ti Se não faltares! aguardam, todos os anos, pelo torneio de Páscoa que se realiza em Ponte de Sor desde o inicio do projeto.
Há muitas razões para isso, porque o torneio é já uma tradição, e os jovens partilham feitos e memórias entre si. O ponto alto é competir em equipa e mostrar valor próprio, mas também conviver com amigos de outras escolas que se reveem nos eventos e atividades-prémio do projeto, mas que mantém contacto regular ao longo do ano letivo e mesmo durante as férias.
Para participar é preciso reunir um conjunto de condições: não ter faltas em excesso, ter um comportamento correto e uma prestação escolar adequada, mesmo que os resultados possam ser assimétricos, como é normal. O que não dá - pelo contrário, impede - acesso ao torneio é fazer o oposto de tudo isto e esperar que as habilidades futebolísticas pro si só garantam uma nomeação. Isso, simplesmente não acontece e, mais que um meio de pressão sobre os jovens, constituí uma oportunidade para sentirem a importância da vida escolar no seu todo e para poderem melhorar a performance enquanto alunos e a atitude enquanto pessoas. Porque há sempre mais e mais torneios, actividades e prémios, e, tal como no futebol, não se pode alterar a falta que se cometeu, mas pode melhorar-se tudo daí para frente. Essa é a verdadeira lição deste projeto com tanto sucesso entre os jovens, mas o que os motiva e traz à liça é o poder do grande jogo das paixões!"

Jorge Miranda, in O Benfica