Últimas indefectivações

domingo, 26 de outubro de 2025

Vermelhão: Goleada...

Benfica 5 - 0 Arouca


Jogo com pouca história, jogo desbloqueado com dois penalty's, contra um adversário muito limitado ofensivamente, e se na 1.ª parte o Benfica até não criou assim muitos oportunidades, no 2.º tempo, com um bocadinho mais de instinto fatal, até podíamos ter somado uma goleada ainda maior...

Em dia de aniversário da 'nova' Catedral, com Eleições com um adesão histórica, nada melhor do que terminar o dia, com uma partida 'tranquila' sem sustos, até algo 'aborrecida', uma coisa que nos últimos tempos, não tem acontecido... nem nos jogos a feijões!!!

Psicologicamente a reação à derrota em Newcastle foi boa, mas no ponto de vista técnico, este jogo pouco tem a acrescentar! O Arouca acabou por ser um teste demasiadamente fácil, para retirar ilações!

Com a lesão do Dedic, o Aursnes regressou à Lateral, e neste momento, acho que esta é a melhor posição do Bacalhau!!!

Apesar das facilidades de hoje, voltou a acontecer, mais do que uma vez, perdas de bola, imediatamente após recuperações de bola do Benfica, exclusivamente por culpa dos jogadores, complicarem desnecessariamente!!!

Mas as duas grandes surpresas foram a titularidade do Araújo e do Prestianni:
- o Tomás, sem lesões merece ser titular, e nestes jogos ainda se nota mais as suas qualidades, a velocidade e o passe, médio e longo! Agora, eu defendo que o companheiro do Araújo deve ser o António na esquerda...
- o jovem argentino voltou do Mundial de sub-20 com a confiança toda! É claramente a nossa melhor opção para a esquerda, em jogos onde é preciso ter desequilibradores... Apesar de achar, que com o tempo, a evolução natural do Prestianni será para jogar a '10'!!!


Hoje, não gostei do Sudakov: fez aquele passe errado que deu a única oportunidade do Arouca na 1.ª parte, mas mais do que isso, 'decidiu' no último passe muitas vezes mal!


Inacreditável como num jogo tão fácil de apitar o bronco anti-benfiquista fez tanta merda!!! Se não fosse o VAR tinha sido uma vitória apertadíssima!!! Incrível como não viu os penalty's, principalmente o 2.º !!! Incrível como foi perdoando Amarelos aos jogadores do Arouca, e depois soltou os cartões com uma facilidade tremenda para o Dodi e o Prestianni!!!


Agora mais duas semanas complicadas: Tondela Taça da Liga, na Quarta, e depois deslocação a Guimarães no Sábado, para jogo decisivo com o Leverkusen na Luz, para terminar este bloco, com o Casa Pia na Luz, antes de nova paragem para as Seleções!!! Na Quarta, o Mourinho terá que fazer rotação profunda, o que vai tornar o jogo com o Tondela numa lotaria!!! O Tondela joga 'aberto' não são equipa de fechar-se, têm vários jogadores rápidos e fortes fisicamente na frente, portanto um Benfica pouco rotinado pode ter problemas!!!


Aposto em: Samu; Leandro, Araújo, António, Obrador; Aursnes(Enzo), Barreiro; Lukebakio, Sudakov, Prestianni; Ivanovic!

Regresso às vitórias...!!!

Feirense 0 - 2 Benfica
Jelani, Edokpolor


Finalmente uma vitória, numa partida com muita luta, num relvado muito pesado, e ainda contra uma arbitragem surreal... mais uma!!!
Baixaram 4 jovens da equipa principal, mas o jogo foi ganho na atitude!

O Veríssimo foi obrigado a inventar! Jogámos com 3 'Centrais', com o Martim Ferreira a adaptar-se (já o tinha feito nos sub23) e sem o Parente na esquerda, acabou por recuar o Rodrigo Rêgo para a defesa esquerdo! E diga-se, excelente adaptação, o Rêgo fez um excelente jogo!

Os dois golos foram de excelente execução mas o cavalgada desengonçada do Peter entusiasma!!!

Empate no Jamor!

Estoril 1 - 1 Benfica
Coletta


Empate ingrato concedido nos descontos, com um daqueles penalty's que só são marcados contra o Benfica!!!

Com a Youth League a meio da semana, esta equipa é aquela que mais 'sofre' com o desgaste... hoje, com o treinador a fazer alguma rotação, por exemplo a deixar o Quintas e o Banjaqui no banco! A vantagem na classificação é grande, dá para gerir, mas empatar com o último era desnecessário...!!!

Destaque para o 2.º golo do Coletta: o Italiano é um médio, mas tem mesmo faro pelo golo!!!

Vitória na Beira...

Fundão 2 - 7 Benfica

Numa deslocação tradicionalmente complicada, nem a expulsão do Moreira ainda no 1.º tempo complicou! Entrada demolidora no 2.º tempo e jogo resolvido...

Capote!

Benfica 38 - 19 Arsenal
19-10

Dobrámos os golos do adversário, dando boas indicações ofensivas, sem o Migallon e o Hedberg, mas com o jovem Quaresma a marcar...

Vitória em Gondomar...

 Ala Nun'Álvares 0 - 3 Benfica
22-25, 18-25, 29-31

Estreia no campeonato, com uma vitória a 0, mas com um 3.º Set discutido nas vantagens!
Destaque para a rotação, com o Violas, o Japa e o Murad no banco e o França nem foi convocado.

Visão: Eleições...

São eles que decidem as eleições


"Será dia de chuva mas também de jogo. Com 160 mil a poder votar (em 400 mil) não será surpresa se for batido o recorde de 2021. 85 por cento dos votos são detidos pelos mais antigos

Seis candidatos, meses de campanha, acusações e contra-acusações. O Benfica vai hoje a votos numas eleições duplamente marcadas pela novidade: meia dúzia a concorrer para o cargo de presidente (nunca houve tantos) e a possibilidade de segunda volta, cenário que até os pretendentes e suas entourages mais otimistas encaram como bastante provável.
Tal como qualquer eleição, o voto útil poderá desempenhar um papel decisivo. Há candidatos que disputam o mesmo eleitorado e na hora da verdade muitos sócios poderão pender a caneta para aquele que consideram ter mais hipóteses de vencer.
Apesar de desavindos, Rui Costa e Luís Filipe Vieira parecem disputar o mesmo público, enquanto Noronha Lopes e João Diogo Manteigas sugerem ter consigo um outro tipo de perfil de associado, menos conservador, mais vocal e até mais participativo.
Mas são apenas sinais. Manda a prudência dizer que estamos apenas no campo da perceção, esse valor que todos os que se submetem a escrutínio procuram — criar a ideia de que há uma onda a formar-se. Num mundo cada vez mais digitalizado, é um fator que conta. E nisso apostaram, naturalmente, muito aqueles que dizem representar a mudança: os quatro que nunca estiveram no poder — Noronha, Manteigas, Martim Mayer e Cristóvão Carvalho.
Mas ao contrário das eleições civis, em que um homem representa um voto, aqui a antiguidade é um posto. E não é um exclusivo do Benfica. Frederico Varandas, por exemplo, teve mais votos mas menos votantes nas eleições no Sporting que disputou com João Benedito - e hoje é um nome consensual no universo leonino.
No caso dos encarnados, é por demais conhecida a importância dos sócios mais antigos na eleição de presidente do Benfica. Face aos números divulgados ontem pela Mesa da Assembleia Geral, estão 160.182 em condições de votar (menos de metade dos 400 mil anunciados pelo clube em fevereiro), com os associados com 20 e 50 votos a terem um peso de 85 por cento (46,2% nos 50 votos, 38,2% nos 20 votos). São estes que decidem eleições.
Em dia de chuva e de jogo (que acaba já após o encerramento das filas no Estádio da Luz), é impossível prever qualquer desfecho. Mas não será surpresa se for batido o recorde de 2021 do maior número de votantes. Há quatro anos, ganhou Rui Costa com 84,4%. Hoje todos tentam tirá-lo do poder. É assim a democracia."

Será mesmo a chama imensa?…


"Passei em Portugal muito pouco tempo, no período de campanha eleitoral para as eleições no Benfica. Li algumas ideias de cada um dos candidatos, percebi as diversas fações em equação, e compreendi, claro, a grande importância e impacto que o dia de hoje tem para o futuro próximo (e mesmo para o de médio e longo prazo) do clube português com maior impacto social aquém e além-fronteiras.
E só isso já é suficiente para ter decidido escrever hoje sobre o Sport Lisboa e Benfica, enquanto jornalista que nunca teve nada a ver com o clube, mas que se habituou, ao longo de quase 40 anos de carreira, a analisar e respeitar uma inegável força motriz do desporto em Portugal, convivendo, por força de tarefas profissionais, com nomes como Fernando Martins, João Santos ou Jorge de Brito como presidentes do emblema da Luz.
Primeiro sinal de óbvia vitalidade: seis candidatos, com programas estruturados e ideias alicerçadas sobre o seu clube, é uma clara demonstração de democracia interna e, sobretudo, das diversas nuances e entendimentos que o Sport Lisboa e Benfica desperta. Dir-se-á, do ponto de vista da política desportiva, que o cargo de presidente dos encarnados é, hoje, tão ou quase tão apetecível como o de presidente da Federação Portuguesa de Futebol, por tudo o que encerra, em termos de projeção e influência direta e indireta na vida e na profissão de muita gente.
Tive ocasião de escrever, nesta mesma página, há alguns meses, que o caminho de Rui Costa como líder benfiquista talvez tivesse chegado ao fim. Por coerência, sustento igualmente que Luís Filipe Vieira constitui uma história fechada, e igualmente não se deveria candidatar a sufrágio. Porém, as dinâmicas próprias de uma instituição como o Benfica produzem e estimulam projetos, assim como indicam timings. E se ambos entenderam ser a altura de voltarem à avaliação direta dos seus associados, apenas me compete registar essa opção e aguardar pelo veredito, para perceber, afinal, até que ponto o antigo presidente e o atual número um ainda possuem e estimulam bases societárias de sustentação para os respetivos projetos.
O Benfica é um clube desportivo e, na lógica organizativa e de implantação dos emblemas latinos, um coração essencialmente pulsante por via do futebol. E dos seus resultados. Porém, que nenhum dos candidatos nas urnas encarnadas de hoje resuma a esse detalhe a sua intenção de liderar uma estrutura profissional que, evidentemente, vai muito para além da bola que entra ou do falhanço do avançado à boca da baliza.
A gestão rigorosa, assente nos mais modernos e transparentes padrões de governança, é um pilar indestrutível para quem quiser abraçar e abarcar as responsabilidades de liderança do grande clube da Luz. Elementos como a gestão combinada do futebol profissional e do futebol de formação, a padronização de figurinos de jogo a partir dos escalões etários mais baixos (sempre com o incontornável respeito pela prioridade da formação de cidadãos, muito mais do que de desportistas, a dado passo do percurso evolutivo), são áreas tão sensíveis quanto significativas, pois delas dependerá sempre o princípio inabalável dos principais clubes portugueses: serem agentes formadores e vendedores, numa fase posterior, como garante a sustentabilidade orçamental.
Querer dar passos maiores do que as pernas (mesmo que elas sejam das de maior alcance, no panorama nacional…) é o primeiro momento de desnorte para a gestão combinada e organizada de que falámos.
Um clube como o SLB vive, também, de estruturas. E muito se terá cogitado, nos últimos tempos — com alguma saudade para os mais revivalistas, convenhamos —, na comparação entre o atual Estádio da Luz e o antigo recinto, inaugurado a 1 de dezembro de 1954, e que marcou gerações de futebolistas, técnicos, dirigentes adeptos. Nesse particular, creio haver algumas ideias interessantes, disseminadas pelos diversos candidatos à presidência, para um reforço dos laços afetivos do atual recinto benfiquista e para a sua adequação às necessidades crescentes de acomodação de adeptos, bem como à transversalidade da experiência procurada pelos que demandam recintos desportivos e que ultrapassa os limites restritos do jogo e da competição em si.
Mas há, fatalmente, um aspeto que me parece determinante no ato eleitoral de hoje: a transparência. Seja na elencagem das prioridades do próximo mandato dos corpos gerentes encarnados, seja na capacidade de se apresentarem despidos de aproveitamentos que não resultem, estritamente, em benefícios para o emblema que dirigem, seja no modo (necessariamente moderno e escrutinável em permanência) como utilizarão os instrumentos de gestão ao seu dispor e a grandeza da instituição à sua mercê.
Uma transparência que sustenta o modelo democrático que prevalece nas eleições dos clubes portugueses, mas que, curiosamente, tem no Benfica um calcanhar de Aquiles: a não implementação do sistema 'um Homem, um voto', que traduziria de modo mais imediato, concreto e fiel as aspirações de todos e de cada um dos associados do universo benfiquista.
Salvaguardando a legitimidade da opção pela antiguidade como elemento diferenciador, parece-me que a plena democracia interna sairia reforçada com a adoção de um mais linear sistema de decisão.
Seis candidatos, seis projetos que se entrelaçam na paixão por um emblema, e que se distinguem nos protagonistas, nos métodos e nos meios. Palpita-me que mais logo, apurados os resultados, o presidente eleito dirá que… «ganha o Benfica».

Cartão branco
Começa (e ainda bem!) a ser recorrente a referência ao fantástico trabalho de Francisco Neto no comando da Seleção portuguesa feminina de futebol. A vitória (2-1) sobre os Estados Unidos, fora de portas, revela a competência e a estratégia. A competência de um trabalho de longo prazo, pensado e estruturado para respeitar o processo de evolução individual e coletivo das jogadoras portuguesas, e a estratégia de descrição nos métodos, como que aproveitando o tempo e o espaço para, de modo sustentado, fazer crescer a equipa e, com ela, os sonhos legítimos de uma geração de futebolistas. Neto é diferenciado. A sua equipa técnica é inspiradora. E a seleção feminina é distintiva.

Cartão branco
Semana muito dura para os que cá ficam, com a partida de Francisco Pinto Balsemão e de Álvaro Laborinho Lúcio. Duas personalidades ímpares, pela dedicação, pela determinação para com a liberdade e a justiça. Dois pilares que deixam uma inquebrantável memória, e que passam um legado que nos compete respeitar, honrar e prosseguir. Semana difícil, mas que nos une em torno dos valores essenciais do jornalismo e da justiça: equilíbrio e liberdade."

Terceiro Anel: Diário...

Terceiro Anel: React - Mourinho...

Observador: E o Campeão é... - Depois de quatro anos de "tetos falsos", quem ganha as eleições no Benfica?

A Verdade do Tadeia: Sexta-feira a 3 #6 - Famosos por fazer faltas a mais

QUERIAM SANGUE? TIVERAM ELEVAÇÃO


"1. Excelente organização da BTV: o espaço, o cenário, as regras previamente estabelecidas e respeitadas, a boa moderação, a transmissão em canal aberto.
2. Um debate com tantos candidatos obriga a muitas regras pré-estabelecidas, nada contra, não podia ser de forma diferente, mas as regras muito apertadas impediram que algum ou alguns dos candidatos tivesse espaço para sobressair, uns estiveram melhores nuns momentos, outros noutros.
3. O debate foi longo, provavelmente longo demais, mas viu-se bem e foi extremamente positivo: não assistimos a ataques pessoais, não assistimos a peixeiradas, os candidatos picaram-se, claro, mal seria se assim não fosse, mas falaram esmagadoramente do futuro, dos seus projetos e das suas equipas, com civismo, com elevação, com respeito e espírito democrático. GANHOU O BENFICA!
4. Como o debate foi realizado muito em cima das eleições, não assistimos a grandes novidades: depois de tantas entrevistas, podcasts e posts nas redes sociais, praticamente conseguíamos adivinhar o que cada candidato ia dizer antes de o ouvirmos.
5. Pode dizer-se que em grande parte dos temas houve muita coincidência de pontos de vista entre os candidatos: há muito que se conhecem, houve muitas cópias de ideias de uns e de outros, não sobressaíram pontos de vista especialmente diferenciados.
6. Tudo isto posto, considero que ninguém ganhou o debate e tenho dificuldade em dizer se houve quem tivesse aproveitado a oportunidade do debate para subir significativamente nas intenções de votos dos Benfiquistas. Se havia, e acho que havia, muitos indecisos, não penso que tenham ficado com a decisão tomada após assistirem ao debate.
7. Espera-se uma grande votação amanhã. O civismo deste debate ajudou a que o ato eleitoral possa correr da forma o mais tranquila possível, dentro da maior das normalidades, sem incidentes. Deseja-se que assim aconteça.
8. Logo estarei no habitual programa das sextas-feiras do canal V+ e aí terei oportunidade de desenvolver algumas destas ideias e de fazer também uma avaliação particular sobre a prestação de cada um dos candidatos.
VIVA O BENFICA!"

Central: 1972/73: O Título Invicto do Benfica

Para estas mulheres não há impossíveis


"Chegou com mais de dois anos de atraso - maldito poste na Nova Zelândia -, mas chegou. Portugal conseguiu finalmente derrotar as poderosas norte-americanas. Depois de um voo cancelado, depois de ter lidado com o impacto do jet lag e depois de ter sofrido um golo nos primeiros segundos do jogo. Quando ouvirmos alguém culpar condicionantes como estas por uma derrota, lembremos o que estas mulheres fizeram. Quando ouvirmos alguém desvalorizar a vitória por ter sido um particular, lembremos que Portugal nunca tinha conseguido sequer furar a baliza norte-americana. E lembremos a juventude que esteve em campo - Carolina Santiago não engana - e a mestria de Kika Nazareth. Craques! O futuro será certamente muito risonho.
A fasquia está cada vez mais alta. E ainda bem... Depois de um Mundial inesquecível, a Liga das Nações e o Europeu foram decepcionantes. Não há outra forma de o dizer. Esperava-se mais, muito mais de uma Seleção que já tinha mostrado tantas e tantas vezes que era capaz de fazer melhor. Mas elas bem nos tinham avisado de que a tormenta iria passar. Quem diria que Portugal iria marcar dois golos na sequência de dois cantos aos EUA? As tais bolas paradas que tantas dores de cabeça nos deram contra seleções fisicamente muito mais fortes... Há uns anos diziam a estas mulheres que era impossível. Mas para estas mulheres não há impossíveis."

Tudo o que (não) convém dizer sobre a multipropriedade de clubes


"Multi-Club Ownership ou, no jargão do futebol internacional, MCO. Três letrinhas apenas e um conceito que em português se traduz por multipropriedade de clubes. Eis o tema do momento para muitos apaixonados do desporto-rei.
As multinacionais de futebol vêm para melhorar o jogo ou são a sua maior ameaça? Este foi um dos temas em debate no recente Portugal Football Summit, organizado pela FPF.
Num modelo de organização desportiva piramidal — que vigora na maioria dos países — o objetivo dos clubes da base passa por ascender ao topo, ganhar títulos e participar em competições continentais.
Exemplos em Portugal, para mais fácil entendimento: o (renascido) Estrela da Amadora iniciou caminhada dos distritais até à I Liga. Tem-se mantido pelo topo e, naturalmente, alimenta a esperança de conseguir um lugar que dê acesso à UEFA Europa League. Mais a norte, o SC Braga com lugar cativo nas provas da UEFA sonha, agora, com o dia em que será campeão nacional. Da mesma forma, adeptos de Benfica, FC Porto e Sporting (ordem meramente alfabética), alimentam a esperança de mais cedo que tarde erguerem de novo um troféu na Europa.
Clubes de dimensão intermédia tornaram-se hoje alvo privilegiado de MCOs por funcionarem como plataformas de desenvolvimento e de arbitragem salarial dentro de redes multinacionais, pois o interesse económico destes clubes estende-se à capacidade de valorizar ativos (jogadores) dentro da rede de clubes.
Há dois tipos de MCO: o vertical, no qual toda a estrutura de clubes é programada para melhorar o desempenho do topo; e o horizontal, no qual todos os clubes da holding estão em (suposto) pé de igualdade. O primeiro tende a gerar dependência hierárquica; o segundo, a mascará-la sob retórica de igualdade entre clubes.
Sabendo que a lógica do desporto é a de superação, e que cada sucesso é sempre um degrau para subir mais, muitos acabam tentados pela ideia de fazer parte da cadeia de uma multinacional de futebol. É mais provável, desta forma, receber alguma estrela que precise de desenvolver-se e, assim, aumentar as probabilidades de marcar mais uns golos por época.
O Girona, em Espanha, beneficiou da inclusão no City Group para melhorar índices competitivos. E acabou por chegar à UEFA Champions League, onde, para alívio da UEFA, não foi longe. Afinal de contas, que seria da integridade da Champions caso Girona e Manchester City se defrontassem? Ou se um deles tivesse de ser impedido de avançar, mesmo que por mérito desportivo alcançasse passagem a fase em que pudesse cruzar-se?
Até ao momento, a UEFA vai encontrando respostas para estas questões, aplicando o chamado test of independence, ainda que de forma pouco consistente — e para alívio de todos — ainda não houve um caso realmente grave de ameaça à integridade da competição. Mas qual o impacto dos riscos entre aqueles que são a base de sustentação do jogo?
A questão não é apenas de perceção ética, mas também de valor económico: se os resultados parecerem condicionados por relações societárias, a atratividade comercial e o valor do produto futebol diminuem.
Como é que um adepto de um qualquer Girona olha para a possibilidade de ser excluído da Champions no dia em que forem aplicadas regras mais restritivas? O risco, note-se, é idêntico para o SC Braga, que tem participação na SAD dos donos do PSG, para o Vitória de Guimarães, que integra o grupo do Crystal Palace, para o Rio Ave que é irmão mais pequeno do Nottingham Forest, etc, etc.
Quanto maior for o sucesso de um grupo de multipropriedade de clubes, mais trágico poderá ser para a indústria. Façamos o exercício de imaginar que um investidor compra clubes em Portugal, Espanha, Itália, Grécia, Alemanha, França, Inglaterra, Bélgica, Países Baixos e Inglaterra. Imaginemos ainda que em determinado ano tudo corre tão bem que cada um dos seus clubes é campeão dos respetivos países.
Os alarmes soariam na UEFA, na FIFA, e em cada um de nós: provavelmente, 9 desses clubes seriam impedidos de participar na UEFA Champions League… 8 na Europa League e, provavelmente, 7 seriam afastados da Conference League.
Mesmo um cenário de dois ou três clubes do mesmo grupo apurados simultaneamente para competições europeias já seria suficiente para gerar distorção sistémica e abalar a credibilidade do sistema.
A verdadeira vocação do desporto europeu seria ferida de morte. Afinal, chegar ao topo da pirâmide traria o mais amargo dos sabores possíveis… Qual o impacto da frustração dos adeptos? Em que medida a credibilidade da competição seria afetada? E quem continuaria a acreditar no futebol como campo para a superação — aquele desporto incrível em que tudo é possível?
Não se procura neste texto apresentar soluções — até porque todo o cuidado é pouco na hora de abordar este tema. O tempo é de refletir, discutir o assunto até à exaustão, traçar cenários e testar soluções. Tudo para que seja ainda possível evitar danos irreparáveis para a indústria.
É legítima a preocupação de que muitos dirigentes se agarrem ao MCO sem ponderar as consequências potencialmente devastadoras do mesmo, isto a troco de garantir meia dúzia de anos de maior desafogo e de desenvolvimento.
Importa também reconhecer o risco cultural: o MCO altera a perceção de identidade e pertença dos adeptos, podendo gerar desafeição e quebra de legitimidade social dos clubes, sendo Portugal, como mercado intermédio, particularmente vulnerável a estas dinâmicas. A regulação deve, pois, antecipar problemas e não apenas reagir a crises.
Como tudo na vida, talvez a solução não passe pela proibição, mas sim pela criação de regras rigorosas, e por regulação forte e independente, convocando para o debate a separação entre organização e regulação das competições e a criação de uma autoridade externa de regulação independente com responsabilidades na regulação deste mercado, retirando lições do que se implementou no Reino Unido.
Provavelmente será possível proibir multi-propriedades na mesma confederação continental (e rezar para não se encontrarem todos no Mundial de Clubes) ou por estabelecer critérios claros sobre a participação de equipas do mesmo grupo empresarial na mesma prova (tal como as federações nacionais não permitem equipas B nas Taças ou na mesma divisão da equipa principal).
Ainda assim, regulação forte significa regulação mensurável, exequível e auditável: i) teste de influência comum que some participações, acordos de voto e financiamento; (ii) limites e cool-off periods a transferências/ empréstimos intragrupo; (iii) auditoria independente e divulgação pública de transações com partes relacionadas; (iv) obrigação de constituição de blind trusts ou estruturas fiduciárias equivalentes sempre que acionistas detenham interesses em mais de um clube, garantindo separação efetiva de gestão e decisões desportivas; (v) golden share estatutária para matérias de integridade e veto a mudanças de controlo; (vi) sanções proporcionais e previsíveis. Sem isto, os ganhos de eficiência do MCO transformam-se em renda oligopolística e erosão da incerteza competitiva que dá valor ao produto futebol.
Se há verdade universal que bem pode aplicar-se a este caso, é que não há maior perigo do que avançar cheio de certezas, sem questionar o que pode correr mal.
No caso da multipropriedade de clubes há vantagens inquestionáveis, mas os riscos falam alto. Sem regras robustas e independência efetiva, a multipropriedade poderá transformar o futebol europeu numa liga de filiais, e não de clubes."

O nepotismo da bola


"O que se impõe é saber se no Brasil há ou não políticas de 'compliance', o termo inglês para padrões éticos, de forma a evitar suspeitas de nepotismo. E há!

Sabe quem é Alexi Stival? Os mais familiarizados com o universo do futebol brasileiro terão respondido correta e prontamente: é o treinador Cuca. E quem é Avlamir Stival? Essa já é mais difícil: é o eterno adjunto de Cuca, conhecido como Cuquinha, irmão seis anos mais novo do técnico, que se distingue fisicamente dele por ter um bigode à século XIX. Ambos eram membros da equipa técnica do Atlético Mineiro até há uns meses.
No Cruzeiro, maior rival do Atlético, o presidente em 2009, Zezé Perrella, nomeou como vice de futebol o filho Gustavo Perrella. Em 2018, o Flamengo contratou Paulo César Carpegiani como treinador, que levou o filho, Rodrigo Carpegiani, como adjunto.
Desde 2024 e ao longo de toda esta época, primeiro no Corinthians, depois no Internacional, o Brasil habituou-se a ver nas conferências de imprensa de timão e colorado dois treinadores em vez de um. Ramón Díaz, o treinador, e Emiliano Díaz, o filho e adjunto que é até quem fala mais pela dificuldade do pai nas línguas estrangeiras.
A dupla Hélio (pai) e Guilherme (filho) dos Anjos tem sido destaque em divisões inferiores pelos ótimos resultados.
E no pequenino Náuas, do Acre, o presidente Zacarias Lopes nomeou como treinador Carisson Lopes, o filho, de meros 20 anos, porque a lei impedia o próprio Zacarias de acumular os cargos de presidente e técnico — «o Carisson é um conhecedor, vive comigo lado a lado desde criança, vai ser ele mesmo o técnico ou, na verdade, o meu auxiliar técnico», disse na época.
Não estão em causa os conhecimentos do jovem Carisson. Nem de Guilherme dos Anjos, de Emiliano, de Rodrigo, de Gustavo ou de Cuquinha. O que se impõe é saber se no Brasil há ou não políticas de compliance, o termo inglês para padrões éticos, de forma a evitar suspeitas de nepotismo.
E há! A CBF, a casa do futebol brasileiro, aprovou um Código de Ética em 2016 onde se combatia o nepotismo, estava a entidade sob o escrutínio do FBI e de outras polícias do mundo por corrupção, logo depois do genro Ricardo Teixeira ter sido alçado a presidente pelo sogro, João Havelange, então manda chuva da FIFA.
A mesma CBF, porém, acrescentou a seguir uma cláusula ao código a isentar o departamento de futebol dessas obrigações para poder empregar Matheus Bachi, filho e adjunto do selecionador Tite. E, depois, empregou Dorival Júnior e o filho adjunto Lucas Silvestre, ambos hoje no Corinthians.
Só não fez um hat trick, com a dupla Carlo e Davide Ancelotti, porque o filho do selecionador brasileiro, mesmo sem nunca ter sido técnico principal na vida, se tornou logo na estreia o treinador do campeão nacional Botafogo."

Clásico entre víctimas