Últimas indefectivações

sábado, 25 de maio de 2024

Vitória com batida!

Benfica 91 - 69 Oliveirense
22-18, 24-16, 21-18, 24-17

Drechsel(15), Carter(14), Broussard(12), Makram(12), Betinho(12), Almeida(9), Barbosa(8), Douglas(7), Relvão(2), Gameiro(dnp), S. Silva(dnp), Edu(dnp)

Segundo jogo, segunda vitória, um bocadinho mais apertado, mas sempre na frente, com boa atitude...

Quantidade absurda de erros de arbitragens, praticamente todos contra o Benfica, com clara perseguição ao Ivan...

PS: Muito estranho jogar com um mega-concerto mesmo ao lado!!!

Juniores - 14.ª jornada - Fase Final

Benfica 2 - 1 Sporting
Olívio, Jelani

A. Moreira; Peixoto, Rocha, Oliveira, Pereira(Gaspar, 82'); Martim, T. Pinto(Freitas, 60'), Gomes(G. Moreira, 60'); R. Rêgo(Pires, 82'), Olívio(Afonso, 82'); Jelani

Vitória na última jornada, após uma remontada, no 2.º tempo, depois dum golo sofrido de penalty...

Campeonato mal perdido, o Braga aproveitou os nossos tiros nos pés!!!

Terceiro Anel: Bar do Cosme #11 - React à entrevista de Rui Costa: rescaldo de ÉPOCA!

Falar Benfica: Associativismo #3

Benfica: o futebol primeiro


"No passado dia 7, no rescaldo da confirmação da derrota do Benfica no campeonato que agora findou, escrevi um artigo em que argumentei que a causa de raiz do insucesso do futebol profissional nos últimos cinco anos, residiu na politica de mercantilismo financeiro prosseguida pelo clube, que se sobrepôs aos objetivos desportivos. Infelizmente, as explicações dadas pelo Presidente Rui Costa, revelam ausência de pensamento crítico. Continuará a lutar com seriedade e boa fé, por um paradigma que está errado. Irá terminar cansado e com os benfiquistas frustrados. Começo pelos factos-chave dos últimos anos. Entre 2013 e 2019, o Benfica venceu cinco de seis campeonatos nacionais, com uma taxa de sucesso de 83%. De 2019 a 2024, o Benfica ganhou apenas uma de cinco ligas nacionais, uma taxa de êxito de 20%, ou seja, uma taxa de insucesso de 80%. Se somarmos os pontos dos últimos cinco campeonatos, construindo um campeonato dos campeonatos, o FCP seria o vencedor, alcançando 410 pontos e Benfica e SCP seriam segundos com 394 pontos, menos 16 pontos. O Benfica é, assim, suplantado no numero de ligas conquistadas e no numero total de pontos somados. Porque é que o Benfica deixou de ser a melhor equipa? Porquê, um domínio de seis anos, se transforma, nos cinco anos subsequentes, num expressivo insucesso.
A meu ver, nos últimos anos, foram cometidos dois erros estratégicos:
1º) Cair na armadilha financeira: ao igualar em importância as prioridades financeiras e as desportivas, o clube debilitou ambas. Nos anos de sucesso desportivo (2013-2019), os pilares do êxito foram excelentes jogadores, de grande qualidade futebolística, mas que pelo seu perfil, dificilmente gerariam mais-valias financeiras a posteriori (exemplos: Luisão,Jonas, Cardozo, Lima, Fejsa, Salvio, Gaitan, Pizzi).
Após o " jackpot" obtido no verão de 2019, com a venda do talentoso João Félix, os anos seguintes evidenciaram que o clube procurava outros perfis, capazes de juntar à qualidade desportiva, ganhos financeiros potenciais futuros (exemplos: Raul de Tomás, Weigl, Everton Cebolinha, Pedrinho, Waldschmidt). Infelizmente, a paridade das duas prioridades não resultou, tendo-se revelado uma armadilha fatal. Com a excepção do goleador Darwin Nuñez, o rendimento desportivo dos jogadores contratados não esteve à altura das necessidades.
O Benfica caiu na sua própria armadilha financeira, destruindo valor desportivo e, subsequentemente, debilitando a vertente financeira.
2º) Cair na armadilha comercial: o circuito que habilitou o Benfica a vender bem, não funcionou no sentido de comprar bem, anulando-se o valor criado com as vendas de sucesso. Será que uma situação condiciona a outra? Nos últimos cinco anos, o Benfica vendeu por valores muito significativos João Félix, Raul Jimenez, Rúben Dias, Darwin Nuñez, Enzo Fernandez e Gonçalo Ramos. Supostamente, teria obtido a capacidade financeira para sustentar a liderança no futebol profissional. Infelizmente, o Benfica comprou ( mal) uma massa de jogadores do novo perfil, a preços bastante elevados ( Weigl, RdT, Carlos Vinicius, Everton Cebolinha, Pedrinho, Waldschmidt, Yaremchuk, Kokçu, Artur Cabral, Jurásek ) e que não se revelaram capazes de render desportivamente. Nem ao nível dos talentos recém-vendidos, nem à altura dos melhores jogadores do período vitorioso de 2013-2019. Adicionalmente, o Benfica comprou diversos jogadores jovens, por valores próximos de 10M cada, cuja performance está ainda por comprovar (excepto na infeliz contratação de João Victor, entretanto já revendido). Outros clubes, encontraram no mercado nacional alternativas menos onerosas e que parece estarem a dar uma resposta favorável. O Benfica caiu na sua própria armadilha comercial: ao comprar mal, cancelou os benefícios de vender bem.
Como estes últimos cinco anos demonstraram de forma frustrante, o Benfica não poderá evitar a perda da liderança em Portugal, sem recolocar o sucesso do futebol em primeiro lugar. Para isso, precisará de voltar a encontrar os Jonas, Cardozo, Salvio e Pizzi do futebol atual, concentrando-se num perfil imediatamente ganhador, em detrimento do perfil orientado à valorização financeira posterior. Com isso, assegurará também a dimensão europeia, os correlativos ganhos financeiros, bem como a ambição e a coesão do clube. O Presidente Rui Costa e a Direção do clube, terão de decidir se querem um clube ganhador em Portugal e com dimensão europeia, com uma Direção capaz de mudar o rumo, ou se aceitam um clube que perde regularmente em Portugal, diminuído na Europa, com uma Direção presa a um modelo de gestão que foi paulatinamente asfixiando os objetivos desportivos, encerrando-os numa malha de constrangimentos financeiros. Num clube com a tradição e os valores do Sport Lisboa e Benfica, esta segunda opção só augura uma vivência diretiva pobre, desagradável e, provavelmente, curta."

Nuno Paiva Brandão, in Record

Rui Costa: a estabilidade é um bem maior


"Presidente do Benfica muito mais à vontade a falar do jogo do que de finanças ou política(s)

RUI COSTA foi corajoso. Decidiu, desta vez, não se resguardar no conforto de uma entrevista caseira e não se limitou à opção 2: escolher um canal de televisão generalista para explanar as suas ideias. Submeteu-se a um cenário que por vezes pareceu assustador, filmado de cima, por mais que depois se vissem os passarinhos a debicar na relva por detrás dele, aqui e ali alguns insetos a esvoaçar no idílico cenário do Seixal. Em várias alturas da entrevista coletiva concedida ontem, o presidente do Benfica chegou a parecer um réu autosubmetido a interrogatório que poderia vir a ser implacável.
Mostrou-se preparado e respondeu rapidamente — ou começou a responder — a todas as perguntas que lhe foram colocadas.
Rui Costa é um homem genuíno, e por isso dificilmente poderia disfarçar o óbvio: está muito mais à vontade a falar de futebol, do jogo e de jogadores do que a versar assuntos de finanças, direito ou política(s).
Embora pudesse fazê-lo (quem sabe mais disso do que quem jogou ao nível dele?), não se atreveu muito por questões táticas, mas ficou claro que sabe como a equipa jogou, como era suposto ter jogado e como é suposto que jogue no futuro. Foi muito menos assertivo a falar de contas ou das eleições do clube, que afirmou estarem «muito longe» (outubro de 2025), quando qualquer político que se preze sabe bem que ano e meio é muito pouco tempo para preparar uma campanha.
Disse, logo de início, o que já se tinha adivinhado: Roger Schmidt continua como treinador do Benfica. Talves pudesse tê-lo feito antes — os especialistas em comunicação e política(s) saberão mais sobre o tema.
Escolheu fazê-lo agora, para evitar mais especulações, e fê-lo recorrendo a argumentos extremamente válidos, a começar por uma ideia de estabilidade que muito escasseia em vários clubes do futebol português, mais que nos outros futebóis europeus.
Mário Wilson disse um dia, com toda a propriedade, que «qualquer treinador do Benfica se arrisca a ser campeão». Faz sentido, diria mesmo que é lógico. Mas isto não tem de significar algo como «se não é campeão no Benfica tem de ser despedido».
Rui Costa lembrou várias vezes que Roger Schmidt era venerado há pouco mais de um ano. Chegou e venceu, cumprindo a profecia do Velho Capitão. No ano seguinte não venceu e não convenceu as bancadas, mas se as contas forem feitas com honestidade verifica-se que tem alguma razão ao reclamar que a época não foi tão má quanto a exigência dos adeptos a pinta.
O presidente do Benfica apelou à estabilidade. Recusa «começar sempre do zero» quando uma época corre menos bem. Assumiu alguns erros (embora sem os explicar por aí além) e reassumiu a confiança em Roger Schmidt. A avaliar por múltiplos exemplos, a estabilidade é um bem maior. Assim não esteja tudo a ser julgado à terceira jornada da próxima Liga..."

Alexandre Pereira, in A Bola

O futebol foi finalmente justo para ti, Gian Piero


"A caminhada triunfal da Atalanta na Liga Europa simboliza a vitória da ‘ideia’ e do modelo trabalhado, e ainda a da superação. Gasperini, que falhou no Inter, merece hoje todas as vénias

Setembro, 2011. Dia 21. Menos de três meses depois de o ter nomeado técnico principal e ao fim de cinco jogos sem vencer (um empate e quatro derrotas), o Inter despede um tal de Gasperini. Um verdadeiro desconhecido fora de Itália. Antigo médio da Juventus, na qual se forma como futebolista, tem no currículo um bom trabalho em Génova, após o arranque da nova carreira no modesto Crotone, porém é obrigado a esvaziar o escritório em Appiano Gentile sem uma única vitória enfiada nas caixas de cartão. A controversa linha de três defesas que colocara em campo implode antes de se poder consolidar.
Chega depois da ressaca de uma temporada inteira. Mourinho leva os nerrazzurri a ganhar tudo, inclusive a Liga dos Campeões no Bernabéu, a nova casa por oficializar perante todos menos talvez Matrix Materazzi, já que algo terá sido certamente balbuciado em esforço naquele longo e lavado em lágrimas abraço a poucos metros da porta da sala de Imprensa. Substitui-o um velho rival e freguês, o espanhol Rafa Benítez, que dura até dezembro apenas. Entra em cena Leonardo, que lhe aquece o lugar. Algo que ele próprio não consegue fazer para Ranieri. É muito pouco tempo.
No Meazza, dilly-ding, dilly-dong, Claudio dura seis meses. Andrea Stramaccioni um ano e dois meses. Walter Mazzarri outros seis. Roberto Mancini, que volta depois de anteceder Mourinho já com títulos conquistados, um ano e nove meses. Frank de Boer menos de três. Stefano Pioli sete. Luciano Spaletti, finalmente, dois anos. Todavia, o primeiro título só aparece com Antonio Conte, em 2020/21. O problema é bem mais profundo do que Massimo Moratti quer admitir no tempo de Gasperini.
Para Gian Piero, segue-se Palermo, na Sicília. Demitido e reconduzido em semanas, é despedido novamente passados 15 dias. Não se trata de mais do que da travessia no deserto que precisa fazer. Volta a Génova, onde está três épocas, e a Atalanta é o sexto clube numa carreira de trinta anos, iniciada nas camadas jovens da Vecchia Signora. Uma caminhada sem troféus até aos 66 anos e quase quatro meses de idade.
Em Bérgamo, é o rosto de um projeto que atinge, ao 116.º ano de história, o primeiro troféu europeu. O único desde a Taça de Itália de 1962/63. No final, em Dublin, encontra, como quase sempre, as palavras certas. Não é só a vitória, mas também a forma como vence: por 3-0, com uma master class impressionante diante de um adversário que carrega com leveza surpreendente um recorde de 51 jogos sem perder. Mas não só: «Ganhámos ao Liverpool quando estava no topo da classificação em Inglaterra, ao Sporting e agora ao Bayer Leverkusen. Estamos extremamente orgulhosos. É uma vitória memorável!»
É a vitória da ideia, do modelo trabalhado e da superação. E, mesmo assim, precisou de um Ademola Lookman inspirado. Quantas vezes não terá entretanto o bom do Gian Piero pensado nesse triste dia em Milão? Ou nas derrotas? Ele próprio o desvaloriza: «Não entendo isso de se precisar de conquistar um troféu para se provar algo. Não é por isso que sou melhor agora do que era esta tarde. Se fosse assim, só teriam vencido Inter e Juve. E também venceu o Bolonha, o Verona, que se salvou, e o Lecce. Cada um tem os seus próprios objetivos.»
Em oito temporadas, e depois de seis anos sem estar no top 10 da Serie A, La Dea termina por seis vezes entre os cinco primeiros, três das quais em terceiro. No seu primeiro ano no cargo, é quarto classificado, o que se traduz na qualificação para uma competição europeia 26 anos depois. Em 2019/20, numa época marcada pela pandemia da Covid-19, assina a melhor temporada, com o 3.º lugar do campeonato, e as presenças na final da Taça e ainda nos quartos de final da Liga dos Campeões. É por muito pouco que não se cruza com o Leipzig nas meias-finais. Os bergamascos são eliminados pelo PSG com dois golos no período de compensação, da autoria de Marquinhos e Eric Maxim Choupo-Mouting. Está depois em três Champions seguidas e mais duas finais da Coppa Italia, sempre com a Juventus como carrasco.
O lucro, desde que chega a Bérgamo, ascende aos 157 milhões de euros líquidos. O clube não se abstém de transferir craques por boas maquias, o que o obriga a que reinvente a equipa ano após ano. Não há praticamente quebra de rendimento, porém a sangria não lhe permite igualmente poder lutar por chegar-se um pouco mais à frente, quem sabe lançar a campanha definitiva para atacar o scudetto, e igualmente inverter mais cedo a tendência de falta de contundência em jogos decisivos.
O contributo é, contudo, muito maior. Num país com um calcio com o catenaccio e il gioco all’italiana, respetivamente versões extrema e moderada de uma identidade mais pragmática e resultadista, fortemente enraizados na sua natureza, tem conseguido inspirar uma (r)evolução tática, sobretudo ao nível da verticalidade e progressão rápida através de passes fluidos assim que a bola é recuperada, e até no surpreendente regresso à marcação individual pressionante a todo o campo. São vários os que se deixam contagiar, indiretamente ou até diretamente, como Thiago Motta, antigo pupilo no Génova e um dos mais emergentes técnicos da atualidade, a caminho da Juventus.
O futebol mostra-nos, desta vez, que também consegue ser justo de tempos a tempos. Não que Xabi Alonso e o seu Bayer nunca mais Neverkusen não fossem dignos vencedores ou não sejam também fenómenos extraordinários e igualmente importantes para a evolução, mas porque Gasperini e esta Atalanta já mereciam a redenção. Sim, Gian Piero, não é que precisassem, porém assenta-vos muito bem!"

Luís Mateus, in A Bola

A Verdade do Tadeia #2024/162 - Que final para a Taça?

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Tema do Dia - 3 pontos negativos e 3 positivos na entrevista de Rui Costa

Estabilidade na busca de títulos


"O tema em destaque nesta edição da BNews é a entrevista concedida pelo Presidente do Sport Lisboa e Benfica, Rui Costa.

1. Entrevista
Perante jornalistas de 12 órgãos de comunicação social, Rui Costa abordou diversos temas da atualidade benfiquista, tais como a continuidade de Roger Schmidt na liderança da equipa técnica, a contratação, em definitivo, de Álvaro Carreras e a chegada de Leandro Barreiro, a eventual permanência de Di María, o estado da auditoria e da revisão dos estatutos, e muito mais.
Pode ver ou rever, na íntegra, na BTV e no Site Oficial.

2. Embate no basquetebol
O Benfica recebe a Oliveirense, às 20h30, na Luz, no jogo 2 das meias-finais dos play-offs do Campeonato Nacional. Na primeira partida, as águias venceram por 100-55. Norberto Alves alerta que "pode ser tudo diferente" frente a um oponente "com imensa qualidade."
O acesso ao pavilhão está condicionado pela realização do concerto de Taylor Swift no Estádio da Luz, pelo que se recomenda, a todos os interessados, a consulta das informações para adeptos. Os bilhetes estão esgotados.

3. Foco no pentacampeonato
A equipa feminina de polo aquático do Benfica pode sagrar-se, já amanhã, pentacampeã nacional. Para tal terá de vencer o jogo, marcado para as 17h30, com o Fluvial Portuense em piscina adversária. António Machado releva o equilíbrio entre os adversários: "É mais um jogo da final. Se o primeiro foi complicado e muito difícil de vencer, este não vai ser diferente. Todos os jogos são difíceis quando as equipas são muito equilibradas."

4. Prossegue a final
Em futsal no feminino, o jogo 2 entre Benfica e Nun'Álvares é em Fafe, domingo às 15h00. Alex Pinto só pensa em ganhar: "Queremos a todo o custo trazer a segunda vitória de Fafe e colocar-nos, assim, numa posição muito vantajosa."

5. Arranca a meia-final
No Campeonato Nacional de futsal, Benfica e Braga defrontam-se na Luz, domingo às 21h30, no primeiro jogo das meias-finais dos play-offs.

6. Jogo de consagração
As já tricampeãs nacionais de andebol disputam a última jornada do Campeonato Nacional na Luz, com o CJ Almeida Garrett (domingo às 18h30).

7. Outros jogos
Com a posição definida na tabela classificativa, o Benfica visita o ABC em andebol na 6.ª e última jornada da fase derradeira do Campeonato Nacional.
Os juniores de Benfica e Sporting têm encontro marcado, hoje às 17h00, no Benfica Campus. Luís Araújo antevê um desafio "muito equilibrado, aberto, competitivo e com incerteza no resultado".
Os Sub-15 de futebol recebem a Ac. Santarém na 15.ª jornada da fase de apuramento do campeão, estando a duas vitórias da renovação do título quando estão por disputar quatro rondas."

Benfica News, in SL Benfica

Tribunal Arbitral do Desporto: um tempo de balanço


"O Tribunal Arbitral do Desporto (TAD) nasceu com imensos anticorpos. Políticos, corporativos e desportivos.
Os primeiros traduzidos na votação da sua criação na Assembleia da República.
Os segundos através do escrutínio do Tribunal Constitucional que culminou na lei do TAD e dos diversos corpos das magistraturas e outros agentes do universo judicial que pura e simplesmente convivem mal com a sua existência.
Os terceiros no pouco entusiamo que manifestaram com a sua criação designadamente as entidades desportivas que tinham ouras fontes de regulação da justiça desportiva.
Mas tratando-se de uma entidade criada por uma lei da República cumpri-la é uma obrigação de todas as entidades públicas, sem prejuízo, nos espaços próprios, de exercer um escrutínio crítico sobre o seu funcionamento e procurar melhorias face aos constrangimentos unanimemente reconhecidos.
Ao Comité Olímpico de Portugal (COP) foram atribuídas responsabilidades de instalação e funcionamento que procurámos cumprir da forma que entendemos adequada e cujos resultados foram reconhecidos como positivos, no sentido de dignificar uma entidade crucial para valorizar e qualificar a justiça desportiva no nosso país.
Dos membros que constituem os diferentes órgãos do TAD espera-se naturalmente que tudo façam para prestigiar o Tribunal.
O mesmo se espera dos que desejam ser árbitros do TAD, indicados por várias entidades e sujeitos a uma seleção.
Seria pouco compreensível, que uns e outros, não estivessem na primeira linha de promoção do prestígio do TAD e ao invés apoucassem as suas decisões ou desvalorizassem o seu trabalho.
Ao longo dos anos da sua existência a qualidade do produto da sua atividade jurisdicional é relevante e não fica atrás das decisões dos tribunais do Estado ou de outros centros de arbitragem institucionalizados.
Mas tudo correu bem? Não. O acesso ao TAD não é difícil para algumas entidades desportivas? É. Não houve decisões polémicas? Seguramente que sim. Não houve decisões recorríveis e atendíveis? É óbvio que houve. Mas o mesmo ocorre nos tribunais do Estado. São consequências normais em qualquer instância de administração da justiça.
A importância e essencialidade do TAD sempre nos mereceram uma constante análise crítica à sua configuração e ao seu modo de acesso e funcionamento. Por esse motivo, não deixámos de apresentar propostas com vista à defesa intransigente de uma melhor e mais equitativa justiça desportiva no universo nacional.
Por outro lado, sempre entendemos que o insucesso do TAD seria muito penoso para o sistema desportivo atendendo ao histórico da sua criação. Mas compreendemos perfeitamente que outras lógicas conflituam com este nosso entendimento.
E que, no limite, haja quem defenda outras soluções perante o bem maior que é a justiça, e o desporto um mero apêndice da sua aplicação. Contudo, o valor da justiça deve ser adaptado às circunstâncias do desporto, como outras áreas também reconduzidas à arbitragem, por se considerar a melhor solução para combinar justiça com a especialização para certo tipo de procedimentos.
A vida democrática, de que a justiça é um seu regulador, faz-se com pessoas e instituições que transportam percursos e vivências e nem tudo é, como gostaríamos, ideal.
A jurisdição desportiva sob auspícios do TAD é uma realidade que levou o seu tempo a construir, que não é perfeita e que cabe a cada elemento que a compõe e ao universo desportivo melhorar e proteger. A desqualificação ou desvalorização do TAD é muito negativa para o sistema desportivo.
Esperar que o TAD, em tão curto espaço de tempo, cumprisse exemplarmente os objetivos da sua criação-especialização e celeridade- seria ignorar que nenhuma instância de justiça prescinde de maturidade organizacional que só tempo e o seu aperfeiçoamento constante melhor podem assegurar.
Ignorar que o TAD possa coabitar com outras instâncias de administração da justiça, sem conflitos, isento de tensões e disputas de autoridade é imaginar um mundo ideal que não existe.
Melhorar o funcionamento do TAD com certeza, desejando que a própria instituição se proteja, salvaguarde a necessária reputação e paute a sua intervenção por estritos critérios de qualidade, elevação jurídica e prestígio institucional é um imperativo imprescindível.
Neste contexto a realização do Congresso de Justiça Desportiva é um momento excecional para proceder ao balanço do caminho percorrido e acolher, através da participação de distintos especialistas, as reflexões indispensáveis a uma justiça desportiva que corresponda às expectativas de regulação de um sistema, o desportivo, cada vez mais exigente, mais complexo e socialmente mais escrutinado."

José Manuel Constantino, in Tribuna Expresso

Um dia, as mulheres vão ganhar mais do que os homens. Esse dia chegou


"Porventura, em instantes, um googlar eriçado terá sobrecarregado a janela de navegação do prezado leitor com vários separadores, cada qual com uma notícia, das muitas produzidas sobre a desigualdade salarial entre homens e mulheres, que refuta a frase lida no título.
Se, por outro lado, esperou pelo argumento antes de poder contra-argumentar, lamento de igual modo esta semana não trazer uma boa-nova em relação às injustiças sociais, só alguns lembretes para que o significado de ganhar (não, não estamos a falar de dinheiro) seja como o critério dos árbitros: igual para os dois lados.
A equipa de futebol feminino do Benfica conquistou a Taça de Portugal este fim de semana. Na bancada central do Jamor, Alex (confiando no nome que trazia na camisola numerada com o 10) atirou a Kika Nazareth, o bobo da festa, uma embalagem semelhante às das ourivesarias. A jogadora abriu-a e, superados os instantes em que se pensou que dali ia sair um valente cachucho, o interior deu-lhe um pastel de nata imediatamente desfeito nas trincas que amansaram a fome de quem correu 90 minutos. Em troca, Alex, um boémio sexagenário, queria a versão atualizada da sua camisola 10 e não se importava que viesse com o nome de Kika nas costas.
A permuta acabou por não acontecer. Kika Nazareth ficou com o doce e Alex com a promessa de receber a camisola numa próxima ocasião. Em relação ao assunto pastel de nata, a jovem internacional teria merecido uma reprimenda do responsável pelo controlo alimentar do Benfica se não se tratasse do último jogo da época. Ainda para mais, sabendo-se que estava de barriga cheia depois da vitória contra o Racing Power (4-1) que temperou com um golo. Porém, há circunstâncias em que uma jogadora pode tudo.
No memorial da época 2023/24, o ego da Taça de Portugal vai ter que medir forças com a jactância da Supertaça, da Taça da Liga e do Campeonato na estante reservada ao pleno doméstico das encarnadas. Embora sem a forma de um troféu, a campanha histórica na Liga dos Campeões também terá que merecer um lugar que não apenas as gavetas da memória. Por menos, ao longo dos anos, já se fechou uma das principais artérias da cidade de Lisboa para dar lugar a festejos em volta de uma figura petrificada de Sebastião José de Carvalho e Melo.
O projeto de futebol feminino do Benfica tem apenas seis anos. Diga-se que ainda mais verdinho é o do Racing Power, o que não se nota naquilo que um combinado de gente como a finlandesa Sini Laaksonen, a nigeriana Mercy Idoko ou a norte-americana Jenny Vetter consegue fazer no campo. As dificuldades do clube da margem sul são outras. Quando o futebol feminino do Benfica surgiu, não se tratava do aparecimento de uma equipa sem a bengala de uma estrutura altamente profissional, conhecedora do contexto em que se estava a inserir e com provas dadas desde o futebol ao hóquei em patins, o que não é um remédio infalível para as dores de crescimento.
Ganhar quatro títulos nacionais numa só época, com competições europeias pelo meio, é uma proeza heróica, adjetivo tantas vezes usado ao despautério em situações bem mais desadequadas. O futebol masculino começou a disputar quatros títulos nacionais a partir de 2007/2008, com a criação da Taça da Liga. Nas temporadas que se seguiram, ninguém conseguiu, na vertente dos homens ou das mulheres, a proeza de vencer quatro troféus internos num ano.
Sim, o plantel de elas do Benfica 2023/24 é uma das equipas mais ganhadoras da história do futebol português. Mais do que qualquer eles que possam os registos encontrar.
Como dizer a um adepto que a equipa de futebol mais vencedora do clube que tanto preza não é composta por homens, mas sim por mulheres? Porque é que o apito final do último jogo do campeonato feminino não foi um tiro de partida para os carros saírem para a rua às apitadelas? Por que é que não se pediu uma ida ao Marquês após este quadreble? Aceitaria esse adepto que a equipa masculina fosse jogar para o Seixal e a feminina passasse a usar o Estádio da Luz a tempo inteiro?
As respostas estão junto da pessoa (e de outras que tal) que programou os processadores de texto para sublinharem a vermelho, alerta de erro, a palavra ídola.
Não pode passar despercebido que o sucesso futebolístico maioritário de um clube aconteça na vertente feminina. Se as jogadoras de Filipa Patão não tivessem conquistado qualquer um dos troféus que venceram, alguém se importaria? Para um futebol feminino sem condescendência, é bom que sim. Será um sinal positivo quando chegar o dia das jogadoras também ouvirem críticas após uma exibição menos positiva ou durante uma seca de títulos. Até lá, do mesmo modo, aproveite-se a onda de sucesso para se fazer a mesma festa que se faria se fossem eles a ganhar o Campeonato, a Taça de Portugal, a Taça de Liga e a Supertaça na mesma época (e que não se tomem as dores da equipa masculina como reflexo do estado geral do futebol de um clube)."

Francisco Martins, in Tribuna

COP: Paris - Messias Baptista

Zero: PlayBook #96 - Trezentos milhões de motivos para sorrir