"Qualquer equipa deseja receber o Benfica no seu estádio. É sempre uma festa para a respectiva cidade e seguramente uma boa bilheteira. Esta expectativa é reforçada quando o Benfica comanda a classificação e luta pelo título.
Também qualquer equipa recebe na sua casa o Benfica como o momento alto da temporada para os seus jogadores e técnicos. É-lhes gostoso tirar pontos ao Porto e ao Sporting, mas uma vitória (às vezes até um golinho) contra o Benfica é sempre inolvidável e um marco na sua carreira.
Os jogadores lutam com forças, entusiasmo e empenho que parece sempre estarem guardados para aqueles sempre tão esperados noventa minutos. Este ano vimos isso em Braga, Paços de Ferreira, Arouca, Moreira de Cónegos, Vila do Conde e noutros campos. Por isso, o clube da Luz tem dificuldades acrescidas que, enigmaticamente, os seus rivais não costumam encontrar tão expressivamente.
Percebo o lado icónico de um sucesso perante o Benfica. O que me custa a perceber é o lado aparentemente acomodado e quase burocrático com que, por vezes, as mesmas equipas encaram outros jogos. Basta comparar as partidas com clubes atrás citados para ver a diferença...
O mesmo se passa, não raro, com os treinadores e certos dirigentes. Nos jogos com o Benfica, o mérito de uma vitória nunca é reconhecido e há sempre uma qualquer questiúncula para o tentar menorizar. Nos jogos, por exemplo, com o Porto, antes ou depois, o que se diz é com muito cuidado, respeitinho e quase um pedido de desculpas se alguma coisa corre mal para os portistas. E, por regra, sobre a arbitragem nem um sussurro..."
Bagão Félix, in A Bola