Últimas indefectivações

segunda-feira, 26 de agosto de 2019

Estratégia!!!


Futsal 2019/20

"O Futsal recomeça a época esta semana. O plantel teve várias saídas e várias entradas. Está na altura de fazer uma avaliação do que aconteceu neste verão.
Guarda-Redes
Atletas: Diego Roncaglio, André Sousa (ex-Sporting) e André Correia
Saídas: Cristiano Marques (emp. Eléctrico)
- Joel Rocha gosta de guarda-redes que saibam jogar com os pés e participar no 5x4. Dentro dessa perspectiva, Diego Roncaglio é dos melhores guarda-redes do mundo, se não o melhor, e como tal não fazia sentido mexer. Cristiano Marques foi emprestado ao Eléctrico depois de cinco épocas com a equipa principal. Ainda só tem 22 anos. É uma oportunidade para se afirmar definitivamente. André Correia surpreendeu na parte final da época, particularmente no jogo da final onde defendeu 5 penalties/livres 10 metros. No imediato pode ser um jogador importante nesta vertente das bolas paradas. André Sousa é um dos reforços desta temporada. Joel Rocha conhece-o bem, pois trabalharam juntos no Fundão. Acho que pode ser um reforço interessante, na medida que também é capaz de participar no 5x4 e em certos momentos do jogo
Fixo
Atletas: André Coelho, Afonso Jesus, Célio Coque (ex-Sporting S20), Fernando Drasler (ex-ElPozo) e Fábio Cecílio
Saídas: Marc Tolrà (ElPozo Murcia)
- Esta foi uma das posições que sofreu mudanças mais significativas. Marc Tolrà apesar de ter contrato quis regressar a Espanha. Para o seu lugar fomos buscar Fernando Drasler, jogador que tem integrado a Selecção Brasileira nas últimas convocatórias. Tolrà é um jogador mais defensivo. Drasler é um jogador que pode dar outra versatilidade no ataque. Eu acho que esta mudança no papel pode vir a fazer sentido. É que no ano passado, o Sporting tinha três pivots de grande nível. Este ano saiu Dieguinho e não entrou ninguém. Logo, não há uma necessidade tão urgente de ter três fixos muito fortes defensivamente, permitindo ter outra qualidade no ataque que Tolrà não oferecia. Drasler, tal como Cecílio pode jogar a ala, com a particularidade que Drasler é esquerdino e nós estamos com poucos alas esquerdinos. Célio Coque é uma das grandes promessas do futsal português. Vamos ver o que Joel Rocha consegue fazer dele, visto que não tem feito grande coisa do Afonso Jesus, que deve procurar afirmar-se de vez este ano. André Coelho é o craque da nossa equipa. Fundamental nos dois lados do campo. É muito importante que continue connosco por muitos e bons anos.
Ala
Atletas: Chaguinha, Tiago Brito, Bruno Coelho, Rafael Henmi, Miguel Ângelo, Robinho e Luíz Silva (ex-Benfica S20)
Saídas: Silvestre Ferreira (emp. Eléctrico) e Bruno Graça (emp. Eléctrico)
- Aqui não houve mudanças significativas. Silvestre ainda integrou várias convocatórias no ano passado, mas pouco ou nada jogou nos jogos importantes. O Bruno Graça ainda apareceu menos. Vão os dois para um empréstimo importante para as suas carreiras. De resto, continuamos com os internacionais portugueses Tiago Brito, Bruno Coelho e Miguel Ângelo. E os estrangeiros Robinho, Chaguinha e Henmi. Com a possibilidade de Fábio Cecílio, Fernandinho e Drasler poderem também fazer esta posição. O jovem Luíz Silva tem treinado com a equipa principal e para o ano pode aparecer em alguns jogos. É um brasileiro de 19 anos que está no Benfica desde do ano passado. Deve passar mais tempo na equipa S20 do que na equipa principal ainda assim. Falou-se na hipótese de trocar Miguel Ângelo por outro português. Por um lado compreendo que Miguel Ângelo não tenha correspondido ao potencial que se vislumbrava há uns anos (apesar de ter estado muito bem na última final). Por outro, acho que é melhor que qualquer outro português que esteja no Campeonato (seja o Márcio ou o Mário Freitas ou outro qualquer). Prova disso é que vai sempre à selecção e marca muitas vezes.
Pivot
Atletas: Fits e Fernandinho
Saídas: Raul Campos (Palma Futsal)
- Foi a posição mais controversa. Saiu um dos estrangeiros, Raul Campos, que na Final só jogou no último jogo, onde assinou um hat-trick. Mas o Benfica não foi buscar ninguém. O clube, nas palavras de Joel Rocha, justificou a decisão dizendo que tinha ficado decidido no verão passado que só na época de 18/19 é que iríamos ter sete estrangeiros não formados localmente e que no conjunto que características que cada jogador traz, Raul Campos tinha as menos diferenciadas. Nesse aspecto acho que foi feita uma boa decisão. Fits é um pivot mais físico, Fernandinho é um pivot/ala mais móvel. Os dois dão um conjunto de boas alternativas ao Benfica. São ambos internacionais brasileiros.
O plantel perdeu dois bons jogadores e acrescentou um bom. No entanto, é importante contar com a evolução dos que cá estavam. É importante lembrar que Henmi não jogou na última Final. Acho que de forma global, continuamos a ter boas hipóteses quer cá dentro, quer lá fora. Agora é trabalhar e confiar em quem manda."

Uma questão de… Cultura!

"Falemos de cultura…sim, cultura! Cultura de futebol…conhecimento do jogo, da sua história! 
Associemos tal realidade com a do nosso país. 
Um rectângulo abençoado, apaixonado pelo desporto-rei, ainda que a sofrer pelo facto de ter uma mentalidade tripartida e baseada no forte apoio aos três clubes mais titulados do país.
Tal é o grande filão que é explorado por quem tem a possibilidade de divulgar a sua opinião. 
Analisemos, agora, o panorama que relaciona o desporto com a cultura.
O nosso país tem três jornais desportivos.
Estas três publicações para apresentarem números interessantes, têm de realizar 99% das capas a falar dos três clubes com mais títulos e em 40 páginas, 30 falam do triopólio.
Acresce, ainda, que o nosso país possui pouquíssimas (para não dizer nenhumas!) revistas a falar de futebol, sendo que os projectos que se afastem de uma mentalidade que discuta a “pertinência deste ou daquele lance”, ou o “incensar deste ou daquele craque dos clubes com mais apoio” são votados ao insucesso.
Bastará, pois, relembrar projectos como a Mundial (há cerca de 20 anos), mas também a Quatro-Quatro-Dois que, passados alguns meses de surgirem, viram-se na contingência de fecharem portas por… falta de vendas! Mas, cotejemos com o que se passa fora do nosso país!
Em Espanha projectos como a “Panenka”, a “ Libero”, em Itália o Guerin Sportivo (um projecto editorial com mais de cem anos), a Undici, ou em Inglaterra a Four-Four- Two, ou em França a France Football são exemplos de longevidade e de como conseguiram implantar-se no mundo editorial dos respectivos países.
Então, Portugal será diverso dos outros países?
A resposta será dolorosa, a nosso ver, para quem gosto do jogo, acima dos seus clubes. 
Dolorosa…mas crua!
Os adeptos de futebol do nosso país, infelizmente, preferem olhar para o jogo, através do êxito dos seus clubes, das suas vitórias, reproduzir as palavras (sábias ou não) dos seus opinion-makers, deleitar-se, de modo necrófago, com as opiniões difundidas em programas de painel!
A história do jogo, apenas, interessa para apresentar argumentos aos adeptos rivais, acerca de quem foi mais beneficiado pelos juízes.
Os momentos protagonizados pelos ídolos de outros tempos, simplesmente, servem para cultivar momentos de grandeza em relação aos demais!
Tal, leva ao profundo desconhecimento do jogo!
A acrescer a isso, a inexistência da capacidade do nosso país apresentar um panorama literário futebolístico.
Voltemos a comparar com o que passa nos demais países. Bastará percorrer o Amazon, caso não tenhamos a possibilidade de entrar numa livraria de outro nação.
A oferta de (boas!) histórias futebolísticas prendem a atenção dos aficionados. A existência de autores especializados em escrever sobre o futebol tornam o tema algo de diverso do que sucede em Portugal, em que pouquíssimas obras conseguem ter êxito.
Assim, para quem ama ler o desporto rei, a solução será perscrutar mercados internacionais… aprofundar os conhecimentos linguísticos e deleitar-se com pérolas literárias, em que se entrecorta a boa escrita com o futebol!
Ao invés, Portugal continua-se a apostar no clubismo e na promoção dos mesmos de sempre.
É mesmo uma questão de cultura…futebolística!"

Lusitano Ginásio Clube versus Juventude Sport Clube

"O desporto não se reduz a uma só prática. Também não é apenas um espectáculo submetido às leis de audiências e dos mercados, pois como produto social estrutura-se em instituições com dinâmicas próprias e organizações com poderes, hierarquias e regras.
O futebol tem vindo, como nenhum outro desporto, a apreender a noção de comunidade imaginária, dada a capacidade de representação de uma nação através dos feitos de onze jogadores em campo. Todos os clubes de futebol têm a sua história. Salientamos aqui dois casos. O Lusitano Ginásio Clube foi fundado em 11 de Novembro de 1911. O Juventude Sport Clube foi fundado em 05 de dezembro de 1918. Ambos têm o Estatuto de Utilidade Pública. O Lusitano de Évora recebeu-o em 1984 e o Juventude de Évora em 1983. Estes dois clubes de futebol localizam-se na cidade alentejana de Évora e a sua rivalidade é ancestral. E tanto quanto nos é dado observar, têm o privilégio de disputar penosamente os campeonatos da III Divisão.
Estes dois clubes de futebol são proprietários de terrenos de grande valor comercial. As instalações dos dois são degradantes. Basta visitá-las para ver o estado em que se encontram. As direcções têm sido incapazes de promover projectos conjuntos. A fusão tem sido impossível. É pena, pois juntos poderiam ir mais longe e Évora merecia. Se algum dia houver uma fusão, sugerimos a atribuição do nome Juventude Lusitana."

Avante...

Levantar a cabeça

"Da mesma maneira que não entrámos em euforias com as primeiras vitórias, seria irracional entrarmos em depressão na sequência da derrota deste sábado. Analisar com rigor e encarar fria e colectivamente, como sempre fazemos, as razões deste desaire, é o primeiro passo para rapidamente darmos a volta.
Estamos ainda no início de uma época longa e bastante exigente. Este será, conforme expectável, um campeonato certamente muito competitivo e em que tem sido visível a melhoria de qualidade de quase todas as equipas, basta ver que todas já perderam pontos.
Ganhámos brilhantemente o primeiro troféu em disputa, a Supertaça, e sabemos o muito que temos de lutar para atingir os nossos principais objectivos, tanto na frente interna, com Campeonato Nacional, Taça de Portugal e Taça da Liga, como na externa, em que, infelizmente, somos o único clube português a representar o nosso país na Liga dos Campeões.
Nenhum destes objectivos foi colocado em causa, e pela humildade, valor, capacidade e provas dadas por este grupo campeão nacional, estamos naturalmente confiantes em relação ao futuro.
Importa realçar a forma absolutamente extraordinária como, apesar do resultado negativo, as dezenas de milhares de benfiquistas presentes no Estádio da Luz quiseram expressar o seu apoio à equipa até ao último minuto do jogo.
Exemplo raro e único aquele 86.º minuto. Da expressão dos adeptos pelo seu amor ao Clube e reconhecimento que confiam numa equipa que, em anos bem recentes, demonstrou que o que verdadeiramente importa é como acabam, e não como começam, as competições.
Agora todo o enfoque está já na muito difícil deslocação a Braga. Estamos certos de que os milhares de benfiquistas do Norte se mobilizarão como sempre e demonstrarão mais uma vez que é nos momentos difíceis que o seu apoio surge de forma mais veemente e vibrante.
Tão importante como saber perder é saber ganhar e, mais uma vez, é de repudiar as lamentáveis declarações e insinuações feitas pelo porta-voz do FCP, que logo após o final do jogo, primeiro com a bazófia de quem se já considera campeão e depois, mais grave, inventando e fabricando toda uma história falsa, ao acusar de que tinha sido responsabilidade do nosso clube não colocar o nome do presidente do FCP na ficha de jogo, procurou criar mais um caso.
Por incompetência e má-fé, omitindo que a ficha de jogo de cada equipa é preenchida na plataforma da Liga por cada delegado desse respectivo clube, e só por ele sem qualquer outra intervenção externa, e como tal neste caso foi o delegado do FCP que não colocou o nome do seu presidente, porque está castigado.
Uma intervenção que marcou o tom para que os mesmos que já festejavam e se consideravam campeões em dezembro do ano passado agora não escondam a sua euforia e já se considerem campeões, ainda Agosto não acabou. Apesar das 31 jornadas que ainda faltam disputar.
Da nossa parte, treino a treino, jogo a jogo, como sempre vamos à luta!"

Análise ao Clássico: o dragão consumiu todo o oxigénio na Luz

"Foi um final de tarde de sábado penoso para o SL Benfica. E o resultado é o menos relevante. Em pleno Estádio da Luz, tanto no relvado como nas bancadas e tirando momentâneos fogachos encarnados, só deu azul.
Vi um FC Porto mais próximo da sua identidade com um meio-campo a três capaz de preencher os espaços, pressionar o portador da bola e, com qualidade, controlar, circular e rasgar o jogo com bola. Além disso a dupla Pepe-Marcano parece começar a ganhar maior consistência. Este FC Porto com maior poder central, com maior capacidade de pressão e retenção da bola, mais seguro sem bola e no momento de recuperação, beneficia depois da capacidade dos seus laterais e avançados de partirem em força e velocidade para cima da defesa adversária. Foi isto que vimos ontem na Luz. Um Porto dominador no centro do terreno, seguro a defender, forte na recuperação e depois eficaz no lançamento dos seus avançados a despedaçar o posicionamento defensivo da equipa da casa.
Assim, foi sem espaço para jogar pelo centro que o Benfica desde cedo começou a demonstrar grandes dificuldades em respirar.
A equipa de Bruno Lage apresentou-se na Luz sem surpresas no 11 inicial e com uma série de 12-0 em três jogos disputados. Cheia de uma confiança que logo desapareceu assim que Jorge Sousa apitou para o arranque do Clássico.
O Benfica apareceu desconfortável no jogo e incapaz de colocar a funcionar o seu futebol rápido, criativo e de toque, e aos 10 minutos de jogo parecia já não haver oxigénio suficiente que permitisse aos jogadores encarnados pensar e executar. A bola queimava, as decisões demoravam a ser tidas e caiu-se numa constante procura do jogo pela profundidade com a bola frequentemente a sobrevoar o meio-campo encarnado.
Foi com o jogo totalmente amarrado que saltaram à vista os erros de casting deste plantel e principalmente das escolhas do Bruno Lage. Equívocos que têm sido camuflados pela força do colectivo e eficácia ofensiva dos jogadores mais criativos.
O primeiro tempo foi totalmente controlado pela equipa visitante. Já a segunda-parte trouxe-nos um jogo diferente, com mais Benfica, mas ainda assim insuficiente.
A entrada de Taraabt permitiu à equipa ter mais bola, ter saída com mais critério e ter ainda maior criatividade no último terço ofensivo. Contudo, apesar desta melhoria, a equipa continuou só a encontrar espaços nas laterais e os constantes cruzamentos foram sendo totalmente controlados pela dupla de centrais portista. E se a subida encarnada não trouxe grande perigo à baliza de Marchesín, o guardião não pode dizer o mesmo dos espaços que esta gerou para os atacantes do Porto explorarem o ataque à baliza.
Bruno Lage voltou a decidir bem com o lançamento de Chiquinho, contudo a decisão de tirar Florentino para lançar Vinícius foi um acto de desespero e totalmente desapontador, pois a equipa ficou totalmente exposta à posse de bola dos médios portistas e à velocidade dos atacantes adversários. O segundo golo poderia ter surgido mais cedo e apareceu a colocar justiça no marcador.
Apesar dos dois golos sofridos, o problema do Benfica não morou na sua baliza. Vlachodimos foi igual a si próprio – fantástico entre os postes e totalmente desconfortável fora destes. É um guarda-redes que não dá qualquer segurança para se jogar com a linha defensiva mais subida no terreno.
Na defesa, só Rúben Dias pareceu aguentar a pressão do clássico e dos jogadores adversários. Enquanto Ferro tremeu o jogo todo, com e sem bola, Rúben foi tentando impôr a sua presença e liderança. Grimaldo, tal como Ferro, apareceu a jogar totalmente sufocado, sem bola mostrou-se incapaz de acompanhar o seu adversário e com bola várias vezes perdeu o controlo ao primeiro sinal de alguma pressão. Já Nuno Tavares simplesmente confirmou que é um equívoco alguém pensar nele como uma solução para a lateral direita. Condução de bola com o pé exterior, pouca qualidade e confiança para passar e cruzar com o pé direito e incapaz de controlar o espaço nas suas costas por rodar precisamente para o lado contrário.
O meio-campo foi simplesmente abafado pelo trio adversário. Sem espaço para terem bola e em inferioridade no momento da pressão, Florentino e Samaris foram dois jogadores somente destinados a correr atrás da bola e dos adversários.
Também de Pizzi e Rafa não veio a magia que temos vistos nos últimos jogos. Sofreram pela derrota colectiva da equipa e viram o seu jogo totalmente condicionado. No ataque, Rafa não teve qualquer espaço para arrancar pelo centro como tão bem faz. Contudo é de ressalvar que foi incansável na perseguição a Corona e nas compensações a Grimaldo.
No centro do ataque está o outro grande equívoco de Bruno Lage. A dupla Seferovic e RDT não funciona neste sistema de jogo. O Benfica procura jogar da mesma forma que na época transacta e Bruno Lage não pode continuar a ignorar que até Maio o centro criativo da equipa era Jonas ou João Félix. Até essa data, os encarnados actuavam com um jogador criativo, inteligente e de técnica superior atrás do ponta de lança. Um jogador que fazia a ligação entre o meio-campo, as alas e o avançado. Um jogador que fazia a bola rodar no centro atacante e que desmontava as defesas adversárias com as suas movimentações, tabelas e passes. Um craque sempre de cabeça levantada. A ausência de um jogador com estas características naquela posição tem sido, especialmente neste jogo, fatal ao futebol encarnado. Raul de Tomas não é esse jogador e continuando ali tudo o que teremos é alguém a correr muito para condicionar a saída de bola do adversário. Há no plantel opções para esse lugar e Bruno Lage terá de tomar algumas decisões. Seferovic não tem correspondido, o colectivo da equipa está condicionado e o próprio RDT é desperdiçado naquela posição, pois o seu lugar é indubitavelmente o de ponta de lança.
A uma semana do fecho do mercado, este jogo confirmou a necessidade do Benfica em se reforçar – Vlachodimos é bom, mas não é o guarda-redes ideal para o jogo de Lage e a lateral direita não pode continuar 100% dependente de André Almeida.
Este foi então um jogo extremamente bem conseguido por parte do FC Porto que parece caminhar para a consolidação das suas parcerias – Marega e Zé Luis; Pepe e Marcano; Danilo, Uribe e Baró. Foi também um jogo que expôs as debilidades actuais do Benfica, uma lição que pode trazer grandes aprendizagens a um treinador humilde e inteligente como é Bruno Lage. Sem Gabriel, ou se aposta em Taarabt ou o treinador necessita de fazer uma última exigência ao mercado. Sem Jonas e Félix, a solução terá de passar por Chiquinho e Jota. Já Raul de Tomas deverá ter a oportunidade de disputar o lugar de ponta de lança com Seferovic.
Resultado justo. Talvez ainda afectado pela dor afirmo que foi mesmo um massacre azul e branco em pleno Estádio da Luz."

Portimão vestiu-se de “encarnado”

"O maior torneio da pré-época no futsal decorreu neste fim-de-semana na arena de Portimão, e contou com a presença, como sempre, de quatro das equipas mais fortes da Europa. Este ano, como em todas as edições anteriores, contámos com a presença de duas equipas nacionais, o Sporting CP e o SL Benfica, e duas equipas convidadas, o Inter Movistar FS, de Ricardinho, e o vice-campeão europeu em título, o Kairat Almaty AFC, oriundo do Cazaquistão.
Ao longo dos dois dias de competição, vimos futsal de alta qualidade neste torneio relativamente recente, mas que se afirma cada vez mais como uma paragem obrigatória para todos os clubes de topo europeu e mundial.
Como já vem sendo habitual, os representantes nacionais tiveram uma prestação muito positiva, ficando nos lugares cimeiros da tabela classificativa. Dos quatro jogos desta competição, três foram ganhos por equipas nacionais, com a única excepção a ser o empate entre Sporting e Inter, uma igualdade que acabou por se revelar decisiva para apurar o campeão, o Benfica.
Com a época oficial 2019/20 prestes a arrancar, com a realização da Supertaça, podemos antever mais uma temporada fantástica em Portugal.
Vamos ter duas belas equipas candidatas aos troféus nacionais e europeus, e como também é normal. Temos também um lote de boas equipas a lutar por lugares de destaque na Liga e pela conquista das Taças, como o SC Braga/AAUM, a AD Fundão, o MODICUS. Pode haver ainda outras equipas que se possam superar e chegar aos lugares tipicamente ocupados pelas equipas acima mencionadas.
Mas falando um pouco mais pormenorizadamente do que se passou no Sul do país. No primeiro dia, o Benfica começou por ganhar à equipa do leste europeu por 3-1. Num jogo bem conseguido pelos pupilos de Joel Rocha, com golos de Afonso Jesus, Tiago Brito e Robinho para os encarnados.
O Sporting empatou a três bolas com o Inter Movistar, encontro em que deu para observar inequivocamente a qualidade e a valia dos reforços Taynan e Pauleta. Estão a evoluir de jogo para jogo e prometem fazer muita mossa nesta próxima época. Os golos leoninos foram marcados por Leo, Rocha e Taynan.
Partíamos assim para o último dia de competição com três pontos para o Benfica, um para o Sporting e Inter e zero para o Kairat.
No domingo, o dia começou com um jogo entre Sporting e Kairat, e mais uma derrota para a equipa cazaque. Desta feita por três golos sem resposta (bis de Taynan e terceiro golo de Leo), num jogo que deixava o Sporting a torcer por um empate entre Inter e Benfica no último jogo.
Mas as “águias” não deixaram fugir esta oportunidade de ouro de conquistar este título e venceram 5-0, com golos de Miguel Ângelo, Fernandinho (2), Robinho e Chaguinha. O SL Benfica sagrou-se assim vencedor desta International Masters Cup pela primeira vez e Portimão teve festa em tons de “encarnado”. O SL Benfica ficou então com seis pontos, contra os quatro do Sporting, um do Inter e zero do Kairat.

A Figura
Taynan da Silva – Não é surpresa nenhuma a sua qualidade de jogo, porque vinha de um dos melhores clubes europeus, mas a sua rápida adaptação ao plantel leonino e respectiva equipa técnica é incrível, apenas ao nível de um predestinado."

Eduardo Nunes, in Bola na Rede

PS: Não deixa de ser engraçado, que a Figura da competição (o melhor jogador), não seja um dos jogadores da equipa que dominou o torneio!

Benfiquismo (MCCLXXIII)

Juntos...

Novo Bronze...

Nova medalha de Bronze para o Fernando Pimenta, desta vez no K1 5000m.

O K4 400m, masculino, ficou-se pelo 6.º lugar na Final, qualificando-se para os Jogos Olímpicos, com a participação dos nossos João Ribeiro e do Messias Baptista (além do Emanuel Silva e do David Varela).

PS: Excelentes jogos em Portimão da nossa secção de Futsal. Vitórias sobre o Kairat e o Inter, duas das equipas mais fortes do panorama mundial... ambas sem espinhas!!! Excelentes indicações, para a época que está a começar...

Cadomblé do Vata

"1. Regressou o Medo Cénico das recepções ao FCP... Sport Lisboa e Benfica, a desfibrilhar portistas desde 1982.
2. Estas patetices contra os azuis e brancos são tão habituais, que acabou o jogo e consegui ir jantar... estou até a duas ou três destas, de conseguir comer durante um Clássico.
3. Vitória do FC Porto, sem espinhas... excepto esta que tenho encravada na garganta.
4. Já há algum tempo que não levávamos tamanho banho de bola na Catedral... foi tudo tão asseadinho que nem precisamos gastar água no balneário no final do jogo.
5. Dizem por aí que falhamos no ataque, mas eu acho que foi onde estivemos melhor... não desperdiçamos uma única oportunidade de golo."

SL Benfica - FC Porto

"Esta é uma avaliação do jogo na feita na hora. Não é uma avaliação muito pormenorizada pois não revi o jogo.
O Benfica teve várias dificuldades hoje. A saída de João Félix tem sido compensada com movimentos interiores do Pizzi e do Rafa que hoje muito raramente apareceram. A defender só utilizamos seis jogadores. Pizzi, Rafa, RDT e Seferovic não defendiam muito, abrindo muitos espaços para FC Porto que soube aproveita-los. Primeira derrota de Bruno Lage no Campeonato. Umas notas sobre o jogo.
1. Pizzi e Rafa. Têm sido os melhores jogadores do Benfica no início de época. Hoje apareceram muito pouco. Contra o Paços e contra o Benfica, assumimos muitas vezes um sistema de 4-2-2-2, como Pizzi e Rafa a ligar o jogo entre os médios e os dois pontas de lança. Esse era o trabalho que Félix fazia muito bem. Hoje não conseguimos fazer esses movimentos. A nossa construção foi inexistente. É preciso rever bem o que aconteceu.
2. Haris Seferovic e RDT. Há muito tempo que diz que são dois jogadores que não combinam bem. Na verdade ainda antes de se estrearem falávamos nisso. Não se percebe a insistência de Bruno Lage nesta dupla. A bola hoje raramente lhes chegou. Os dois juntos tiveram uma oportunidade. Que serve ter dois pontas de lança para depois não terem bola? Mais uma vez digo que gostava de ver alguém atrás de um deles.
3. Grimaldo. Na primeira parte não sei se acertou um passe para a frente. Na segunda parte também esteve muito apagado. Dias maus acontecem a todos.
4. Nuno Tavares. A falta do pé direito num jogo desta envergadura podia notar-se. Disse isto há dois dias. Acho que chegou ao fim a aventura. André Almeida já esteve na convocatória hoje.
5. Ferro. Está nos dois golos do Porto. Algo a rever. Tanto ele como o Florentino têm uma falta de agressividade atroz.
6. Odysseas Vlachodimos. Ficou-me a sensação que podia ter saído na jogada do primeiro golo. Teve vários momentos em deveria ter saído e ficou na baliza. O jogo dos pés voltou a ficar em casa. É difícil compreender a decisão de não ir buscar ninguém para a baliza.
7. Chiquinho. Saiu com muitas queixas. Não é um bom indicador. Em teoria parece ser o jogador ideal para jogar atrás do avançado. Se a lesão for complicada, é obrigatório ir ao mercado.
8. Rúben Dias. Melhor em campo do nosso lado.
9. Jorge Sousa. Foi uma arbitragem saída dos anos 90. Permitiu o Porto perder tempo a segunda parte toda e só deu 5 minutos de desconto. Perdi a conta ao número de porradas que o Rafa levou o jogo inteiro. Perdi a conta ao número do faltas para amarelo que o Pepe fez. Ficou claro que a Liga não queria que o Benfica tivesse 6 pontos de vantagem sobre o Porto à terceira jornada. Mas a verdade é que o Benfica tinha o dever de fazer muito mais.
Não eram nenhuns heróis há duas semanas. Não são nenhumas bestas hoje. Mas o plantel tem fragilidades. Um clube que faz 200M em vendas não pode ter estas fragilidades. Não há um médio como Gabriel no plantel. Contratou-se um terceiro ponta de lança em vez de um segundo avançado que ajudasse na construção ninguém sabe bem porquê. Vlachodimos precisa de competição. Até dou o benefício da dúvida na questão do lateral direito. Isto estava na cara há dois meses. Mas aparentemente só hoje é que se percebeu. Falta uma semana para o fecho do mercado. Têm dinheiro. Usem-no."

'Capote'!!!

"Fizemos o apanhado dos últimos 30 anos ao nível de EXPULSÕES em clássicos. Pornográfico. A única questão é saber a que minuto e qual (ou quais) o jogador do Benfica que Jorge Sousa vai expulsar hoje.
1989/1990: CN: Porto 0-0 Benfica: Pacheco 80m (0-0)
1991/1992: CN: Porto 0-0 Benfica: Isaias 71m (0-0); Kostadinov 80m (0-0)
1992/1993: CN: Benfica 2-3 Porto: Rui Bento 64m (0-0); Jaime Magalhães 87m (2-2)
1993/1994: CN: Benfica 2-0 Porto: Fernando Couto 40m (1-0)
1994/1995: SP: Benfica 1-1 Porto: Secretário 19m (0-0); Abel Xavier 35m (0-0); Nelo 80m (1-1); Rui Filipe 80m (1-1); João Pinto 89m (1-1)
CN: Benfica 1-1 Porto: Yuran 90m (1-1); Paulinho Santos 90m (1-1)
CN: Porto 2-1 Benfica: Dimas 86m (2-1); Secretário 90m (2-1)
1995/1996: CN: Porto 3-0 Benfica: Ricardo Gomes 77m (1-0)
1996/1997: CN: Porto 3-1 Benfica: Tahar 75m (2-1)
1997/1998: CN: Porto 2-0 Benfica: João Pinto 64m (1-0); Paulinho Santos 64m (1-0)
1998/1999: Porto 3-1 Benfica: João Pinto 76m (3-1)
2000/2001: TP: Benfica 1-1 Porto: Escalona 90m (1-1)
TP: Porto 4-0 Benfica: Diogo Luis 40m (3-0)
CN: Porto 2-0 Benfica: Rojas 44m (2-0)
2002/2003: CN: Porto 2-1 Benfica: Éder 71m (1-1); Miguel 75m (2-1); Jorge Costa 90m (2-1)
CN: Benfica 0-1 Porto: Ricardo Rocha 70m (0-1)
2003/2004: CN: Porto 2-0 Benfica: Ricardo Rocha 78m (2-0)
TP: Benfica 2-1 Porto: Jorge Costa 70m (1-1)
2004/2005: CN: Benfica 0-1 Porto: Pepe 66m (0-1); Nuno Gomes 66m (0-1)
2005/2006: CN: Porto 0-2 Benfica: Bruno Alves 81m (0-2); Léo 85m (0-2)
2007/2008: CN: Porto 2-0 Benfica: Binya 87m (2-0)
2008/2009: CN: Benfica 1-1 Porto: Katsouranis 58m (1-1)
2009/2010: CN: Porto 3-1 Benfica: Fucile 51m (1-0)
2010/2011: CN: Porto 5-0 Benfica: Luisão 66m (3-0)
TP: Porto 0-2 Benfica: Fábio Coentrão 60m (0-2)
2010/2011: CN: Benfica 1- Porto 2 - Otamendi (70min)
2011/2012: CN: Benfica 2- Porto 3 - Emerson (78min)
2013/2014: CN: Benfica 2- Porto 0 - Danilo (74min)
TP: Benfica 3 - Porto 1 – Siqueira (27min)
TL: Porto 0 – Benfica 0 – Steven Vitoria (30min)
2017/2018: CN: Porto 0 - Benfica 0 - Zivkovic (82min)
2018/2019: CN: Benfica 1- Porto 0 - Lema (82min)
CN: Porto 1 – Benfica 2 – Gabriel (77min)

Benfica - 30 expulsões
Calor da Noite - 16 expulsões"


PS: Elucidativo... realço ainda que nestes 30 anos, a quantidade absurda de jogadores caceteiros que vestiram a camisola dos Corruptos, é 'industrial', bastante diferente da maioria do perfil dos jogadores do Benfica! Estes números ainda são mais escandalosos, quando se percebe contexto e se recorda as agressões, umas atrás das outras, por parte da equipa que menos Cartões leva...!!!

Olheiro BnR – Tomás Tavares

"Tomás Tavares é o jovem mais recentemente promovido à equipa principal, depois de na semana passada ter integrado os treinos sob as ordens de Bruno Lage, numa altura em que a equipa principal ainda carece de um lateral-direito, dando a entender que será aposta já na formação sénior encarnada apesar de ainda ter idade júnior.
Nascido em Lisboa no ano de 2001, Tomás Tavares iniciou a sua carreira no futebol na Escola Fernando Chalana, tendo chegado ao SL Benfica no ano de 2010, onde tem vindo a subir a pulso, sendo que na última temporada realizou 11 jogos pelos juniores, 19 pelos sub-23 mais dois jogos pela equipa B. Já se sagrou campeão nacional de iniciados e de juvenis e também é internacional pela selecção nacional desde os sub-17.
Tomás Tavares é um jogador bastante versátil. Pode jogar tanto a lateral-direito como a lateral-esquerdo (onde foi aposta no Europeu de sub-19), sendo que também já jogou no meio-campo e a extremo. É um lateral de grande propensão ofensiva, que demonstra qualidade técnica para progredir com a bola nos pés, e também demonstra capacidade para se associar com os colegas de equipa para procurar tabelas e combinações.
Tomás Tavares é um dos elementos mais talentosos da prolífica geração de 2001 e perante a presença de Bruno Lage e a resistência em ir ao mercado contratar um lateral, acredito que seja uma questão de tempo até começar a ser aposta na equipa principal, na qual irá jogar num modelo de jogo onde tem tudo para evoluir e se tornar num jogador de referência."

Brinquedos, construções e invasões: aprender com a natureza

"O inutensílio como objecto base da educação das crianças. Objectos que não funcionam, imaginam

Sol e electricidade
1. Ainda em Agosto. Mês em que se fala que as nuvens e o sol e outros elementos naturais - o bom tempo, etc. - convidam as meninas e os meninos para o exterior - em baixo: o chão; em cima: o céu - e com esse convite, embora indirectamente, proíbem o funcionamento dos ecrãs.
Ao sol a visibilidade de qualquer ecrã é péssima, e isso não é por acaso. Numa competição de luzes - a do sol e a da electricidade dos tablets - o sol esmaga por KO definitivo. Só na sombra a luz dos ecrãs consegue ser visível, e isso é uma rápida lição da força do sol e da fraqueza pífia dos ecrãs electrónicos.

Inutilidade
2. Voltamos ao poeta brasileiro Manoel de Barros, poeta essencial da língua portuguesa. Ele fala dessa aprendizagem pela natureza e na natureza, uma aprendizagem em que temos de esquecer, em primeiro lugar, a linguagem e a maquinaria que nos impedem de olhar sem filtros e sem obstáculos para as coisas do mundo.
«As coisas que não levam a nada têm grande importância».
Uma caminho sem saída e uma tarefa inútil: em Agosto,eis o essencial.

Brinquedos e infância
3. Entre ecrãs e brinquedos ortodoxos, eis uma infância sentada e quase pré-definida. (E que haverá de mais terrível do que infância pré-definida?)
Na verdade, o que são brinquedos? Os primeiros brinquedos são os objectos naturais que se podem transportar, que se podem manipular, que se podem cruzar entre si, que se podem levar às costas. Com dois paus e uma pedra ou duas pedras e uma corda se fazem, se fizeram, as primeiras brincadeiras, os primeiros brinquedos: corda pau pedra terra água. As brincadeiras de areia, na praia - as construções que usam apenas água e areia são disso um bom exemplo: a primeira grande construção surgiu a partir de material natural, sem transformações.
«Poema é antes de tudo um inutensílio», escreveu Manoel de Barros que defende o inutensílio como objecto base de educação das crianças. Objectos que não são úteis, que não fazem coisas: é a criança que faz, que age. Objectos que não funcionam, imaginam.
Manoel de Barros conta que mostrou à mãe um primeiro verso. Ele tinha medo: «Vão dizer que eu tenho vocação para ninguém». Teria treze anos.
«A mãe falou:
Agora vai ter que assumir as suas irresponsabilidades.
Eu assumi: entrei no mundo das imagens».
Assumir as responsabilidades versus assumir as irresponsabilidades.
O óbvio: só pode existir um tempo responsável, se antes existir a infância.

Natureza e dança
4. A educação mais clássica é, em parte, uma ocupação de olhos e dos ouvidos, uma invasão benigna, benéfica, é certo, dos ouvidos e dos olhos. Mas só auditiva e óptica: vou ocupar os teus olhos com imagens da cultura humana, vou ocupar os teus ouvidos com os sons que vêm da linguagem.
Assim, por contraste a isto, um outro ponto de vista, é a educação que diz: vira-te para a natureza, desloca os teus olhos e os teus ouvidos na direcção daquilo que não é produzido pelo humano.
Uma educação, diríamos ecológica, não no sentido didáctico, mas no sentido de educação pelo ecologia. Não vou aprender o nome dos rios, vou aprender a descer os rios; não ver apenas a fotografia da montanha, vou tentar subi-la.
«Para cantar é preciso perder o interesse de informar», escreve Manoel de Barros. Fartos de informações, pedimos canções e alguém que saiba dançar.
E não só em Agosto."

Gonçalo M. Tavares, in A Bola

O COI e a legislação italiana

"Recentemente, em artigo aqui publicado, demos conta de que em Portugal mas também em outros países, com conhecida e sedimentada tradição na área do Direito do Desporto, tais como Brasil, Espanha ou Itália, estavam em curso reformas legislativas no âmbito do Desporto.
Em Itália, na Câmara dos Deputados, através do Projecto de Lei n.º1603, de 15 de Fevereiro deste ano, estuda-se uma iniciativa legislativa que pretende reformar aspectos estruturais do sistema-jurídico desportivo, delegando no Governo algumas áreas de actuação. Um movimento de verdadeira reforma, procurando-se novas soluções para a regulação do Desporto naquele país.
Uma das alterações propostas visa definir o objecto das actividades institucionais do Comité Olímpico Nacional Italiano e outra permitirá ao Governo italiano, de forma unilateral, reorganizar o Comité Olímpico nacional.
Ora, o Comité Olímpico Internacional (COI) manifestou sérias reservas quanto a esta nova legislação. Vê nesta alteração um perigo de intromissão governamental na gestão do Comité Olímpico Nacional italiano, o que poderá colocar em causa a sua independência e autonomia bem como, no limite, conduzir à exclusão da Itália dos próximos Jogos Olímpicos de Tóquio de 2020. Entende o COI que todos os comités olímpicos nacionais se comprometem a cumprir a Carta Olímpica e a seguirem um regime de entidades privadas com total autonomia e independência.
Por parte do Governo italiano, foi reafirmado que não existe qualquer intenção ou tentativa de interferência no Comité Olímpico nacional. Veremos como irá esta Proposta ser desenvolvida e implementada, confirmando, ou não, os receios do COI."

Marta Vieira da Cruz, in A Bola