"O Benfica está nos oitavos-de-final da mais importante competição europeia. Outros, mesmo constando à partida da lista dos favoritos ao título, ficaram pelo caminho. Mas o Benfica venceu esta etapa. Desse triunfo parcial já podem extrair-se vantagens materiais e de prestígio. Sendo primeira do grupo, a equipa não terá de enfrentar os adversários mais temíveis. Isso vale ouro.
Nada do que atrás ficou dito constitui novidade para os benfiquistas ou para quem, não o sendo, acompanha as coisas do futebol. A novidade reside na forma profissional e consistente como o Benfica chegou ao ponto em que neste momento de encontra.
Trata-se agora de gerir de forma criteriosa e prudente os seus recursos humanos, definindo claramente as prioridades e as possibilidades.
O campeonato nacional está a ser dos mais renhidos da últimas temporadas, com as equipas de topo separadas por diferenças pontuais irrevelantes. Isso significa que tudo terá ainda de ser feito. Quem renunciou a horizontes mais ambiciosos irá concentrar-se, naturalmente, na conquista nos títulos nacionais. De uma dessas disputas já o Benfica está liberto, mas não pode, em circunstâncias alguma, deixar de ter os olhos postos na reconquista do título de campeão.
Haverá quem o não saiba?
Há jogadores cansados, menos motivados, mas é visível que o ambiente geral é muito positivo e que o colectivo está contente com o momento que está a atravessar. Tudo o que é obra humana, sempre marcada pela imponderabilidade e pela imperfeição, depende largamente do factor psicológico, da energia individual e colectiva e, há que dizê-lo, também daquilo a que, à falta de termo mais eloquente, poderá chamar-se 'sorte'. As próximas semanas vão ser decisivas. Todos o sentimos e sabemos.
Nenhuma vitória parcial pode ser confundida com a final, que tem sempre outra dimensão e fulgor. É nestes momentos que tudo se pode ganhar ou perder. E no Benfica só a palavra 'vitória' assenta bem. E que bem (lhe) fica!"
José Jorge Letria, in O Benfica