"No ano passado a santa aliança fez-se em torno do Sporting. Agora é o FC Porto. O que estiver mais longe do Benfica abdica de lutar pelo título e apoia o outro.
1. Liga dos Campeões: Benfica vinga vitórias morais dos 'outros'
Pois, enquanto pensava no tema para esta crónica de hoje, ia vendo o Benfica a fazer um jogo pouco conseguido, em termos atacantes, mas de uma eficácia total, a nível defensivo.
Contra um Borussia Dortmund que julgava que vir a Lisboa era sinal de vitória, mesmo jogando sem 9 ou 10 dos jogadores considerados efectivos.
E, não dizem os especialistas, que um bom ataque dá vitórias e uma grande defesa dá campeonatos?
A não ser que essa verdade, com o Benfica, não seja tão verdade como isso, para poderem criticar como tanto gostam de fazer em relação a nós e têm tanto medo de fazer com os outros (uns e outros, porque, neste caso, a falta de coragem para com os dois amiguinhos chegar a ser... pornográfica)!
Vingámos, assim, com aquele golo de Mitrolgou, as vitórias morais de quem nos habituou a «jogar como nunca e a perder como sempre»!
Mas, a par dessa vitória - e de uma exibição monstruosa de Ederson - Luisão comemorou 500 jogos de águia ao peito.
É obra!
500 jogos, só superados, no Benfica (se as fontes estatísticas a que recorri não me induziram em erro), por Mário Coluna (528), António Veloso (534) e Nené (578).
500 jogos num mundo onde o normal é mudar algumas vezes de clube (e todos nós sabemos quem, na esmagadora maioria das vezes, leva os jogadores a isso).
500 jogos felizmente atingidos, apesar de algumas tentações de saída (umas reais, outras... nem por isso), para dar consistência e densidade histórica a um balneário que mudou precisamente.. com Luisão.
Porque a história de muitos títulos começa, precisamente, ... no balneário e no que apreendem, com os mais velhos, os que vão chegando, em cada ano!
Como David Luíz fez questão de nos relembrar (ainda esta semana), sobre a importância de Luisão na sua percepção sobre o que significava... ser jogador do Benfica.
E sobre a dimensão, a grandeza, a diferença entre o Benfica... e os outros!
Parabéns, Luisão!
E força aí, porque Mário Coluna está, apenas, a uma época de distância (ou menos, se com uma exibição à Benfica, continuarmos - como acredito - na Liga dos Campeões, eliminado, para já, o Borussia)!
Mas, atenção, porque a partir de agora, com o facto de nós termos muito mais jogos do que os outros (esperando eu que isso se prolongue no tempo, por boas razões), contra o Benfica, vai valer tudo.
Tudo, mesmo!
Como no ano passado, a santa aliança (sem maiúsculas para nivelar com os ataques que nos dirigem) se fez em torno do Sporting, porque estava mais próximo de ser capaz de evitar o nosso tricampeonato, também este ano a reedição dessa velhíssima junção de forças se fará, desta vez em torno e em apoio ao Porto.
Na última semana, expliquei, aqui, a adaptação que fazem - esses teóricos e estrategas do vale tudo contra o Benfica - do princípio da subsidiaridade ao futebol português.
Ou seja, ... como então referi, ... o que estiver mais longe do Benfica abdica de lutar pelo título e apoia o outro.
Essa foi - e ninguém me pode impedir de ser essa a minha convicção - a ideia que bailava na mente (ou no subconsciente, pois então) do treinador do Sporting e que o traiu quando afirmou, nas vésperas de ter ido ao Dragão, com 7 pontos de atraso para o Benfica, que no máximo que podia ambicionar era lutar pelo 2.º lugar.
Um 2.º lugar que, a ser esse mesmo o seu objectivo, seria conseguido mais depressa sem oferecer meia parte e 2 golos ao Porto no jogo do passado dia 4.
Para agora, a 9 e a 10 pontos de atraso do 2.º e do 1.º, voltar a afirmar que ainda pensa no título!
Pensar, não pensa!
Pensa, isso sim, no único jogo que tem até ao fim da época: o que vai ter contra nós!
Se tivessem ganho ao Porto ficavam a 7 do 1.º e a 3 do 2.º!
Mas ainda bem que fizeram um hiatozinho na vontade de querer ganhar... precisamente no joguinho contra o Porto!
Ou melhor... no encontro em que o clube anti-Benfica do Porto recebeu o clube anti-Benfica de Lisboa.
Até mais do que o ridículo, ... o ódio ao Benfica mata-os!
2. Os novos 'condottieri'
Por isso, por essa disponibilidade de muitos sportinguistas darem a cara por causas que não são as suas, me lembrei - com as devidas distâncias mas com a liberdade de pensamento que tenho, por muito que isso custe a muita gente - dos Condottieri italianos, dos séculos XV e XVI.
Eles que se batiam de acordo, não com convicções, mas, antes, por interesses!
E embora me digam que as convicções de uns são os interesses dos outros e vice-versa... eles só pensam (uns e outros) em impedir o tetra do Benfica!
Porque, como não me canso de referir - e o que eu digo, preocupa-os... e muitos - para um deles ganhar, não precisa de ganhar!
Para um deles ganhar, ... basta o Benfica perder!
São assim, os pequenotes!
Por isso, passado este interlúdio de liderança estratégica, com alguma visibilidade do Sporting, voltamos a assistir ao reaparecimento do Porto no 1.º lugar do combate contra o Benfica!
Um combate que nos volta a trazer à lembrança os tempos do Apito Dourado!
Que não me cansarei de recordar.
E isso - sabemos das respectivas páginas de comunicação - como lhes dói!
Como seria bom apagar essa fase como se apaga o que se escreve num quadro negro!
A mesma cor - o negro - dessas páginas vergonhosas de corrupção do desporto português!
Eles estão de volta!
Para ganhar?
Não acredito!
Mas sei que, em cada estádio, em cada jogo, em cada minuto, teremos de lutar contra os que nos querem ganhar, porque jogam contra nós (o que é natural)... e os que nos querem ganhar... mesmo não jogando contra nós... ou não tendo, sequer, interesse directo no resultado que possamos fazer, a não ser o de que ganhem todos, menos nós!
Porque a sua inveja de adeptos e de dirigentes é o que alimenta e motiva a sua relação (mal resolvida como só Freud poderá explicar) com quem sabe que lhes é superior!
Por isso, em Braga, vamos ter mais um jogo do título.
Onde teremos que jogar tudo, mas tudo mesmo, para lhes dar a resposta que merecem.
Com respeito pelo Sporting de Braga, mas com a obrigação de oferecer a todos nós... uma resposta que todos temos que dar!
Porque, como todos sabem... maior de que nós, nem a inveja deles.
E, já agora, digo eu, ... mesmo juntando a de uns e de outros, seremos sempre maiores.
Maiores do que eles, juntos!
Carrega, Benfica!!!"
Rui Gomes da Silva, in A Bola