"Ou Jorge Jesus opera rapidamente um milagre (como o fez com Coentrão), ou é de temer que Bruno Cortez, para mais não muito jovem, se transforme tristemente no novo Emerson da Luz.
FAZ agora 20 anos que o Sporting, de Sousa Contra, foi à Luz buscar sem pagar dois jovens internacionais portugueses - Paulo Sousa e Pacheco -, aproveitando-se de um momento de fragilidade económica do velho rival.
Sousa e Pacheco rescindiram os seus contratos com o Benfica e poucos dias depois eram apresentados em Alvalade em cerimónia festiva que, como não podia deixar de ser, destroçou o ânimo dos vizinhos falidos do outro lado da rua.
Vem esta efeméride a propósito de Bruma que rescindiu o seu contrato com o Sporting e cujo futuro próximo se apresenta ainda como uma incógnita. Há quem diga que o jovem jogador vai acabar no FC Porto mas também há alguma gente a garantir que Bruma será jogador do Benfica.
Espero muito que tal não aconteça, na parte que toca ao Benfica. É muito feio aproveitar momentos de debilidade alheia embora se diga, por todo o lado, que é nos momentos de crise que quem tem dinheiro faz bons negócios. Quero acreditar que estas notícias, pequeninas, sobre um alegado interesse do Benfica em Bruma mais não sejam do que uma poeirada com intuito bem definido.
Se Bruno Carvalho não conseguir dar a volta ao jogador, ao advogado, ao empresário guineense e mais ao empresário israelita - tanta gente! -, o clube que levar Bruma poderá sempre ufanar-se de ter desviado Bruma não só do Sporting como também do Benfica. É um dois-em-um com todos os matadores.
Bruma não é só um caso desportivo. É um caso político. Tem sido curiosa de observar a preocupação com que muitos portistas têm analisado o afastamento entre o FC Porto e o Sporting desde que o presidente dos leões se atreveu a proferir a palavra fruta na sequência da venda de Moutinho ao Mónaco o que levou directamente ao incidente com Adelino Caldeira de que os jornais deram conta.
Muitas têm sido as vozes dragonas a avisar, paternalmente, o Sporting de que só poderá sair prejudicado deste afastamento em relação ao FC Porto. prejudicado desportivamente, claro está. E logo são dados exemplos de emblemas que por se terem distanciado do FC Porto não demoraram a cair em desgraça, na mais completa das desgraças.
Em primeiro lugar impressiona este descaramento de um nepotismo assumido como Estado de Direito que assegura, em troco do bom comportamento, benesses aos seus protectorados. Como se uma coisa dessas fosse possível...
Em segundo lugar, no caso do Sporting dificilmente se consegue imaginar uma desgraça maior do que esta que lhe vem acontecendo há anos, desde que se aproximou desportiva e politicamente do Grande Manitu. Ou não é?
SIM senhor, que lindo golo o de Markovic, perfeito chapeleiro, marcado na terça-feira aos suíços do Sion. Foi o segundo golo do sérvio na partida. Quem também marcou foi Lima, de bola corrida depois de ter falhado um pontapé de grande penalidade.
Golos portugueses no Benfica-Sion só os do Sion, apontados por Max Veloso e André Marques, ambos em lances de bola parada chamando a atenção para o desconcerto do modo de defender do Benfica quando não conta, por exemplo, com a presença de Garay no eixo das operações.
E como é mais do que certa a saída do extraordinário defesa-central argentino, bom seria que o Benfica aprenda rapidamente a organizar-se lá atrás onde residem os problemas maiores de uma equipa que, uma vez mais, parece poder vir a ser sólida e acutilante do meio-campo para a frente embora, lamentavelmente, não se possa dizer o mesmo do meio-campo para trás.
Em três jogos particulares na Suíça, o Benfica sofreu uma barrigada de golos, o que não pode deixar de preocupar os seus adeptos e, certamente, o seu treinador. De qualquer forma, será preferível uma pré-temporada com falhas e lacunas por preencher do que uma pré-temporada do tipo cavalgada heróica, como tantas vezes já aconteceu, que acaba por resultar em muito pouco ou em mesmo nada quando o futebol começar a ser a sério e a contar.
Bruno Cortez, o lateral-esquerdo de 26 anos que o Benfica pediu emprestado ao São Paulo, foi uma aposta firma de Jorge jesus nesta mini-digressão suíça. Ou Jorge jesus opera rapidamente um milagre - como o fez com Coentrão há quatro anos - ou é de temer que o brasileiro, para mais não muito jovem, se transforme tristemente no novo Emerson da Luz.
Há uma tendência entre os adeptos, e não só os do Benfica, para cada temporada elegerem um jogador dos seus com quem embirrar ostensivamente. O Benfica de Jesus já teve a sua série de mal-amados: César Peixoto, o guarda-redes Roberto e o lateral-esquerdo Emerson souberam bem o que é sentir a desconfiança, quando não a animosidade do público supostamente afecto, sempre que tocavam, bem ou mal, na bola.
Cortez reúne todas as condições - e abstenho-me de as nomear - para ser o novo eleito desse desamor que se expressa desapiedadamente. Mais um grande aborrecimento em perspectiva?
SALVIO é o primeiro jogador do Benfica a encantar. Veio de férias em grande forma, por mais absurda que esta consideração possa parecer. Joga e faz jogar os companheiros, uns mais do que os outros, naturalmente, conforme as respectivas capacidades e estados físicos depois da paragem.
O modo trágico-épico como o Benfica terminou a última época deixou de tal forma marcas nos adeptos que até o bom momento de Salvio no arranque da temporada deixa toda a gente desconfiada e a temer o pior.
Vi o jogo com o Sion num espaço público, casa cheia de benfiquistas, e a cada boa jogada de Salvio surgiam indignados comentários como estes:
- A jogar assim agora está-se mesmo a ver que não vai jogar nada quando for mesmo preciso...
Ou pior ainda:
- Eu quero é vê-lo jogar assim no Dragão na última jornada...
O Benfica terminou 2012/2013 em depressão e arranca para 2013/2014 em estado de incredulidade total. Nem parece coisa nossa.
NA escolha dos novos equipamentos avultam os tons de azul do trajar dos guarda-redes. Eu gosto. É um bonito azul à Benfica.
TEM vindo a ser provado e comprovado que o FC Barcelona é uma casa onde há pão. Nos últimos anos não faltaram em Nou Camp sonoros títulos nacionais e internacionais e na compita com o Real Madrid levam os catalães desta última geração grande vantagem anímica e estatística, apesar dos esforços de José Mourinho para contrariar a tendência.
O Barcelona é uma casa onde há pão e onde até há brioches. Neste Verão já asseguraram o concurso de Neymar para jogar ao lado de Messi - que ostentação! - embora tenham perdido para o Bayern de Munique de Pep Guardiola o mais do que promissor Thiago Alcântara. Nascido em Itália, filho de brasileiros, Alcântara optou por ser espanhol para poder jogar por La Roja, que é como chamam à selecção deles os nossos vizinhos do lado.
Guardiola quis Alcântara em Munique e tem-no já à disposição. Se a Europa não tivesse uma moeda única seria caso para se dizer que o marco alemão falou mais forte do que a peseta espanhola. Tendo a Europa uma moeda única é caso para se dizer que o novo marco alemão, travestido de euro, cumpriu com os seus pergaminhos.
O Barcelona deve a Pep Guardiola, ninguém duvida, o seu fabuloso ressurgimento como potência europeia e mundial do futebol. Mas agora estão zangados, o que desmente o velho ditado português casa onde não há pão, todos ralham e ninguém tem razão. Pão é o que mais há em Nou Camp mas, mesmo assim, não chega para disfarçar o ambiente espesso entre Guardiola e o presidente do clube, Sandro Rosell, e entre Guardiola e o actual treinador do clube, o seu ex-adjunto Tito Vilanova.
Trocam acusações graves no que concerne ao carácter de uns e de outros e às respectivas competências. Em Madrid rejubila-se com o mal-estar na casa do rival, o que é perfeitamente compreensível porque com o mal dos outros...
É, no entanto, o Barcelona um emblema muito invejável visto de Madrid, da Conchinchina e até de Lisboa porque se dá ao supremo luxo de ter as saus crises durante o defeso e a pré-temporada, quando não há nada para ganhar a não ser forma física.
Mais cedo ou mais tarde no calendário da próxima edição da Liga dos Campeões há dois embates que toda a gente quererá ver: o Chelsea de Mourinho a jogar contra o Real Madrid de Ancelotti e o Bayern de Munique de Pep Guardiola a jogar contra o Barcelona do ex-amigo Tito Vilanova.
Que os senhores dos sorteios da UEFA, por artes mágicas, arranjem lá estes embates para a próxima Primavera, se fazem favor."
Leonor Pinhão, in A Bola