Últimas indefectivações

sexta-feira, 31 de maio de 2019

A Lage o que é de Lage

"Tantos adjectivos elogiosos já foram utilizados para caracterizar o desempenho de Bruno Lage na semi-época da estreia ao serviço da equipa principal do Benfica, que qualquer encómio de sobra soará sempre a redundância. Na verdade, nem mesmo os mais optimistas esperariam tanto, levando em conta encarnada se encontrava no 4.ª lugar a 7 pontos da liderança, tendo ainda se de deslocar ao Dragão, a Alvalade, a Braga e a Guimarães.
Daí em diante, não só venceu categoricamente em todos esses estádios, como recuperou os pontos de atraso, igualou o recorde de golos, e chegou ao ambicionado título. Fê-lo com nota artística elevadíssima, empolgando os adeptos - mesmo aqueles que, não sendo do Benfica, simplesmente apreciem o bom futebol.
O jovem técnico benfiquista não brilhou apenas pelos resultados e pelas exibições. Também deixou marca pelo discurso de humildade e fair-play, bastante distinto daquilo que é habitual no futebol português. Mostrou que para ganhar não é necessário gritar, nem desrespeitar os rivais. Deu um exemplo de desportivismo que não pode deixar de ser sublinhado. Se Lage recolhe hoje o apoio da unanimidade da nação benfiquista, também é preciso dizer que a próxima época lhe trará novos desafios.
Mais do que nunca, o Benfica será o alvo a abater, e todos os restantes treinadores irão esforçar-se por tentar anular o seu modelo de jogo.
Depois de tão sumptuosa estreia, Bruno Lage tem agora a oportunidade de mostrar que o seu êxito nada teve de circunstancial, e que estamos perante um técnico ao nível dos melhores da história do clube e do país."

Luís Fialho, in O Benfica

Carrega, Bruno!

"Bruno Fernandes está na moda e tem feito manchetes diárias dos jornais desportivos, com direito a horas e horas de televisão com o mesmo tema. O mundo é muito injusto, pois há um Bruno, também de apelido Fernandes, bem mais titulado e de que ninguém fala.
A equipa feminina de Futsal do Sport Lisboa e Benfica conseguiu um feito difícil de igualar - sagrou-se tricampeã nacional. Pela terceira época consecutiva, as nossas Papoilas Saltitantes conquistaram não só o Campeonato Nacional, como venceram todas as provas internas. Conseguiram, pela terceira temporada seguinte, juntar ao título de Campeão, as vitórias na Supertaça e na Taça de Portugal. Todo o mérito deve ser atribuído ao excelente grupo de trabalho que o SL Benfica montou, em 2016/17, de forma estruturada, com muito planeamento e, sobretudo, com uma clara visão de futuro. Ao leme desta equipa está Bruno Fernandes, com apenas 36 anos. Discretamente, fazendo do trabalho a sua forma de estar, o nosso treinador conduziu as nossas 15 atletas a feitos notáveis. Os números falam por si - em três épocas conquistou 9 títulos de âmbito nacional e dois distritais. Além do Campeonato, da Supertaça e da Taça, Bruno Fernandes bateu o Sporting, por duas vezes consecutivas, na final da Taça da Honra da Associação de Futebol de Lisboa. Creio que se poderá pensar que só não venceu a terceira porque esta época a prova não se disputou. Capitaneadas por Inês Fernandes, as tricampeãs nacionais realizaram, nos últimos três anos, 105 jogos oficiais, vencendo 97. Empataram quatro e perderam apenas quatro jogos. Marcaram 541 golos. Impressionante!"

Pedro Guerra, in O Benfica

Açúcar ou Saúde? Futebol!

"Açúcar é bom mas não no sangue. E para isso temos, não só que o consumir em menor quantidade como, sobretudo, que controlar os seus níveis regulares para que os médicos nos possam aconselhar e ajudar a evitar os seus efeitos nefastos. Habituámo-nos a ouvir dizer que a diabetes é uma doença civilizacional e dito assim, parece uma fatalidade que a mesma vá tolhendo vidas atrás de vidas à espécie humana. Ora, usando de alguma modernidade e senso comum dos nossos dias, fui espreitar à Wikipédia e descobri que 'Civilização é um complexo conceito da antropologia e história. Numa perspectiva evolucionista é o estágio mais avançado de determinada sociedade humana'. A sério? Não faz sentido nenhum quando lemos esta definição a pensar em diabetes... Portanto algo está mal nesta civilização e se calhar somos mesmo nós, que entramos desabridamente pelo consumo inconsequente de tudo e mais alguma coisa, sem olhar aos limites do corpo e sem queimar uma caloria que seja, alternamos infindavelmente entre 'parado' e 'quieto' e não fazemos o menor esforço para mudar até que seja tarde, por vezes irremediavelmente tarde...
Ora é aqui, precisamente, que entra esta coisa de 'jogar à bola', aliando a actividade física à socialização que é, para nós Humanos, como o oxigénio da vida. Todos sabemos que somos uma espécie gregária, cujo sucesso reinante sobre todas as demais assenta na capacidade de organização social que temos e na actuação conjunta em torno de lideranças. Na verdade, se há coisa que nos faz sentir bem é competir, apontar a objectivos e conquistá-los. Mas no final, sabe a pouco a vitória se não houver a celebração e o reconhecimento do outro. Quando somos pequenos todos passamos por uma idade de afirmação e necessidade de reforço positivo que termina invariavelmente num 'mãe.. pai... Já viram o que eu fiz?... Olha aqui eu...'. Mais tarde, muitas vezes, quando alcançarmos alguma coisa na vida é comum ouvir dizer coisas como 'que pena o meu pai/mãe não estar aqui para ver o que eu consegui'. Enfim, estar com gente e competir são duas coisas tão importantes para nós que podem mesmo sobrepor-se à preguiça se o que estiver em causa for 'jogar à bola', porque fazer isso é uma das poucas ocasiões em que a vida nos oferece em síntese tudo o que mais gostamos de fazer.
Portanto, é fazer pela saúde, combater a diabetes e muito mais, com uma bola nos pés e um sorriso entre amigos."

Jorge Miranda, in O Benfica

Tanto melhor

"Depois de um ano muito difícil, os benfiquistas vivem em todo o país e por todo o mundo, em estado de verdadeira felicidade. Em nós, é normal este formidável uníssimo de cada vez que ganhamos. Lembro-me bem dos indeléveis sons e imagens das grandes vitórias que já marcavam a história do Glorioso desde o século passado, a partir do final dos 50 e ao longo de toda a década de sessenta, ainda quando, no Portugal a preto e branco, o nosso vermelho irrompia de vez em todo o lado, nas grandes e constantes celebrações do Benfica vencedor, de cada vez que os nossos sonhos se cumpriam.
Os tempos de hoje são muito diferentes. Nem há comparação possível com o que é celebrarmos, agora em plena liberdade, uma reconquista tão difícil. A diversidade, a intensidade e as dimensões que estão a caracterizar as comemorações do nosso 37.º campeonato, marcam muito mais do que a imensa alegria colectiva que experimentamos por um título nacional.
A incrível explosão do nosso sentimento colectivo coroa, aliás, a própria natureza do feito alcançado em dois diferentes campos de vitória. Também por isso, mais apropriadamente ainda, desta vez conformamos num autêntico grito de alma a dupla conquista: a Reconquista.
Primeiro, soubermos superar-nos a nós próprias e depois, passámos a vencer todos os outros. Nesta hora dos nossos irreprimíveis festejos, contudo, eles persistem em usar por todos os meios, todos os subterfúgios e todas as mentiras para tentarem denegrir os incontestáveis méritos que constituem o nosso justo orgulho. Na ânsia de publicamente se eximirem à constatação dos seus erros e da sua insuficiência desportiva perante a hegemonia do Benfica, chegam a esquecer-se dos assomos dos méritos e capacidades que, de vez em quando, ainda patenteavam, preferindo disparar em todas as direcções que a imaginação doentia e podre lhes concede, para iludirem perante quem lá manda agora, as severas realidades em que estão mergulhados.
Mas verdadeiramente, ali, já não há rei, nem roque: os sucessivos cheque-mates que continuam a sofrer são o resultado dos autênticos haraquiris a que cegamente se dedicarem, em todos os campos de actividade, nestes últimos seis anos. Mas, pelos vistos, continuarão sob a égide das macacadas. E se for assim que se sentem bem, tanto melhor..."

José Nuno Martins, in O Benfica

Recusa de Cillessen é caso de estudo

"A recusa de Cillesen em mudar-se para a Luz deve ser caso de estudo. O Benfica é um grande clube, 37 vezes campeão nacional, 26 vezes vencedor da Taça de Portugal, sete vezes triunfador da Supertaça e duas vezes campeão europeu. Mas, para um determinado nível de futebolistas, apesar da história, do prestígio, das condições de trabalho, de uma massa imensa de sócios e adeptos que pintam de vermelho os caminhos da lusofonia e de uma situação financeira que sugere estabilidade, jogar no Benfica são é apelativo. E a razão de tal desinteressante não tem a ver com o clube - um dos maiores do mundo - mas da circunstância onde este desenvolve parte substancial da sua actividade, a Liga portuguesa.
Há muita gente que não gosta de encarar a realidade mas esta, patente diariamente na imprensa de Badajoz para lá, diz-nos, cruelmente, que a interesse do resto do mundo pelo nosso futebol domésticos é meramente residual. Sejamos claros: tendo em carteira outras possibilidades, que jogador que vir jogar para uma Liga onde as acusações de corrupção andam permanentemente no ar, o insulto é corrente e a cultura de ódio significa, para muitos, uma forma de estar? Visto de fora, será este um ambiente convidativo?
A Liga de Clubes, que vai a votos em breve, deve reflectir sobre a forma de inverter uma situação que empurra o nosso campeonato para o afastamento dos melhores. É preciso que acolha, por exemplo, sem tibiezas, a causa da centralização dos direitos televisivos, única forma de aumento da competitividade, e que apoie, com coragem, os movimentos que procuram erradicar os holligans dos estádios."

José Manuel Delgado, in A Bola

O homem do leme

"Cai o pano sobre a época futebolística em Portugal, edição 2018/2019. O Benfica assegurou a reconquista do Campeonato, sendo unânime o reconhecimento da figura maior dessa proeza: Bruno Lage. O “Homem do leme”, música eternizada pelos Xutos e Pontapés, dá o mote para recordar a obra do treinador campeão com apenas meia época de trabalho à frente da equipa.
Sozinho na noite
um barco ruma para onde vai.
Uma luz no escuro brilha a direito
ofusca as demais.
Sozinho na noite. Era precisamente assim que se encontrava Luís Filipe Vieira no final de Novembro de 2018. Na ressaca da derrota por 5-1 frente ao Bayern de Munique, o presidente do Benfica pernoitou no Caixa Futebol Campus e, durante a noite, viu a tal “luz”, que brilhou e lhe indicou o rumo a seguir. Esse rumo passava pela manutenção de Rui Vitória como treinador das águias, apesar dos resultados menos positivos e do fraco futebol apresentado pela equipa, que tanta contestação estavam a gerar.
As críticas ao treinador português multiplicavam-se nos meios de comunicação e subia a pressão, não só externa como interna, para a sua substituição no comando técnico do clube da Luz. Ao anunciar a decisão de manter Rui Vitória, Luís Filipe Vieira fez questão de vincar que essa decisão era, de facto, sua, revelando que a posição dos restantes responsáveis pelo futebol do Benfica era contrária à sua. Uma decisão histórica, porque humilhante para todo o universo benfiquista. Jamais um presidente de um clube com esta dimensão pode justificar uma decisão tão importante com uma luz que veio a meio da noite. Ponto final, parágrafo. 
E mais que uma onda, mais que uma maré…
Tentaram prendê-lo impor-lhe uma fé…
Mas, vogando à vontade, rompendo a saudade,
vai quem já nada teme, vai o homem do leme…
Luís Filipe Vieira apoiou-se na situação vivida em 2013 com Jorge Jesus, com contornos semelhantes ainda que em momentos distintos da época, para reforçar que já anteriormente tinha remado contra a maré e levado o Benfica a bom porto. Mas a onda de bons resultados que se seguiram após este voto de confiança em Rui Vitória (sete vitórias consecutivas), esbarrou no empate com o Desportivo das Aves (Taça da Liga) e na derrota com o Portimonense, a contar para o Campeonato, que atirou o Benfica para o quarto lugar da classificação, a sete pontos do líder FC Porto.
Esta derrota do Benfica em Portimão rompeu de vez a ligação com Rui Vitória, tendo sido apontados nomes como José Mourinho, Jorge Jesus, Paulo Fonseca, Leonardo Jardim ou Rui Faria para suceder ao técnico ribatejano. Nenhum destes se confirmou, acabando por ser Bruno Lage, aquele que nada teme, a assumir o leme da navegação benfiquista, que tentava salvar uma época dada já como perdida. Não há mérito de Luís Filipe Vieira neste momento crucial da época, porque ficou claro que Bruno Lage não foi aposta primeira mas sim solução de recurso.
E uma vontade de rir nasce do fundo do ser.
E uma vontade de ir, correr o mundo e partir,
a vida é sempre a perder…
Com Bruno Lage, a vida do Benfica não foi sempre a perder. Antes pelo contrário, o treinador fez uma segunda metade de época fantástica. Mudou o sistema táctico, recuperou jogadores que estavam “desaparecidos”, deu a titularidade e oportunidades aos jovens e recuperou os sete pontos de desvantagem para o primeiro lugar, com destaque para as vitórias em Alvalade, no Dragão, em Braga e em Guimarães, oferecendo a reconquista do Campeonato a um Benfica que, quando Lage chegou ao leme, estava afastado por todos dessa luta. Se o Benfica festejou o 37º título de campeão esta época, deve-o ao homem do leme: Bruno Lage.
E não foi só pela reconquista do campeonato que o técnico se destacou. A sua postura é a de alguém que sabe estar no mundo do futebol, uma qualidade que tem tanto de rara como de menosprezada. O seu discurso é de uma elevação e de uma categoria tremendas, representando um raio de luz legítimo para todos os que aspiram a um futebol português mais digno, com mais fair play e com um ambiente mais saudável.
Mais do que teorias, frases feitas e lugares comuns, Bruno Lage insistiu sempre no treino como a variável chave para o sucesso, a consistência, o trabalho árduo, que seriam recompensados com vitórias. E já após a conquista do Campeonato, na última conversa com jornalistas, o reconhecimento do mérito do rival FC Porto e até a admiração por Herrera. Um discurso genuíno, verdadeiro e que abre espaço para a pacificação de um ambiente tão conspurcado como o do futebol português.
Mas o percurso de Bruno Lage não foi imaculado e também teve alguns solavancos. Se da eliminação na Taça da Liga, frente ao FC Porto, não se pode apontar o dedo ao treinador, até pela excelente exibição que a equipa fez, o mesmo já não se pode dizer em relação às eliminações na Taça de Portugal e na Liga Europa. Em ambas as competições o Benfica saiu da primeira mão em vantagem na eliminatória mas acabou por ser eliminado na segunda mão, por falhas claras na abordagem a esse segundo jogo. Bruno Lage mostrou dificuldades em preparar a equipa para gerir a vantagem trazida do primeiro jogo mas também se pode alvitrar se não foi mais um caso de gestão de plantel, para atacar aquela que era a prioridade, o Campeonato.
A vontade de rir, disse-o o próprio Bruno Lage, chegou no último jogo da época, apenas quando o quarto árbitro levantou a placa com os minutos de compensação. Aí chegou a sensação de dever cumprido e de que o título já não escapava à sua equipa. Para o futuro, fica a vontade de Bruno Lage ir em busca do bicampeonato, correr o mundo e partir à conquista da Europa. Os adeptos do Benfica assim o esperam."

Variabilidade na Criação – Um jogo de relações

"Para quem ataca durante mais tempo, uma das armas para chegar à baliza adversária é a colocação de muita gente à frente da linha da bola, significando um aumento do número de soluções verticais. Acredito que, as equipas mais capazes de jogar pelo corredor central possam ser aquelas que colocam mais gente por dentro, mas nem sempre é assim. Quanto mais gente se colocar no espaço interior, mais adversários se poderá concentrar nesse espaço, o que pode limitar os caminhos para chegar à baliza adversária pelo caminho pretendido em primeira instância, mas o que também poderá originar espaço para furar por fora. Assim, atacar com amplitude máxima torna-se fundamental para provocar desequilíbrios por fora, mas também por dentro!
Com a evolução do jogo, têm-se tornado fundamental a variabilidade na criação, isto é, a capacidade de alterar os posicionamentos em zonas de criação. Se a construção é uma fase importantíssima para se iniciarem os desequilíbrios ofensivos, a fase de criação é ainda mais notória por estar mais próxima da baliza. A quantidade de jogadores colocados na construção está relacionada, portanto, com a fase de criação e pode, inclusive, limitar as ligações ofensivas. Existe, então, a necessidade de criar igualdade/superioridade em zonas mais adiantadas do campo porque, no jogo, tudo são relações numéricas, espaciais e qualitativas!
A necessidade de aumentar o número de elementos entre as linhas adversárias tem encontrado novas soluções para furar equipas muito compactas e com muita gente atrás da linha da bola. Hoje, as equipas que preparam cada momento ofensivo ao detalhe, colocam 3, 4 e até 5 elementos entre os sectores adversários. Como referi, aumentar a presença entre-linhas não é sinónimo de qualidade. No entanto, o adversário fica mais desconfortável pela quantidade de jogadores que atacam a sua última linha. A presença de 4 ou 5 elementos servirá para igualar ou criar superioridade numérica sobre a linha defensiva do adversário criando-lhe mais constrangimentos.
“É diferente atacares uma linha de 5 do que atacares uma linha de 4. Para atacares uma linha de 5, tens que criar mais dificuldades e isso está relacionado, com a quantidade de jogadores que atacam essa última linha.”
Abel Ferreira

Conhecer e perceber o adversário é cada vez mais importante. Quem ataca com amplitude máxima depara-se, frequentemente, com a presença de 5, 6 e até 7 elementos nas linhas defensivas adversárias pela dificuldade de controlar toda a largura defensiva. É, portanto, fundamental ter um modelo com a capacidade de mudar em função desses constrangimentos que o adversário vai colocando. Colocar mais gente entre-linhas poderá ser uma solução para furar equipas com muitos elementos na última linha. Outra das soluções poderá estar relacionada com os contra-movimentos na última linha adversária, de modo, a criar desconforto e a enganar a oposição.
Por exemplo, habitualmente, o Manchester City coloca três elementos em zonas de criação no corredor central. Na final da taça de Inglaterra, a equipa de Guardiola defrontou um Watford a defender num bloco baixo e, por diversas vezes, com uma linha defensiva de 5. Perante isto, Pep colocou Sterling no espaço interior e o City passou atacar com quatro elementos em zonas interiores e consequentemente, com mais gente atacar a última linha adversária. Um modelo completo é, também, aquele que têm diferentes soluções para responder aos vários constrangimentos que o jogo e o adversário nos cria.
Existem vários condicionalismos que poderão afectar o nosso modelo de jogo. A nossa ideia de jogo deverá, portanto, estar aberta a novas soluções para responder aos diferentes problemas que o jogo vai colocando. Os números são importantes, mas as dinâmicas que se criam serão decisivas!"

Novo Regulamento da FIFA

"A FIFA publicou, no passado dia 8 de Maio de 2019 o Novo Regulamento do Estatuto e Transferência de Jogadores (RETJ), o qual tem por principal objectivo a determinação das regras aplicáveis à condição de Jogador de Futebol, as regras inerentes à transferência dos mesmos entre clubes, assim como as regras que os próprios clubes terão de cumprir por forma a poderem participar nas competições internacionais, por exemplo.
O referido Regulamento irá entrar em vigor no próximo dia 1 de Junho de 2019 e as principais mudanças que decorrem do mesmo vão de encontro à titularidade dos Direitos Económicos do Jogador de Futebol, atenta a sua crescente importância num "mundo futebolistico" cada vez mais competitivo e forte em termos financeiros.
Ora, em termos práticos os Direitos Económicos apenas tomam a sua (real) relevância no momento da transferência do jogador para um outro clube, em razão da possibilidade da mesma ter um carácter oneroso, ou seja, tais Direitos possuírem uma relevância monetária.
Assim e se em relação à participação de terceiros da titularidade dos Direitos Económicos do Jogador (que não fossem os respectivos Clubes ou Sociedades Anónimas Desportivas) o assunto ficou resolvido pela Circular nº 1.464 da FIFA, este novo Regulamento veio resolver a questão de um ponto de vista mais pessoal, ou seja, o Jogador passa a poder ser proprietário dos seus Direitos Económicos, o que terá como consequência uma maior (e melhor) participação do mesmo na determinação da sua remuneração, aquando da sua transferência para um outro Clube.
Panorama semelhante ocorre no no (da Federação Portuguesa de Futebol) Regulamento do Estatuto, da Categoria, da Inscrição e Transferência de Jogadores onde já se encontra prevista a impossibilidade da titularidade dos Direitos Desportivos de um Jogador por Terceiro ("Third Party Ownership"), atribuindo ao Jogador/Clube a possibilidade de serem os próprios a deterem os mesmos."

Solidariedade, reconhecimento e liderar pelo exemplo

"Sempre fui a pessoa que queria mudar as coisas, que não se contentava com o mínimo, que exigia sempre o máximo de mim e dos que estavam comigo. Desde muito cedo questionava o porquê de determinados processos ou formas de estar, gostava de participar em discussões e debates, mas nunca quis apenas fazer parte do grupo que tinha opiniões.
Liderar o gabinete olímpico de um dos mais eclécticos Clubes do Mundo enquanto ainda atleta integrada nas selecções nacionais, acumulando funções na gestão comercial para as modalidades, tem sido um dos maiores desafios, mas também algo que me faz chegar a casa com um sentimento de realização que dificilmente teria se estivesse ligada a outra área.
Tenho tido a sorte de conhecer pessoas incríveis, profissionais, dirigentes, staff, mas acima de tudo tenho tido a sorte de conhecer a realidade de Atletas das mais diversas modalidades que me inspiram e deveriam inspirar a todos nós. A solidariedade e o reconhecimento deveriam juntar-se mais vezes quando pensamos no desporto em Portugal – não deveria haver só solidariedade quando vemos histórias de atletas com limitações, nem reconhecimento só quando se ganham medalhas. E devemos reconhecer estes nossos Atletas, sabendo que há muito por conquistar, mas humildemente também reconhecermos que do lado da gestão do desporto há muito trabalho por fazer, financiamento privado por captar, e projectos por concretizar.
Tive a sorte de viajar por alguns dos melhores Centros Olímpicos e de treinos do mundo, treinar com atletas de várias nacionalidades, e quanto mais vivencio essas experiências mais reconheço que o carácter, a união, e o orgulho com que os nossos Atletas dão tudo para representar o seu País, faz-nos ser diferentes. Mas também nos distinguem as condições. Continuamos sem ter um Centro Olímpico, centralizado e disponível para dar resposta às necessidades reais das equipas nacionais das diversas modalidades ao longo da época, apetrechado com tecnologia e equipamentos de ponta e espaços para as equipas poderem treinar, descansar, comer, dormir, trabalhar – antes de se exigirem resultados no top3 mundial, temos também que reflectir em que top é que estamos em termos de condições disponibilizadas para o Alto Rendimento.
E porque os Jogos não funcionam por convite e já foram iniciados processos de Apuramento Olímpico, chega a oportunidade dos Atletas poderem concretizar o sonho de uma vida passada entre treinos diários, bidiários, fisioterapia, recuperação, e muitos pavilhões – se conseguirem alcançar as vossas metas, o mérito deverá ser merecidamente vosso, se não, deverão estar cá as Instituições e Clubes para vos apoiar incondicionalmente e garantir que a frustração ou culpa não fique somente em vós.
Reconhecer, apoiar, e continuar a trabalhar diariamente, para garantir as melhores condições. Liderar pelo Exemplo. Porque no final do dia, são as pessoas que fazem o desporto nacional. E são as pessoas, somos todos nós, que podemos fazer mais e melhor pelo desporto nacional."

Artes Marciais: um produto de mercado

"De uma forma geral, chama-se genericamente “artes marciais” a um conjunto de práticas físicas com origem asiática, orientadas para situações de combate desarmado ou com armas tradicionais, às quais se associam habitualmente um conjunto de valores espirituais e morais, “uma filosofia”, ou uma “via de realização”. Etimologicamente, a palavra “marcial” não é uma designação Oriental, mas sim Ocidental. Vem do latim “martialis” (de Marte, deus da guerra na mitologia romana), e significa “relativo a militares ou guerreiros”, “corajoso”, “bélico”, traduzindo mais ou menos as noções de “Bujutsu” (Japão) ou “Wushu” (China).
Várias disciplinas japonesas (judo, jiu-jitsu, karaté, aikido, kendo, aido), coreanas (taekwondo), chinesas (tai-chi-chuan) ou vietnamitas (viet-vo-dao) desenvolveram-se em diversos estilos, formas e práticas. Categorias de escolas e praticantes concorrentes coexistem no seu seio. Na realidade, apenas algumas destas disciplinas foram desenvolvidas e usadas pelas castas guerreiras das distintas civilizações orientais, que as criaram, merecendo o epíteto de artes de guerra ou de combate.
A difusão mundial iniciou-se a partir do momento em que chegaram ao Ocidente. Este processo arrancou com as tropas americanas estacionadas no Japão. Ao dar-se a ocupação do Aliados, entre 1945 e 1952, um dos primeiros cuidados dos invasores foi proibir e encerrar as escolas de artes marciais, que tinham sido responsáveis pelo treino e doutrinação da juventude nipónica. Após a derrota deste país na Segunda Guerra Mundial, voltavam para casa a ensinar karaté, judo, aikido, etc., que prometiam a possibilidade de o fraco vencer o forte.
As artes marciais constituem um imenso e heterogéneo domínio de investigação. Infelizmente, elas são muitas vezes uma fonte de mistificação e menos objecto de estudo científico (Rosa, 2007, 2008; Rosa, García & Gutièrrez, 2010). É preciso dizê-lo também que as artes marciais se prestam a uma ou a outra situação, na medida em que a sua identidade é muitas vezes associada a lendas, a pensamento mágico, a rituais misteriosos, a discursos épicos, etc. A sociedade moderna, asiática ou europeia, não as trata melhor. Recorrendo à terminologia de culinária, as artes marciais são uma mistura de todos os molhos. Sem esgotar, podem ser vistas de diferentes formas:
· Elas podem ser desporto de competição, excitando a rivalidade entre os seres, utilizando a violência com o objectivo de vencer o outro nas suas encenações, evocando, por vezes, uma actuação de circo. 
· Elas são utilizadas para veicular uma filosofia popular pós-moderna, resumindo-se a uma só expressão passada na linguagem corrente “ser Zen”, avatar sincrética das viagens ao oriente e a influência do budismo no ocidente.
· Elas podem ser consideradas como simples lazer.
· Elas podem ser consideradas como espectáculo de palco, fonte dos belos dias do cinema e dos jogos de vídeo.
· Elas se comprometem, por vezes, com as correntes de pensamento fanático, podendo mostrar um culturocentrismo derrotante para o neófito.
Recorrendo a uma expressão de Boltanski (1971), as artes marciais prestam-se a diferentes “usos sociais”. E falar de uma pluralidade de “usos sociais” ou “cultura somática de classe” para as actividades físicas e desportivas sugere que os objectivos e as justificações variam segundo os contextos, os actores em presença e os motivos/compromissos do momento.
As artes marciais são, para utilizamos uma expressão de Pociello (1981), um “produto de mercado” (económico, cultural e social). Como tal, sujeito à oferta e à procura, que haverá que publicitar e “vender”. O mestre passa a ser um prestador de serviços e o discípulo um consumidor (“cliente”)."

Os homens do título: Florentino Luís, o polvo simplificador

"Tem quase dez anos de casa e revela serenidade no jogo. Quando apareceu pela primeira vez, naquele Benfica-Nacional, surpreendeu pela capacidade para recuperar bolas. A história da emancipação de Florentino Luís misturou-se com uma história que cheirou a antigamente. A primeira vez com a camisola mais pesada dos escalões do Benfica aconteceu naquele jogo, na Luz, contra o Nacional, que ficou marcado por uma goleada desconfortável para o desporto contemporâneo. E ele, com aquele ar muito cool, deixou logo algumas indicações: à vontade com a bola, sim senhor, mas o que saltou à vista foi aquela queda para as recuperações de bola. Parecia um polvo a esticar os tentáculos.
Começou no futsal e também daí traz o bom toque de bola. Leva quase dez anos de Benfica. Antes do tal debute, substituindo Samaris, o médio já ganhara dois Campeonatos da Europa, em sub-17 e sub-19, prometendo carapaça para grandes torneios. Florentino está actualmente, aliás, no Campeonato do Mundo de sub-20, na Polónia, onde tem um sido dos melhores. É o mais esclarecido do miolo, dá sempre opção, simplifica o jogo e aposta nos passes verticais para abanar o esqueleto defensivo do outro lado. E até mexeu com o jogo quando subiu uns metros no terreno.
“Nunca foi um jogador vistoso do ponto de vista técnico, não era isso que o diferenciava dos outros”, disse ao DN João Tralhão, um ex-treinador do rapaz de 19 anos na formação dos encarnados. “O que o diferenciava era a sua capacidade de leitura de jogo, a tomada de decisão, o nível posicional, a capacidade de desarme, a utilização racional do espaço que ele tinha era incrível para um menino tão novo.”
Polvo simplificador.
Tracemos uma imagem meramente estatística, recorrendo aos números da Goal Point. Florentino executou 44 acções defensivas no primeiro terço defensivo do Benfica, 46 no terço intermédio e nove no último terço, uma zona já muito distante do seu raio de ação. Foram 42 desarmes, 26 deles completos, 32 interceções, 64 recuperações da posse de bola e 12 alívios. A lacuna, para já, parece estar nos duelos aéreos defensivos: ganhou apenas 37,5% dos 16 que disputou.

Quanto ao que fez com bola, a sua posição não promete desde logo grandes aventuras para registos estatísticos (e não deixaram de ser apenas 839 minutos na liga...). O jovem médio marcou um golo, no 4-0 em Moreira de Cónegos. Lá está, não teve grande gesto técnico, nem uma jogada para satisfazer deuses, foi o tal tentáculo a surpreender Ibrahima. Florentino ofereceu somente um passe para finalização e rematou apenas duas vezes. Se pegarmos nos dados do whoscored.com, o futebolista registou 90,2% de acerto no passe, e é para isto que veste a farda encarnada. É um “seis” mais tradicional, sem grandes pretensões de vestir a capa de super-herói. Gosta, sim, de arrumar a casa."

Novas Reconquistas

"O fantástico percurso do Benfica no Campeonato Nacional, de Janeiro a maio, conduziu-nos à tão desejada Reconquista e justifica um lugar especial no Museu Cosme Damião. Por duas razões: pela forma heróica como a equipa soube recuperar uma desvantagem que parecia inalcancável e, depois, pela capacidade que mostrou para resistir a tudo o que se seguiu. Uma 2.ª volta com 16 vitórias e 1 empate é obra!
O espírito de Reconquista, porém, ainda não terminou. Esta 6.ª feira é de enorme importância para as Modalidades do Benfica, com um clássico e um dérbi que podem vir a ter influência decisiva na temporada das nossas equipas.
No basquetebol, em vantagem por 2-0 diante do FC Porto, o Benfica pode já hoje carimbar a qualificação para essa final do play-off frente à Oliveirense, actual campeã nacional. Basta para isso que voltemos a vencer já hoje, agora no Dragão Caixa.
No futsal, o Pavilhão Fidelidade será palco, também esta noite, do primeiro jogo da final do play-off. Um duelo entre as duas melhores equipas portuguesas dos últimos anos, Benfica e Sporting, num dérbi para o qual foram vendidos todos os bilhetes disponíveis.
Felicidades, pois, para as nossas equipas e venham de lá as Reconquistas que ainda faltam!

PS: A News Benfica irá, a partir de hoje, fazer uma pausa na sua regular divulgação, voltando a ser publicada a partir de 1 de Julho, dia em que a equipa de futebol se apresenta para iniciar a temporada 2019/20. Toda a actualidade do Benfica pode continuar a ser acompanhada, naturalmente, através dos diversos meios oficiais do Clube: BTV, site, redes sociais e jornal ‘O Benfica’."

Colecção 2019/20

Benfiquismo (MCXCVI)

A brilhar...