Últimas indefectivações

terça-feira, 25 de novembro de 2025

Goleada...

Araz 0 - 9 Benfica

Goleada no Azerbeijão, garantido um jogo tranquilo na 2.ª mão na Luz, neste novo formato da Champions!

A equipa está a jogar bem, mas na próxima eliminatória, nos Quartos-de-final, vamos encontrar quase de certeza a Lagartada, e tudo pode acontecer a duas mãos...


Antevisão...

Missão: Amesterdão

Visão: S07E12 - Mourinho não está feliz | Atlético

Terceiro Anel: React - Mourinho - Ajax

Treino...

Crise profunda e muitas dúvidas

Chegou à Luz o «verdadeiro» Mourinho


"Apesar de ainda faltarem cinco semanas para a abertura do mercado invernal, José Mourinho já deu um murro na mesa que fez com que nada ficasse como antes. Foi uma intervenção «à Mourinho», frontal, brutal, até, cortando a direito e separando o que, no seu entender, é trigo, daquilo que sente como joio. Os próximos tempos não serão fáceis para o Benfica, mas, pelo menos, ficou traçado um rumo. E para quem navega sem rumo, nenhum vento é favorável...

Com uma carreira a solo de 25 anos, ao longo dos quais ganhou o estatuto de «pessoa realmente influenciadora da história do futebol», ou, como se dizia antigamente nos bancos da faculdade de Direito, «com ele a doutrina aumentou e a jurisprudência evoluiu», nunca ninguém deu nada a José Mourinho - entre muitas outras conquistas, as I Ligas, as Taças, as Premier Leagues, os Scudettos, as Champions, a Liga Europa, a Taça UEFA ou a Liga Conferência - foi ele que trabalhou para ganhá-las, com os staffs e jogadores que escolheu.
No último quarto de século, honra lhe seja feita, nunca vi ninguém elogiar Mourinho pela cordialidade, pelas capacidades diplomáticas, ou pelas tentativas de tentar consertar o que já não tinha arranjo. Ao invés, embora tenha proporcionado, por vezes através de bate-bocas com os jornalistas, alguns momentos inolvidáveis, a sua natureza foi sempre marcada pela frontalidade e dureza, sem medo das palavras, muito menos de levá-las à prática.
Acontece que «este» José Mourinho, se quisermos o «verdadeiro» José Mourinho, ainda não tinha vindo à tona nesta sua segunda passagem pelo Benfica. Os primeiros tempos foram de observação, pelo meio meteu-se a temperança requerida pelo processo eleitoral, e só agora, concluída a primeira e livre das amarras da segunda, o treinador de Setúbal começou, com um aviso solene após o jogo da Taça, no Restelo, com o Atlético, a iniciar a formatação do Benfica que deseja, identificando com quem «não quer ir para a selva», com a devida vénia ao autor da expressão, Carlos Queiroz.
Quer isto dizer duas coisas: Mário Branco e Rui Costa vão ter muito trabalho até ao fim do ano, entre chegadas e partidas; e dentro do plantel, haverá dois tipos de jogadores, os que entregam os pontos, e aqueles que ainda vão tentar fazer com que Mourinho mude de ideias. Ou seja, aquilo que pareciam ser águas paradas, transformaram-se num mar encapelado, de onde apenas sairá vivo (metaforicamente, é claro), não só quem souber nadar, mas ainda tendo ainda de fazê-lo no estilo que mais agrada ao treinador.
Mas, até que este cenário possa ganhar corpo, ainda faltam cinco semanas que, entre abanões, incertezas, avisos e lesões, prenunciam tempos difíceis para o Benfica, que não deve perder mais pontos para a concorrência na Liga, joga pelo prestígio na Champions, e mantém a ida ao Jamor como um objetivo.
Então, neste contexto, terá sido oportuno o murro na mesa dado por Mourinho, no Restelo? Francamente, por mais que valorize os perigos atrás identificados, creio que sim, porque não só serviu de eletrochoque em quem nunca sentiu o peso da camisola (porque num clube da dimensão do Benfica só pode jogar quem sentir esse peso, e conseguir aguentá-lo), como abriu uma perspetiva de futuro aos adeptos encarnados, através de um treinador que acredito que tenha poderes reforçados e uma palavra importante a dizer naquilo que se seguirá, e que quer apetrechar o clube com meios que o levem ao sucesso desportivo.
José Mourinho, fazendo jus à sua imagem de marca, despiu as vestes de bom rapaz, pôs as garras de fora, arregaçou as mangas, e disse que está pronto para a luta. Não foi a primeira vez, em 25 anos, que o fez, e há que não esquecer que as coisas só não lhe correram bem quando tomou atitudes semelhantes e não teve o respaldo das administrações dos clubes. O que não me parece verificar-se no presente."

BF: Manu, formação, Mourinho e Ivanovic...

5 Minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Tema do Dia - Arsenal alarga vantagem na Premier: será desta?

Observador: E o Campeão é... - Sub-17 à procura de história e um CR7 "fixado" em bicicletas

Observador: Três Toques - Trump quer tentar ser “fixe” ao lado do Ronaldo?

SportTV: Primeira Mão - Benfica x Ajax: Dois Gigantes em Tempos Difíceis

Voleibol Feminino: 3-0

1 Minuto


- Minuto...

O luto do Liverpool não acaba


"O Liverpool caiu para a segunda metade da tabela da Premier League. Parece impossível como o campeão, que na época passada fez de casa a sua fortaleza, que pegou na liderança à 10.ª jornada para não mais a largar, fez milésimas reviravoltas, este ano esteja a ter um aproveitamento tão pobre. Duas derrotas em casa, 6 ao todo na Premier League, 8 no total da época.
O que mudou de lá para cá, e quando? É fácil. Foi em julho.
A isto chama-se luto e é muito diferente daquele realizado pela família. Parece bastante evidente que o clube, e sobretudo os jogadores, que começaram a época com um funeral, não conseguiram completamente ultrapassar o vazio deixado pela ausência de Diogo Jota como amigo e companheiro, e o peso de uma ausência sempre presente, seja no memorial fora do estádio, nas homenagens nos jogos, a cada minuto 20, ou até nos programas de jogos dos adversários, em que é incluído na equipa. O lugar residente no balneário dá-lhe a importância que granjeou na equipa, marca uma presença acompanhada de dor. Poderia o clube ter gerido a situação de outra maneira? Como não elevar um jogador tão relevante e, sobretudo, tão querido na equipa? Não há muitos exemplos para estudar este tipo de situação, felizmente, por isso o Liverpool tem feito o melhor que pode.
Ainda na semana passada o tema voltou, suspeitando-se que nunca tenha ido embora. Assim que, 28 anos depois, a Escócia garantiu acesso ao Mundial 2026, e num momento de intensa felicidade, Andy Robertson abriu o coração e falou de Jota na entrevista rápida, confessando que tinha pensava no amigo perdido nas horas antes do jogo, nas conversas que tiveram quando o português falhou presença no Mundial do Qatar por lesão, tal como Robertson por a Escócia... «nunca ir».
A equipa venceu apenas 3 dos últimos onze jogos e o treinador Arne Slot assumiu que a equipa continuava afetada pela morte de Jota, desaparecido de forma violenta num acidente carro com o irmão André Silva a 3 de julho, não a queria usar como desculpa para maus resultados, mas afirmou que era impossível medir como a ausência de Jota se refletia nos jogadores.
«Acho que é bom lembrarmo-nos dele sempre que possível, pela pessoa e pelo jogador que era. Mas é impossível medir o que isso faz aos jogadores e, depois, o que isso faz aos nossos resultados. A última coisa que eu faria seria usar isso como desculpa, porque simplesmente não sei, e não é correto. O que sei é que sentimos falta do jogador e também sentimos falta da pessoa. Mas não consigo medir que impacto isso tem nas nossas exibições, quanto mais nos resultados. Isso é impossível de dizer. Desta vez não conseguimos recuperar tantas vezes como na época passada, depois de estarmos a perder por 1-0 ou por um golo, e ele teve, sem dúvida, o seu papel nisso na época passada. Mas a mulher e os filhos dele vão sentir muito mais a falta dele», confessou o treinador.
A Seleção Nacional, é certo, não se reúne todas as semanas, mas parece ter conseguido integrar a presença de Jota com o +1 desde que retomou a qualificação para o Mundial. A passagem do número 21 para Rúben Neves foi, para mim, uma ideia feliz, e até houve um golo marcado nesse minuto. O luto vem em ondas, diz-se, e Robertson foi claramente atingido por uma em dia de grande felicidade na sua carreira internacional. Agora, Portugal e Robertson vão levar Jota ao Mundial, mas o escocês e os companheiros de Anfield terão ainda algum trabalho pela frente, e terão de o fazer a cada semana, à frente de todos."

16h00: a hora de Portugal!


"Portugal pode hoje fazer história no Mundial sub-17, se conseguir apurar-se para a final onde nunca uma Seleção Nacional da categoria conseguiu estar

Bino Maçães tinha 16 anos e era um dos titulares, ao lado de Luís Figo e Emílio Peixe, da Seleção Sub-17 que, em junho de 1989, conseguiu a maior proeza de sempre da categoria em Campeonatos do Mundo: 3.º lugar no Mundial organizado pela Escócia, equipa que eliminara as Quinas na meia-final. Portugal vivia uma era de ouro na formação: sagrara-se campeão do Mundo sub-20 nesse mesmo ano, em março, em Ríade (Arábia Saudita); voltaria a conquistar esse título em 1991, em Lisboa, num Estádio da Luz a abarrotar com 130 mil pessoas.
São estes dois os únicos troféus mundiais da história do futebol português. Desde então, ou seja, desde 1991, nem mais uma taça do Mundo para o nosso País no chamado desporto-rei. É por isso que a meia-final do Mundial sub-17 que, esta tarde, no Qatar, põe frente a frente Portugal e o Brasil representa um dos momentos mais importantes da história do nosso futebol. Pela frente, a equipa de Bino Maçães, agora como selecionador, 37 anos depois de ali ter estado como jogador, tem a possibilidade de ser a primeira do escalão a chegar a uma final de um Campeonato do Mundo.
E o que até agora se viu... permite acreditar. O Brasil será adversário duro, talvez o mais duro que os jovens portugueses encontraram pelo caminho, mas como não acreditar que chegou a nossa hora, depois das cinco vitórias em seis jogos — a única derrota foi com o Japão, no último duelo da fase de grupos para o qual Portugal entrou já qualificado para os 16 avos —, depois dos 22 golos apontados e apenas quatro sofridos nesses mesmo seis duelos e depois das exibições cheias de personalidade, classe e talento de meninos como Anísio Cabral, melhor marcador da competição com seis golos, Romário Cunha, Daniel Banjaqui, José Neto, o capitão Rafael Quintas ou Mateus Mide.
Para trás, ficaram seis duelos: Nova Caledónia, 6-1; Marrocos, 6-0; Japão, 1-2; Bélgica, 2-1; México, 5-0; e Suíça, 2-0. Para que o sonho destes meninos, que no passado dia 1 de junho estavam a celebrar a conquista do Europeu sub-17, se torne realidade, faltam apenas dois. O primeiro é contra o Brasil, nas meias-finais, já esta tarde, às 16h00 — a hora de Portugal.
Espera-se, por cá, que o segundo seja aquele que será disputado mais tarde na próxima quinta-feira: o da final do Mundial sub-17, jogada horas depois da partida de atribuição do terceiro e quarto lugares."

A fulgurante ascensão do moço gigante de Tavira


"Em pouco mais de um ano em Paris, João Neves já superou os números que atingiu em época e meia na primeira equipa do Benfica. Não para de crescer em maturidade, confiança e influência. E «virou» goleador: é o melhor marcador do PSG na Ligue 1! Num plantel daqueles, não é coisa pouca

O verão caminhava para o fim quando o mundo do futebol arregalou os olhos de espanto: João Neves tinha marcado três golos na vitória do PSG (6-3) em casa do Toulouse. Dois deles de bicicleta! 30 de agosto, sendo uma data para recordar, parecia ser irrepetível.
Dias depois, ao serviço da Seleção, Vitinha, colega de equipa mais habituado a ser protagonista, dizia que João Neves era «um miúdo especial» e que o «hat-trick dele tinha sido único».
Só que não. Foi na Seleção, precisamente, que João Neves repetiu a proeza de marcar três golos num só jogo, no amasso com que a Arménia foi brindada e que garantiu – finalmente! – a qualificação portuguesa para o Mundial 2026.
E nesse Mundial, está bom de ver, João Neves tem de ser um pilar da equipa lusa.
Ele já não é só a incansável, lutadora e destemida «formiguinha» que encara todas as batalhas em todo o campo; é, cada vez mais, um jogador diferenciador, decisivo.
Numa época em que o PSG tem tido algumas oscilações de rendimento, João Neves tem sido crucial para manter a equipa campeã de França e da Europa - e vice-campeã do Mundo - no topo da classificação da liga francesa. Pelo que joga, pelo ritmo que mantém e impõe; e agora também pelos golos que marca.
João Neves está mais solto, pisa terrenos mais adiantados, aproveita a agilidade para chegar a bolas que parecem perdidas e define com tremenda facilidade. Leva seis golos marcados em nove jogos. É o melhor marcador da equipa. Cinco golos no campeonato – os mesmos de Barcola. Formidable!
Tudo isto mantendo aquele ar de menino que só quer jogar à bola; divertir-se, sim, mas ganhar - que é esse o objetivo do jogo. A mesma simplicidade que trouxe de Tavira quando, ainda criança, chegou ao Seixal.
O «moço pequeno» filho de polícia que se dispôs a conquistar o país e o mundo à custa do seu trabalho. Uma estrela antivedeta que ilumina o futebol dos campeões da «Cidade Luz». Um gigante português de 174 centímetros que se impõe aos rivais. E ainda só tem 21 anos.
Pode até dizer-se que Luis Enrique é um treinador feliz por contar com uma «armada» portuguesa com tanta qualidade; mas é bem certo que tem feito por isso. Todos os internacionais lusos têm evoluído no PSG. E se Vitinha e Nuno Mendes são facilmente colocados entre os melhores do mundo, João Neves tem de ser aceite como membro desse restrito clube."

DAZN: Bundesliga - J11 - Golos

Falsos Lentos - S06E12 - Carlos Muda-se para a Madeira

Zero: Ataque Rápido - S07E17 - Benfica sem soluções; Sporting e FC Porto com gestão inteligente

Segundo Poste - S05E17 - “Mourinho também é culpado!”

ESPN: Futebol no Mundo #511

TNT - Melhor Futebol do Mundo...

DAZN: F1 - Análise do GP de Las Vegas

Tradição ou TikTok? Quem vai ganhar a batalha do desporto?


"O desporto está a viver uma das maiores transformações da sua história. Durante décadas, a lógica era simples: competições tradicionais, regras estáveis e uma narrativa centrada na performance e nos resultados. Mas essa fórmula já não seduz as novas gerações. Hoje, o desporto compete com o TikTok, a Netflix ou o Gaming por atenção, e isso está a mudar tudo. A pergunta é clara: até onde podemos ir para tornar o desporto cada vez mais “entretenimento” sem perder a sua essência?
Um dos exemplos mais emblemáticos desta revolução é a Kings League, criada por Gerard Piqué. Um torneio de futebol de 7 que começou como uma brincadeira e rapidamente se tornou um fenómeno global. Com jogos curtos, regras imprevisíveis e transmissões interativas, a liga conquistou milhões de adeptos em plataformas como Twitch e YouTube.
Só em 2025, acumulou mais de 38,2 milhões de horas assistidas e um pico de 1,9 milhão de espectadores simultâneos, com 88% da geração Z a declarar interesse pelo formato. O segredo? Dinamismo, imprevisibilidade e integração com a cultura digital. Cartas que mudam regras, golos que valem o dobro nos minutos finais e presidentes influenciadores que decidem jogadas são elementos que transformam cada partida num espetáculo multimédia.
Este sucesso não é isolado. Os eSports já são uma indústria bilionária, com torneios que atraem audiências superiores às de muitas modalidades tradicionais. Em 2025, eventos como League of Legends e CS2 movimentaram prémios que ultrapassam os valores pagos a atletas de elite, consolidando os jogos eletrónicos como concorrentes diretos do desporto físico.
A lógica é semelhante: ritmo acelerado, interatividade e conteúdos pensados para partilha social. Para uma geração habituada a estímulos constantes, esperar 90 minutos por um golo é quase um anacronismo.
Mas esta corrida pelo entretenimento levanta várias questões críticas. Até que ponto podemos alterar regras, formatos e narrativas sem comprometer a autenticidade do desporto? A tradição é um ativo poderoso. Competições como a Liga dos Campeões ou os Jogos Olímpicos não são apenas eventos; são símbolos culturais que carregam valores como mérito, esforço e fair play. Se tudo se tornar espetáculo, corremos o risco de transformar o desporto num produto descartável, sem identidade.
Por outro lado, ignorar esta tendência é um suicídio estratégico. A atenção é a nova moeda, e quem não souber captá-la ficará para trás. Estudos mostram que 54% dos jovens preferem conteúdos de bastidores e experiências interativas a acompanhar apenas o desempenho em campo. Isso significa que clubes, ligas e marcas precisam de reinventar a forma como comunicam e entregam valor. Não basta transmitir jogos; é preciso criar narrativas, experiências digitais e momentos partilháveis.
O futuro do desporto será híbrido. Formatos disruptivos como a Kings League não vão substituir as competições clássicas, mas vão obrigá-las a evoluir. Pausas técnicas, conteúdos exclusivos, integração com redes sociais e experiências imersivas serão cada vez mais comuns. A questão não é escolher entre entretenimento e tradição, mas encontrar um equilíbrio que preserve a essência do jogo enquanto responde às expectativas de um público hiperconectado.
O desporto sempre foi emoção. Agora, precisa de ser emoção em alta velocidade. Quem entender isso primeiro vai liderar. Quem resistir, corre o risco de se tornar irrelevante. A guerra já começou e não se joga apenas dentro do campo."

Portugal Esports-Visão 2030: um plano estratégico para transformar Portugal num líder europeu


"Portugal encontra-se numa encruzilhada decisiva no desenvolvimento dos Esports. Após anos de crescimento orgânico, impulsionado pela paixão da comunidade e pelo talento dos nossos atletas, mas também pela boa vontade e generosidade dos voluntários que cedem o seu tempo livre ao desenvolvimento da FPDE, estou em crer que chegou o momento de dar o salto para a estruturação profissional. O Plano Estratégico Esports Portugal - Visão 2030, desenvolvido pela Federação Portuguesa de Desportos Eletrónicos, em estreita colaboração com figuras proeminentes do mundo desportivo nacional, como é o caso dos membros do Conselho Consultivo da FPDE, representa precisamente essa ambição transformadora que pode posicionar o nosso país na vanguarda europeia desta modalidade em explosão global.
Este não é um plano de sonhos impossíveis ou de aspirações irrealistas. É uma estratégia fundamentada, com objetivos mensuráveis, timelines definidos e, crucialmente, uma visão clara de como mobilizar os recursos necessários para a sua concretização, de forma realista e estruturada. Construído sobre quatro pilares fundamentais e colocando os Publishers no centro da tomada de decisões, o plano propõe uma série de medidas para alavancar e desenvolver o ecossistema competitivo nacional, para profissionalizar atletas, árbitros, treinadores e clubes, desenvolver competências não só em esports mas também em literacia digital, e finalmente apostar na diversidade, inclusão e acessibilidade.
Mas tudo tem de começar com os Publishers. Nao podemos esquecer que os Esports, ao contrário dos outros desportos, se trata de um desporto que se disputa com recurso a videojogos que são propriedade intelectual de uma empresa privada - o Game Publisher. A FPDE reconhece que os publishers são stakeholders essenciais no ecossistema dos Esports. Sem a sua colaboração ativa, não é possível construir um ambiente competitivo sustentável, justo e profissional. Este Plano Estratégico foi desenhado para estabelecer uma relação de parceria estratégica com os publishers, onde a FPDE atua como facilitador e organizador, sempre respeitando a propriedade intelectual e as diretrizes estabelecidas pelos detentores dos jogos.

Primeiro pilar: reconhecimento legal
O reconhecimento legal dos esports como modalidade desportiva (ou a sua equiparação) constitui a fundação sobre a qual todo o edifício do desenvolvimento nacional deve ser construído. Sem este reconhecimento formal, continuaremos presos num limbo jurídico que impede a profissionalização plena dos atletas, dificulta a atração de investimento institucional e mantém os esports numa zona cinzenta regulamentar que beneficia apenas os oportunistas.
O plano Visão 2030 estabelece como prioridade absoluta a obtenção do reconhecimento formal dos esports pelo Estado Português e a consequente atribuição do Estatuto de Utilidade Pública Desportiva à Federação Portuguesa de Desportos Eletrónicos. Este reconhecimento não é meramente simbólico. Desbloqueia acesso a programas de financiamento desportivo, permite a criação de quadros legais para contratos de atletas, facilita vistos para jogadores internacionais e estabelece as bases para regimes fiscais e contributivos adequados à realidade dos esports.
O processo de reconhecimento exige alterações legislativas em múltiplas frentes. É um trabalho legislativo complexo mas absolutamente necessário, que a FPDE tem vindo a preparar meticulosamente através de estudos comparativos europeus e consultas com especialistas jurídicos, e trabalho colaborativo com todos os partidos com assento parlamentar, a Secretaria de Estado do Desporto, o IPDJ e, também, o COP.

Segundo pilar: saúde e educação
A saúde dos atletas de esports e a integração educacional da modalidade constituem o segundo pilar estratégico, refletindo uma compreensão madura de que o sucesso desportivo sustentável só é possível quando assente em fundações sólidas de bem-estar físico, mental e intelectual, sempre promovendo os princípios de um estilo de vida activo.
O plano prevê a implementação de um programa abrangente de formação em práticas saudáveis de gaming que será integrado em todos os programas formativos da FPDE. Este programa aborda questões críticas como a ergonomia e postura durante longas sessões de treino, a prevenção de lesões por esforço repetitivo, a nutrição adequada para performance cognitiva, a gestão do sono e recuperação, e fundamentalmente, a prevenção de comportamentos aditivos.
A dimensão educacional do plano é igualmente ambiciosa. Propõe-se o estabelecimento de parcerias com instituições de ensino superior para criar programas académicos especializados em gestão de esports, desenvolvimento de jogos competitivos e análise desportiva aplicada aos esports. Os Programas de Certificação de Treinadores e Árbitros, que serão lançados já em 2026, representam um exemplo concreto desta visão, oferecendo formação profissional de alta qualidade que combina conhecimentos técnicos de gaming com fundamentos de psicologia desportiva, nutrição, planeamento de treinos e gestão de equipas.
Esta componente educacional não se limita ao ensino superior. O plano prevê a criação de programas escolares que integrem os esports como atividade desportiva legítima, promovendo valores como o trabalho em equipa, a perseverança e a disciplina entre os jovens estudantes. Parcerias com escolas públicas permitirão a criação de clubes escolares de esports, proporcionando espaços seguros e supervisionados onde os jovens possam desenvolver as suas competências sob orientação adequada.

Terceiro pilar: desenvolvimento desportivo
O terceiro pilar centra-se no desenvolvimento das estruturas competitivas e de alta performance que permitirão a Portugal competir consistentemente ao mais alto nível internacional. Este pilar reconhece que o talento individual, por mais brilhante que seja, necessita de estruturas organizacionais robustas para florescer plenamente.
O plano propõe a criação de um Calendário Competitivo Nacional estruturado, que proporcione oportunidades regulares de competição para atletas de todos os níveis, desde amadores até profissionais de elite. Este calendário não se limitará a replicar modelos internacionais, mas será desenhado especificamente para as necessidades do ecossistema português, considerando a distribuição geográfica dos clubes, a sazonalidade escolar e académica, e a necessidade de integração com calendários internacionais.
A peça central deste pilar é a proposta de criação de um Centro Nacional de Alto Rendimento no Fundão, um projeto transformador que representaria um investimento entre três e cinco milhões de euros. Este centro, que serviria simultaneamente como sede da federação e como instalação de treino de elite, proporcionaria aos nossos atletas condições comparáveis às dos melhores do mundo. Equipado com tecnologia de ponta, instalações de treino especializadas, espaços de análise técnica e tática, e infraestruturas de apoio incluindo áreas de fisioterapia, psicologia desportiva e nutrição, este centro posicionaria definitivamente o Fundão como a Capital Nacional dos Esports.
Para além da infraestrutura física, o plano prevê ainda a implementação de programas de identificação e desenvolvimento de talentos, criando pipelines claros desde os escalões de formação até às seleções nacionais. A contratação de selecionadores nacionais especializados para cada modalidade, o estabelecimento de critérios objetivos de seleção e a criação de programas de estágios e bootcamps permitirão preparações mais rigorosas para competições internacionais.

Quarto pilar: inclusão e diversidade
O quarto e último pilar, dedicado à inclusão e diversidade, reflete o compromisso da FPDE com valores que vão além da mera performance competitiva. Este pilar reconhece que os esports têm o potencial único de ser uma das modalidades desportivas mais inclusivas, transcendendo barreiras físicas, geográficas e socioeconómicas que limitam a participação noutros desportos.
O plano estabelece objetivos concretos para aumentar a participação feminina em todos os níveis dos esports portugueses, desde atletas a treinadores, árbitros e dirigentes. Os resultados já alcançados pelas nossas seleções femininas, nomeadamente a medalha de bronze no Mundial de 2024 e a medalha de prata no Europeu de 2025, demonstram que quando são criadas as condições adequadas, as atletas portuguesas podem competir ao mais alto nível. O desafio agora é sistematizar esse sucesso e criar estruturas permanentes que incentivem e apoiem a participação feminina. Há uma estatística que é importante manter na frente das nossas iniciativas: cerca de 50% dos gamers mundiais são mulheres, mas apenas 5-7% dos atletas de esports são mulheres… Cremos ser de importância fundamental eliminar este gap entre a prática de lazer e a prática competitiva entre mulheres.
A acessibilidade para pessoas com deficiência é outra prioridade fundamental. Os esports oferecem oportunidades únicas para atletas com deficiência competirem em igualdade de circunstâncias. O plano prevê programas específicos para identificar e apoiar atletas com deficiência, adaptações tecnológicas quando necessárias e campanhas de sensibilização para promover a inclusão.
A dimensão geográfica e socioeconómica da inclusão é igualmente importante. Portugal é um país de contrastes, com recursos concentrados nas áreas metropolitanas de Lisboa e Porto. O plano prevê iniciativas específicas para promover os esports no interior do país e nas regiões autónomas, garantindo que jovens talentosos de Bragança a Faro, da Madeira aos Açores, mas também que os atletas com proveniência de ambientes menos favorecidos tenham acesso a oportunidades de desenvolvimento e competição.

Da visão à ação: os próximos passos
A transição de um plano estratégico para resultados concretos exige mais do que boa vontade e documentos bem elaborados. Exige vontade política, coordenação institucional e, acima de tudo, compromisso sustentado ao longo do tempo. O plano Visão 2030 não é para ser implementado de uma só vez, mas através de fases progressivas que permitam ajustamentos e aprendizagens ao longo do caminho.
A fase inicial, prevista para os primeiros dezoito meses, concentra-se no reconhecimento legal e na criação das fundações regulamentares necessárias. Simultaneamente, serão lançados os programas educacionais e de certificação, que podem avançar independentemente do reconhecimento formal. Esta abordagem pragmática permite gerar momentum e demonstrar valor mesmo antes de todo o enquadramento legal estar completamente estabelecido.
A fase intermédia, entre o segundo e o quarto ano, focar-se-á no desenvolvimento de infraestruturas e na consolidação das estruturas competitivas nacionais. É nesta fase que se prevê a construção do Centro Nacional de Alto Rendimento de Esports e a implementação plena do calendário competitivo estruturado.
A fase final, do quarto ao quinto ano, concentrará esforços na projeção internacional e na consolidação de Portugal como referência europeia em esports, com particular foco na preparação para os Jogos Olímpicos de Esports de 2027 e na candidatura a eventos internacionais de grande escala.
O plano Esports Portugal Visão 2030 representa mais do que uma estratégia sectorial. É uma aposta no futuro, no talento da nossa juventude e na capacidade de Portugal se reinventar e prosperar numa economia digital global. Os esports não são uma moda passageira ou um capricho geracional. São uma indústria multimilionária em crescimento exponencial, com implicações que vão muito além do entretenimento, tocando educação, tecnologia, saúde e desenvolvimento económico.
Portugal tem todos os ingredientes necessários para o sucesso neste sector. Temos talento comprovado, com atletas já a conquistar medalhas em mundiais. Temos uma comunidade apaixonada e empreendedora, que construiu um ecossistema vibrante apesar da falta de apoio institucional. Temos competências tecnológicas reconhecidas internacionalmente e uma localização geográfica estratégica entre continentes e culturas.
O que nos falta é a decisão política de transformar este potencial em realidade estruturada. O plano Visão 2030 oferece o roteiro. Cabe agora ao governo português, aos municípios, às instituições de ensino e a todos os stakeholders do ecossistema decidirem se querem embarcar nesta jornada transformadora.
O comboio dos esports está em movimento acelerado a nível global. Portugal pode escolher embarcar como protagonista ou ficar a ver passar. A Visão 2030 oferece-nos a oportunidade de escolher o protagonismo. Não a deixemos escapar."