Últimas indefectivações

domingo, 9 de novembro de 2025

Reviravolta no Alentejo...

Elétrico 2 - 4 Benfica

Em Ponte de Sor nunca é fácil, começamos a ganhar 1-0, empataram, e voltámos a sofrer ficar««ndo em desvantagem ao intervalo! Só voltámos a empatar no 2.º tempo, e a vitória só apareceu nos últimos minutos! Bolas paradas decisivas...
Estes dois jogos após a Champions, foram complicados, mas conseguimos manter a vantagem a liderança isolada...

Roubalheira, mais uma...

Benfica 1 - 2 Vizela

Ferreira; Martim, Fonseca, Oliveira; Kevin, R. Rêgo; Prioste, Veloso(Dudu, 80'), Freitas(Cruz, 71'); Lima(Melro, 80'), Jelani(Odokpolor, 80')

Os putos são mesmo putos, jovens, inexperientes, mas assim vai ser mesmo muito difícil escapar à despromoção! Resultado totalmente injusto, invertido pelo árbitro: um golo mal invalidado ao Benfica pelo VAR; e um golo mal validado ao Vizela... E pelo meio ainda sofremos um golo de penalty!!!

Vitória em Espinho...

Sp. Espinho 0 - 3 Benfica
24-26, 22-25, 13-25

Apesar do 0-3, os parciais dos dois primeiros Set's provam a dificuldade...

Finalmente, uma vitória sobre o Torrense!!!

Torrense 0 - 2 Benfica
Gaspar, Chandra


Depois de perder duas Taças para a equipa de Torres Vedras, finalmente uma vitória! Difícil, mais uma vez... com o Benfica a demonstrar mais uma vez fragilidades nas bolas paradas defensivas, mas desta vez, acabámos por marcar...

Com o empate em Braga, entre as visitadas e o Sporting, cavámos uma margem maior na liderança!

Terceiro Anel: Bar do Cosme #31 - Eleições...

Vermelho em Branco - Eleições...

Visão: Eleições...

5 Minutos: Eleições...

BF: Eleições (antes do resultado)

Não somos de 'x' ou de 'y', mas do leitor


"Chamarem-nos 'lampiões', 'lagartos' ou 'tripeiros' são medalhas que ostentamos com orgulho. Como ser a favor deste, daquele ou daqueloutro candidato à presidência seja de que clube for

Permita-me o leitor que utilize neste texto a primeira pessoa bem para lá do razoável e aconselhável em jornalismo, mas tenho para dizer algo que a tal me obriga.
Não sou dos que julgam que processos em tribunal são medalhas no peito de um jornalista. Pode apenas significar que não se escreveu ou falou sobre temas suficientemente sensíveis para tal, ou a propósito de pessoas suficientemente cheias de si para se arrogarem da importância de colocar alguém a contas com a Justiça por delito de opinião.
Sou agnóstico — talvez mesmo ateu — em termos religiosos, mas não sou apolítico nem aclubístico. Voto convictamente em cada eleição nacional (nem sempre no mesmo, pelo que sou apartidário, isso sim) e enquanto cidadão livre torço por um clube, sendo que aqui é e será sempre o mesmo.
Quem me conhece sabe bem qual é esse clube, justamente porque não o escondo enquanto pessoa e cidadão livre. Quem não me conhece, a mim e à generalidade dos outros camaradas do jornalismo, do comentário e da opinião, entretém-se a adivinhar qual será a minha cor preferida.
Ao contrário do que sucede com os processos em tribunal, acho que ser apelidado de lampião, lagarto ou tripeiro, consoante o lado ou lados de onde venham as atoardas, é uma medalha. Várias medalhas que quase todos, deste lado, ostentamos. É sinal de que fazemos o nosso trabalho de forma isenta, caso contrário não restariam dúvidas.
Serve tudo isto para chegar ao mais importante: A BOLA passou o último mês e meio debaixo de fogo benfiquista. Um fogo cruzado e não unidirecional, como também já sucedeu e sucede várias vezes junto de cada um dos três donos do futebol português.
Fogo cruzado porque fomos sendo acusados, em público e em privado, nas redes e nas mensagens de whatsapp, em casa ou no café, de sermos pró-Rui Costa ou pró-Noronha Lopes.
Está fácil de adivinhar quem nos acusou de quê, neste particular. Isso mesmo: consoante a cor, somos sempre a favor da outra. 
Nós, jornalistas, estamos habituados a ser o segundo alvo preferencial no mundo do futebol, logo a seguir aos árbitros. Vivemos bem com isso. Sobretudo, repito, quando somos acusados de uma coisa e do seu contrário. Em A BOLA, porque falo da minha casa, é certo que não somos por x ou por y na hora de trabalhar. Somos por si e para si, caro leitor.

NOTA
Em nome do interesse dos leitores e da opinião pública, durante as duas fases da campanha eleitoral A BOLA convidou os seis candidatos à presidência do Benfica (e depois os dois) para exatamente as mesmas iniciativas jornalísticas, entre entrevistas, artigos de opinião e presenças na Bola TV. Somos autónomos a gerir o que pretendemos fazer, na presunção de que é a única forma de servir os leitores dentro dos valores jornalísticos a que estamos obrigados. Não podemos — nem devemos, nem queremos — gerir as agendas e as vontades dos candidatos e das suas estruturas de campanha eleitoral. Se alguém fez, com A BOLA, algo que outro não fez, tal deveu-se única e exclusivamente a questões de vontade e disponibilidade."

É assim tão difícil encontrar um lateral-esquerdo para a Seleção?


"«Temos dois dias para preparar o jogo contra a Irlanda e então precisamos de encontrar soluções dentro do grupo e utilizar os jogadores com os quais já trabalhámos durante os dois últimos estágios»
Roberto Martínez, selecionador de Portugal, na conferência de imprensa de apresentação dos convocados

Sem Nuno Mendes e Nuno Tavares, lesionados, Roberto Martínez decidiu não convocar qualquer lateral-esquerdo numa lista alargada de 26 jogadores para os dois últimos jogos da qualificação europeia para o Mundial.
O argumento que apresentou é sólido — Portugal joga logo na quinta-feira na Irlanda, por isso só vai ter dois dias para treinar e não teria tempo para integrar novos jogadores. E não, não é hipócrita dizer isso ao mesmo tempo que estreia Carlos Forbs — que provavelmente não vai jogar, e de qualquer forma é mais fácil dar cinco ou dez minutos a um extremo do que 90 a um lateral...
Mas são precisos Dalot, Cancelo, Nélson Semedo e até Matheus Nunes, que Guardiola transformou no lateral-direito do City, para as duas laterais (nem quero pensar na possibilidade de João Neves também aí poder jogar)?
Mesmo que não fosse para jogar, não se arranjava uma vaga para alguém que pudesse ir percebendo o que é a Seleção, em vez de ter um quarto lateral-direito?
Eu sei que as opções não são muitas, e já nem falo em recuperar Raphael Guerreiro, um dos heróis do Euro 2016, afastado por Martínez pela porta pequena com argumentação que nunca pegou (ia descansar no segundo semetre de 2024 e nunca mais voltou), mas e Francisco Moura, titular absoluto do FC Porto? E Leonardo Lelo, uma das poucas boas notícias a chegarem de Braga esta época?"

O regresso de velhos hábitos?


"Há quarenta anos, quando iniciei a minha carreira profissional como jornalista, não havia internet, as condições para comunicação eram básicas, o telemóvel não existia, e as viagens ao estrangeiro com equipas portuguesas tornavam-se verdadeiras aventuras, dependentes da boa vontade de receções de hotéis e de operadores de telecomunicações. Mas tudo se fazia, com camaradagem entre oficiais do mesmo ofício, longe de casa e a tentar fazer chegar a casa o melhor de cada deslocação e de cada competição.
Muito se via e se sentia, no estrangeiro, e muito se continuou a ver e a sentir, também, em Portugal. Os almoços em Canal Caveira, as noitadas na Ribeira do Porto, os sacos azuis (ou doutra cor) escondidos nas malas dos carros de luxo, a sobranceria de quem pensava mandar em tudo e em todos. Curiosamente, uma postura e uma praxis que ainda hoje encontro noutras latitudes falantes de português, mas bem longe de Portugal…
Os métodos para tentar influenciar ou condicionar árbitros eram muitos e, se agora recordados, pareceriam arcaicos, em face da evolução tecnológica que tudo facilita e torna ainda mais fácil e imediata a identificação dos seus autores e os seus objetivos imediatos.
Aqui chegados, o que se terá passado no balneário da equipa de arbitragem do estádio do Dragão, ao intervalo do jogo entre FC Porto e Sporting de Braga, por tão básico e ridículo, fez-me voltar atrás no tempo e rever na mente posturas sem sentido, e que, a maioria das vezes, se tornavam, no final, mais penalizadoras para os seus autores do que o benefício inicialmente pensado pelos mesmos.
Alguém, com o mínimo bom senso, terá pensado, no universo comunicacional dos dragões, que a colocação, em loop, de uma jogada de eventual falha da equipa de arbitragem, na primeira parte do jogo, iria influenciar a atuação da equipa chefiada por Fábio Veríssimo no que faltava disputar da partida?
Alguém com razoável sentido de responsabilidade terá pensado que a situação não seria obviamente reportada, motivo de anotação no relatório do jogo e posterior procedimento disciplinar?
O que daqui resulta é algo ridículo para o próprio FC Porto, que adensa ainda mais uma postura completamente ultrapassada, no futebol de alta competição, ao emitir um comunicado com considerandos sem sentido, e reportando-se a eventuais momentos passados, com o mesmo árbitro como eventual protagonista. Se alguma irregularidade tivesse sido detetada na deslocação do conjunto portista ao recinto do Arouca, deveria ter sido de imediato objeto de participação às entidades competentes, avançando por aí a repulsa e contestação azul e branca ao juiz de Leiria e à sua equipa.
Isso não sucedeu, mas acabou por servir de base de argumentação para a emissão de uma nota oficial que roça o ridículo, pelos termos, pelos argumentos, e por se tratar de um recurso a uma pressão inócua e injustificada. Ao fim e ao cabo, o comunicado do FC Porto apenas reforça a postura inqualificável registada com as imagens no monitor da cabine da equipa de arbitragem, ao intervalo do jogo do Dragão.
Conheci André Villas-Boas há 23 anos. O atual presidente portista era olheiro do clube, e recebi-o em Ponta Delgada, na semana anterior da visita do Santa Clara (sendo eu Diretor de Comunicação do clube) ao estádio das Antas, num jogo, de resto, que acabaria por ditar a conquista do título pela equipa então orientada por José Mourinho.
André era uma espécie de enfant terrible, altamente qualificado e muito ambicioso. Uma rising star do universo azul e branco, como me foi dito, na altura, por Antero Henrique e por Reinaldo Teles. A sua maneira de ser catapultou-o, com total mérito, para uma carreira ascendente como treinador, culminada com consulados técnicos em emblemas de muito prestígio no mundo do futebol.
A «cadeira de sonho» como treinador do FC Porto deu depois lugar à luta direta com Jorge Nuno Pinto da Costa por um cadeirão como Presidente. Mas os métodos parecem ter permanecido. A história narrada por Fábio Veríssimo no relatório do FC Porto-SC Braga só penaliza os dragões e demonstra as velhas centralidades de uma luta que não pode ter respaldo em nenhum palco do futebol português.
Se o túnel de ligação entre o balneário visitante do antigo estádio das Antas e o relvado era tenebroso, pela escuridão e apertada dimensão, o balneário da equipa de arbitragem do Dragão tem de ser imaculado e incólume a estas ultrapassadas e quase ridículas tentativas de pressão.
Sabemos muito bem que os túneis de ligação e os espaços comuns entre vestiários e relvado são muitas vezes encarados para pressões de todo o tipo (as de Rui Costa sobre Tiago Martins, na Luz, constituem o mais acabado exemplo do que não deve suceder, em circunstância alguma).
O problema é que os dirigentes do futebol português parecem ainda não ter ultrapassado alguma síndrome doentia de tentar esconder insucessos ou momentos menos conseguidos, fazendo dos árbitros e de outros agentes (jornalistas incluídos), bodes expiatórios.
Depois queixem-se de que o país está ainda a anos-luz de respeitar, verdadeiramente, a indústria do futebol e os seus legítimos protagonistas…

Cartão Vermelho
Ruben Semedo foi um promissor defesa-central do futebol português. Atravessou o deserto por circunstâncias anómalas, pagou por isso, e regressa agora ao país de que é internacional pela porta do Aves SAD. Foi alvo de inqualificáveis insultos por parte de adeptos do Tondela, com audíveis referências aos momentos infelizes vividos pelo futebolista. Independentemente da tramitação legal da situação reportada, urge que o Clube Desportivo de Tondela, em linha com boas práticas internacionais, identifique os responsáveis e jamais permita a sua integração no grupo organizado de adeptos que, decerto honradamente, não se revê na situação.

Cartão Vermelho II
O encontro entre o Lusitânia de Lourosa e a União de Leiria não se pode realizar em Lourosa, devido às obras de beneficiação do respetivo estádio. Depois de um processo que visava a realização do mesmo em Gaia, no Centro de Treinos e Formação Desportiva Jorge Costa, e que não foi coroado de êxito devido a discordâncias de horário, a Liga Portugal marca o jogo para o… estádio Algarve. Quando li notícia pareceu-me gralha. Mas não. É mesmo assim. Só posso concluir que há um triplo desrespeito da Liga: pelo Lusitânia, pela UD Leiria e pelo futebol português."

BolaTV: Bagão Félix...

Terceiro Anel: Diário...

Observador: E o Campeão é... - De que vale um recorde quando o Benfica continua "ferido"?

Em defesa das alcunhas


"No final de um jogo da Copa América de 2019, o correspondente de A BOLA no Brasil assistiu a uma conversa surreal na zona mista — lugar onde os jornalistas têm acesso aos jogadores.
Um jornalista inglês parou Richarlison para conversar. E perguntou-lhe o que achava das exibições do Everton.
O atacante, goleador dos toffees à época, fez uma expressão de desagrado, afinal os atletas não gostam de falar dos clubes enquanto estão ao serviço das seleções, e os jornalistas sabem-no, mas, simpático, lá foi divagando, no inglês possível para quem havia chegado a Inglaterra dois anos antes para reforçar o Watford.
«Acho que podemos melhorar a classificação da época passada, saíram jogadores mas certamente vão entrar outros», disse Richarlison, entre outras frases de circunstância. O jornalista inglês, porém, parecia perplexo com as respostas.
Com a argúcia de um Sherlock Holmes, o correspondente de A BOLA demorou, mas percebeu o que estava a passar: Richarlison respondia sobre o clube Everton, mas o repórter britânico perguntara sobre o jogador Everton, a quem o atacante e o resto do Brasil se referia como Cebolinha, cujas exibições inspiradas naquela Copa América estavam a chamar a atenção de meia Premier League.
«Ah», disse Richarlison, «esse é craque, não engana». Na verdade, apesar do inegável talento, até enganou um bocadinho, dirão os benfiquistas.
Mas, vem isto a propósito do pedido de Cebolinha para que o chamassem por Everton. Cebolinha, perdão Everton, está no seu direito de não gostar da alcunha mas, assim, em vez de ter um nome exclusivo passa a ter um partilhado com dezenas de outros jogadores brasileiros (e com um clube de Liverpool).
Não é o único. O Vasco, em vez de jogar com um Cocão, um nome de guerra que se destaca, passou a contar com um Matheus Carvalho, o nome burocrático pelo qual o médio prefere ser chamado. No Corinthians, Mosquito era um jogador querido da torcida até ao ano passado; pediu para ser chamado por Gustavo Silva, o seu, com todo o respeito, insípido nome de batismo, e acabou esquecido no Vitória, da Bahia.
Pode parecer tema insignificante, mas os diminutivos e alcunhas acrescentam, em si mesmos, samba no pé. Afinal, será que o Brasil seria campeão, em 1958, com um Waldyr Pereira, em vez de Didi, um Zé Miranda, em vez de Zito, um Edvaldo, em vez de Vavá, um Edson, em vez de Pelé, ou um Manuel Santos, em vez de Garrincha? E, em 1970, com Jair Filho e Eduardo Andrade no ataque, em vez da dupla Jairzinho e Tostão? E, em 1994, com Marcos Moraes (Cafu), Carlos Caetano (Dunga) ou Zé Oliveira (Bebeto), ou em 2002, com Ricardo Leite (Kaká)?
Por falar nisso, Richarlison não está mal no Tottenham mas se optasse pela alcunha, Pombo, talvez marcasse mais golos..."

Treinador de guarda-redes: o método e a alma de Rui Tavares


"Num tempo em que o futebol se tornou global, metódico e cada vez mais dependente da ciência, há profissionais que conseguem unir o rigor do treino à sensibilidade humana. Rui Tavares é um deles. Treinador português de guarda-redes, com passagens por clubes de topo em países como Catar, Irão, México, Brasil, construiu uma reputação de competência, inovação e proximidade. Trabalhou em contextos competitivos muito distintos, com culturas futebolísticas diversas, mas deixou sempre a mesma marca: a de um treinador que não se limita a formar guarda-redes - forma pessoas.

Há treinadores que ensinam técnicas, outros que moldam mentalidades. E depois há os que fazem ambas as coisas ao mesmo tempo — com ciência e com alma. Rui Tavares pertence a esta última categoria. Discreto, observador, exigente e profundamente humano, tem vindo a afirmar-se como uma referência na preparação de guarda-redes modernos, daqueles que jogam com as mãos e pensam com os pés.
Trabalhar com ele, dizem os jogadores, é uma experiência transformadora. No Bahia, o brasileiro Marcos Filipe recorda o impacto da chegada de Rui como «um prazer» e uma oportunidade rara de contacto com «uma cultura europeia de preparação de guarda-redes». Não se tratava apenas de treinar, tratava-se de educar o olhar, disciplinar o corpo e fortalecer a mente. «O Rui sempre me dizia que todas as ações tinham de ser controladas, que eu devia estar sempre com energia para reagir e bem posicionado para agir», conta o guarda-redes. E acrescenta: «O que torna o treino dele diferente é a capacidade de preparar o jogador para o jogo, tanto fisicamente como psicologicamente.»
Esse binómio — corpo e mente — é o núcleo do método de Rui Tavares. A exigência é alta, mas sustentada por compreensão e proximidade. A carga emocional é sempre positiva, nunca punitiva. O erro é tratado como ferramenta de crescimento, não como falha a esconder.
É essa dimensão humana que também marca o testemunho de Tiago Volpi, guarda-redes do Grémio, que trabalhou com Rui Tavares no Toluca do México. «O Rui teve um processo muito importante no que se diz respeito a fazer com que eu tivesse prazer em ser guarda-redes outra vez. Eu estava num momento complicado, com dúvidas sobre mim mesmo, e ele foi resgatando o Tiago Volpi que estava apagado dentro de mim», recorda o brasileiro. A história de Volpi é mais do que uma mera história desportiva, é um exemplo claro de como a empatia tem um poder transformador e pode mudar carreiras. A partir da confiança e da comunicação, Rui Tavares reconstruiu um jogador e, com ele, um líder. «Desde o primeiro dia, deixou-me claro que eu era o guarda-redes que ele sempre quis trabalhar. Fez-me ajustar muitos hábitos que já não eram benéficos, e isso requer confiança» — «nunca é fácil mudar hábitos» — destaca Tiago Volpi.
Entre as muitas aprendizagens que ficaram, Volpi guarda um mantra que o acompanha até hoje: «Equilíbrio, Volpi. Tens de estar equilibrado, máquina!» Essa frase resume o coração da sua filosofia. O equilíbrio é simultaneamente técnico, físico e emocional. Um guarda-redes desequilibrado mentalmente dificilmente estará equilibrado no campo. Um gesto técnico só é perfeito se vier de um corpo preparado e de uma mente tranquila. Volpi reconhece que, aos 33 anos, se tornou «um guarda-redes ainda mais técnico» ao lado de Rui — e não por acaso, mas por método.
A dimensão técnica e científica do trabalho de Rui Tavares não passa despercebida aos treinadores principais com quem colabora. Renato Paiva, com quem partilha projetos na América do Sul, descreve-o como «um treinador inovador, que não deixa que o treino se torne rotina ou monotonia». A variabilidade dos exercícios e a ligação constante entre o treino e a realidade do jogo fazem parte do seu ADN. «Os guarda-redes estão sempre despertos, motivados para aprender. A variabilidade e a qualidade da metodologia do Rui são, sem dúvida, duas das suas maiores virtudes», sublinha o treinador português.
Mas Renato Paiva insiste: «A verdadeira diferença está no lado humano. O Rui cria elos pessoais fortíssimos. Essa empatia faz com que o jogador acredite profundamente no que ele propõe e essa crença é sustentada pela qualidade dos exercícios e pela evolução visível de cada guarda-redes.» A confiança, como recorda o treinador português, é o cimento invisível entre técnica e rendimento. Sem ela, o treino é apenas repetição. Com ela, o treino transforma-se em crescimento e evolução.
Essa visão é partilhada por outro técnico português que privou de perto com Rui Tavares: Toni. No Irão, ao serviço do Tractor Sazi Tabriz, o experiente treinador viu de imediato a qualidade e a consistência do seu compatriota. Contou-me: «O Rui adaptou-se muito facilmente à equipa técnica. Vi nele um homem de princípios e valores e desde sempre destacou-se por três coisas: humanidade, competência e profissionalismo.» Toni sublinha que o relacionamento de Rui com os guarda-redes é muito mais do que funcional, é afetivo e formativo: «Consegue estabelecer uma relação muito particular com os guarda-redes, vive com eles o seu dia-a-dia, cria laços fortes que depois têm um reflexo muito positivo no treino e no jogo.»
Essa capacidade de criar pontes humanas em contextos culturais tão diferentes — do Médio Oriente à América Latina — é uma das marcas mais notáveis de Rui Tavares. A sua empatia não é estratégia; é natureza. Faz parte do seu código genético. Onde outros veriam distância cultural ou barreira linguística, ele vê oportunidade de ligação. Essa sensibilidade tem sido decisiva para o sucesso do seu trabalho e para o respeito que granjeia junto de jogadores e técnicos.
Mas o trabalho de Rui Tavares também se insere numa transformação mais ampla no futebol moderno: a redefinição do papel do guarda-redes. Já não é apenas o último defensor, é o primeiro construtor. Jon Pascua Ibarrola, ex-treinador de guarda-redes do Barcelona, do Marselha, do Bétis e do Athletic Bilbao, é um dos grandes defensores dessa mudança de paradigma. «O guarda-redes moderno já participa ativamente na criação do jogo ofensivo. No futuro, o treino de guarda-redes deverá integrar-se cada vez mais com o treino coletivo, aproximando-o do trabalho dos defesas e médios», explica Ibarrola.
Essa visão, que Rui Tavares partilha e pratica diariamente, implica um treino orientado não apenas para a técnica, mas para a compreensão do jogo. «O treino tem de estar centrado na leitura e resolução de situações, no domínio das ferramentas necessárias para o jogo real. Há aspetos que precisamos de trabalhar de forma isolada e outros que devem ser treinados com a equipa. O guarda-redes não resolve sozinho, nem os jogadores sem ele. É uma questão de lógica», acrescenta o técnico basco.
A dimensão humana também faz parte desse novo perfil de guarda-redes. Ibarrola define-o como uma «voz de autoridade silenciosa», que deve evoluir para uma liderança consciente: «Existem diferentes tipos de autoridade e diferentes tipos de liderança. O primeiro passo é o treinador de guarda-redes saber liderar-se a si próprio - ser íntegro, agir com consciência e servir de exemplo. Que não sejam as suas palavras a defini-lo, mas sim os seus atos.»
Rui Tavares encaixa perfeitamente nessa descrição. O seu método combina conhecimento tático, rigor técnico e uma liderança serena, baseada na coerência e no exemplo. Os seus guarda-redes não apenas defendem melhor — compreendem melhor o jogo. E, sobretudo, compreendem-se melhor a si próprios.
No Irão, no México, no Brasil ou onde quer que vá, o treinador português tem deixado uma marca que vai muito além da técnica. Cada sessão é uma lição de rigor e humanidade, de exigência e empatia, de método e alma. No fundo, talvez seja essa a verdadeira herança de Rui Tavares: provar que o treino de guarda-redes pode ser uma escola de equilíbrio entre a razão e a emoção, entre o detalhe e a inspiração, entre o gesto e o coração.
Porque, no fim de contas, o método é o que se ensina; a alma é o que se transmite. E Rui Tavares ensina as duas coisas às suas «máquinas»."

Terceiro Anel: DRS #27 - GP do Brasil...

El halcón y el de Willington