Últimas indefectivações

sexta-feira, 31 de julho de 2015

A ansiedade é grande

"A venda de Lima destapa ainda mais a necessidade de reforçar o ataque encarnado. Se com Lima havia muitos que clamavam por mais uma solução ofensiva, sem Lima, com a saída de Derley que nunca foi uma verdadeira solução, fica notória essa necessidade. No entanto, a idade do jogador, os valores envolvidos, tornaram o negócio numa inevitabilidade que ninguém pode criticar. Por muito que nos custe, foi um acto de boa gestão, quer financeira, quer de grupo. O Benfica trata bem os profissionais que tratam bem o Benfica. Gosto assim, mesmo que agora haja (e eu tenho) uma grande ansiedade para ver quem chega, e a qualidade que tráz.
Curiosamente, gostei menos do jogo que ganhamos nesta pré-época, e gostei mais do que perdemos com o NY Red Bulls. Se exceptuar o resultado, este, foi o encontro onde houve mais posse, mais fio de jogo, jogadas mais ligadas e só dois deslizes de pré-época ditaram sorte madrasta. Excelente a exibição de Lisandro López nesse jogo, para mim o melhor em campo. Esperamos continuar a melhorar até dia 9, onde disputamos uma espécie de final do Guadiana, mas de forma oficial.
Vai ser um campeonato interessante e equilibrado e quem conseguir melhores retoques até dia 31 de Agosto, poderá ter vantagem. Até ao fim não se saberá quem sai e quem entra, os clubes e seus treinadores resolvem equações onde não têm todos os dados. É matematicamente uma impossibilidade. Jornais, rádios e televisões desdobram programas diários para acompanhar as movimentações, as supostas movimentações e as presumíveis movimentações. Aguardo pela realidade, para não me incomodar com o ruído.
E domingo lá terei que me deitar outra vez tarde para ver a Eusébio Cup. Até a feijões e fora de horas é um bom programa ver o Benfica."

Sílvio Cervan, in A Bola

Contas aos pontos-UEFA

"O V. Guimarães esteve a perder por 2-0 na Áustria e marcou um golo que enche de esperança os conquistadores, de olhos postos na segunda mão; o Belenenses esteve a ganhar por 2-0 ao Gotemburgo e deixou que os suecos reduzissem para 2-1, ensombrando o optimismo azul na passagem à fase seguinte da Liga Europa. Tudo em aberto, esperança lusitana em doses apreciáveis, mas sempre, como pano de fundo, as contas aos pontos-UEFA a deixarem uma angústia razoável em quem procura ver para além da espuma...
A última época, em termos de pontos europeus, foi francamente má para os portugueses. Se a época que agora começa for no mesmo sentido - e daí que as prestações de Belenenses, V. Guimarães, nesta fase, sejam relevantes - o que acontecerá em breve é a redução da quota das equipas nacionais na Champions, que passará de 2+1 para 1+1.
Quer isto dizer que, se nos mantivermos no plano inclinado de 2014/15, daqui a pouco só o campeão nacional terá acesso directo à Liga dos Campeões, disputando, o segundo classificado, a pré-eliminatória. Ou seja, dos três grandes, habituais primeiros classificados na Liga portuguesa, só um terá a garantia do acesso aos milhões da Champions; o segundo vai penar na incerteza do play-off, e o terceiro vai contar trocos para a Liga Europa. Este elemento traz para a discussão a importância da Liga nacional. Não se trata, a partir de agora, de ser primeiro só pelo título, mas sim de, ao consegui-lo, cavar um fosso grande para o segundo e uma distância tremenda para o terceiro. É por isso que todas as acções, dentro e fora do campo, são cada vez mais importantes e todas as alianças, mesmo as mais improváveis, acabam por ter cabimento..."

José Manuel Delgado, in A Bola

A renumeração...

"A 28 de Maio de 1977 dava entrada, nos serviços administrativos do SLB, um pedido de inscrição de Sócio. Ao novo associado Benfiquista, eu, nascido na noite anterior, foi-me atribuído o número 58626. Se fosse esta semana, teria um número superior a 285000...
A evolução da dimensão da nossa massa associativa, com destaque para os últimos dez anos, foi notável, nomeadamente se tivermos em conta que, hoje em dia, apesar dos muitos benefícios oferecidos, é 'menos' vantajoso ser Sócio do que foi no passado, em que as quotas em dia permitiam a entrada gratuita em todos os jogos do Campeonato Nacional realizados no estádio da Luz, à excepção de dois, os chamados 'dias de Clube', entendidos como uma contribuição complementar dos sócios para o equilíbrio das contas do Clube. De dois passaram a três, a cinco, a todos...
Da 'minha' primeira renumeração (1981), não guardo qualquer recordação. Passei a ser o sócio 29209 (!). Na seguinte, em 1986, surpreendido por receber novo cartão com um número diferente, tornei-me no 21996. Segui-se a de 1993, esta já aguardava com grande ansiedade e curiosidade por conhecer o novo número, em que, aos 16 anos, passei a ser o 16968. Cinco anos depois, vaidoso, era o 13263. E em 2005, orgulhoso, mas ciente que, com 28 anos de sócio, cada número a menos é, quase de certeza absoluta, um Benfiquista que já não está entre nós, tornei-me no 9478.
Aos 38 anos de vida e de associado do SLB, apesar da curiosidade, já não aguardo ansioso pelo novo número nem o receberei com grande satisfação. No entanto, sentirei sempre gratidão por todos os Benfiquistas que só a morte os impediu de continuarem a pertencer ao nosso querido Clube."

João Tomaz, in O Benfica

O amarelo

"Concluído o Tour de France, aí está a Volta a Portugal. Na ausência de futebol a sério, são as bicicletas que ocupam o seu lugar.
Paisagem, aventura, esforço, cores, dramas, mitos, povo, heróis e alguns vilões, fazem do ciclismo um espectáculo maravilhoso. Parece feito de encomenda para a televisão, proporcionando longas horas de transmissão directa, conduzindo o espectador por montanhas e vales, como se ele próprio estivesse de viagem. Doping? Existe em todo o desporto profissional, e esta é certamente a modalidade mais controlada. 
Enquanto amante de ciclismo, e enquanto benfiquista, não posso deixar de me associar aos muitos que sonham com o regresso do clube às estradas, mesmo sabendo quão difícil seria materializar tal sonho no imediato.
O ciclismo não vende bilhetes. Vive da publicidade, e custa dinheiro (500 mil euros/ano, para uma equipa ganhadora a nível nacional). As empresas interessadas em investir pretendem um nível de visibilidade que a marca Benfica – se a elas associada – ofuscaria. A nossa última incursão neste mundo não correu nada bem. 
Creio, porém, que o Benfica carrega esta dívida para com a sua história. Ostenta uma roda no emblema, e deve grande parte da sua popularidade a nomes como José Maria Nicolau, que levavam as camisolas vermelhas até aos locais mais recônditos do país, quando nem sequer existia campeonato de futebol.
Falta pouca coisa para que o nosso Benfica seja integralmente devolvido àquilo que foi no passado. O regresso ao ciclismo poderia ser um desafio para um dos próximos mandatos de Luís Filipe Vieira. Seria a cereja no topo do bolo."

Luís Fialho, in O Benfica

Proença e a Liga

"Pedro Proença foi eleito presidente da Liga Portuguesa de Futebol e tomou posse nesta última quinta-feira. O Benfica - e Luís Filipe Vieira - mantiveram-se ao lado do presidente Luís Duque, tal como tinha acontecido aquando da sua original eleição.
Teremos agido bem?
Deve notar-se que nunca esteve em causa, nem para o Benfica nem para os seus dirigentes, as propostas de Proença no sentido do reforço da participação dos clubes e da credibilização da I e II Liga Portuguesa de Futebol. Estava em causa, isso sim, a coerência na gestão desportiva.
Quando Duque foi eleito, a Liga estava praticamente falida, os patrocínios distantes e os principais dirigentes dos clubes completamente de costas voltadas. Para não falar, claro, da conhecida turbulenta relação com a arbitragem...
Em apenas alguns meses, o ex-presidente colocou as finanças em ordem, conseguiu renovar a credibilidade da Liga e atraiu um conjunto importante e inovador de patrocinadores (por exemplo, o patrocínio da NOS para os próximos três anos) fundamentais para a estabilização do organismo e o seu funcionamento.
Fora essas, essencialmente, as razões de Luís Filipe Vieira em todo este processo. Não estava em causa Proença, Duque, Pinto da Costa ou Bruno de Carvalho: estava em causa a coerência no Futebol.
Que orgulho devemos sentir em ter ao leme do nosso clube um presidente assim: honra os compromissos assumidos e projecta as decisões do clube muito para além das mesquinhas disputas do momento. Devemo-lhe muito em prol da unidade no Futebol português. Posto isto, e como diria Luís Filipe Vieira, toda a sorte do mundo à nova Direcção da Liga."

André Ventura, in O Benfica