Últimas indefectivações

quarta-feira, 26 de junho de 2019

Prata..

O melhor elogio que posso fazer ao Pimenta, é que esta Prata sabe a pouco!!! O Fernando é Campeão do Mundo, em K1 1000m, portanto...
Mas mesmo assim mais uma medalha...

Agora vamos esperar pela final do K1 5000m...

A ditadura do individual, segundo Van Gaal

"Louis van Gaal deu por estes dias uma entrevista ao El País que vale a pena ler. Pela visão que o treinador holandês partilha acerca do futebol actual e pelos defeitos de carácter que detecta em muitas das equipas de topo. O principal, e aquele que merece maior reflexão, é este: “Para jogares bem futebol tens de jogar em equipa e esta é uma sociedade desenhada por gente que pensa apenas em si mesma”.
É relativamente fácil antecipar o impacto negativo que se produz na equipa sempre que se verifica a ausência ou a distorção de um comportamento, individual ou colectivo, idealizado pelo treinador. Porque os quatro momentos do jogo convencionais não existem de forma isolada e cada um deles deixa de fazer sentido se não estiver em estreita e directa relação com os demais, é imperioso que se cumpram os pressupostos que moldam a ideia de jogo.
Van Gaal aproveitou o mote para lançar duras críticas a Lionel Messi e, acima de tudo, aos treinadores que forçam uma adaptação do seu jogar às características do maior talento do plantel. Parece-me pacífico que se limem arestas para criar o contexto ideal ao aparecimento da qualidade individual - afinal de contas, essa mais não é do que uma ponte para a maximização do rendimento global. O que é claramente contraproducente é desvirtuar um modelo, com todos os desequilíbrios que daí advêm, para garantir que jogador mais decisivo se sente como peixe na água.
É relativamente ténue a fronteira entre a ordem e o caos. Por isso é tão difícil definir os limites do risco e identificar o exacto ponto até ao qual se consegue nadar sem comprometer a necessidade de voltar para terra firme. Para que Messi (ou Neymar, outro dos réus eleitos por Van Gaal) possa procurar o desequilíbrio através do drible é necessária uma teia de salvaguarda para acautelar a perda. E de seguida um batalhão de operários dispostos a apertarem o adversário com o intuito de recuperarem rapidamente a bola.
No fundo, é esse um dos grandes atributos das equipas que frequentam a elite do futebol. Entre elas pode incluir-se o Ajax versão 2018-19, que renovou a visão do futebol total que a Holanda ofereceu ao mundo no século passado. “Ten Hag treinou os jogadores para atacarem de forma caótica e pensarem estruturadamente quando perdem a bola”. Uma síntese perfeita nas palavras do antigo seleccionador holandês.
Uma das imagens de marca do gigante de Amesterdão é a valorização da sua formação. Mais do que um traço genético, é quase uma obrigatoriedade num mercado em que os milhões de euros voam para todo o lado mas não chegam para todos. Essa aparente desvantagem, porém, acabar por dar origem ao molde do futebol holandês, especialmente nos clubes em que a pirâmide foi trabalhada ao pormenor para conferir competências comuns e graduais aos jogadores até chegarem ao topo.
É o antídoto possível face ao poderio dos milionários europeus. A esse respeito, Van Gaal também traça uma distinção clara entre as duas Ligas mais abastadas do planeta. “A Premier League é a mais competitiva, mas não porque tenha os melhores futebolistas.
Apesar de todas as contratações, não têm os melhores porque a filosofia em Espanha é formar jogadores para usá-los”. Apesar da carga de subjectividade inerente a esta avaliação, é inequívoco que a formação, justamente por ser um projecto a prazo, permite outro tipo de controlo, na medida em que passa por cima dos problemas de adaptação sentidos nos clubes mais consumistas. E ganhar com esses ingredientes, cozinhados durante anos em lume brando, acaba por ter outro sabor."

As yankees e as sete europeias: a nova história do futebol feminino

"E sobram oito. Se eventualmente ainda não se deixou convencer pela qualidade do futebol praticado em França, este é um bom momento para apanhar o comboio. O Campeonato do Mundo feminino está na fase das grandes decisões e o percurso até aqui redesenhou um novo mapa-mundo do futebol jogado por elas.
A ronda das últimas oito “reduziu” a corrida ao título a dois continentes, algo que acontece pela primeira vez na história das oito edições já realizadas. Mais do que isso, confirmou a migração das forças que perseguem o domínio histórico dos Estados Unidos da Ásia para a Europa, onde moram as novas “princesas” com aspirações a “rainhas”.
É uma verdade que a Alemanha e a Noruega desde cedo - na ainda jovem história dos Mundiais femininos – se perfilaram na linha da frente, mas o campo europeu é agora mais vasto e, sobretudo, mais dotado de qualidades que sustentam realisticamente as fortes ambições do grupo europeu de perseguidoras.
À cabeça, a França. Desde logo, porque a euforia que brota dos estádios cheios, de Paris a Nice, contagia. Mas sobretudo, porque a equipa de Corinne Diacre sabe o que faz, da cabeça aos pés; e a ideia de jogo encontra em jogadoras como Wendie Renard, Amandine Henry, Amel Majri ou Le Sommer intérpretes de nível superior.
Jogada da aleatoriedade dos sorteios, uma das finais antecipadas joga-se agora, nos quartos de final. França x Estados Unidos. É a “crème de la crème” deste Mundial e o obstáculo maior para a equipa da casa – que já eliminou o Brasil. Se o passar, o sonho fica palpável e será discutido “internamente”, entre pares do mesmo continente.
E é nesse grupo de pares que se encontram outras nações com legítimas aspirações à glória em Lyon. A bicampeã mundial Alemanha, depois de uma quebra que se seguiu ao título de 2007, surge em França com sangue novo e a mentalidade de sempre. Ficou sem a sua estrela logo a abrir (Dzsenifer Marozsàn), mas tem encontrado o seu modelo e a sua força colectiva à medida que elimina obstáculos.
Nos «quartos», o próximo obstáculo é a Suécia, uma muralha defensiva em torno de Hanna Glas e Linna Sembrant, com a qualidade ofensiva de uma Kosovare Aslani. Mas há mais. A Inglaterra de Phil Neville, que tem confirmado as expectativas com base numa das ideias de jogo em posse mais atraentes deste Mundial, defronta a Noruega, campeã do Mundo em 1995. Mesmo sem Ada Hegerberg, a Bola de Ouro, a selecção nórdica tem qualidades para dar e vender.
E sobra o Holanda x Itália, que não cabe, de todo, numa categoria inferior. As campeãs da Europa começaram tímidas e lidaram com um ceticismo crescente dentro das próprias fronteiras, mas à medida que as etapas iam sendo cumpridas percebeu-se que as holandesas são um sério candidato. Vivianne Miedema tem desabrochado em França e Lieke Martens, que atravessava uma espécie de travessia no deserto, despertou o seu enorme futebol a tempo para eliminar o Japão.
Pela frente, a Holanda vai ter, porventura, a maior surpresa deste Mundial. Arredada há 20 anos da prova, a Itália surge em França como uma outsider temível e capaz de “passar uma rasteira” a qualquer seleção. A equipa orientada por Milena Bartolini pode não ter o jogo mais apelativo, mas tem feito valer a intensidade e a paixão para chegar aos quartos e ameaçar o poderio das demais.
Sete países de futebol cheio e maduro que desafiam a lei das mais fortes. Falta falar dos Estados Unidos, a selecção que não é surpresa. Sólidas, disciplinadas, imprevisíveis; no fundo, uma verdadeira equipa com individualistas assombrosas, como Alex Morgan, Megan Rapinoe ou a "veterana" Carli Lloyd. As norte-americanas continuam a ser o barómetro no futebol feminino e as grandes favoritas ao título, mas agora com uma legião de perseguidoras mais lata e diversificada.
Por isso, se tem andado a perder os jogos deste Campeonato do Mundo, agora é uma das últimas chamadas para se juntar ao fenómeno crescente do futebol feminino. Deixe de lado os preconceitos, apague os chavões e esqueça o que alguma vez pensou sobre elas. Este é um novo futebol com direito por mérito próprio a ter todo o reconhecimento que elas estão a fazer por merecer."

Ladram os cães da madrugada

"Os anos atropelam a gente e não olham para trás nem pedem desculpa por todos os desenganos que nos trazem à medida que vão de mão dada connosco pela viela sinistra que vai dar à porta da velhaca senhora da gadanha.

Os cães da madrugada ladram-me aos tornozelos da tristeza. Havia uma velha música de Umberto Bindi que dizia:
”Ecco/ La musica è finita
Gli amici se ne vanno
Che inutile serata...”
É isso. Amigos que partem e eu sobro para lhes ir escrevendo, cabisbaixo, os epitáfios. O Vítor Campos e o Camolas, o Chibanga, Lennart Johansson, Manuel José Homem de Melo. Perco-me no QWERT das páginas de obituários. Ou nas páginas de homenagem a quem já não consegue lembrar, meu amigo Fernando Chalana, perdido lá no labirinto do seu imenso talento.
Eu costumava ligar para casa do Marinho Peres, no tempo em que os telefones obedeciam às leis dos fios, e ouvia inevitavelmente, do outro lado, a sua voz cava: “Fala, garoto!” Ele gostava daquele tratamento de tipo mais velho, uns sete anos mais do que eu, nessa altura uma vida bem preenchida, e depois partíamos na grande aventura dos almoços prolongados com histórias e episódios infinitos, desbobinados à medida da sua memória. Foi assim em Guimarães, em Lisboa, no Funchal... Marinho eternamente amigo; eternamente divertido; profundamente bom.
Parece que já lá vão muitos anos, e vão mesmo. Os anos atropelam a gente e não olham para trás nem pedem desculpa por todos os desenganos que nos trazem à medida que vão de mão dada connosco pela viela sinistra que vai dar à porta da velhaca senhora da gadanha. Em Sorocaba, Marinho Peres vai recusando passar a fronteira dessa porta que só tem para lá dela os confins do nada. Canalha, um AVC apanhou-o distraído, talvez a rir-se, ele que sempre fez questão de rir, de rir muito, de que todos se rissem muito em seu redor.
Vi muitos treinos do Sporting sentado a seu lado num banco de madeira corrido, junto à linha lateral do antigo campo de treinos de Alvalade, que ficava quase em frente da porta principal do estádio, e ele gostava de observar à distância para, de vez em quando, ir até lá corrigir os movimentos com o seu ar de monstro descabelado que a alma recusava a alimentar por muito tempo. E gostava de ensinar, à sua maneira, aquilo que pretendia dos jogadores. Dava-me uma cotovelada e dizia: “Vê! Vê! Não tem como enganar. Aquele cara lá na frente vai cair outra vez no impedimento!” Vinha o lance e era tal e qual como descrito, um passe de Figo ou Balakov, daqueles de bandeja com pastel de bacalhau, cervejinha, palito e tudo, direito aos pés do avançado-centro, e o apito do adjunto interrompendo por fora-de-jogo. “Eu não te disse!”, ria Marinho um riso de nervos: “Vá tomá no cu dele!!!”
Mario Peres Ulibarri, de seu nome completo, levou uma vez o Sporting a 11 vitórias consecutivas nas primeiras jornadas do campeonato. Até no Bessa, onde os leões costumavam sofrer como cachorros vadios, venceu por 3-0 com um bela exibição de um tal Careca que, para Sousa Cintra, era a coisa mais parecida com uma mistura de Eusébio e de Pelé. Estive lá nessa noite chuvosa do Porto. Depois, em Chaves, um empate por 2-2, desperdiçada a vantagem de 2-0, abanou a equipa de tal forma que não teve arranjo. O costume.
Nessa semana fui ao gabinete de Marinho Peres, em Alvalade, para uma grande entrevista. Pedi-lhe para se deitar na mesa das massagens e ser aí fotografado pelo meu querido Nuno Ferrari, outro dos que já partiram. O moto da conversa deveria ser: “O leão na mesa do psicanalista”. O Marinho contou o regresso aos treinos do dia seguinte ao empate: gente de ombros curvados, conversas em murmúrios, caras fechadas, nem o estralejar de uma gargalhada. No fim, desabafou: “Coisa tremenda, garoto! Ganhámos 11 partidas e, no primeiro erro, só ouço todo o mundo dizer que já não vai ser este ano, que é tudo uma merda, que somos um clube de infelizes, sem sorte nos jogos...” Assustava-o aquela mentalidade desistente. Não foi campeão, mas chegou à meia-final da Taça UEFA. Depois andou por aí, de novo no Belenenses, por mais do que uma vez, no Marítimo também.
“Nascondendo la malinconia
Sotto l’ombra di un sorriso”,
recordo-me dele com saudade. E só posso dar-lhe um conselho de amigo antigo: “Se a morte chegar à tua beira, responde-lhe como costumavas fazer – ‘Vai tomá no teu cu, garota!’”"

A luz de Vieira e a valorização do Seixal

"De contradições e delírios se fez sempre a gestão de Luís Filipe Vieira ao comando do Benfica, valendo nos momentos-chave o discernimento de quem o rodeia. Apesar da melhora substancial ao nível dos campeonatos ganhos e da retoma da disputa com o FC Porto pelo domínio do futebol português, realidade perdida desde o principio dos 90, as janelas para transferência na Luz perfilam-se como verdadeiras Twilight Zone, com muitas das decisões tomadas sem qualquer lógica aparente e a política de recrutamento completamente aleatória, acabando geralmente de forma macabra para os masoquistas adeptos encarnados.
A 22 de Maio, Vieira era peremptório na sua ambição europeia: «A conquista deste título foi também a vitória de um projecto, de uma visão e de um rumo que há uns anos defini como prioritário e como única forma de o Benfica, no futuro, poder competir com as principais equipas das cinco mais fortes ligas europeias. Estão assim criadas as bases para, com a estabilidade e visão do projecto desportivo, solidez financeira, riqueza de recursos e competências técnicas, dar um novo salto qualitativo e ganhar outra ambição em termos europeus…» Abrindo leque á demagogia, abre também novos horizontes ao sonhador Terceiro Anel, pouco se importando agir em conformidade com as suas palavras.
Para o justificar, zero. Um valente e bonito zero, a uma semana de começarem os trabalhos de pré-temporada encarnada. Garantido está, há muito, Jhonder Cádiz, ponta-de-lança que pouco mais que cumpriu ao serviço do Vitória sadino. Quanto á novela Félix, ainda longe de estar resolvida, abriu vagas na frente para soluções realmente sérias: Raúl De Tomás é nome que agrada á exigente massa adepta, ainda que a ilusão Ángel Correa na Luz seria a mais animadora notícia, só possível numa inclusão do argentino na transferência do jovem português para o Wanda Metropolitano e contornando assim o suposto pagamento da cláusula a pronto, truque de magia que faria Luís de Matos corar de vergonha.
Domingos Soares de Oliveira, administrador da SAD, tenta explicar da melhor forma as intenções dos dirigentes: «Se algum dos titulares sair, o objectivo é que alguém bata a cláusula de rescisão. Com sinceridade, não queremos que isso aconteça, queremos manter a equipa. Se aparecer um clube que bata os 100 milhões por João Félix a intenção é não vender (…) O nosso objectivo à data de hoje é ganhar no relvado, tudo o que tivermos de fazer para manter os jogadores que nos dão melhores condições para o conseguirmos, vamos fazer. Se a cláusula é 120 milhões, se não aparecer ninguém com esse valor, seja 100, 90 ou 80, o jogador fica». Tornar-se-ia na maior transferência de sempre do futebol português e na 5ª maior de sempre. Visões e desejos ambiciosos.
Numa tentativa de tudo meter em perspectiva, é-nos necessário recuar exactamente um ano: o Benfica iria começar a quarta temporada com Rui Vitória ao leme e o projecto de “Reconquista” ganhava novos intervenientes. Ferreyra, Castillo chegavam para dar concorrência ao debilitado Jonas, relegando o suíço Seferóvic para segundo (ou quarto…) plano. Gabriel, Alfa Semedo e Chiquinho aterravam na Luz para completar o miolo na ausência prolongada de Krovinovic e para a defesa foram requisitados os dois centrais do ano na Liga Argentina, Conti e Lema. Ebuehi, jovem nigeriano lesiona-se assim que chega a Lisboa, obrigando os responsáveis a chamar Corchia para colmatar a lateral direita, com bilhete de ida e volta para Sevilha no final do ano.
25 milhões de euros e nove meses passados, apenas o médio brasileiro resgatado ao Leganés é titular, enquanto que Ferreyra, Castillo, Lema, Alfa Semedo e Chiquinho já não fazem sequer parte do plantel. Depois da rábula do despedimento de Rui Vitória e das luzes inspiradoras, toda a estratégia é novamente repensada: dispensa das contratações de Verão e a aposta (agora sim) completa nos jovens do Seixal, subindo com Lage à primeira equipa os imberbes Zlobin, Ferro, Florentino e Jota. A 14 de Janeiro, era notória a mudança de estratégia encarnada, na voz do seu presidente: «O que está para trás é passado, mas quero dizer que estamos muito gratos a Rui Vitória pelo trabalho que desenvolveu no Benfica», assegurando que «o Benfica nunca contactou com nenhum empresário ou treinador. A primeira opção é o Bruno Lage», contradizendo-se no espaço de semanas depois do namoro a José Mourinho em plena televisão, chegando a perguntar “quem não gostaria de ter Mourinho? Se amanhã ele disser que sim, virá logo em seguida” até porque, na Luz, “… dinheiro não é problema”. Sintomático.
Este Verão, e com o pressuposto de uma linha de continuidade do final da temporada passada, a equipa respira confiança sob o comando de Bruno Lage. A aposta na cantera encarnada valeu o título de campeão e a ideia é continuar: Pedro Álvaro, Tiago Dantas, Nuno e David Tavares estão confirmados nos trabalhos de Verão, com grandes hipóteses de se manterem a trabalhar na equipa A durante toda a época. Esta aposta nos jovens distancia-se da outra face no planeamento desportivo do Benfica, um clube cheio de vícios superflúos no que toca ao mercado de há 15 anos a esta parte.
O jogador-comissão, elemento apreciado nos corredores da Luz, também marca presença este ano: até o mais optimista dos adeptos tem dificuldade em ver um bom futuro nas supostas contratações de Rashid, Schettine, Pedro Neto e Jordão. Estes dois últimos, agenciados por … Jorge Mendes, custariam 20 milhões de euros aos cofres encarnados, o que se traduziria num verdadeiro caso de polícia.
Faltando brilho nesta postura do Benfica no mercado, o rejuvenescimento do plantel é uma realidade assegurada e motivo de contentamento para todos os adeptos, existindo a esperança de que Rui Costa tome conta desta pasta, função que voltaria a fazer dele alguém útil dentro da estrutura e que corrigiria o ofuscar da sua presença nos últimos anos."

Os 5 guarda-redes para o Benfica

"A imprensa tem apontado alguns guarda-redes ao Benfica. Apesar de não se saber que o Benfica estará realmente à procura de um guarda-redes, acho que é uma posição na qual o clube precisa de se reforçar, de modo a dar concorrência a Vlachodimos e/ou Ivan Zlobin. Na minha opinião, um plantel à altura da dimensão do Benfica tem de ter dois guarda-redes que dão garantias e irei aqui dar cinco nomes de guarda-redes que creio que estejam ao alcance dos encarnados.

Julian Pollersbeck (Hamburgo SV) – Realizou nesta temporada um total de 35 jogos ao serviço do Hamburgo. No entanto, o histórico clube alemão não conseguiu o regresso à Bundesliga (terminou em quarto lugar), o que tem levado o guarda-redes campeão europeu de sub-21 em 2017 a procurar um novo desafio na carreira. Com 1,95m de altura, o guardião de 24 anos possui grandes reflexos e tem presença entre os postes, sabendo também controlar a profundidade e iniciar a construção de jogo da sua equipa.
Valor de mercado: 3 milhões de euros

Dominik Livakovic (Dínamo Zagreb) – Deu nas vistas esta temporada na Liga Europa, destacando-se pelos reflexos apurados e pela destreza no 1×1. Realizou 34 jogos nesta temporada pelo campeão croata e já tem quatro internacionalizações pela selecção vice-campeã mundial.
Valor de mercado: 3 milhões de euros

Sérgio Rico (Fulham FC/Sevilha FC) – Ao serviço dos andaluzes, foi o guarda-redes titular em duas finais da Liga Europa que os sevilhanos conquistaram (14/15 e 15/16), tendo sido chamado à selecção espanhola. Na última temporada seria emprestado ao Fulham no regresso do emblema londrino à Premier League. No entanto, a experiência não correu de feição e o Fulham desceu de divisão. De regresso a Sevilha, a presença de Tomás Vaclík pode levar o guardião internacional pela roja a procurar mudar de ares. Sergio Rico destaca-se pela sua envergadura e elasticidade, que lhe confere uma boa presença entre os postes.
Valor de mercado: 12 milhões de euros

Predrag Rajkovic (Maccabi Tel Aviv) – Foi campeão europeu de sub-19 em 2013 e campeão mundial de sub-20 em 2015, tendo sido o melhor guarda-redes em ambas as competições. Em 2015, o Maccabi Tel Aviv pegou 3 milhões de euros ao Estrela Vermelha pelos seus serviços e, por incrível que pareça, aquele que é uma das maiores promessas mundiais da baliza ainda permanece “escondido” na capital israelita. Com 11 internacionalizações pela selecção sérvia, o guardião de 23 anos destaca-se pela concentração e frieza na abordagem aos lances.
Valor de mercado: 2,5 milhões de euros

Wuilker Fariñez (Millonarios) – Foi o melhor guarda-redes do mundial de sub-20 em 2017 e já é o guarda-redes titular da selecção principal venezuelana, estando neste momento a disputar a Copa América. Foi contratado no ano passado pelo Millonarios de Bogotá, clube que tem uma parceria com o Benfica, sendo que, segundo a imprensa, o clube encarnado tem direito de preferência sobre ele. Apesar de possuir baixa estatura para a posição (1,81m), compensa isso com uns reflexos apuradíssimos e elevados índices de concentração.
Valor de mercado: 5 milhões de euros"

Entre os mortos havia um que respirava

"Na I Guerra, Rickenbacker foi como irmão de Quentin Roosevelt. Mas nunca viu Theodore como tio...

Edie era um tipo valente, isso ninguém pode por em causa. O apelido Rickenbacher não escondia as suas origens alemãs, mas nasceu em Columbus, no Ohio, e sempre teimou que o seu alemão era suíço e que um suíço-alemão não tem nada que ver com um alemão-alemão e ponto final. Vai daí, começou a assinar Rickenbacker e, mal pôde, atirou-se aos alemães como gato a bofe que, vendo bem, já não é coisa que se dê a gatos.
O pai de Edie era dado a máquinas. Tinha um moto de vida um bocado estúpido, mas era o que se podia arranjar no início de 1900, em Columbus, Ohio: «Se fizeram as máquinas é porque querem que as usemos». O filho fartou-se de usá-las mas a primeira vez que se viu metido numa camisa de onze varas foi por causa de uma carroça puxada a cavalos com a qual disparou por uma ruela, esbarrando com tudo o que lhe ia passando à frente do nariz (bem grande, por sinal) até se estatelar ao comprido numa eira com a cabeça amolgada e umas costelas deitadas abaixo. Disse sempre a toda a gente que o pai morrera quando ele tinha treze anos num acidente de automóvel, mas essa versão seria desmentida mais tarde por um dos seus biógrafos, W. David Lewis, que expôs uma versão bem mais macabra de mr. Rickenbacher sr. envolvido numa altercação de taberna a expirar à força de facadas no bucho.
Órfão, Edie deixou os disparates próprios da adolescência para se dedicar a disparates de adulto. Inscreveu-se num curso de engenharia por correspondência, empregou-se na Columbus Buggy Company e vendeu automóveis. Não demorou a ganhar a alcunha de Fast Edie, por conduzir carros bem mais depressa do que carroças puxadas por cavalos. No dia 9 de Setembro de 1916, ao volante de um Maxwell, participou na prova de Indianápolis 500, rebentou com a viatura, voltou a amolgar umas omoplatas mas, surpreendentemente, o seu nariz preponderante manteve-se intacto. Em seguida, limitou-se a ser ele próprio: em treze corridas, ganhou sete. Só que, a febre da velocidade não se esgotava com equídeos nem com cilindradas menores. Queria pilotar aviões e, apesar de ter ganho a alcunha de Huno por parte de alguns colegas, devido ao germânico nome de família, não tardou a tornar-se um ás. Em França, no Esquadrão 94º, ao comando de um Fokker D. VII, foi abatendo inimigos como se fossem tordos.
Quando a I Grande Guerra acabou, Edie era uma estrela. 26 aviões alemães abatidos, Legião de Honra e Cruz de Guerra atribuídas pela França, Medalha de Guerra e Cruz dos Serviços Distintos entregues pelo governo americano, fama de grande vencedor de provas automobilísticas, dinheiro no bolso, promovido ao posto de major. Era um tipo valente, mas também modesto. «Na guerra fui capitão, depois deram-me estes galões de major; como nunca combati como major, quero ser tratado por capitão». Escreveu um livro chamado Fighting the Flying Circus, no qual chorou a morte do seu grande amigo, o tenente Quentin Roosevelt, filho do presidente Theodore, e foi convidado para fazer filmes em Hollywood a troco de muitos punhados de milhares de dólares. Encolheu os ombros e esteve-se positivamente nas tintas para o cinema.
Rickenbacker, dono do seu nariz, que como já disse era francamente proeminente, fundou uma companhia aérea, a Florida Airways, e voltou a apaixonar-se por automóveis o que, convenhamos, foi melhor do que recuperar o seu encanto pelos equinos do final da sua infância. Muita gente não sabe, nem eu sabia até ler sobre esta curiosíssima figura, que foi a sua fábrica, Rickenbacker Motor Company quem desenvolveu o sistema de travões às quatro rodas. O que não impediu que a empresa caísse na bancarrota. Não olhou duas vezes para trás: fundou a Indianapolis Motor Speedway, vendeu maquinaria para a Cadillac e para a General Motors e acabou por adotar a filosofia do pai.
Edie foi como irmão de Quentin quando combateram juntos nos céus da França e da Alemanha. Mas nunca viu a política do presidente Roosevelt como sobrinho Criticou publicamente o New Deal, o projecto de reformas e obras públicas de Theodore com violência: «Não vejo grandes diferenças entre isto e o comunismo». Os Estados Unidos gostam de se considerar como uma espécie de luz da Democracia. Rickenbacker, o herói da guerra contra a Alemanha, passou a ser tratado como um alemão. A administração Roosevelt entrou pelo caminho da mais pura das censuras: proibiu que as suas opiniões fossem propagadas pelas principais cadeias de televisão e pressionou as direcções dos jornais a não lhe concederem espaço. Devolvido à condição de Rickenbacher, o Huno, viajava como passageiro num Douglas DC-3 que se despenhou em Atlanta. Como nos livros de Texas Jack, entre os mortos havia um que respirava: Edward Rickenbacker. O seu estado era tão miserável, que ninguém o socorreu. Deram mais atenção aos vivos. Edie não resistiu. Só o seu cleopátrico nariz se manteve intacto."

Três grandes do ténis forjam clubite benigna

"No ténis também há três grandes, mas o comportamento de Federer, Nadal e Djokovic é distinto do que acontece entre SCP, SLB e FCP

Gosto de futebol, sou adepto do Sporting Clube de Portugal, mas isso não me impediu de vibrar com a presença do Futebol Clube do Porto nos quartos de final da Liga dos Campeões, nem de apreciar o esforço do Sport Lisboa e Benfica de recuperar de um atraso de sete pontos para sagrar-se campeão nacional.
Fruo do desporto pelo que tem de mais espectacular, pelos feitos históricos, pela superação de barreiras do ser humano, pelo exemplo que dá a outras dimensões da vida em sociedade.
Vejo no desporto algumas das mais lindas lições da grandeza humana… mas também algumas das nossas manifestações mais negras. A clubite é uma delas.
O ambiente de guerrilha do futebol nacional é nefasto ao seu desenvolvimento e contraria a essência do desporto.
No ténis também há três grandes, mas o comportamento de Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic é distinto do que acontece entre SCP, SLB e FCP.
Embora não concorde totalmente com a proclamação de que são os três melhores tenistas de todos os tempos, a verdade é que são vistos como tal pelo público, pelos media e pelos seus pares.
E à medida que forjam um palmarés inédito e exercem um domínio nunca antes visto - partilharam entre si os últimos dez títulos de Majors - tornam-se cada vez mais em perfeitos embaixadores, não só do ténis, mas do desporto.
Não é por acaso que desde 2005 arrecadaram entre eles dez estatuetas de Desportista do Ano nos Laureus World Sports Awards (Federer em 2005, 2006, 2007, 2008 e 2018, Dkokovic em 2012, 2015, 2016 e 2019, Nadal em 2011).
A rivalidade entre eles, no court e nos bastidores, é mais feroz do que o adepto anónimo percebe e a recente luta política pelo controlo do ATP Tour é só a ponta do iceberg, mas em público são exemplares no apreço mútuo (bem como por outros rivais), uma estima que julgo genuína. 
Perceberam que alimentar ódios de estimação como houve entre Jimmy Connors e John McEnroe, ou McEnroe e Ivan Lendl podem ser prejudiciais a todos e à modalidade.
Paradoxalmente, esses comportamentos edificantes não impedem que haja entre os fãs uma clubite futebolística.
No Eurosport, de cada vez que transmitimos um confronto entre membros do Big-3, recebemos mensagens nas redes sociais e por e-mail de vincada violência verbal dirigida ao rival do ídolo de cada um.
É normal. O desporto desperta paixões e essa é uma das bases do seu progresso e do seu sucesso económico. A diferença é que no ténis a clubite reduz-se aos fãs e não é alimentada nem exacerbada pelos media, treinadores, dirigentes e demais agentes desportivos."

Félix consolado e Félix desolado

"Em momentos de puro lirismo ainda me passa pela cabeça que é possível contrariar o império do dinheiro, mas o caminho é irreversível

1. Este Contador da Luz chega, hoje, às 100 crónicas. Um número centenário centrado, quase totalmente, num meu homónimo de apelido: João Félix. Entre ele e eu distam 51 anos e 214 dias de tempo de vida, ele que, curiosamente, faz anos no mesmo dia outonal em que o meu Pai, de quem recebi o apelido, também fazia. Com este jovem na crista da onda mediática, volta a questão da pronúncia apelido. Félix deve pronunciar-se como se acabasse em s e não em cs, respeitando, assim, a origem da palavra dos tempos do início da formação da língua portuguesa. Deve ser lida como cálix e cóccix (se acha que não, experimente o leitor dizer esta palavra como muitos dizem Felics...).
Em escassos seis meses, a vida de João Félix mudou radicalmente. Foi titular indiscutível na equipa principal do Benfica, mas apenas desde Janeiro sob a direcção de Bruno Lage, embora tivesse brilhado nos juniores, o que, há um ano, muito ajudou o clube a sagrar-se campeão nacional.
Dentro de semanas, Madrid substitui Lisboa e o Atlético espanhol segue-se ao SLB. Muito se tem dito sobre os prós e contras desta mudança tão rápida, quanto alucinante. Para um teenager na idade de todos os sonhos, não é fácil ter de fazer uma escolha desta magnitude, pois que ao lado de uma opção está sempre uma renúncia. Melhor? Pior? O tempo se encarregará de dar a resposta.
É óbvio que terá sido uma decisão pensada e ponderada. É natural que tenha tido a ajuda imprescindível da sua família e o acompanhamento profissional do seu agente. Percebo os riscos associados a qualquer das opções que tiveram de sopesar.
No fundo, a decisão é um caminho entre o certo hoje e o incerto amanhã. Entre o seguro agora e o arriscado depois. Entre o apanhar o comboio que passa e o esperar pelo próximo. Entre o fascínio e a maturidade. Entre a meta e as etapas. Entre o maior resguardo e a maior solidão. Entre o coração sem cifrões e o dinheiro sem pulsações.

2. Como benfiquista, sinto alguma divisão dentro de mim. Fico desolado futebolisticamente falando. Tenho de me resignar diante de um futebol, em que primeiro está o ter e cada vez menos o ser, por via da regra impositiva do poder dos dinheiros sem pátria. Nos últimos anos, assim tem sido com muitos atletas que permitiram ao Benfica na era L.F. Vieira ter superado a barreira dos mil milhões de euros (brutos) de encaixe financeiro. Ponho-me a imaginar o sonho de voltar a ser campeão europeu se, em momentos diferentes, tivessem continuando no Benfica, jogadores que passaram pelo clube durante uma época ou metade dela: Ramires, Witsel, Ederson, Oblak, Renato Sanches, Gonçalo Guedes, Lindelof, Matic, etc. Não esquecendo Bernardo Silva ou João Cancelo, que praticamente não conheceram o carinho da Luz. Custa-me muito que o meu clube não possa aguentar um pouco mais pérolas tão preciosas, que não aparecem de um dia para o outro. E se o meu coração encarnado continua a sangrar pelo notável Bernardo - ele próprio um benfiquista de alma e coração -, ver partir João Félix com o escassíssimo aperitivo de quatro meses (na 1.ª categoria) provoca um grande desconforto na inegociável alma benfiquista.
Por vezes, em momentos de puro lirismo, ainda me passa pela cabeça que é possível contrariar o império do dinheiro e a malfadada lógica de entreposto. Mas logo desperto do sonho acordado e percebo que o caminho é irreversível.
Respeito, racionalmente, a decisão da saída. É a vida, como sói dizer-se. Mas, na quietude cómoda da minha casa e diante do computador no qual agora escrevo estas palavras, tenho pena de não se terem conjugado caminhos para uma solução a contendo de todos. João Félix poderia ter amadurecido, humana e futebolistamente, mais uma ou duas épocas no Benfica. Creio mesmo que teria mais a aprender com Bruno Lage do que com Simeone. Bem sei que escolheu Madrid, ali mais perto de Lisboa, e não uma fria Alemanha, ou uma desinteressante França ou Itália (já quanto a Inglaterra, sou de opinião que seria a escolha ideal). Bem sei que vai para um forte clube que quer subir ao topo e do qual já se vem aproximando. Não tenho dúvidas de que será bem aconselhado e é um rapaz ajuizado. Todavia, o desafio, ainda com os seus 19 anos, tem riscos não despeciendos. Cito apenas um que não teria se estivesse mais um tempinhos na Luz (ainda que com menos dinheiro já em cima de muito dinheiro): com 120 milhões investidos e 6 ou 7 milhões líquidos por ano (cito o que tenho lido), não vai ter estado de graça, isto é, não vai ter muito margem de erro ou de adaptação. Isto perante os adeptos impacientes que sempre os há, os media-abutre espanhóis implacáveis contra os portugueses e o balneário onde a natureza humana da inveja e da injustiça relativa sempre espreita em momentos menos afortunados.
Centro e vinte milhões de euros é, de facto, um montante assombroso. O seu a seu dono. Uma operação que muito se deve ao presidente do Benfica, que teve o rasgo e a visão de dobrar a cláusula de rescisão ainda há bem pouco tempo e que nunca cedeu a uma transferência por um valor inferior. Não se trata apenas de um valor (bruto, é certo...) impensável para um rapaz de 19 anos, como também releva o facto de o recebimento ser imediato, o que também faz muito diferença, face ao recorrente escalonamento e diferimento dos recebimentos.

3. O mundo do futebol rico entrou numa zona para-obscena que nada tem a ver com o das sociedades em que se insere. Para os maiores clubes europeus, mais milhões ou menos milhões é quase igual ao litro. Ou são os consumidores que os pagam por via da repercussão nos preços dos bens e serviços por força dos direitos de imagem, da publicidade e patrocínios, ou são fundos soberanos de Estados distantes e ricos que têm meios, não raro em regime (consentido) de lavandaria e pronto-a-vestir. A isto a FIFA e a UEFA fecham os olhos e fingem fair play financeiro que só atiram aos países pobres e remediados com o seu selectivo dedo em riste.
Mas voltamos aos 120 milhões. Vejamos alguns exemplos do que significa este valor, em termos relativos, com outras indicadores do Portugal de 2019. Trata-se de tanto como 75% do total de taxas moderadoras que, no SNS, os portugueses pagam por ano. Equivale a 34% do total orçamentado com o Rendimento Social de Inserção, a 17% do Abono de Família, a 57% do Complemento Solidário para Idosos, prestação que é paga aos pensionistas de mais baixas pensões e sem outros recursos, ou, ainda, a 21% da totalidade do Subsídio de Desemprego. O montante da transacção equivale, por outro lado, a 37% do Orçamento do Ministério da Cultura e a 14% da totalidade da verba pública dedicada à investigação científica de carácter geral. E corresponde a 11% de todo o Sistema de Justiça (excluindo prisões) e - imagine-se! - a 8,2 vezes o orçamento de toda a Presidência da República. Comparando com impostos, equivale, por exemplo, a 31% do imposto de Circulação de Viaturas. O valor em causa é o mesmo que o salário mínimo português anual (14 meses) pago a 14.286 trabalhadores. Como se constata, oscilarmos entre o esplendor e o fausto deste Portugal da fantasia e a exiguidade do Portugal do comum cidadão.
Fiz ainda outro exercício. Comparei aquele valor com a capitalização bolsista das SAD dos três grandes que, conjuntamente, era, à cotação de ontem, 24 de Junho de 2019, de 129.325 milhões de euros (representando a SAD encarnada 53,4% do total). Montante pouco acima da cláusula de rescisão paga pelo clube de Madrid. Em jeito de brincadeira especulativa, seria caso para perguntar por que não fez o Atlético, com mais um pozinhos, uma Oferta Pública de Aquisição (OPA). Ficaria não só com o João Félix, mas com os três plantéis do SLB, FCP e SCP...

Contraluz
- Contratação: Fala-se da eventual vinda para o Benfica de dois jovens portugueses da Lazio, há dois anos transferidos do Sp. Braga por 28 milhões! Diz-se que custarão agora 20 milhões ao SLB. No total, 48 milhões envolvidos. Não conheço as suas potencialidades (na Lazio quase não jogaram..). Apenas sei que o intermediário é o mesmo de João Félix. Pura coincidência ou algo mais?
- Compensação: O FCP vai receber 1,2 milhões pela formação de João Félix no Dragão. Não que seja muito, mas é infinitamente maior do que terá recebido pelas saídas de Brahimi e Herrera (1,2/0=∞) e até dá para financiar parcialmente o pagamento que, no fim do processo dos emails, poderá ter de pagar ao Benfica.
- Constatação: Os rostos - até mais do que as palavras - não podiam ser mais elucidativos, quanto a comentadores afectos ao FCP e ao SCP falando do que antes juravam ser impossível: os tais 120 milhões. Foi elucidativa a decepção. Pudera! Ponho-me a pensar como me sentiria se João Félix tivesse feito o caminho inverso: da Luz para o Dragão...
- Felicitação: Ao Casa pia Atlético Clube (campeão) e ao Vilafranquense pela promoção inédita à 2.ª Divisão! Quanto à cidade de Lisboa, os gansos, que até já tinham uma presença na 1.ª Divisão (1938-39), compensam a ausência do Atlético e Oriental nos escalões profissionais."

Bagão Félix, in A Bola

Benfica Podcast - Best of 18/19 - Part IV

Benfiquismo (MCCXVIII)

Bento = Benfica

Os ciúmes que têm do Benfica

"Faz bem o que mais ninguém é capaz, porque tem um rumo e respeita um plano de crescimento subordinado ao admirável sentido estratégico do seu presidente

Não fosse a transferência de João Félix para o Atlético Madrid, mais os 120 milhões de euros que lhe estão associados, suscitando conversas e discussões ao nível de baiuca de aldeia, o defeso seria uma pasmaceira completa. Sem capacidade para investir no futebol de paróquia o resultado é este, nada de especial acontece.
O Benfica, campeão em título, é um oásis em deserto de ideias. Faz bem o que mais ninguém é capaz, porque tem um rumo e, principalmente, respeita um plano de recuperação e crescimento subordinado ao admirável sentido estratégico do seu presidente: primeiro salvou o clube das cinzas, depois investiu nas infraestruturas, com gastos substanciais que obrigaram a uma travessia longa, mas de risco controlado, até alcançar a estabilidade financeira que lhe permitisse concentrar forças e energias no ousado projecto desportivo. Que está em marcha e, como é óbvio e notório, não só coloca a águia em patamar superior comparativamente aos principais emblemas rivais como explica os ciúmes que estes lhe têm e não escondem.
Neste momento, o Benfica reforça-se a rejuvenesce-se, procedendo apenas a acertos pontuais na medida em que o corpo central do plantel se mantém. Será essa, creio, a intenção futura, justificada por uma linha de continuidade assegurada pela academia do Seixal, ficando o recurso ao mercado externo limitado à suspensão de carências que os meios internos não conseguirem solucionar.
Nenhuma surpresa, pois, pelo facto de o pilar principal formado por Jardel, Fejsa e Jonas, sobre o qual foi projectada a época transacta, ter perdido o protagonismo. O caminho de reconquista a isso obrigou. Abriram-se novos horizontes e os três indispensáveis, de repente, perderam espaço, embora por razões diferentes.
Jardel, ainda com Luisão no activo, adiou Rúben Dias, mas já não parou Ferro, nem prejudicou o crescimento da futura dupla de centrais da Selecção. Será chamado menos vezes ao palco, mas nem por isso verá diminuída a sua influência na comunidade.
O caso de Fejsa é diferente. O futebol do Benfica adquiriu outra intensidade com novas dinâmicas e debilitou a posição do médio, ao nível da velocidade que não tem e de disponibilidade física que lhe falta.
Jonas é o homem do golo. Sem ele era desgraça anunciada. Além disso, foi tema de discussões infindáveis e de sábios tratados jornalísticos quando Rui Vitória alterou o sistema de jogo. Porém, o avançado brasileiro, detentor de uma qualidade de execução superior, integra-se em qualquer desenho táctico. Foi o que fez, provando à saciedade a inutilidade das horas que se gastaram sobre um problema que, verdadeiramente, nunca existiu.
A idade não perdoa, e as dores nas costas também não, mas um jogador com a sua classe quase nem precisa de correr atrás da bola, é a bola que corre atrás dele... Não espantará, no entanto, se não couber no formato da águia 2019/2020. Tal como Salvio, por exemplo. O argentino chegou 2012, não está em causa a sua competência, mas as frequentes paragens provocadas por lesões somam dois anos de inactividade. É demasiado. O comportamento do Benfica é inatacável ao prolongar-lhe o contrato até 2022, mas as coisas são como são...
O espírito da reconquista trazido por Bruno Lage foi apenas o primeiro passo de um novo percurso. Ou não. O percurso será o mesmo, embora atacado com outra atitude. Com o prazer de acreditar que o Benfica vai voltar a ser campeão europeu, como confessou o director-geral Tiago Pinto, em entrevista publicada em A Bola. É esse o desejo supremo do presidente Luís Filipe Vieira e, garantidamente, de toda a grande família benfiquista.
(...)"

Fernando Guerra, in A Bola

Mercado pintado a várias cores

"O mercado começou, cedo, a agitar-se internacionalmente com a contratação de João Félix, por 120 milhões de euros. Agora, fala-se no interesse da Juventus na contratação de De Light, o que, tal como A Bola noticiava ontem, poderá originar um tsunami que irá varrer os melhores centrais do mundo, incluindo Rúben Dias. Torna-se, assim, previsível que a janela de verão seja das mais arejadas de sempre, por onde irão voar muitas centenas de milhões e muitos jogadores a caminho de novas paragens.
Em face dos colossais números dos grandes europeus, o mercado português apenas pode olhar lá para cima e rezar para que as pequenas verbas disponíveis deem certo.
No quadro dos três clubes maiores, o FC Porto é o que tem mais pressa em resolver e o que se mostra mais nervoso. O clube vai precisar de reestruturar toda uma equipa e de a tornar suficientemente competitiva para não deixar fugir o Benfica no restrito panorama nacional e ainda conseguir entrar na fase de grupos da Champions, um primeiro objectivo da época que é, desde logo, decisivo.
O Sporting vive, inquieto, a expectativa de venda de Bruno Fernandes. Será em função dessa transferência, eventualmente dolorosa e necessária, que irá traçar o quadro para o futuro imediato e para uma política desportiva que não poderá ir muito para fora de pé, sem risco de afogamento.
Por fim, o Benfica. É o mais descansado, muito embora se perceba que não gostaria de juntar Rúben Dias no adeus a João Félix. Preocupação maior será a de saber proteger com contratações de valor elevado para a realidade portuguesa, mas cirúrgicas."

Vítor Serpa, in A Bola

Tribuna de Honra - Mercados!!!

Estão a fechar Jonas num caixão como se a relação com o SLB fosse uma burocracia e não uma das histórias mais bonitas de amor

"Cada dia que passa é mais uma jornada de sofrimento. Entre saídas e chegadas, passando pelas incógnitas, sem esquecer as retiradas, o meu corpo pede uma ida existencial a banhos, um coma metaforicamente induzido, uma hibernação estival, enfim, um dia sem capas de desportivos e as histórias que põem comida na mesa de muitos, tantos, demasiados de nós.
Acordo e a primeira coisa que vejo é a saída iminente de Salvio. Ninguém confirma e ninguém desmente. Toto não publica nas redes sociais há um par de dias, o que é estranho, dado o ritmo prodigioso de blogger de maquilhagem que lhe é reconhecido. Procuro informar-me e nada, ou quase nada. Descubro que Magali tem, ela sim, tirado fotos em que exibe o seu corpo escultural. Uma das publicações especializada nestes temas explica-nos o contexto: "Mulher de Salvio prepara adeus a Portugal com fotografias escaldantes". Portanto, relativamente à saída de Salvio, a única coisa que sabemos é que a esposa do jogador tirou umas fotos semi-nua e isso será uma forma de se despedir dos portugueses. Uma parte de nós quer agradecer a Magali, enquanto a outra lamenta o ridículo a que nos prestámos.
Viro a página e de repente estão a tentar fechar Jonas num caixão. O avançado brasileiro esperneia, pede uns minutos para se despedir da família e dos benfiquistas, argumenta que ainda não há nada confirmado, que as suas costas talvez aguentem mais uma época, vá, mais um jogo, o último, o da despedida de um dos maiores avançados que os benfiquistas viram vestir o manto sagrado nas últimas décadas, mas os coveiros prosseguem indiferentes, despejando terra em cima de um caixão aberto enquanto falam sobre uma suposta vinda de Jonas a Portugal para se "desvincular", como se a sua relação com o Benfica fosse uma mísera circunstância administrativa e não uma das mais bonitas histórias de amor do futebol português nos últimos anos.
As emoções não terminam aqui. Jota está entre a espada e a parede. Bruno Lage conta com ele, mas só se o miúdo renovar o contrato. Dizem as más línguas que o jovem extremo, conhecido por gostar mais do Benfica do que muitos benfiquistas, quer ter a certeza que vai jogar. Seguimos esta linha de, chamemos-lhe, raciocínio, e tentamos saber se Bruno Lage já confirmou a titularidade do miúdo na primeira jornada do campeonato. À hora em que terminei este parágrafo ainda não tinha obtido uma reacção oficial por parte da SAD. Aguardemos.
Antes pedir mais minutos do que ser crucificado em praça pública antes mesmo de ter calçado. Os minutos vão passando e João Félix continua a desiludir. Não interessa se a época ainda não começou. O miúdo já é um caso perdido, mais um flop do futebol europeu, e eu só desejo que o miúdo saiba reciclar toda esta energia negativa e inveja em torno da sua transferência para transformar o ódio em amor e calar toda a gente.
Quando o dossiê João Félix for finalmente encerrado, e mesmo sabendo que ninguém utiliza dossiês desde 1995, alguém irá aparecer, munido da alegria contagiante de um cliente da Papelaria Fernandes, com um novo dossiê. Desta vez será Rúben Dias, que não consegue encontrar um espacinho na praia tal é a forma como tem sido acossado pelos gigantes europeus. Só descansaremos quando o jogador for vendido, ou se lesionar, ou disser que quer jogar no Benfica a vida inteira. A partir desse dia criticaremos a falta de ambição. Felizmente, nessa altura já o dossiê Florentino será já impossível de fechar, um daqueles dossiês que se tornam irritantes, entupido com folhas cheias de nada e separadores a delimitar cada capítulo de uma novela que já todos conhecemos, como termina e como acaba, ou nunca acaba, e que nos continuam a servir às colheradas.
Talvez fosse mais fácil se já estivesse de chinelo no pé a pensar que o meu único problema nas 24 horas seguintes era preparar as brasas para o almoço. Acordem-me nessa altura."

Prata histórica...

No Europeu de Judo, incluído nos Jogos Europeus, Portugal conquistou uma histórica medalha de Prata, na prova colectiva, derrotando a poderosíssima França a caminho da Final... e estivemos perto do Ouro!!! Quando fizemos o 3-0 na Final com os Russos, a equipa adversário recuperou, fez o 3-3, e depois no combate de desempate, foi sorteada a categoria que iria definir o vencedor, e acabámos por ter azar, já que calhou exactamente onde o desequilíbrio a favor dos Russos era maior...
As nossas três Judocas, tiveram em acção, a Barbara e a Rochelle venceram os seus combates, a Telma acabou derrotada pela actual Campeã Europeia...