"Depois de a Federação Portuguesa de Andebol ter arquivado apressadamente o “Caso Cashball” como se nada tivesse acontecido, sem aguardar pelo desfecho do processo de investigação judicial ou prorrogar ou suspender os processos de inquérito no sentido de aguardar desenvolvimentos dos processos judiciais associados, sem ouvir oficialmente outros clubes ou muito menos Paulo Silva (o empresário que confessou ter comprado árbitros e jogadores), acabou finalmente por sair a decisão do tribunal que levará a julgamento os arguidos sob o crime de corrupção desportiva, ficando assim comprovado os fortes indícios existentes do crime praticado.
O juiz considerou fortemente indiciado que os suspeitos elaboraram um esquema para beneficiar o Sporting em andebol. O relatório concluiu que um dos arguidos, Paulo Silva, terá abordado dois árbitros de andebol, em 2017, oferecendo-lhes 2.500 euros, com a intenção de os levar a beneficiar o Sporting em jogos com o ABC de Braga e o FC Porto.
Paulo Silva assumiu ter sido mandatado, através de intermediários que estariam em funções no Sporting, para corromper árbitros de andebol e jogadores de futebol adversários, de modo a favorecerem o Sporting.
No futebol, Paulo Silva terá oferecido 25 mil euros a Freire, do Chaves, para que este prejudicasse o seu clube nos dois jogos com o Sporting, mas o defesa acabou por recusar.
Numa decisão absolutamente vergonhosa, o Sporting escapará ao julgamento. Aparentemente, ser o clube beneficiário da corrupção não é suficiente como prova e serão julgados apenas aqueles que alegadamente corromperam em prol do clube. A acusação concluiu que os arguidos tinham 30 mil euros em cash (25.000€ + 2500€ + 2500€) para corromper os árbitros e os jogadores e que esse dinheiro seria dos arguidos e não do clube. Seguramente que foi tido em conta o facto de o dinheiro ter sido guardado em envelopes timbrados com o símbolo do Sporting, como o dinheiro que foi encontrado no cofre de André Geraldes, nas intermediações do Estádio Alvalade XXI.
Contudo não é a primeira vez que o imaculado Sporting Clube de Portugal escapa às garras da justiça com decisões absolutamente inacreditáveis e lamentáveis dos tribunais e que tendem a proteger escandalosamente a instituição, para que esta não caia nas distritais.
Convém, por isso, relembrar todo o histórico de corrupção ligado ao Sporting Clube de Portugal com arguidos – alguns já condenados – que, aquando dos atos (ou tentativa) de corrupção desportiva, estavam em funções no clube leonino e agiram com a clara intenção de beneficiar o seu clube, não obstante de, dizem os juízes, terem agido na exorbitância de funções. Paradoxal e anedótico.
𝟭) “𝗖𝗮𝘀𝗼 𝗖𝗮𝗿𝗱𝗶𝗻𝗮𝗹”, em que Paulo Pereira Cristóvão foi condenado pelos crimes de peculato, uso indevido de dinheiro e bens, cuja causa se tratou de um suborno ao fiscal de linha José Cardinal enquanto Pereira Cristóvão era vice-presidente do Sporting, tendo o Sporting saído ilibado do escândalo numa decisão completamente incongruente da justiça devido ao compadrio de juízes amigos do clube.
𝟮) “𝗖𝗮𝘀𝗼 𝗖𝗮𝘀𝗵𝗯𝗮𝗹𝗹”, em que Paulo Silva, José Manuel Mira Gonçalves, Gonçalo Nuno Esteves Rodrigues e André Geraldes foram indiciados de subornar árbitros e jogadores de andebol e futebol, tendo, também aqui, o Sporting saído ilibado e sido posto de parte devido a exorbitância de funções dos intervenientes.
𝟯) “𝗖𝗮𝘀𝗼 𝗣𝗮𝗹𝗵𝗶𝗻𝗵𝗮”, em que este andou parte do campeonato a jogar com 6 amarelos, nunca tendo cumprido o castigo aplicado pelo Conselho de Disciplina. Mais tarde, a Federação Portuguesa de Futebol acabou por ganhar o caso em tribunal após recorrer da decisão. Porém nenhuma penalização foi aplicada ao Sporting, tendo-se safado, assim, do cumprimento da lei sem que tenha cumprido qualquer pena pela gravíssima infração cometida (dizem os estatutos que daria descida de divisão).
𝟰) "𝗖𝗮𝘀𝗼 𝗣𝗼𝘁𝗲", em que nos encontrávamos na última jornada da época passada e em disputa estava o troféu de melhor marcador do campeonato. Numa decisão completamente trapaceira e vergonhosa, a Liga colocou o Sporting a jogar depois do Benfica, dando clara e inequívoca vantagem à equipa leonina e a Pote, que, assim, saberia de antemão quantos golos teria que marcar para ultrapassar Seferovic e ganhar o troféu de melhor marcador. Como seria de esperar, assim o conseguiram, com o médio sportinguista a fazer um hat-trick.
𝟱) “𝗖𝗮𝘀𝗼 𝗧𝗿𝗮́𝗳𝗶𝗰𝗼 𝗱𝗲 𝗱𝗿𝗼𝗴𝗮 𝗲𝗺 𝗔𝗹𝘃𝗮𝗹𝗮𝗱𝗲”, em que o líder da claque oficial da Juventude Leonina, Mustafá, conjuntamente com o ex-vice-presidente do Sporting, acabariam ambos condenados a penas efetivas de prisão por crimes de associação criminosa, roubo, sequestro, posse de arma proibida, abuso de poder, violação de domicílio por funcionário e falsificação de documentos. Cristóvão e Mustafá disseram ainda que da casa de Cascais só foram levados 80 mil euros, enquanto o tribunal referiu 145 mil. Ficaram, portanto, 65 mil euros que nunca foram encontrados na casa de Cascais, mas que, por magia e obra e graça do espírito santo, batem certo com os 60 mil euros no gabinete de André Geraldes em Alvalade, encontrados durante as buscas do "Caso Cashball". Este caso, inacreditavelmente, acabou arquivado, e André Geraldes é agora presidente do Estrela de Amadora.
𝟲) "𝗖𝗮𝘀𝗼 𝗝𝗼𝗿𝗴𝗲 𝗚𝗼𝗻𝗰̧𝗮𝗹𝘃𝗲𝘀", em que o antigo presidente do Sporting assumiu publicamente ter corrompido árbitros durante o período em que liderou os leões. "Paguei a árbitros para favorecerem o Sporting como pagaram dirigentes de quase todos os clubes e situações houve em que o adversário pagou mais do que eu", disse o antigo presidente leonino ao jornal A Bola, em 1998.
E não menos grave, temos os “𝗽𝗲𝗿𝗱𝗼̃𝗲𝘀 𝗱𝗲 𝗱𝗶́𝘃𝗶𝗱𝗮” da banca ao Sporting que lesaram os contribuintes portugueses e os bancos em quase 200 milhões de euros, algo inenarrável e digno de uma verdadeira república de bananas.
O Sporting Clube de Portugal goza de um estatuto de impermeabilidade que extravasa o plano financeiro, desportivo e judicial. Tem tentáculos, como mencionado com orgulho por Frederico Varandas, em todo o lado, seja na banca, imprensa, liga, federação e justiça. Tem afiliados como diretores de jornais desportivos, tem acionistas maioritários, como Álvaro Sobrinho, com ações em grupos de comunicação social que gerem jornais, revistas e canais televisivos.
Para os leitores terem uma pequena perceção da teia sportinguista, Álvaro Sobrinho é acionista da Pineview Overseas. Esta sociedade detém a participação da Newshold, que já se mostrou interessada na privatização da RTP. A Newshold é dona do semanário Sol e detém 15% da Cofina, que é dona do Correio da Manhã, Record, Destak, Jornal de Negócios, Sábado, CMTV, entre outros. Além destes, a Newshold de Álvaro Sobrinho – acionista maioritário do Sporting – detém ainda 2.4% no grupo Impresa, que é dono da SIC e do jornal Expresso.
Compreendem, agora, a inexpugnabilidade do clube de José Alvalade? É impossível combater isto sem que se comece a atacar verdadeiramente os tentáculos do polvo.
Podem tentar silenciar-nos, mas não nos calarão.
𝗖𝗢𝗡𝗧𝗜𝗡𝗨𝗘𝗠 𝗔 𝗔𝗦𝗦𝗜𝗡𝗔𝗥 𝗔 𝗣𝗔𝗥𝗧𝗜𝗟𝗛𝗔𝗥 𝗘 𝗔𝗦𝗦𝗜𝗡𝗔𝗥 𝗔 𝗣𝗘𝗧𝗜𝗖̧𝗔̃𝗢.