Últimas indefectivações

quarta-feira, 19 de junho de 2019

Formar para vender?

"Agora que estamos no defeso, vale a pena recordar o essencial: o futuro não é um negócio como os outros. Por vários motivos, mas o principal é que a sua racionalidade não está na geração de riqueza, no lucro ou na criação de emprego. Nunca esquecer, o propósito de um clube é vencer títulos e, como isso, satisfazer e alargar a sua base de adeptos.
Já se está a ver onde é que quero chegar. O Benfica tem tido a estratégia correcta: num futebol globalizado, a um país semiperiférico, com poucos recursos, resta-lhe a apostar na formação. É mesmo a única forma de se manter competitivo e gerar recursos suficientes para poder continuar a investir. Sem formação, os clubes portugueses estão condenados a definhar financeira e desportivamente.
O Benfica dos últimos tempos é um caso de sucesso na aposta estratégica na formação. De tal forma que se torna fastidioso enumerar os jogadores do Seixal que vingaram. A questão é que uma parte significativa vingou sem ter tido sucesso significativo com as camisolas do Benfica (Bernardo Silva e João Cancelo são os exemplos mais evidentes de vendas erradas e prematuras). É neste sentido que quer o lema escolhido - 'formar a ganhar' -, quer as sucessivas afirmações de Luís Filipe Vieira, sugerem uma mudança de estratégia: Desta feita, o objectivo da formação é, naturalmente, promover a sustentabilidade financeira, mas, de igual modo, garantir que o Benfica vence com base na formação (ao ponto de se fazerem promessas de um Benfica europeu, construído no Seixal=.
Neste contexto, a vontade de vender João Félix - e o entusiasmo não escondido com os valores das ofertas - é não só errada, como totalmente ao arrepio do que o Benfica anuncia. Por vários motivos.
O primeiro dos quais é que, estando ainda longe de ser um dos melhores jogadores do Mundo, João Félix é, claramente, um jogador muito diferenciado e, juntamente com Bernardo Silva, aquele com maior potencial entre os saídos do Seixal. Um Benfica europeu só será possível se o clube for capaz de reter talentos como João Félix.
A prioridade neste momento deveria ser mostrar que Félix deve ficar e fazer todos os esforços nesse sentido, em lugar de revelar entusiasmo com os valores astronómicos das ofertas. Tanto mais que do ponto de vista do jogador, uma saída prematura, ainda para mais para um clube com um modelo de jogo desadequado às suas características (é o caso do Atlético Madrid de Simeone), é um erro para o próprio."


PS: O Pedro está confuso, o que acaba por ser normal no meio deste circo mediático: o Benfica não quer vender o Félix, não vi, nem li nenhum membro da SAD mostrar entusiasmo pelos supostos €120M... bem pelo contrário!!! Aquilo que se está a preparar, é uma rescisão unilateral do contrato, por parte do jogador e não o contrário... são coisas diferentes!

João Félix só podia sair

"A saída do jogador do Benfica é um falso dilema e um processo maior do que o próprio

'Na minha perspectiva, o João beneficiaria muito em ficar', assevera o seleccionador nacional de futebol. 'Seria bom para todos se João Félix ficasse mais um ano', diz o ainda colega Andreas Samaris. 'Era importante João Félix ficar mais um ano', garante o anterior treinador, Rui Vitória. Se alguém pusesse a circular uma petição pela manutenção do jogador, facilmente chegaria aos muitos milhares de subscritores. E, no entanto, o miúdo do Benfica vai mesmo sair.
É difícil imaginar o que será para a cabeça de alguém com 19 anos saber que pode ser transferido pela estrondosa soma de 120 milhões de euros, passando numa época da equipa B do Benfica para um clube de topo europeu onde será obrigado, e rapidamente, a provar aos sócios e adeptos que vale cada euro que o passe custou e o salário que recebe a cada mês.
A isso junte-se a pressão diária na comunicação social, do empresário, dos clubes ou da família. É o futebol, faz parte do pacote.
O futuro próximo de João Félix é discutido diariamente e não é só se deve ir ou ficar. É por que clube deve assinar, onde pode ou não jogar com mais frequência, qual o treinador com melhor perfil para lapidar o diamante.
A vontade do jogador contará certamente. Mas menos do que devia. Começa pelo conceito de cláusula de rescisão. Basta alguém batê-la e o atleta é obrigado a bater as asas. Claro que se a sua opinião fosse irrelevante, não haveria, paralelamente, negociações salariais. Ninguém quer um jogador contrariado. Mas no caso de João Félix há a clara noção de que o que está em causa é maior do que a próprio e é algo que ele não controla. Há dinheiro, e muito, envolvido. É o que basta.
João Félix vale 120 milhões?
Costuma dizer-se que um bem qualquer (neste caso o passe de um futebolista) vale aquilo que alguém está disposto a pagar por ele. Se pagou pouco ou demasiado, se fez bom ou mau negócio, é outra questão. Uma coisa é certa: uma boa parte daquela soma vem do marketing que Jorge Mendes foi fazendo e faz à volta do 'seu' jogador, 'métier' em que é mestre. Sem desprimor para o atleta, porque o seu talento são os ovos de ouro desta milionária omeleta. Talento, sejamos francos, ainda não totalmente solidificado.
Percebe-se a discussão do ir ou ficar. É fácil sempre solidários com a ideia de que João Félix devia ter mais um ano no Benfica para consolidar as suas capacidades antes de outros voos. Mas na verdade é um falso dilema. E se há uma lesão (cruzes canhoto) ou as oportunidades de que agora se fala não existirem daqui a um ano? E fez sentido um jogador recusar ir para um grande clube das ligas mais competitivas do planeta? Se não for feliz em Espanha, pode sê-lo em Inglaterra ou noutro campeonato.
Chato, chato é o futebol português não ter a mínima capacidade para reter os grandes jogadores, seja, João Félix, Bruno Fernandes ou tantos outros.
Concretizando-se a transferência, é um prémio para a aposta de Luís Filipe Vieira na formação e um excelente retorno para o investimento no Seixal. Será também um Euromilhões para as contas do Benfica, mesmo descontando as milionários comissões."

Uma estrela que ainda cintila

"Chegou à Luz no dia 12 de Setembro de 2014.
Estreou-se no dia 5 de Outubro de 2014 e no mesmo dia marcou o seu primeiro golo pelo SL Benfica e em pleno Estádio da Luz.
Uma história com 183 jogos, 137 golos e 42 assistências.
Este é Jonas. Ou melhor. Este é um pequeno apontamento do que é Jonas. Números, jogos, golos e até assistências. São só uma bonita mas redutora imagem deste génio.
5 épocas de águia ao peito. Muito brilho daquele que tem sido a maior estrela a dançar pelos relvados da Luz.
Jonas é talento, Jonas é golo, Jonas é visão, Jonas é entrega, Jonas é personalidade, Jonas é professor, Jonas é adepto, Jonas é entrega, entrega à camisola, ao símbolo que carrega no peito. Jonas é genial. 
Agora, com 35 anos, os problemas físicos agravam-se e as lesões tornam-se mais recorrentes e limitativas. E depois de uma época onde foi determinante na pior fase do SL Benfica e quase ausente na melhor fase, muito se tem falado sobre a possibilidade de Jonas se retirar, de colocar um ponto final no belo poema que tem escrito de bola no pé e águia ao peito.
Jonas é importantissímo para o Benfica, para a consolidação de uma nova afirmação perante a tentativa de recuperação do FC Porto. Jonas faz do SL Benfica uma força ainda mais impactante. Seja a 100%, a 80% ou a 60%. Seja como titular indiscutivel ou suplente de luxo.
Cabe ao departamento médico do SL Benfica perceber o quanto limitado está o craque brasileiro. E cabe a Jonas perceber se ainda se sente capaz de dar o seu contributo ao Sport Lisboa e Benfica nos relvados. Mesmo limitado, se o jogador se sentir capaz e o departamento médico o der como apto, o lugar de Jonas é no plantel do SL Benfica para 2019-20.
Jonas necessita de tempo para passar a batuta. A sua importância no relvado, nos treinos e no balneário é inequívoca. Ensinar os novos jogadores, motivar todos aqueles que estão consigo, apoiar o treinador e espalhar o seu génio pelos relvados sempre que assim for possível e necessário.
Se estivermos perante um cenário sem retorno, um cenário de impossível continuidade, que se mantenha por perto, que Jonas fique pelo menos esta época junto da equipa técnica, junto do plantel, junto dos adeptos benfiquistas.
Jonas merece mais um ano de SL Benfica. Merece despedir-se nos relvados, em festa por mais um título. E o SL Benfica merece mais um ano de Jonas, do seu talento e da sua paixão."

Eusébio: Um ano à Benfica

"Eusébio da Silva Ferreira é o novo reforço do Real Madrid. Após 12 meses de águia ao peito, o jovem que já ganhou a alcunha de "Pantera Negra" segue para o clube espanhol pela astronómica quantia de 120 mil contos. Recorde-se que Eusébio esteve vários meses sem poder jogar devido ao diferendo com o Sporting quanto à legalidade da sua mudança para o clube encarnado, mas a partir do momento em que se estreou, o mundo parou e assistiu: 29 golos em 31 jogos, incluindo 5 na caminhada na Taça dos Campeões Europeus que terminou, como se sabe, com a sensacional vitória sobre o seu agora novo clube na final: 5-3 ao Real Madrid, com 2 golos do prodigioso avançado. 
Conforme a transferência foi ficando definida, após representantes do clube madrileno se terem deslocado a Lisboa, vários adeptos foram-se reunindo à entrada do Estádio da Luz e os comentários variavam entre a tristeza e a resignação "temos que nos habituar a estes tempos modernos. No tempo do meu pai, nos anos 20 e 30 é que os jogadores ficavam a carreira toda no clube. Agora é diferente. Como se pode recusar 120 mil contos?" argumentava Pedro Marques, que veio de Oeiras de propósito até ao estádio. Já Rúben Morais parecia mais agitado "Tenho imensa pena! Gostava que Eusébio ficasse no Benfica mais 10 anos. Tenho a certeza que venceria muitos títulos e no final até lhe fazíamos uma estátua!". O pequeno Álvaro Araújo de apenas 10 anos é que chorava desconsoladamente "o Eusébio é o meu ídolo, tenho no meu quarto tantas fotografias e posters dele. O meu pai diz que eu tenho que continuar Benfiquista, mas acho que vou passar a torcer pelo Real Madrid..."
Ao final da noite o presidente Fezas Vital deslocou-se ao hall de entrada e falou finalmente com os jornalistas. "Sim, posso confirmar que o Eusébio vai jogar no Real Madrid a partir da temporada 1962/63.". "Presidente, o Real Madrid bateu a clausula de rescisão, o Benfica recebe a pronto?" perguntou o jornalista da RTP. "Bom...importante é que foi atingido o valor que tínhamos definido, depois existem para lá umas alíneas. Os adeptos devem compreender que nos tempos actuais é difícil para um clube Português segurar os talentos durante muito tempo.". "Mas o senhor tem dito e repetido que ambiciona ver o Benfica a vencer mais vezes a Taça dos Campeões Europeus, como o vai conseguir vendendo os melhores jogadores passado apenas um ano?" foi a questão colocada de forma pertinente pelo jornalista da Rádio Renascença. "Repare, o rumo foi definido e estamos muito focados nele. A formação do Benfica continuará a produzir novos Eusébios e o nosso treinador Béla Guttmann, que ficará muitos anos connosco, saberá tirar o melhor partido das jovens promessas, alterando até a táctica para incorporar esses novos elementos. Há até quem já chame a isso "A Benção de Béla Guttmann" disse o presidente, para riso dos presentes, procurando aliviar o ambiente tenso que se sentia. Recorde-se que lá fora continuavam vários adeptos, incluindo o pequeno Álvaro Araújo cujo choro se fazia continuar a ouvir.
Termina assim a saga do Pantera Negra no Glorioso. Com um ano à Benfica! Para os adeptos que se sentam na novíssima bancada do 3º anel do Estádio da Luz ficará certamente o desapontamento de não poderem continuar a ver Eusébio marcar golos no relvado do seu estádio. A não ser que Benfica e Real Madrid se voltem a encontrar na Taça dos Campeões Europeus. Aí talvez Eusébio marque um golo à sua antiga equipa e os Benfiquistas baterão palmas por esse feito da sua antiga coqueluche. Até lá, fica a convicção que rapidamente aparecerá um "novo Eusébio" e que o clube continuará a vencer títulos. Pelo menos a nível interno."


PS: O Bakero como conhecedor da história do Benfica, sabe que o Eusébio não foi vendido com a idade do Félix (mais ou menos) para a Juventus, porque foi obrigado a cumprir o serviço militar obrigatório, e pouco depois, em 1966, não foi para o Inter, porque a Federação Italiana, proibiu a contratação de estrangeiros após o Mundial... Tudo isto num tempo, onde existia uma coisa chamada: clausula de opção, que praticamente tornava os jogadores 'escravos' do Clubes para sempre... ou pelo menos ao momento que o Clube decidia não querer mais o jogador!

João Félix no “mercado de futuros”

"Qual é o valor justo a pagar pelo passe de um futebolista?

A história recente tem-nos presenteado com múltiplas respostas a esta pergunta, sem que seja possível encontrar um denominador comum. Há jogadores e jogadores, assim como há negócios e negócios. E há exemplos de sucesso e fracasso desportivo suficientes para defenderem teses contraditórias. O que não há é quem esteja disposto a fazer um esforço financeiro colossal sem uma perspectiva de retorno.
Vem esta discussão a propósito da iminente transferência de João Félix para o Atlético Madrid. Em cima da mesa está uma exigência de 120 milhões de euros (valor da cláusula de rescisão) a troco de um talento que num abrir e fechar de olhos passou de promessa a certeza. A ascensão galopante de um avançado de 19 anos em contexto de exigência máxima fez eco na bolsa de valores e rapidamente o empurrou para a galeria das excentricidades financeiras, daquelas loucuras que até há poucos anos só faziam sentido no universo de um qualquer jogo de computador.
Mas olhemos para o investimento com a racionalidade que se impõe. Do ponto de vista do equilíbrio da balança, o Atlético irá compensar a compra do passe de Félix com a venda do passe de Griezmann, a sua estrela maior, de saída para o Barcelona. Poderia usar essa folga para reforçar mais do que uma posição do plantel ou até para reduzir o passivo financeiro? Naturalmente. De todo o modo, não deixa de haver uma mitigação do esforço. Do ponto de vista desportivo, parece claro que o avançado português foi o escolhido para desempenhar o papel do francês no “onze” de Diego Simeone, o que significa que os “colchoneros” apostarão (quase) todas as fichas na rápida afirmação da (ainda) jóia do Benfica.
Neste rosário entrarão também as contas de uma futura venda e, no limite, até de uma mais-valia. Sob esse prisma, lançar dados milionários em nome de um jovem de inegável classe acaba, muitas vezes, por ser um investimento mais “seguro” do que num jogador feito, com menor margem para gerar um negócio futuro. Com as devidas diferenças, foi o mesmo raciocínio que conduziu à decisão do PSG de contratar Kylian Mbappé (180 milhões de euros) ou do Barcelona de assegurar os serviços de Ousmane Dembélé (105 milhões) e, mais recentemente, Frenkie de Jong (75 milhões).
É obviamente um risco, como são todas as decisões, no mundo do futebol e fora dele. Um risco exponenciado pelos milhões de euros que o acompanham, mas reduzido tanto quanto possível pela aturada observação que foi feita à performance do jogador. Foi graças a esses relatórios detalhados que a direcção do Atlético se deixou convencer, confiante na capacidade de João Félix continuar a mostrar em Espanha a enorme maturidade e qualidade que revelou em Portugal e na Liga Europa.
A exibição categórica diante do Eintracht Frankfurt, coroada com um hat-trick em plenos quartos-de-final da competição, poderá ter sido a onda que varreu as dúvidas que ainda subsistiam. O nível de exigência subiu em flecha e o avançado respondeu com autoridade. Quer isto dizer que está pronto para as agruras da Liga espanhola? Não necessariamente, mas não deixa de ser um forte indicador de uma resposta capaz em cenário de pressão acrescida.
Do lado de cá, podemos discutir se o timing é o adequado ou se o avançado está preparado para as expectativas que automaticamente disparam sempre que começam a voar maços de notas de uma conta bancária para várias outras. É legítimo pensar que uma oportunidade destas só bate à porta uma vez na vida, tal como é lícito defender que mais uma época em Portugal faria de João Félix um jogador mais preparado para outros voos.
No fundo, apenas ele conseguirá resolver esta equação, sabendo que só com rendimento poderá conquistar aquela parte do país desportivo que lhe apontou o dedo na estreia pela selecção A e continuar a convencer aqueles que se congratulam por verem mais um português a aproximar-se do topo da pirâmide do futebol."

Tribuna de Honra - Félix no meio de muita azia...!!!

Futsal 18/19

"Terminou no passado fim-de-semana a época do Futsal e agora é a altura ideal de fazer uma introspecção da época. O Benfica recuperou o título de Campeão Nacional e venceu ainda a Taça da Liga. Perdemos a Taça de Portugal nos penalties e fomos eliminados da Champions League por diferença de golos. Numa modalidade onde os títulos europeus são perfeitamente alcançáveis, não podemos dizer que a época tenha sido um sucesso estrondoso, mas foi uma época muito boa.
As indicações na pré-época foram as melhores. Vencemos quatro torneios e na Futsal Masters Cup batemos o Magnus Futsal e o Inter Movistar por 4-2 ambos. O início da temporada também foi muito bom. Ganhámos o Grupo da Ronda Principal da Champions League que tinha o Barcelona. Batemos o Sporting por 4-1 na Jornada 6. Só em Novembro chegou a primeira desilusão. O Benfica apesar de ter ganho seu grupo na Champions League, não ficou com a organização da Ronda Elite, oferecendo a vantagem caseira ao Sporting. O Sporting jogou sempre depois e sabia sempre que resultado lhes convinha. Na jornada final um empate 2-2 permitiu que o Sporting passasse para a Final Four e que o Benfica ficasse por aí. Dois meses depois vencemos a Taça da Liga por 3-0 ao Braga. Em Março perdemos a Taça de Portugal nos penalties e em Abril garantimos o primeiro lugar na Fase Regular. 
No playoff começámos muito bem com duas vitórias sobre o Elétrico. Depois apanhámos o Fundão, onde precisámos de ir ao Jogo 3. A Final com o Sporting só se resolveu na negra. Perdemos os dois jogos que foram a prolongamento e ganhámos os três jogos que se resolveram dentro do tempo regulamentar. Na minha opinião dominámos a Final. Acho que o Sporting foi superior apenas nos Jogo 4. Todos os outros o Benfica controlou bem. Mostrámos um bom Futsal, com bom controlo da posse de bola, com um bom 5x4, com uma defesa agressiva e no Jogo 5 defendemos muito bem o 5x4 do Sporting. Acho que foi a melhor Final dos últimos anos. Batemos o Campeão Europeu. É importante não esquecer.
Agora vem aí o mercado de verão. Silvestre Ferreira, Bruno Graça e Cristiano Marques vão ser emprestados ao Eletrico. Tiaguinho, que esteve emprestado ao Braga, vai ser emprestado ao Módicus. Raul Campos e Marc Tolrà vão voltar para Espanha, para o Palma Futsal e para o ElPozo respectivamente. Do lado das entradas, vamos contratar André Sousa para guarda-redes suplente, que até à Final era apontada como a maior falha do nosso plantel que perdia constantemente nos penalties contra o Sporting, mas que depois da exibição de André Correia no Jogo 4 (defendeu 5 livres de 10 metros), talvez já não seja. Vamos também contratar, alegadamente, Fernando Drasler, um fixo do ElPozo. Fala-se que deveremos ir buscar alguns jogadores à formação do Sporting. E por último, parece-me que o plantel deverá fechar com um pivot. O russo Ivan Chishkala já foi apontado pelo ZeroZero. Quando soubermos com mais certezas os plantéis, tanto do Benfica, como do Sporting, iremos fazer um post de previsão da próxima época."

5 minutos à Benfica - Esquema Lage

5 minutos à Benfica - Rescaldo das modalidades 18/19

O Cantinho do Olivier - ep. 3

Benfiquismo (MCCXI)

O meu ídolo...

Manipulação... pela enésima vez!!!

"Boa noite a todos e aos nossos colegas da CMTV. Só para informar que a nota de rodapé do acórdão não é uma acusação ao Benfica por parte do juiz. É isso sim, uma lista das acusações do FC Porto ao Benfica dentro do contexto da divulgação dos emails no Porto Canal.
É só para isto não passar entre os pingos da chuva, chega de deturpação. É urgente esclarecer o grande público, pena a CMTV não estar para aí virada."

A loucura do mercado

"A profissão de futebolista é das poucas em que se pode ganhar uma fortuna antes de apresentar serviço e em que as expectativas de um futuro currículo podem valer mais do que o currículo em si. João Felix, de 19 anos e seis meses como “estagiário”, vale mais para os empregadores do que Eden Hazard, de 28 e profissional de classe mundial com dezenas de títulos colectivos e individuais.
Os espectadores, estupefactos ou incrédulos, dividem-se entre o orgulho e a inveja, consoante a proximidade com os protagonistas, mas, no fundo, tendem a acreditar que existe uma lógica para as loucuras do mercado dos dirigentes, apesar de nenhum negócio poder prosperar com este sistema. Nenhum negócio normal, quero dizer, o que não inclui o dos agentes, também conhecidos como "empresários".
Os media ampliam este frenesim e, ao fim de quase trinta anos de mercado de verão, continuam na mesma lógica insana de considerar e apresentar ao público qualquer candidato como excelente, evitando o odioso da dúvida metódica. Os jogadores, por menos qualidade que possam ter, são todos apresentados como “reforços”: no Atlético de Madrid ninguém duvida neste momento que João Félix seja um reforço e ai de quem ouse duvidar.
E não devia ser assim. Mesmo correndo o risco de perder alguns achados, a lógica de gestão de um clube profissional devia reger-se por objectivos e premiação, como na maior parte das carreiras profissionais. Porque a taxa de sucesso relativo das novas contratações não ultrapassa os 20 por cento, o que equivale a dizer que são muito mais os falhanços do que as boas operações desportivas e financeiras e que 80 por cento dos jogadores valem menos na venda do que na compra.
Tomemos como exemplo o mercado português de há um ano. O Benfica contratou Vlachodimos, Corchia, Ebuhei, Conti, Lema, Alfa Semedo, Gabriel, Ferreyra e Castillo. O FC Porto reforçou-se com João Pedro, Janko, Jorge, Mbemba, Eder Militão, Bazoer e Paulinho. O Sporting adquiriu Renan, Viviano, Bruno Gaspar, Marcelo, Gudelj, Nani, Raphinha e Diaby.
Neste conjunto de promissoras estrelas gastaram os três clubes 80 milhões de euros, que teriam redundado em perda quase total, não tivesse havido o milagre Militão, graças à incompetência do “scouting” do Real Madrid, que podia tê-lo adquirido um ano antes por seis vezes menos. Para lá do defesa brasileiro, só Vlachodimos, Gabriel, Renan, Gudelj e Raphinha se encontram, ao fim de um ano, numa linha de evolução desportiva que justifique a aposta. Tudo o resto, com o devido respeito, foram erros de casting ou de incompatibilidades com os objectivos - dentro da média habitual de apenas um acerto por cada cinco contratos.
Quando são cada vez mais e maiores os espaços mediáticos dedicados ao tema em época de defeso, um trabalho dos mais difíceis e complexos, devido aos evidentes riscos permanentes de especulação (dos jornalistas), manipulação (pelos agentes) e propaganda (dos clubes), em que o sentido da abordagem é sempre positiva, alimento a expectativa de um especialista que seja capaz de vaticinar fracassos e que entre em contraciclo com a tendência de que tudo o que vem ao mercado é craque.
E esta transferência de João Félix para o Atlético de Madrid tem muitas possibilidades de redundar num erro de casting também, desde a relação custo-rendimento, à adequação equipa-jogador: o Atlético não é, seguramente, o clube indicado para quem queira tornar-se no melhor jogador do Mundo."

Jorge Mendes e o Benfica

"Por esta altura, já não parece haver muitas dúvidas que João Félix até Julho será apresentado noutro clube. Três dos mais altos dirigentes do clube vieram dizer ao longo do último mês que ele só sairia pela cláusula, como tal, não há outra maneira de ele sair a não ser pelos 120M da cláusula. Eden Hazard custou 100M ao Real Madrid, Julian Brandt custou 25M ao Dortmund e Frankie de Jong custou 80M ao Barcelona. Não há maneira possível ou imaginária de alguém pagar 120M por João Félix. Ele muito provavelmente vai valer isso ou até mais. Mas neste momento não vale. Ainda assim, aparentemente, alguém vai mesmo pagar esse valor e tudo isso se deve única e exclusivamente a um só nome: Jorge Mendes.
O mercado do futebol mudou após a transferência de Neymar para o PSG. Desde aí os valores ficaram todos muito inflacionados. 27 das 50 maiores transferências da história foram feitas nesse verão ou nos dois anos que se seguiram. Jogadores de 30-40M começaram a chegar a valorizações de 70-90, num instante. O Benfica nunca fez uma grande transferência já depois da chegada de Neymar a Paris.
Ainda assim, o trabalho de Jorge Mendes é inegável:
1. Ederson, com ano e meio de Benfica, é o 4º guarda-redes mais caro do mundo, sendo que os dois primeiros foram ambos transferidos pós-Neymar. Foi mais caro que Courtois (pós-Neymar), Neuer (30M), de Gea (25M) Lloris (12.6M) ou ter Stegen (12M).
2. Victor Lindelof é o 17º central mais caro do mundo e jogou apenas um ano e meio também. O Davinson Sanchez foi do Ajax para o Tottenham no mesmo ano, mas já com o mercado a fechar e custou apenas 40M. O Rudiger e o Hummels foram para o Chelsea e para o Bayern pelo mesmo preço que o sueco custou ao United.
3. Nelson Semedo é o 3º lateral direito mais caro da história. Custou mais que o Danilo (31M ao Real Madrid), custou quase o dobro do Ricardo Pereira ou do Diogo Dalot. Custou menos 5M que o João Cancelo, se bem que com a cláusula dos 5M pelos jogos, a diferença já é "só" de umas centenas de milhares de euros.
4. O Gonçalo Guedes não valia, nem de perto, os 30M que custou ao PSG. Nem titular indiscutível do Benfica era. O rapaz vai ser um extraordinário jogador, mas nem titular no Benfica era, como é que poderia valer 30M?
Todos estes negócios incríveis só aconteceram devido a Jorge Mendes. É um facto. Estes jogadores, com outro agente qualquer, nunca sairiam por estes valores ao final de apenas meio ano ou um ano de experiência profissional. São raríssimos os casos em que isso acontece e normalmente é sempre consequência do contexto (o mercado está a fechar e já não há mais alternativas, como tal o clube tem que pagar um preço premium). Isto quer dizer, que para mim, aquela conversa do “ele só vende os jogadores que são fáceis de vender” não se pode aplicar. Não é fácil vender um jogador que tenha tão pouca experiência. E daqui surgem duas perguntas completamente legítimas:
1. Se os jogadores ficassem mais tempo, não seria mais fácil vender por esses preços? Pois. Parece-me bastante óbvio que sim. O Sporting não vendeu João Mário, Slimani e Bruno Fernandes à primeira e conseguiu maximizar o valor de cada um. No entanto, por alguma razão que ainda me é difícil descortinar, o Benfica continua a vender jogadores sem grande experiência. E muito se deve à máquina de propaganda que temos montada para valorizar os jogadores. Não é preciso os jornais fazerem entrevistas a dirigentes, ou fazerem mega-reportagens sobre o Seixal, para o mundo saber que temos realmente a melhor Academia do Mundo. Isso vê-se pela qualidade de jogadores que sai de lá. No entanto, nós estamos sempre a vender o nosso peixe e a certa altura isso começa a prejudicar mais do que beneficiar.
2. Para quê vendê-lo? Se o João Félix não vale 120M e se alguém paga 120M é porque metemos o maior vendedor do futebol mundial a vendê-lo? É algum título para o Benfica ter a 5º transferência mais alta do futebol mundial? Nenhum dos 120M vai chegar ao meu bolso. Nem dos 120M, nem dos 80M que já tínhamos feito em vendas (Jimenez, Jovic e eventualmente Carrillo). A única coisa que o Benfica me dá são títulos e ao vender o João Félix estão a baixar a probabilidade do meu Benfica ganhar títulos. É que os 120M vão chegar cá, pelo menos 12M vão para o Jorge Mendes (como é perfeitamente justo, porque sem ele o João Félix não seria vendido por 120M) e os 108M que sobram vão ser gastos em Jhonder Cadiz, Pedros Neto e jogadores parecidos. Já verdadeiros craques, talvez tenhamos a sorte de um Raul de Tomás, mas ficaremos por aqui. Para quê meter o maior vendedor do mundo a vender um craque quando depois não fazemos nada com o dinheiro a não ser esbanjá-lo em jogadores que não precisamos. O Pedro Neto, que não é mau jogador, não é melhor que o Willock, Zivkovic ou que o Jota. E muito provavelmente um ou dois destes jogadores não vão ter lugar no nosso plantel. Para que é que queremos o Pedro Neto se podíamos ter o João Félix?!
Jorge Mendes, dependendo da perspectiva de cada um, pode ser um grande parceiro da empresa Benfica ou o pior parceiro do clube de futebol SL Benfica. Se vocês virem o Benfica como uma empresa, de certeza que estão contentes com a venda do João Félix e com o parceiro Jorge Mendes. Se vocês vêem o Benfica como um clube, não sei quanto mais tempo vão aguentar. Eu pessoalmente começo a ficar um esgotado com a conversa de “queremos fazer uma boa campanha na Europa” e “vamos fazer tudo para os segurar”, mas um mês depois lá temos o melhor vendedor do mundo a negociar a nossa melhor promessa. E é verdade, nós vamos sair por cima disto tudo. O João Félix ainda não vale 120M (ou 108M porque 10% são do Jorge Mendes). Mas também vamos perder um jogador da qualidade de Félix que sabemos que se calhar só daqui a mais 20 ou 30 anos poderemos ter um igual.
O Eusébio se reaparecesse no Benfica hoje, era vendido ao final de 6 meses. Temos uma Estátua do nosso melhor jogador de sempre que se tivesse nascido 60 anos mais tarde, teria sido uma lenda de um Atlético Madrid ou de um Manchester City. Se isto não faz os benfiquistas pensar, eu não sei o que fará."

O 'Dôjô' (centro de prática)

"Os praticantes de artes marciais e desportos de combate (AM&DC) evoluem num espaço próprio, espaço esse que impõe um código normativo e um conjunto de condutas. É apelidado, pelos praticantes, de “dôjô”, que podemos traduzir como dô, caminho ou via, e jô, lugar de treino.
No conceito processual de Merton, os centros de prática são um “lugar estratégico de investigação”. O dôjô insere-se nas chamadas instalações desportivas de base formativa. Mesmo que seja um ginásio, o dôjô tem um significado mais abrangente. Para os praticantes de AM&DC marciais, “o dôjô não é apenas um ginásio, mas um lugar sagrado” e de “iluminação”, onde, sem hierarquia de classes sociais, se vai treinar o corpo e o espírito, segundo a via (dô), desenvolver, através da dura aprendizagem das técnicas, as qualidades físicas e morais (endurecimento, vontade, perseverança, lealdade, força de carácter), combater os defeitos como as vaidades, orgulho, preguiça, etc. Um treinador de judo disse-me, em entrevista, em 2017, o seguinte: “surge nas artes marciais uma distinção. O desporto treina-se no ginásio. As artes marciais treinam-se no dôjô, no local de iluminação. A diferença é de atitude mental. Para quem inicia a prática, isso não faz sentido. Tem que ser educado. No desporto não educam. Para nós, quando alguém entra é logo ensinado a fazer uma saudação. Para nós, é o local onde vamos evoluir. Temos que mostrar respeito”.
O dôjô pode ser uma sala de treino privada, equipada com espelhos e sacos de boxe, ou uma sala de um clube público devidamente apetrechada. É o local onde os entusiastas partilham os seus treinos e conhecimentos. É o espaço longe do ambiente familiar. Os rituais (conjunto de signos – fórmulas, sinais e palavras – destinados a regular certos actos) praticados no dôjô mergulham os praticantes no tempo dos samurais, dos mestres, cujos retratos, “totens do grupo” figuram no local.
Para além de ser um local de prática e de ensino de artes marciais e desportos de combate, onde se encontram homens e mulheres de direita e de esquerda, ateus, agnósticos e crentes, idealistas e oportunistas, outros acontecimentos ritmam o dôjô: organização de almoços e jantares entre amigos, organização de passeios, festas, colóquios, seminários, etc. É frequente escutar durante os aquecimentos musculares (“warm-ups”) os praticantes falarem sobre temas societais variados: política, religião, relação familiar, sexualidade, vida quotidiana, entre outros. No fundo, os centros de prática são as células base deste desporto e funcionam como “empresas” concorrentes.
A adesão a um centro de prática não é, por vezes, um critério satisfatório. Os membros-praticantes não estão no mesmo plano. Alguns pagam a sua mensalidade e dão-se conta que não gostam da disciplina que eles imaginavam diferente à partida (ou seja, a um plano sonhado pode não corresponder a um plano prático); outros acabam por deixar a actividade (aborrecem-se ou têm impedimentos familiares ou profissionais); outros, apesar de gostarem, são “alérgicos” aos esforços físicos. Querem fazer o menos possível. Existem “corpos activos” e “corpos preguiçosos”.
Para frequentar os treinos, os praticantes têm que pagar, para além de uma mensalidade (entre os vinte e cinco e os trinta e cinco euros), um selo anual, que se coloca num cartão pessoal (quando existe), permitindo-o ir a estágios e a treinos especiais. Para além disso, e caso o praticante não tenha, é exigido o pagamento de um seguro desportivo na ordem dos cinco euros (valor variável). Com tantos pagamentos, muitos jovens são forçados a renunciar à prática das AM&DC (e de outras práticas desportivas) por falta de recursos financeiros.
A observação da realidade da vida quotidiana de um dôjô permite verificar que a frequência de um centro de prática implica um “conjunto de regras/normas básicas”, que poderão ser de comportamento, de saúde e de higiene, quer pessoal, quer das instalações. No caso do karaté e aikido, por exemplo, antes de começarem a treinar, os praticantes devem alinhar de frente para o instrutor/treinador (da esquerda para a direita) por ordem de graduações; os praticantes devem envergar correctamente o “keikogi” (também chamado de kimono) durante a prática da modalidade; os praticantes devem conservar o fato limpo e em bom estado; os praticantes devem respeitar os superiores e os colegas; os praticantes devem estar atentos aos ensinamentos do instrutor/treinador; os praticantes devem manter o silêncio no dôjô; é “proibido” o excesso de adornos; a assiduidade e a pontualidade para os treinos são factos muito importantes; sempre que um praticante chega atrasado à sua aula deve procurar obter do respectivo instrutor autorização para tomar parte do mesmo; os alunos mais antigos devem procurar ajudar os mais novos; todos os interessados que queiram observar um treino devem pedir licença ao instrutor apresentando-se no dôjô no mínimo dez minutos antes do treino começar, e comprometer-se a permanecer, sempre que possível, até ao final do mesmo.
O dôjô é também uma realidade mutável. Como muitas associações não têm dôjôs próprios, vêem-se obrigadas a praticar em espaços alugados ou emprestados. Isso leva a que fechem e abram com alguma facilidade. Claro que o encerramento de um dôjô não implica muitas vezes a diminuição do número de praticantes. Eles podem transitar para outro dôjô que esteja a funcionar. No caso português, existem associações que têm dois ou três dôjôs a funcionar e outras que têm dezenas."

Especialização precoce no desporto: Quantos mais melhor?

"O Modelo de Desporto Português está falido! Sem a sua reforma, as selfies não produzirão medalhas olímpicas e esconderão a destruição de valor desportivo e juvenil!
Em Portugal a prática desportiva dos jovens é um território mal-amado como demonstram os resultados nacionais que situam o país nos últimos lugares europeus. Enquanto os países europeus da dimensão de Portugal conseguem que 7 a 10 dos seus jovens ganhem medalhas em cada sessão dos Jogos Olímpicos, ultimamente Portugal apenas consegue que 1 dos seus jovens seja medalhado. Avaliando o desempenho de Portugal pelo dos outros países, nos mais de 100 anos de história olímpica, houve centenas de jovens portugueses que não viram o seu potencial desportivo concretizado enquanto todos os outros países ofereceram a centenas dos seus jovens as condições para conquistarem medalhas olímpicas.
As muitas respostas erradas os líderes desportivos afirmam “saber” que Portugal não ganha mais medalhas olímpicas porque é um país pequeno, porque os portugueses não têm os genes ou a cultura correctos e outras respostas desleais relacionadas com a não existência de talento juvenil.
As estatísticas da prática desportiva sugerem que o Modelo de Desporto Português tem limitações graves e não cria valor desportivo equivalente a outros países europeus. Outra resposta plausível é que mesmo que seja descoberto um talento desportivo, as condições da produção desportiva dos clubes, das associações e das federações são muito difíceis e quando desacompanhadas de boas políticas públicas, como acontece há décadas, as organizações desportivas, clubes, associações e federações, arriscam destruir o valor desportivo dos jovens talentos.
Trago o exemplo de jovens atletas que praticam modalidades que integram o programa dos Jogos Olímpicos de verão que não identificarei, nem os atletas.
Chamemos Abel ao primeiro jovem praticante desportivo por ter sido um campeão nos escalões etários e nas especialidades da actividade desportiva em que competiu. Abel teve muitas lesões, que se seguiram umas às outras, perdeu oportunidades de evoluir desportivamente mais depressa e, apesar desse historial, foi ganhando os jogos e as competições que havia para ganhar. Numa das últimas lesões enquanto atleta disse ao treinador do clube que tinha dificuldade em treinar porque ainda não se tinha curado. O treinador disse-lhe: “tu gostas é de estar lesionado!”. Este comportamento do treinador entre outras situações, que o Abel “já esqueceu”, levaram-no a recear o treinador do clube. No clube, Abel sempre teve um treinador, não tinha outras especialidades para o nível de competição que foi alcançando e não lidava com especialidades médicas acontecendo-lhe e a outros colegas terem de treinar e competirem recorrentemente sem curarem a lesão anterior. A estrutura técnica da federação, o director técnico nacional, com quem o atleta também contactou apoiou o comportamento do treinador do clube. Abel quis afastar-se do treinador que receava e falhou propositadamente uma competição. Nem a estrutura dirigente ou técnica do clube, nem os responsáveis ou técnicos do alto rendimento da federação dialogaram simultaneamente com o atleta e o treinador do clube, assumindo a perda desportiva do atleta. Muito menos o lado humano do Abel.
O Abel não está sozinho. Outro atleta e outra modalidade, o Inácio, só à terceira costela fracturada, os médicos decidiram fazer a prescrição da osteodensitometria confirmando-se os graves problemas de osteoporose. Hoje o atleta continua a praticar desporto de alto nível sozinho, pagando do seu bolso a sua preparação e a medicação adequada à sua condição clínica. As fracturas de stress são comuns em demasiados atletas, chamemos-lhes os Zorros, para percorrer as letras do abecedário de A a Z, quer devido aos erros dos treinos promovendo actividades que contrariam as capacidades físicas do atleta, que deveria ser preservado, quer pelas carências de especialistas que são exigidas no treino de alto rendimento desportivo e que Portugal não oferece o nível de excelência médica que é exigido aos atletas cumprir desportivamente.
A existência de treino e competição na condição de lesionado também é referida por especialistas em seguros indicando haver modalidades desportivas onde a integridade dos jovens era falseada e a criarem problemas para toda a sua vida ao terem lesões mal curadas e consecutivas até à destruição dos tecidos, do atleta e das suas legítimas aspirações desportivas.
A complexidade do crescimento músculo-esquelético estará a ser desconsiderada ao nível dos clubes, das associações e das federações a quem falta capacidade de responder ao nível das exigências do alto rendimento desportivo moderno, cujo principal obstáculo radica na ignorância da política pública desportiva alicerçada quer na jurisdicionalização abstracta do acto desportivo, quer na austeridade bruta e ignorante da criação e preservação de valor humano desportivo.
Falando com treinadores das modalidades encontram-se situações em que a nova direcção da federação ao chegar despediu a equipa técnica anterior e nomeou outra jovem e imberbe ou outra velha e relha cheia de vícios e truques e de resultados habitualmente baixos ou nulos. Estes treinadores referem que nos contactos internacionais que tiveram, observaram que as equipas técnicas preservam-se, investindo e acumulando saber e experiência.
Noutra dimensão internacional as equipas de treinadores são plurais e acompanham ao pormenor o treino dos atletas verificando o impacto dos treinos e competições na fisiologia do atleta para aquilatar se a carga foi demasiada, o que a acontecer levaria à fadiga dos corpos e a lesões pela continuação de esforços excessivos do treino e da competição. O mesmo se passa com determinados exercícios que se sabem exigir demasiado e que essas equipas internacionais acompanham todo o seu desenrolar e aos respectivos resultados na preservação do atleta, sempre na procura de resultados superiores.
O desporto português fala há décadas da importância da descoberta de talentos, do seu desenvolvimento e não tem processos complexos de avaliação dos resultados. Os resultados que as estatísticas do desporto evidenciam são que, se porventura existe sucesso na descoberta e no desenvolvimento dos jovens talentos, também se verificam fracassos que inviabilizam essa descoberta de talentos e que o desenvolvimento ao longo dos anos de prática desportiva oferecida pelo Modelo de Desporto Português acaba por anular os propósitos iniciais da sua descoberta, por benévolos que tenham sido. As estatísticas desportivas são claras no domínio dos resultados.
Há modalidades desportivas como a natação, o ténis e o basquetebol, por exemplo, que possuem uma aura de excelência devido ao sucesso europeu e americano e cujos atletas e equipas nacionais nunca se afirmaram nas competições internacionais sustentadamente apesar do significativo financiamento público realizado. Há casos como o Hipismo que foi a primeira modalidade a ganhar 3 medalhas olímpicas para Portugal há 100 anos e que nunca igualou esses resultados e existe a Vela, de um país que se diz de marinheiros, que tem uma situação semelhante. Há uma responsabilidade federada que é incapaz de atender aos limites da produção dos clubes na base e que os governos não têm a capacidade de precaverem e melhorarem.
Outra dimensão relacionada com os talentos é o negócio da prática desportiva das crianças e dos jovens que se deixa como exemplo de destruição de capital desportivo por valorização do negócio imediato de vários agentes e parceiros que a estrutura clubística e a federada não têm capacidade de combater e o Estado português olimpicamente ignora.
Hoje o Abel não compete, tem dores de roturas e excessos passados e sentimentos de culpa do receio que teve do treinador e do desinteresse do clube e da federação desportiva. O ‘receio humano’ que se apreende de António Damásio ao Expresso desta semana. Abel de vez em quando pratica a sua actividade de eleição e os receios repovoam-lhe o espírito, sem remorsos e certo de ter sido coerente. Permanece-lhe o amargo de resultados e marcas que lhe fugiram apesar do seu empenhamento, mesmo naqueles momentos que lhe exigiam o que agora ele tem a consciência plena que eram os erros do treinador do clube e da estrutura federada que não preservaram e potenciaram as suas capacidades e o capital humano desportivo que acumulou.
O Abel fez-se um jovem adulto de sorriso fácil, dedicado, individual e socialmente responsável, focado no seu trabalho, afectuoso e capaz de surpreender positivamente, mesmo quando as situações do seu trabalho lhe são adversas e ele contraria-as com inteligência, como o desporto lhe ensinou. 
Neste artigo procurei demonstrar que muito há que fazer em toda a estrutura de produção do Modelo de Desporto Português, para além do discurso obcecado sobre os talentos e a sua especialização precoce."