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terça-feira, 22 de abril de 2014

Lixívia 28

Tabela Anti-Lixívia:
Benfica......73 (-7) = 80
Sporting........66 ( 0) = 66
Corruptos...58 (+3) = 55
Braga.........36 (+1) = 35

Com 2 semanas de atraso celebrámos o 33.º título de Campeão Nacional da Gloriosa história do Sport Lisboa e Benfica... deveria ter sido na 26.ª jornada, na recepção ao Rio Ave, mas tendo em conta os tempos em que vivemos, não nos podemos queixar muito!!!
Nesta recente série de nomeações provocatórias, calhou ao Xistra fazer as honras na festa do título... e quando até podíamos pensar que o homem podia ser influenciado pelo ambiente de Festa - já que o título estava praticamente decidido, nesta, ou na próxima jornada, portanto não havia necessidade de reforçar a fama e o proveito de ser amigo dos Corruptos e adepto Lagarto: mistura explosiva!!!  -, usando este jogo para limpar a imagem de anti-Benfiquista - existe sempre a tendência, humana, de algum caseirismos nestes ambientes de festa... -, mas não foi isso que aconteceu. No meio da incompetência que voltou a demonstrar, ainda teve tempo para preciosismos ridículos, que só serviram para atrasar o jogo; usar critérios diferentes nas faltas perto das áreas; os seus fiscais também usaram critérios diferentes, já que os foras-de-jogo ao Olhanense eram só marcados quando os avançados tocavam na bola, e ao Benfica, mesmo sem tocar na bola, mas obrigando os Algarvios ao corte, foi suficiente para ser assinalada a irregularidade!!! Mas o grande erros foi o penalty óbvio sobre o Rodrigo, quando já estava 2-0... O penalty foi tão óbvio, que ele não marcou porque não quis!!! Nos dois golos do Benfica houve protestos dos jogadores e do banco do Olhanense, e o Xistra ao não marcar este penalty, quis mostrar 'imparcialidade'!!!
Mas curiosamente, essas duas decisões, nos golos do Benfica, foram exemplares!!! No primeiro golo, é o Luís Filipe que tenta empurrar o Lima, com carga de ombro, mas acabou por ser o Lima, mais 'pesado' a ficar em pé...; no 2.º golo, o Maxi, faz um corte limpissimo, e até foi o jogador do Olhanense a pontapear o calcanhar do Maxi, depois deste tirar de lá a bola...!!!

Não vi os restantes jogos, só acompanhei alguns resumos, e li as crónicas nos jornais. No Restelo o penalty sobre o Mané é bem marcado - apesar de totalmente desnecessário -, a única queixa foi a expulsão do Rojo. Admito que é um lance na fronteira entre o amarelo e o vermelho, não creio que tenha sido um 'erro' grave... Mas recordo que ultimamente o Cosme Machado tem usado um critério apertado.
No Dragay, tivemos um lance parecido, que foi resolvido ao 'contrário'!!! O Mangala ainda na 1.ª parte, leva amarelo e se calhar devia ter visto o Vermelho directo!!! E não jogava a Meia-final da Taça da Liga com o Benfica!!! O penalty sobre o Jackson, que desbloqueou o jogo aos Corruptos, foi de uma ingenuidade terrível por parte do Vilacondense!!!
Em Setúbal, o Braga foi prejudicado, com um penalty que ficou por marcar sobre o Pardo. A expulsão do Eduardo e respectivo penalty - desperdiçado!!! -, contra o Braga, foi bem assinalado.

Anexos:
Benfica
1.ª-Marítimo(f), D(2-1), Jorge Sousa, Prejudicados, (2-2), (-1 ponto)
2.ª-Gil Vicente(c), V(2-1), Paulo Baptista, Prejudicados, Sem influência no resultado
3.ª-Sporting(f), E(1-1), Hugo Miguel, Prejudicados, (0-2), (-2 pontos)
4.ª-Paços de Ferreira(c), V(3-1), Paixão, Nada a assinalar
5.ª-Guimarães(f), V(0-1), Bruno Esteves, Prejudicados, Sem influência no resultado
6.ª-Belenenses(c), E(1-1), Jorge Tavares, Prejudicados, (2-0), (-2 pontos)
7.ª-Estoril(f), V(1-2), Manuel Mota, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
8.ª-Nacional(c), V(2-0), Jorge Ferreira, Nada a assinalar
9.ª-Académica(f), V(0-3), Hugo Pacheco, Prejudicados, Sem influência no resultado
10.ª-Braga(c), V(1-0), Nuno Almeida, Prejudicados, Sem influência no resultado
11.ª-Rio Ave(f), V(1-3), Paixão, Nada a assinalar
12.ª-Arouca(c), E(2-2), Rui Costa, Prejudicados, Beneficiados, (3-2), (-2 pontos)
13.ª-Olhanense(f), V(2-3), Vasco Santos, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
14.ª-Setúbal(f), V(0-2), Paulo Baptista, Prejudicados, (0-3), Sem influência no resultado
15.ª-Corruptos(c), V(2-0), Soares Dias, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
16.ª-Marítimo(c), V(2-0), Hugo Miguel, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
17.ª-Gil Vicente(f), E(1-1), Paixão, Prejudicados, (1-2), (-2 pontos)
18.ª-Sporting(c), V(2-0), Marco Ferreira, Nada a assinalar
19.ª-Paços de Ferreira(f), V(0-2), Duarte Gomes, Prejudicados, Sem influência no resultado
20.ª-Guimarães(c), V(1-0), Nuno Almeida, Prejudicados, Sem influência no resultado
21.ª-Belenenses(f), V(0-1), Jorge Ferreira, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
22.ª-Estoril(c), V(2-0), Paulo Baptista, Beneficiados, Prejudicados, (3-1), Sem influência no resultado
23.ª-Nacional(f), V(2-4), Manuel Mota, Prejudicados, (1-4), Sem influência no resultado
24.ª-Académica(c), V(3-0), Rui Costa, Prejudicados, (4-0), Sem influência no resultado
25.ª-Braga(f), V(0-1), Proença, Prejudicados, Sem influência no resultado
26.ª-Rio Ave(c), V(4-0), Cosme Machado, Nada a assinalar
27.ª-Arouca(f), V(0-2), Hugo Miguel, Nada a assinalar
28.ª-Olhanense(c), V(2-0), Xistra, Prejudicados, (3-0), Sem influência no resultado

Sporting
1.ª-Arouca(c), V(4-1), Rui Costa, Nada a assinalar
2.ª-Académica(f), V(0-4), Soares Dias, Beneficiados, Sem influência no resultado
3.ª-Benfica(c), E(1-1), Hugo Miguel, Beneficiados, (0-2), (+1 pontos)
4.ª-Olhanense(f), V(0-2), Benquerença, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
5.ª-Rio Ave(c), E(1-1), Xistra, Prejudicados, (2-1), (-2 pontos)
6.ª-Braga(f), V(1-2), Paulo Baptista, Nada a assinalar
7.ª-Setúbal(c), V(4-0), Duarte Gomes, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
8.ª-Corruptos(f), D(3-1), Soares Dias, Nada a assinalar
9.ª-Marítimo(c), V(3-2), Bruno Esteves, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
10.ª-Guimarães(f), V(0-1), Paulo Baptista, Nada a assinalar
11.ª-Paços de Ferreira(c), V(4-0), Jorge Ferreira, Nada a assinalar
12.ª-Gil Vicente(f), V(0-2), Jorge Sousa, Nada a assinalar
13.ª-Belenenses(c), V(3-0), Hugo Pacheco, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
14.ª-Nacional(c), E(0-0), Miguel Mota, Nada a assinalar
15.ª-Estoril(f), E(0-0), Proença, Nada a assinalar
16.ª-Arouca(f), V(1-2), Cosme Machado, Beneficiados, Impossível contabilizar
17.ª-Académica(c), E(0-0), Paulo Baptista, Prejudicados, (1-0), (-2 pontos)
18.ª-Benfica(f), D(2-0), Marco Ferreira, Nada a assinalar
19.ª-Olhanense(c), V(1-0), Hugo Miguel, Prejudicados, Sem influência no resultado
20.ª-Rio Ave(f), V(1-2), Jorge Ferreira, Nada a assinalar
21.ª-Braga(c), V(2-1), Soares Dias), Nada a assinalar
22.ª-Setúbal(f), E(2-2), Vasco Santos, Prejudicados, Beneficiados, (1-1), Impossível contabilizar
23.ª-Corruptos(c), V(1-0), Proença, Beneficiados, (0-1), (+3 pontos)
24.ª-Marítimo(f), V(1-3), Jorge Sousa, Prejudicados, (1-4), Sem influência no resultado
25.ª-Guimarães(c), V(1-0), Nuno Almeida, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
26.ª-Paços de Ferreira(f), V(1-3), Xistra, Nada a assinalar
27.ª-Gil Vicente(c), V(2-0), Bruno Esteves, Nada a assinalar
28.ª-Belenenses(f), V(0-1), Cosme Machado, Nada a assinalar

Corruptos
1.ª-Setúbal(f), V(1-3), João Capela, Beneficiados, Impossível contabilizar
2.ª-Marítimo(c), V(3-0), Jorge Ferreira, Beneficiados, Sem influência no resultado
3.ª-Paços de Ferreira(f), V(0-1), Rui Costa, Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
4.ª-Gil Vicente(c), V(2-0), Hugo Pacheco, Prejudicados, (3-0), Sem influência no resultado
5.ª-Estoril(f), E(2-2), Rui Silva, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
6.ª-Guimarães(c), V(1-0), Proença, Beneficiados, (0-0), (+2 pontos)
7.ª-Arouca(f), V(1-3), Vasco Santos, Beneficiados, Impossível contabilizar
8.ª-Sporting(c), V(3-1), Soares Dias, Nada a assinalar
9.ª-Belenenses(f), E(1-1), Miguel Mota, Beneficiados, (2-1), (+1 ponto)
10.ª-Nacional(c), E(1-1), Xistra, Nada a assinalar
11.ª-Académica(f), D(1-0), Capela, Beneficiados, (2-0), Sem influência no resultado
12.ª-Braga(c), V(2-0), Paulo Baptista, Nada a assinalar
13.ª-Rio Ave(f), V(1-3), Bruno Esteves, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
14.ª-Olhanense(c), V(4-0), Hugo Miguel, Prejudicados, (5-0), Sem influência no resultado
15.ª-Benfica(f), D(2-0), Soares Dias, Beneficiados, Prejudicados, Sem influência no resultado
16.ª-Setúbal(c), V(3-0), Hugo Pacheco, Nada a assinalar
17.ª-Marítimo(f), D(1-0), Nuno Almeida, Nada a assinalar
18.ª-Paços de Ferreira(c), V(3-0), Cosme Machado, Prejudicados, Beneficiados, Sem influência no resultado
19.ª-Gil Vicente(f), V(1-2), Paulo Baptista, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
20.ª-Estoril(c), D(0-1), Vasco Santos, Nada a assinalar
21.ª-Guimarães(f), E(2-2), Marco Ferreira, Nada a assinalar
22.ª-Arouca(c), V(4-1), Hugo Miguel, Beneficiados, Impossível contabilizar
23.ª-Sporting(f), D(1-0), Proença, Prejudicados, (0-1), (-3 pontos)
24.ª-Belenenses(c), V(1-0), Xistra, Beneficiados, Impossível contabilizar
25.ª-Nacional(f), D(2-1), Capela, Prejudicados, Beneficiados, (1-1), (-1 ponto)
26.ª-Académica(c), V(3-1), Manuel Mota, Nada a assinalar
27.ª-Braga(f), V(1-3), Rui Costa, Prejudicados, (1-5), Sem influência no resultado
28.ª-Rio Ave(c), V(3-0), Nuno Almeida, Nada a assinalar

Braga
1.ª-Paços de Ferreira(f), V(0-2), Bruno Paixão, Nada a assinalar
2.ª-Belenenses(c), V(2-1), Xistra, Beneficiados, Impossível contabilizar
3.ª-Gil Vicente(f), D(1-0), Vasco Santos, Beneficiados, Sem influência no resultado
4.ª-Estoril(c), V(3-2), Capela, Prejudicados, Beneficiados, Impossível contabilizar
5.ª-Arouca(f), V(0-1), Marco Ferreira, Beneficiados, (1-1), (+2 pontos)
6.ª-Sporting(c), D(1-2), Paulo Baptista, Nada a assinalar
7.ª-Nacional(f), D(3-0), Soares Dias, Nada a assinalar
8.ª-Académica(c), D(0-1), Benquerença, Beneficiados, Sem influência no resultado
9.ª-Rio Ave(c), D(0-1), Jorge Tavares, Nada a assinalar
10.ª-Benfica(f), D(0-1), Nuno Almeida, Beneficiados, Sem influência no resultado
11.ª-Olhanense(c), V(4-1), Soares Dias, Nada a assinalar
12.ª-Corruptos(f), D(2-0), Paulo Baptista, Nada a assinalar
13.ª-Setúbal(c), V(2-0), Xistra, Nada a assinalar
14.ª-Marítimo(f), E(2-2), Rui Costa, Nada a assinalar
15.ª-Guimarães(c), V(3-0), Benquerença, Nada a assinalar
16.ª-Paços de Ferreira(c), E(1-1), Proença, Nada a assinalar
17.ª-Belenenses(f), D(2-1), Jorge Tavares, Beneficiados, Prejudicados, Impossível contabilizar
18.ª-Gil Vicente(c), V(4-1), Capela, Nada a assinalar
19.ª-Estoril(f), D(2-1), Xistra, Nada a assinalar
20.ª-Arouca(c) E(2-2), Duarte Gomes, Nada a assinalar
21.ª-Sporting(f), D(2-1), Soares Dias, Nada a assinalar
22.ª-Nacional(c), V(2-1), Nuno Almeida, Nada a assinalar
23.ª-Académca(f), E(1-1), Marco Ferreira, Nada a assinalar
24.ª-Rio Ave(f), E(1-1), Rui Silva, Beneficiados, (2-0), (+1 ponto)
25.ª-Benfica(c), D(0-1), Proença, Beneficiados, Sem influência no resultado
26.ª-Olhanense(f), V(0-2), Duarte Gomes, Nada a assinalar
27.ª-Corruptos(c), D(1-3), Rui Costa, Beneficiados, (1-5), Sem influência no resultado
28.ª-Setúbal(f), E(1-1), Hugo Miguel, Prejudicados, (1-2), (-2 pontos)

Jornadas anteriores:

Épocas anteriores:

O meu campeonato

"No Domingo, na ressaca de horas de tensão emocional, telefonaram-me da TSF para reagir ao regresso do Campeão. Não tenho bem presente a pergunta do Mário Fernando, mas terá sido qualquer coisa como: 'O que é que destacas no título do Benfica?'
Se não sei bem o que me foi perguntado, sei o que respondi: 'Foi o primeiro campeonato que celebrei no estádio com o meu filho'. Quando chamado a fazer uma análise ponderada sobre o percurso atribulado que trouxe o Benfica de novo às vitórias, o que me veio à cabeça foi, de forma imparável, a minha relação com o futebol.
Podemos bem enredar-nos em análises do sistema de jogo, olhar para as estatísticas, avaliar se é mais eficaz jogar em 4x4x2 ou 4x3x2x1; no fim, quando o tema é futebol, somos remetidos para um território de suspensão da razão. Fechados num estádio para ver um jogo e, depois, para contemplar a felicidade infantil dos jogadores que correm sem sentido em volta do relvado, num momento de partilha com todos os sofredores de bancada, estamos numa espécie de reserva emocional, ausente no resto da vida.
Há muito que sei quão fascinante é poder participar daquela alegria. Julgo que o intuí primeiro quando, ainda bem miúdo, via, desde a janela, as filas de caros estacionados à porta de casa, com adeptos que se dirigiam para a Luz. Não sei se por ter sido vizinho do estádio, mas quando comecei a assistir aos jogos desde a bancada tive a confirmação do prazer que se encontra nas vitórias do nosso clube. Mas, devo dizer-vos, uma coisa é sermos nós a ver a partida; outra, bem distinta, é olhá-la desde os olhos dos nossos filhos e, naquele momento de exaltação absoluta - a celebração do golo, os cânticos da glória do título -, podermos abraçar-nos e sentimos neles a alegria que é também a nossa.
Este campeonato é do nosso capitão, o Luisão; do presidente; do Jesus; do Enzo - que põe a equipa toda a pensar futebol. É também de todos os adeptos que sofreram em Maio. Mas, para mim, este é o campeonato em que celebrei os golos do Lima abraçado ao Vicente, depois de ter ganho por 10 a zero ao Sporting numa peladinha imaginada pela Leonor, que fazia de Cardozo."

O novo campeão

"A festa do título das águias chegou. O Benfica confirmou frente ao Olhanense aquilo que já se tornara evidente há algumas jornadas. É o novo campeão, numa temporada que nem começou como os encarnados desejavam, mas durante a qual acabaram por se afirmar como aqueles que dispunham de melhor plantel e de um conjunto de soluções muito mais equilibradas do que os adversários directos. O clube da Luz apostou tudo no grande objectivo da época e apostou bem.
Luís Filipe Vieira é, em primeira instância, responsável pelo sucesso agora conseguido. Renovar com Jorge Jesus, numa altura em que praticamente todos os mais próximos do presidente não acreditavam na solução da continuidade, foi uma opção pessoal de risco. Vieira sabia que, se algo corresse mal novamente, não seria apenas o técnico a pagar a factura. Acreditou e, mais do que isso, deu ao treinador todas as condições para triunfar. Ter conservado um número significativo de peças valiosas do plantel foi igualmente relevante. 
Já Jorge Jesus conhecia bem o que tudo aquilo implicava. Ora, o facto é que, apesar de ter iniciado a temporada em condições difíceis - recorde-se que arrancou com uma derrota na Madeira e até esteve a cinco pontos do FC Porto - , o técnico soube lidar com um cenário adverso e contou com o empenho muito especial dos jogadores. Ultrapassada, cedo, a questão-Cardozo ("pendente" da época anterior), Jesus teve a capacidade para mudar o que foi necessário a partir da lesão prolongada do ponta de lança. Rodrigo e Lima deram conta do recado (repare-se que, no total do campeonato, Cardozo teve uma participação diminuta), enquanto Gaitan e Markovic se impunham como desequilibradores.
Mas falava atrás das múltiplas soluções deste plantel encarnado. Muito mais centrado na solidez defensiva - Luisão e Garay foram fundamentais neste contexto - , o Benfica teve no meio campo um homem fulcral : Enzo Perez foi o elo de ligação entre o destruir e o construir, passando por ele o "pensamento" de jogo que Jesus definira. Matic e Fejsa dividiram a temporada, mas, embora sejam jogadores com perfis distintos, encaixaram na lógica encarnada. Talvez até Fejsa vá mais de encontro ao que Jesus gosta (sem retirar as qualidades notáveis que Matic tem). O facto é que Matic, Fejsa ou até André Gomes funcionaram de acordo com o exigido sempre que lá estava...Enzo.
É certo que o Benfica beneficiou - ninguém faz campeonatos sozinho - do colapso do FC Porto. Simplesmente, por um lado, os encarnados não têm culpa dos equívocos em que o rival resolveu cair e, por outro, tiveram o mérito de fazer vingar as suas próprias qualidades, independentemente do que a concorrência fazia.
Depois, ao definirem o campeonato como o objectivo central da época, as águias seguiram à risca o plano traçado, sem concessões. Jesus, que aprendeu com o passado, jogou as (principais) fichas onde queria, em vez de tratar todas as frentes por igual. Deu-se bem e, talvez desta feita, com o conforto do título garantido, seja tempo de virar a agulha para outros alvos. Europeus, sobretudo.
O Benfica é um justo vencedor. Se serve para alguma aferição - e, por regra, serve - basta recordar os confrontos dos encarnados no campeonato com os rivais, Sporting (Alvalade e Luz) e FC Porto (Luz), em que foi melhor em todos os aspectos. A época ainda não terminou e logo se verá que mais pode conseguir a equipa de Jesus. De qualquer forma, aconteça o que acontecer, a história desta temporada já nada tem a ver com a anterior."

Vieira e Jesus e a continuidade

"Luís Filipe Vieira festejou com orgulho, mas sem exagerada exuberância o seu terceiro título de campeão como presidente do Benfica. Além do óbvio e indiscutível mérito de ter conseguido colocar o Benfica na agenda da elite do futebol internacional, depois de tempos de penúrias financeira e moral, a constatação de ter sido o líder de uma persistente e árdua luta pela recuperação da hegemonia do futebol português que, como se sabe, tem já décadas de património portista.
Pode dizer-se, e com sentido, que um campeonato ganho não representa necessariamente uma hegemonia consolidada. Seria, pois, exagero dizer-se que o Benfica roubou ao FC Porto esse domínio desportivo no futebol português. O que se pode dizer, isso sim, é que o Benfica de Vieira tem vindo paulatinamente a ganhar terreno e a diminuir, a olhos vistos, uma distância que chegou a ser imensa e que parece, no mínimo, estar a ficar cada vez mais nivelada.
É também legítimo considerar a influência de Jorge Jesus nessa evidente recuperação do Benfica. Essencialmente pela competência técnica no que respeita a uma respeitável e elogiável sabedoria prática dos segredos do jogo e a uma provada competência na organização das equipas, tal como no assinalável crescimento profissional dos seus jogadores.
Torna-se, pois, incontornável considerar os méritos de presidente e do treinador não apenas nesta época de sucesso do Benfica, mas no seguro crescimento desportivo do seu futebol. São méritos irrecusáveis, embora de densidades diferentes, porque ninguém poderá esquecer que a política de continuidade e de estabilidade é definida pelo presidente, de quem o treinador directamente responde."

Vítor Serpa, in A Bola

A visita da Velha Senhora

"Foi contra a Juventus que Eusébio marcou um dos golos mais fantásticos da sua carreira: ele próprio mo contou. Calou gargalhadas e matou sorrisos de escárnio - foi em 1968 para uma meia-final da Taça dos Campeões...

A Visita da Velha Senhora é um filme: de 1964, com Ingrid Bergmann e Anthony Queen. A Velha Senhora é a Juventus, e nada tem que ver com o filme. Só com o Benfica: visita a Luz na próxima quinta-feira.
Peço muitas ajudas para escrever estas páginas. Algumas aos protagonistas das histórias que recordo, outras a mim mesmo que já as rabisquei por aqui e por ali. Sobre Eusébio há pouco que não tenha complicado, na «Eusébio Enciclopédia» e no «Viagens em Redor do Planeta Eusébio». Enfim, grave é copiar prosa alheia, como certos artistas pouco honestos da nossa praça.
Juventus: o clube foi fundado em 1897 por um grupo de estudantes italianos que decidiram, originalmente, adoptar o vermelho para cor das camisolas; em 1903, durante uma viagem a Inglaterra, um dos seus dirigentes ficou tão impressionado com os equipamentos do Notts County que resolveu trazer a ideia para Turim - assim se estabeleceu a sua imagem zebrada. Foi nos anos 30 que a Juventus ganhou o seu estatuto de grande equipa: cinco campeonatos de Itália consecutivos e frequentes presenças nas meias-finais da Taça Mitropa (que punha em confronto os campeões dos países da Europa central). Depois, seguiu a via de todos os clubes italianos, entrando em força no mercado internacional: primeiro, os dinamarqueses John e Karl Hansen; em seguida, o argentino Omar Sivori, o galês John Charles, o espanhol Del Sol, o brasileiro Chinesinho; finalmente, já nos anos 80, Michel Platini e Zbigniew Boniek, que deram a tão almejada Taça dos Campeões Europeus a uma equipa que nunca tinha lá chegado.
Juventus: a «Vechia Signora».
Velha Senhora: é assim que a Juventus é conhecida.
Velha Senhora: dificilmente se poderia ter inventado uma alcunha mais próxima de um poder dissimulado, de uma eminência parda e escondida.
Juventus: a equipa da família Agnelli.
Os Agnelli dominam a banca, a indústria química, têxtil, de armamento, cimentos e gráficas num toal de mais de 60.000 milhões de dólares; além do mais são os donos da FIAT que, por seu lado, controla a maior fatia da empresa de publicações Rizzoli que é responsável, entre outros, pela edição do «Corriere della Sera» e do «La Stampa», dois dos mais importantes jornais italianos.
Em Itália costuma dizer-se, à laia de anedota, que o trabalho do Primeiro-Ministro é polir a maçaneta da porta dos Agnelli.
Os Agnelli e a FIAT também são donos da Juventus.
Os jogos em que a Juventus participa são aqueles cujas arbitragens estão envoltas em maior número de polémicas.
A Juventus já se viu envolvida num sem fim de trampolinices. Mas como em Itália a justiça funciona também já deu com os nobres costados na segunda divisão.

Agora, o Eusébio e o Benfica
Em 1968, o treinador da Juventus chamava-se Heriberto Herrera.
«Benfica sem Eusébio não vale muito», dizia Heriberto Herrera.
Mas o Benfica tinha Eusébio.
Em Lisboa, vitória por 2-0, um golo de Torres e outro de Eusébio.
Em Turim, vitória por 1-0, golo de Eusébio.
Eis-nos aqui chegados. Estádio Comunale, em Turim, 15 de Maio de 1968. Ao minuto 69, há um livre contra a Juventus. Um livre directo, sim, mas ainda longe, muito longe da baliza. Muito longe? Pior ainda: longíssimo. Tão longíssimo que, em relação ao local da falta, a baliza parecia ficar para lá da linha do horizonte.
Favalli, jogador da Juventus, diria no fim do jogo: «Quem tem Eusébio, tem a vitória. Jogar contra uma equipa que tem Eusébio é um caso sério. O golo que marcou é um autêntico fenómeno!»
A bola está longe, pois. A milhares de quilómetros de distância do guarda-redes Anzolin. Para Eusébio tanto faz.
- Comecei a tomar balanço - conta Eusébio -, muito balanço, mesmo, e reparo que, no público, há pessoas a rir, incrédulas. Não acreditavam que eu fosse chutar de tão longe assim. Deviam julgar-me doido. Corri para a bola, chutei com toda a força, e ela entrou como uma bala na baliza italiana, sem hipóteses para o guarda-redes. Tiveram de engolir a risota.
Quando, certa vez, perguntei a Eusébio qual tinha sido o golo que mais prazer lhe dera marcar na vida. ELe respondeu, sem duvidar nem titubear:
- Um à Juventus, em Turim, nas meias-finais da Taça dos Campeões.
Era este. Do qual hoje resolvi falar. Nas vésperas de mais uma visita da Velha Senhora."

Afonso de Melo, in O Benfica

Benfica campeão, uma visão diversa

"Um clube sem memória não tem futuro. A maior parte dos lugares do camarote presidencial da Luz foi ontem ocupada por antigos campeões.

O Benfica sagrou-se ontem, pela 33.ª vez, campeão nacional. Este título permitirá, nos próximos dias, inúmeras abordagens, dos méritos de Jesus à resiliência de Vieira, da nova forma de jogar da equipa da Luz à paz que finalmente a nação encarnada encontrou, depois do maio-negro do ano passado.
Irei, porém, noutro sentido, pegando em algo que para muitos pode parecer um detalhe menor mas que para mim faz a diferença. Ontem, muitos dariam este mundo e o outro para serem convidados para o camarote presidencial da Luz. Sabendo-se que o Benfica se movimenta em áreas diversas, da economia às finanças, da diplomacia ao negócio do futebol puro e duro, não seria difícil à presidência encarnada encontrar pessoas a quem endereçar convites que poderiam vir a revelar-se mais valias para futuros relacionamentos. No entanto, a verdade é que o Benfica, através de Luís Filipe Vieira, decidiu convidar para o camarote presidencial aqueles que, em algum momento, contribuíram para os 33 campeonatos nacionais ganhos pelo clube da Luz.
O lema para esta forma de estar do Benfica é simples: «Um clube sem memória não pode ter futuro.»
Nos tempos que correm, este tipo de consideração não está na moda. Mas é desta riqueza que nascem condições para transmitir, entre gerações, valores essenciais, no caso do Benfica, a mística.
Ontem, vários jogadores encarnados, campeões pela primeira vez, conquistaram o direito a fazer parte deste grupo. Ganharam o direito a conviver com José Bastos, Artur Santos, Ângelo Martins, Fernando Cruz, António Simões e José Augusto. A ouvir histórias contadas na primeira pessoa, sobre Eusébio ou Coluna. A aprender o Benfica pela memória do monstro da baliza que foi José Henrique, a respeitar, na saudade, Manuel Bento e admirar o percurso de Humberto Coelho.
Foram mais de sete dezenas os campeões que ontem tomaram assento no camarote presidencial da Luz. O que é, a meu ver, uma boa notícia para o Benfica. Porque, na verdade, um clube sem memória não tem futuro...

MARQUÊS POMBAL
O Marquês de Pombal, vestido à Benfica, foi testemunha privilegiada da festa do 33.º título nacional. Mas a época está longe de estar terminada. Na quinta-feira a Juventus visita a Luz na primeira-mão da meia-final da Liga Europa e mais tarde a final da Taça de Portugal. São muitas competições até ao final da temporada, cada uma a requerer concentração máxima dos jogadores do Benfica. Em 2005, depois de se sagrarem campeões, os encarnados entraram em modo de festa e desperdiçaram (com todo o respeito pelo Vitória de Setúbal) a possibilidade da dobradinha.
Desta vez, como será?

O Benfica de Vieira
Terceiro título nacional da era Vieira para um Benfica que em cada ano se tem apresentado com mais argumentos. Longe vão os dias em que Camacho treinava em Massamá e jogava no Estádio Nacional. Hoje, os encarnados são um dos clubes mais fortes da Europa e embora este mérito deva ser distribuído por vários protagonistas, a parte de leão (salvo seja) vai, com todo o mérito, para Luís Filipe Vieira. Tal como aconteceu com outros grandes presidentes do Benfica, Vieira tem uma ideia do clube e um projecto de acordo com essa ideia de grandeza. Por vezes erra, as mais das vezes acerta, mas caminha sabendo o que quer e para onde vai. Seja na estabilidade que impôs ao futebol, seja na revolução que promoveu no panorama audiovisual nacional.

JORGE JESUS
Podiam ser mais? Talvez. Mas em 5 anos, Jesus entregou ao Benfica dois campeonatos. E construiu uma equipa com uma boa ideia, depois de várias etapas menos conseguidas, com ideias não tão boas. No Benfica, sabendo-se que há negócios que não podem deixar de ser feitos, existe base que deve ser preservada.

LUISÃO
O capitão do Benfica sagrou-se tri-campeão nacional. Há muitos anos que não havia, na Luz, um jogador que somasse três campeonatos (é preciso recuar às décadas de oitenta e noventa do século passado). Luisão representa a estabilidade que foi devolvida ao Benfica. E a continuidade de que são feitos os ciclos vitoriosos.

(...)"

José Manuel Delgado, in A Bola

Na antecâmara da promessa

"Alguém se recorda do alvoroço sobre o Benfica no último defeso? Alguém se recorda do rebuliço sobre o Benfica no começo desta temporada? Eram os sinais traumáticos da última época e de três derrotas atrozes. Eram as discussões (mais ainda, as oposições) à decisão do presidente Luís Filipe Vieira em prorrogar o vínculo contratual de Jorge Jesus.
Do outro lado da barricada, responsáveis do FC Porto ufanavam-se, garantidos cinco pontos de vantagem na Liga Nacional. Com sinais semelhantes, dirigentes do Sporting apregoavam o equilíbrio de forças com o arquirival, sustentando mesmo a excelência da sua política de gestão, ao invés de um iminente cataclismo vermelho.
Luís Filipe Vieira manteve-se irredutível, indiferente aos apelos de mudança e aos sucessivos remoques dos adversários e até de alguns consócios. O Benfica estabilizou-se, recuperou fôlego, fez prova inequívoca dos seus valimentos organizativos e competitivos. Superiorizou-se, inclusive nas múltiplas análises de comentadores independentes, até de apoiantes lúcidos de outros emblemas.
Não houve desvio no trilho definido. Tudo, mas tudo, pelo Campeonato. Falta pouco, muito pouco. Ainda há mais competições para vencer? Há, consabidamente. Ainda assim, o grande objectivo, proclamado de forma categórica, está ao alcance de um jogo em três possíveis. Concretizado, como é suposto, está ganha a temporada. Concretizada, como é suposto, está ganha a pertinácia de Luís Filipe Vieira. Concretizado, como é suposto, premeia uma estrutura competente. E o que poderá acrescentar-se ao ambicionado desiderato? Mais sabor, mais ardor, mais fervor"

João Malheiro, in O Benfica

Vingar as injustiças

"1. Mais um (complicado) obstáculo ultrapassado, num estádio cheio de benfiquistas, num grande ambiente, frente a um adversário duro, superdefensivo, com um guarda-redes brilhante. Mas, mais uma vez, o Benfica não deu hipóteses no domingo em Aveiro. Ficam a faltar apenas dois pontos e a festa será certamente feita no nosso Estádio e (esperamos todos) já no próximo domingo. Festa que não deverá desviar (não desviará certamente) as atenções dos jogadores da meia-final da Liga Europa, onde estaremos mais uma vez. Para além do título nacional, esta competição passou a ser uma prioridade. Estamos na fase de vingar as injustiças da época passada...

2. Números esclarecedores: o Benfica tem 14 presenças em meias-finais europeias mais do que a soma de todos os outros clubes nacionais - o FC Porto tem seis presenças; o Sporting, 5; Boavista e Braga, 1. O Benfica brilhou na Europa nos anos sessenta mas, desde os anos oitenta (já depois do 25 de Abril...), foi semifinalista europeu mais oito vezes, três das quais (contanto com esta) nos últimos quatro anos.
Superioridade esmagadora, que começou nos célebres anos 60 e se prolonga até aos dias de hoje, ao ponto do nosso Clube ser mesmo aquele que tem mais vitórias (24) e mais golos (65) na Liga Europa, criada, que se saiba, não antes do 25 de Abril nem no tempo na TV a preto e branco, mas em 2007/08...

3. O Benfica, que tem dado nas vistas na Liga Europa, teve mais um motivo de orgulho com a excelente presença na primeira edição da Youth League, a Liga dos Campeões de Juniores. Chegou à final e só perdeu (de forma totalmente imerecida) com o poderoso Barcelona na final. A nossa formação, que tem estado em evidência a nível nacional, começa a revelar-se internacionalmente, não só pelo futebol que pratica mas também pelas iniciativas que toma no Seixal. Partíramos com um grande atraso (política suicida de um famoso antigo presidente, primeiro, falta de campos, depois) mas estamos já bem alto.
Agora é altura de começar a colher os frutos desse investimento. Claro que não vamos pretender que todos os juniores que agora brilham cheguem à nossa primeira equipa já amanhã. Mas haverá que apostar em alguns deles..."

Arons de Carvalho, in O Benfica 

Digam 33

"O Benfica tem os jogos que restam do calendário do campeonato para conquistar dois pontos e ser campeão nacional de futebol. Pode ser em casa frente ao Olhanense, já no Domingo de Páscoa, ou a seguir com o Setúbal ou fora, no Porto. O que conta são os pontos e o título. Não estou a antecipar uma celebração: estou a fazer contas realistas. Está perfeitamente ao alcance do Benfica o título 33 de Campeão de Portugal. E diga-se que nenhuma outra equipa merece tanto o título desta época como o Sport Lisboa e Benfica, a direcção do Clube, a equipa técnica, o plantel e os adeptos.
O Benfica tem exibido um nível de futebol no campeonato nacional que fica a uma distância dos rivais bem superior àquela que os pontos apresentam na tabela. E essa qualidade tem sido patenteada em campo, reconhecida por observadores e consagrada em estatísticas. E o resto é propaganda ou demagogia. Aliás, a qualidade do futebol do Benfica não é um fenómeno para consumo caseiro. Basta ler o que têm escrito e dito alguns dos melhores e mais imparciais observadores.
Acresce que a qualidade e o sucesso do futebol da equipa sénior profissional do Benfica tem sequências nos êxitos do Clube em outros escalões e outras modalidades. O Benfica lidera grande parte das modalidades de pavilhão, reconquistou a liderança no atletismo, e nos escalões da formação do futebol chegou este ano a um patamar difícil de alcançar, ou até mesmo de sonhar, pelo desporto português. Os Benfiquistas sabem que têm um papel a desempenhar nos êxitos no seu grande Clube. E não faltarão às convocatórias. A presença dos Benfiquistas não é apenas um estímulo para a equipa mas também um testemunho da vontade do maior, mais coeso e exigente colectivo existente em Portugal: o Benfica. Vamos à Luz dizer 33."

João Paulo Guerra, in O Benfica

Moreiras

"1. Este Moreiras começa em Barbosa: Alves Barbosa. Ciclista que correu pelo Sangalhos, lá das minhas beiras, e foi grande rival de Moreira de Sá, recentemente falecido. Outro dos rivais de Alves Barbosa foi Ribeiro da Silva. Tal como Moreira de Sá uma das figuras do desporto do Porto.

2. Em 1955, a Volta a Portugal ficou conhecido pela «Volta da Vergonha». Na última etapa, Alves Barbosa vestia de amarelo e avançava na frente, para a meta, no Porto. Ribeiro da Silva era segundo. Uns sevandijas dos Carvalhos saltaram para a estrada como salteadores de clava e agarraram o líder da volta. Ribeiro da Silva era natural do Lordelo, mas representava os mais altos valores do desporto do Porto. Barbosa chegou tarde e amachucado, acompanhado por polícias libertadores. Silva venceu, se é que àquilo se pode chamar vencer.

3. «Tribunais Políticos» é um livro interessantíssimo. Revelador sobre o asco que foram os famosos Tribunais Plenários do tempo do fascismo, onde se condenavam, sem direito a defesa, a divergência de ideias e de opiniões. Na página 274, tomamos conhecimento da ficha de Gil pereira Moreira dos Santos, delegado do Ministério Público do Plenário do Porto. Seria saudável que uma figura destas jamais pudesse aproximar-se de uma barra, mas Portugal é um país condescendente. Encontro-o por aí, nos tribunais a que sou convocado por delito de opinião: é advogado do presidente do Madaleno. Mas não deixo de sentir repulsa."

Afonso de Melo, in O Benfica

Acenda-se a Luz

"Domingo de Páscoa pode trazer-nos a amêndoa mais desejada da temporada desportiva.
Há já várias semanas que se anuncia. Mas agora sim. Agora o título está por perto, à distância de uma simples vitória, em nossa casa, perante o último classificado.
Domingo pode, pois, ser o dia D. O dia da festa, mas também o dia que nos irá ressarcir do doloroso sofrimento vivido na época transacta, quando, estupidamente, nos vimos afastados da consagração que a nossa equipa já então fazia por merecer.
Passou-se quase um ano. Estamos novamente a um pequeno passo do título nacional, e voltamos a viver um bonito sonho europeu. Aí, fora de portas, as coisas não são tão simples. Pela frente estará uma das melhores equipas do mundo da actualidade. Não temos a sorte de outros, que partilham finais europeias com Mónacos, Celtics ou Bragas - adversários contra os quais as finais, são, efectivamente, para ganhar. Frente à 'Vecchia Signora', não somos favoritos. Porém, esperamos um Benfica confiante nas suas potencialidades, humilde mas não reverente, e entusiasta perante nova possibilidade de chegar aos céus. Eu acredito! Acreditamos todos!
Independentemente do desfecho final, a nossa equipa de Juniores merece, também ela, destaque maior. Ser vice-campeão europeu não é para qualquer um. Ultrapassar Paris Saint-Germain, Manchester City e Real Madrid, também não. Aliás, é importante lembrar que o nosso futebol de formação comanda todos os campeonatos nacionais que disputa. O sucesso da formação já não é um monopólio dos nossos vizinhos e rivais. Tê-lo-á sido, no passado. Mas estou convicto que o futuro próximo virá pintado a vermelho e branco.
Uma palavra final para o Hóquei em Patins, e a extraordinária remontada conseguida perante os espanhóis do Réus. Nova 'Fnal-Four' atingida, e, quem sabe, a repetição de um grandioso triunfo internacional. Tudo é possível.
Tanta coisa a aquecer-nos a alma benfiquista. Tantos pratos sobre a mesa. Comecemos já neste domingo. Luz para o título. Luz para a festa."

Luís Fialho, in O Benfica