"Acredito em eleições antecipadas no Sporting lá para o verão de 2018.
Em todas as vitórias e derrotas há uma quota parte do que se faz para ganhar e uma parcela, também importante, dos erros que cometem os que, por isso mesmo, perdem!
Mas – também por essa razão – importa aprender com a História, mesmo aquela que não fizemos, para não repetirmos os erros dos que saem derrotados.
Esquerdismo, doença infantil do comunismo
Em 1920 (12 de maio, mais precisamente, para não dar azo a confusões com o que tinha acontecido na Cova de Iria, 3 anos menos 1 dia antes, e com o tetra do Benfica, que viria a acontecer ... 97 anos e 1 dia, depois), Lenine publicaria uma das obras mais citadas e mais invocadas da cartilha comunista (essa sim, uma verdadeira cartilha, transformada, depois, numa "cassete" que uns adoravam e outros odiaram).
'Esquerdismo, doença infantil do comunismo' é uma obra de referência da ortodoxia leninista, nos primórdios da Revolução de Outubro, contra as derivas radicais, que – como sempre acontece com o poder – acabam por considerar irrelevantes as razões da vitória, endeusando e louvando a estrutura a que pertencem!
Normalmente, como com todas as lideranças conscientes – e não queremos curar, aqui, da maior ou menor proximidade com a ideologia bolchevique que deu a volta ao mundo sob a bandeira do internacionalismo proletário e com a doutrinação marxista-leninista (ou, ainda, estalinista) – são os próprios líderes máximos a alertarem para os perigos de endeusamentos autofágicos ... como, no campo extremamente oposto, aconteceu com o episódio do bezerro de ouro, na narrativa cristã!
Pois, com as devidas distâncias, é esse o perigo que mais pode contribuir para que o penta (o P3N7A, na grafia a que nos temos de habituar, na próxima época) não venha para o Museu Cosme Damião!
Mas vamos por partes ...
Um 'Porto Velho' com laivos revolucionários
Tenho como certo que a melhor maneira de ganhar é respeitar – e muito – os adversários!
Mas isso não nos deve impedir de analisar (fria e objectivamente) a realidade que nos circunda ...
E a realidade do Porto é dramática!
Numa estrutura pesada, vão colar uma liderança de balneário … imprevisível!
Que será suportável a ganhar, mas que será impossível apoiar … a perder!
Eu sei que este é quem mais se adapta a um período em que vão fazer barulho por tudo e por nada.
O barulho, as acusações, os ataques que vieram para ficar e substituir os bons jogadores.
Num período em que as vendas por necessidade – a pronto – vão ter como contrapartida as compras a prestações ...
Ou em que as falhas determinadas pelo fair play financeiro europeu vão ser contrariadas com a imaginação criativa dos fundos a que a Europa do futebol vai fechar os olhos ...
Ao desespero interno vão tentar contrapor "estórias" anti Benfica porque sabem que essas são o único cimento possível de um poder em desagregação ...
E, um dia, quando o discurso ultramontano de um jovem revolucionário for um escolho no caminho, porque passado o tempo de ter servido a estratégia de uns senhores da guerra envelhecidos e agarrados a jogadas de bastidores de tempos que já não voltam, também ele seguirá o caminho do cadafalso dos treinadores em que se transformou o Dragão, à imagem do que aconteceu aos líderes jacobinos guilhotinados pela revolução francesa que, um dia, julgaram liderar ...
Até lá, vamos assistindo, a rir, às inventonas do Francisco!!!
Um 'Sporting Novo' com os mesmos resultados
No polo oposto ao de uma estrutura caduca e irrecuperável, como a do Porto, está a do Sporting.
Não por não ser irrecuperável, nas por ainda não ter passado o prazo para uma auto implosão!
Contra o Sporting … joga quase tudo!
O ter de refazer uma equipa que foi muito mal construída o ano passado, as saídas dos jogadores de referência, a imaturidade e a inexperiência (crónica e inultrapassável) do seu líder, a imagem de desconsideração pelos adeptos ... deixada em sucessivos escritos e áudios, a conflitualidade gratuita, a amplitude de variação emocional em relação às vitórias e as derrotas ...
A par disso, a gestão de um ego do treinador (com um vencimento superior ao que vai auferir, na próxima época, Massimiliano Allegri, na Juventus) que só tem par ... no ego do Presidente.
Ah ... e, já agora, a tendência para a desgraça do Presidente, e – mais do que o resto – do treinador (a velha maldição do minuto 92, do 88 ou seja ele qual for ... mas maldição pura, pois então)!
Como que a dar razão a Napoleão Bonaparte quando afirmava ... não querer bons generais, mas generais com sorte a comandar os seus exércitos ...
Como o percebo!
Por isso acredito em eleições antecipadas no Sporting lá para o verão de 2018!
Só uma coisa – muito portuguesa, tipo fado versão invertida – os pode salvar: a ideia, que por aí anda a circular, que já chega de o Benfica ganhar.
E que, não podendo ser o Porto, não seria mau entregar o título ao Sporting!
Com esse argumento, o Benfica não igualava o penta dos anos 90 do Porto (nos tempos não escrutinados de um apito dourado em construção), não deixava para trás o tetra do Sporting (tão antigo que é contemporâneo do título do Belenenses) e não cavava mais diferença para os rivais (que, assim, o seriam cada vez menos).
Porque – repito, para nunca se esquecerem – a uns e outros não importa vencer!
A uns e outros só importa que o Benfica perca!
São assim, eles!!!
Até lá, vamos lendo, a rir, os panfletos do Nuno!!!
Só mesmo a soberba nos pode afastar do penta
Então, dir-me-ão, o que poderá impedir o nosso penta?
O acharmos, todos, que o penta está, já, … “no papo”!
Não está! Até estar mesmo, … ninguém o vai facilitar.
Então, exijamos, a nós mesmo, humildade e bom senso.
Contra a vontade de banalizarmos os nossos títulos e de brincarmos com as derrotas dos outros.
Li, um dia, num dos livros de referência de Jorge Valdano, publicado nos anos 90, por sugestão do Luís Freitas Lobo (com quem, então, passava horas perdidas a falar de futebol, com o encanto e a sabedoria que ele depois viria a deixar em letra de forma, no Planeta do Futebol, entre outros livros), que, nas grandes equipas e nos grandes clubes, os festejos de um título acabam no momento em que se entra no balneário, depois de o termos conquistado.
É isso que queremos.
Que a par da humildade e do bom senso, tenhamos a capacidade para percebermos que só unidos poderemos voltar a ganhar. Em equipa que se ganha não se mexe.
Ou, mexendo, que se mexa o mínimo possível!
Não podemos demonstrar qualquer superioridade arrogante, qualquer altivez desnecessária, qualquer presunção exagerada!
Um Benfica à Benfica, fiel aos seus princípios!!! Como Cosme Damião nos ensinou!
Se não cometermos erros (como nas revoluções) o penta é nosso ... já em 2018 (passe a arrogância)!!!"
Rui Gomes da Silva, in A Bola