"Participei pela segunda vez na Corrida do Benfica, cognominada com nome de campeão, em justa homenagem ao nosso António Leitão.
Entre cansaços e dores musculares, fruto de “atletismo de bancada” e preparação física deficitária em nome da fantástica gastronomia, vamos (eu e uns bons milhares que se preparam com o mesmo afinco e dedicação) conseguindo cumprir a légua e a dupla légua que nos separam da meta. Por todo o lado, é notória a boa disposição, por todo o lado se ouve o grito pelo Benfica, espontâneo e sentido. Correm-se umas boas centenas de metros e alguém re-grita “Benfica!”. Assim, o nome do Glorioso é gritado apenas porque apeteceu e estamos entre benfiquistas, em boa vizinhança e com o ninho das águias ali, à vista. É um grito que vai ecoando e passando entre gargantas e entre passadas, entre o fôlego e o esforço, aquele esforço, o tal esforço que nos faz não desistir enquanto não cortarmos a meta. Ouve-se “Benfica” e pensamos que é só mais um esforço, só mais um antes do próximo, até à meta.
Cortada a meta, fica a sensação enganadora de que terminou. Não terminou. Porque a meta não é uma, são muitas, é cada um de nós, na medida em que cada um sabe que compete essencialmente consigo. Cada um sabe que a meta para um benfiquista é dar o melhor de si, o melhor que pode e o melhor que sabe. E ouve-se novamente gritar pelo Benfica. Este nosso Benfica que está tão próximo de cortar três metas e, assim, garantir que cumpre a meta da melhor época da sua História. E nós com ele, nesta corrida, a gritar por ele e a pedir só mais um esforço, só mais um antes do próximo, até à meta. E em cada grito que se ouve vindo da bancada está o benfiquismo, e em cada passada dada está a proximidade da meta, da tal meta que implica que nos superemos todos, em conjunto. Ouve-se gritar pelo Benfica e a corrida continua, está tão perto da meta e nada ainda está ganho, mas, uma das metas, a do Jamor, já ali está, oito anos depois… é só mais um esforço."
Pedro F. Ferreira, in O Benfica