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domingo, 5 de fevereiro de 2023

Benfica After 90 - No Enzo? No Problem

BnR: Casa Pia...

Vinte e Um - Como eu vi - Casa Pia...

5 de Fevereiro


Vermelhão: Velocidade cruzeiro...!!!

Benfica 3 - 0 Casa Pia


Mais uma vitória, mais uma boa exibição, e mais uma vez, apesar dos dois golos do João Mário, aquilo que ficou na retina, foi a capacidade coletiva do Benfica, jogar futebol solidário, com a bola nos pés, e a organização em conjunto com a atitude defensiva, que não permitiu ao Casa Pia praticamente passar o meio-campo com regularidade!!!

Basta recordar o recente jogo do Casa Pia com os Corruptos no Jamor, onde principalmente na 1.ª parte - quando se jogou 11 contra 11 -, onde os Corruptos foram obrigados a constantes faltas, muitas delas graves, para travar os constantes contra-ataques do Casa Pia! Hoje, nada disso aconteceu... Um Benfica preparado para a estratégia adversária, 'secou' o adversário!

E tudo isto, sem grandes 'raides' individuais: sem o Rafa (entrou e quase ia marcando...), com o Neres melhor, mais ainda sem a capacidade de fintar dois ou três, com uma mudança de direcção... neste jogo, e nos anteriores, os golos, aparecem sempre após grandes trabalhos coletivos!!! Isto não é 'sorte', é trabalho...


O MVP foi o João Mário, mas o Tino voltou a fazer um grande jogo (só um erro...); o Chiquinho voltou a convencer, nota-se que joga quase sempre pelo seguro, mas com o resultado a dilatar-se já arriscou algumas fintas... falta arriscar mais nos passes verticais; Aursnes em todo o lado; Bah grande golo e subida de forma confirmada; Centrais imperiais; Grimaldo mais um bom jogo; Neres no meio, com menos espaço, bem; Guedes sacrificado, muito batalhador, mas atrapalhou-se algumas vezes com a bola; Odysseas espectador!


Parece-me que o Chiquinho no meio é para continuar, dá mais liberdade ao Aursnes, e permite à equipa manter o equilíbrio! Com o regresso do Rafa e do Ramos, o Roger vai ter que sacrificar alguém... Enquanto houver Taça e Champions, não haverá problema, pois poderemos rodar, mas quando ficarmos só com a Liga... Agora, na Champions e nos jogos 'grandes' do Tugão, não sei se haverá 'alterações': hoje, após a entrada do Musa e do Draxler, a estrutura do meio-campo mudou, o Aursnes e o João Mário, começaram a jogar por 'dentro', pareceu-me um 'teste' para o jogo de Quinta-feira em Braga!!!

Incrível, como num jogo onde os jogadores não deram qualquer problema o Narciso conseguiu irritar as bancadas! Fiel à velha estratégia: jogador adversário do Benfica no chão é sempre falta! Foi preciso esperar quase pelo minuto, para que isso não fosse verdade!!!

Próximo jogo para o Campeonato só na Segunda-feira de Carnaval! Até lá, os nossos adversários diretos vão jogar 3 jornadas!!! Com alguns confrontos diretos entre eles!!! Com o Boavista, o cenário poderá ser bastante favorável...


Antes disso, Taça, para ganhar! Desta vez, sem distrações, e com a equipa preparada para a estratégia do adversário: André Horta nas costas dos médios-centros!!!


Homenagem mais que merecida ao André Almeida, no início da partida! Eu sei, que existem os anti-Almeidinhos, ou simplesmente aqueles que gostam de 'gozar' com o nosso ex-jogador, mas o Almeida termina a sua carreira como jogador do Benfica, com uma invejável lista de títulos, sendo que foi extremamente útil na maioria! As equipas ganhadoras tem que ter as suas 'estrelas', mas também é preciso aqueles jogadores, que não sendo doutro mundo, façam o trabalho escondido!!! Um tapa-buracos, que acabou por ter números muito bons como defesa-direito, principalmente nas assistências!!! Se calhar deveria ter saído 6 meses antes, mas nunca é fácil perceber quando as pernas já não dão mais!!!


Uma nota final para união que neste momento existe nas bancadas, e que aparenta existir dentro do balneário, que as recentes atribulações parece não ter afetado! Todos juntos...

Goleada... mais uma!


Benfica 9 - 0 Albergaria

Talbert; Seiça(Carole, 62'), Sílvia, Lúcia(Amado, 46'); Pauleta(Kika, 62'), Norton(Christy, 46'), Vitória; Cintra, Cloé, Jéssica; Nycole(Bibocas, 74')

Golos para todos os gostos, com a mini-Bibocas a crescer!!!


Na negra...

Leixões 2 - 3 Benfica
18-25, 25-17, 16-25, 25-10, 10-15


Depois do bom início do Esmoriz, tem sido o Leixões a querer dar luta às equipas da frente, mas mesmo assim, hoje fomos demasiados inconstantes...
Apesar de tudo, estou a gostar de ver o Nikula a ter números 'normais' de Oposto!

Vitórias!!!

Benfica 5 - 1 Braga

Jogámos bem, o 1-0 ao intervalo era curto, a 2.ª parte trouxe justiça...
Recordo que o Braga empatou na jornada anterior com os Corruptos!!!

PS: Mais uma vitória na Europa, para as nossas meninas, desta vez 8-2 contra as espanholas do Cerdanyola, com a 5 golos Chilenos: 4 da Cata e 1 da Maca!!!

Qualificação para os Oitavos...

1.ª de Dezembro 23 - 43 Benfica
(11-20)

Regresso da competição após o Mundial, com uma partida para a Taça, contra um adversário duma divisão inferior, com quase todos os jogadores 'recuperados', inclusive o Arnau, após uma paragem de quase 1 ano!!! Só faltou o Kallman!
Terça-feira temos competições europeias na Luz...

Parvoíce...

Póvoa 60 - 59 Benfica
14-19, 15-11, 20-16, 11-13

Hoje só o Broussard merecia o ordenado!!!

Juvenis - 5.ª jornada - Fase Final

Feirense 1 - 3 Benfica


Mais uma vitória, com um auto-golo nos primeiros minutos a ajudar...

Somar mais uma vitória


"Os comandados por Roger Schmidt estão de regresso ao Estádio da Luz, depois de três vitórias consecutivas em deslocações para o Campeonato. O embate com o Casa Pia e a restante atividade desportiva benfiquista no fim de semana são o tema em destaque na News Benfica.

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Em relação ao jogo desta tarde com o Casa Pia (18h00), Roger Schmidt começa por destacar o regresso à Luz: "Estamos muito felizes por voltar ao nosso Estádio. Jogámos três partidas fora de casa, com muitas viagens e estamos desejosos por jogar este desafio."
Sobre o Casa Pia, o técnico lembra: "No início da época, jogámos perante uma casa cheia de Benfiquistas [em Leiria], mas foi complicado vencermos. Eles são organizados, defendem bem, não concedem muitos espaços para se marcar e merecem estar na posição que ocupam. No ataque, são muito perigosos."
Cabe à nossa equipa superar mais este obstáculo: "Estamos num bom momento de forma e com muita confiança. Estamos felizes por jogar em casa, queremos fazer um bom jogo para os nossos adeptos e precisamos dos três pontos", complementa Roger Schmidt.
Veja a antevisão do nosso treinador ao jogo.

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André Gomes renovou o contrato que o liga ao Benfica até 2028. Veja as declarações do jovem guarda-redes à BTV.

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Há muito Benfica hoje em campo. Além do desafio com o Casa Pia, no Estádio da Luz, às 18h00, temos mais futebol: a equipa feminina recebe o Clube Albergaria às 15h00 no Estádio Municipal José Martins Vieira. Na Luz há ainda hóquei em patins: partida da Liga dos Campeões com o Cerdanyola CH na vertente feminina (15h00) e jogo do Campeonato Nacional com o HC Braga (20h15).
Amanhã a equipa B é visitada no Benfica Campus pelo Tondela (14h00) e, no voleibol, receções ao Vitória de Guimarães na Luz (19h00) no masculino e ao Leixões no feminino (15h30).
Consulte a agenda dos jogos de futebol e modalidades de pavilhão neste fim de semana.

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O Benfica é o clube mais representado na convocatória da Seleção Nacional feminina de futebol para o play-off intercontinental de acesso ao Mundial, com nove jogadoras (Rute Costa, Catarina Amado, Sílvia Rebelo, Ana Seiça, Carole Costa, Lúcia Alves, Andreia Norton, Francisca Nazareth e Jéssica Silva).
Este é um sinal inequívoco do papel ativo que o Benfica tem tido, desde 2018, também na evolução da exigência profissional e do nível de organização das competições nacionais.

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Depois do ouro de Bárbara Timo, foi a vez de Rochele Nunes conquistar a prata no Grand Prix de Portugal de judo. Veja a entrevista da nossa judoca à BTV.

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A ULisboa e o SL Benfica Futebol SAD formalizaram um contrato de utilização de espaços desportivos, com o futebol de iniciação do Benfica a usufruir do Estádio Universitário de Lisboa a partir de setembro.
Este contrato prevê a renovação das instalações com o contributo do Benfica e continuará a estar disponível para os estudantes universitários para as suas atividades de treino e competição, bem como do público em geral. Saiba mais no Site Oficial."

Mercado de inverno SL Benfica | Uma história bem escrita sem um final feliz


"Era uma vez um SL Benfica acusado e acossado por levar 38 futebolistas numa camioneta para o Algarve. Não se sabia, dizia-se, se iam estagiar ou fazer uma excursão à bonita moda portuguesa dos anos 80. Revoltado, o SL Benfica decidiu que em seis ou sete meses reduziria ao mínimo o número de jogadores do seu plantel. A chacota, claro, foi geral.
Anos e anos de má construção e ainda pior gestão de plantel anulados numa questão de meses? Só podia ser brincadeira. No entanto, o SL Benfica acreditava, tal como David Mourão-Ferreira, que “E por vezes por vezes ah por vezes / num segundo se evolam tantos anos”. Não foi num segundo, mas numa questão de meses as águias resolveram uma questão de anos.
Findo o mercado de inverno (um dos mais voláteis de sempre, como perspetivado), o plantel do SL Benfica é agora composto por 21 jogadores de campo e três guarda-redes. Foi esta a grande vitória da gestão encarnada neste mercado de janeiro – e uma das grandes vitórias administrativas dos mais recentes tempos. As chegadas de Schjelderup, Tengstedt e Guedes foram os três capítulos desta história em termos de entradas e foram muito bem redigidos.
As saídas que as acompanharam foram de leitura fácil e enredo idílico. Saíram – e ainda renderam o que no futebol moderno são tostões, mas, ainda assim, dinheiro – os excedentários e os que necessitavam de tempo de jogo, numa limpeza de plantel que superou largamente as expetativas mais otimistas. Tudo corria bem na história do mercado de inverno benfiquista. Até ao capítulo final.
No último versículo, o Chelsea FC levou Enzo Fernández do SL Benfica, deixando o plantel benfiquista órfão de um dos seus mais pródigos filhos e roubando o tão desejado final feliz à história que os encarnados vinham escrevendo no primeiro mês de 2023. Foi, então, com angústia, tristeza e revolta que terminou a história do mercado de inverno da Luz.
Contudo, o fim desta história é só o início da história da segunda metade da época. E essa tem todos os ingredientes para capitular da forma mais feliz. Mesmo sem Enzo, em 2023 é para ir ao Marquês."

A eficácia anula a audácia


"Observam-se os jogos, olha-se para a classificação da Liga portuguesa, e se o grau de exigência for minimamente elevado percebe-se depressa que se joga pouco. Descontem-se os quatro grandes, que são cada vez mais quatro, e quase nenhuma das outras equipas justifica duas horas no sofá, desprezando um livro ou um filme, ainda por cima pagando uma mensalidade cara em tempo de inflação forte. Um exemplo: alguns dos melhores sinais táticos das últimas semanas chegaram dos dois últimos lugares da tabela, de um Marítimo bem mais ofensivo (não há que ter medo das palavras) com José Gomes, como ainda se percebeu na primeira parte contra o Porto, e de um Paços de Ferreira, de novo a querer jogar no campo todo (desde o regresso de César Peixoto), como foi nítido até diante do líder Benfica. Se imaginarmos um campeonato sem os quatro emblemas do topo e a começar agora, o campeão bem podia ser um dos principais candidatos à descida. Não quer isto dizer que não haja mérito mais acima na tabela, o que não há é equipas completas, de todos os momentos do jogo, em que as preocupações defensivas não condicionem definitivamente as ambições atacantes. Quantas equipas jogam agora, por exemplo, com mais um defesa, numa linha de 5 atrás, sem que se perceba por que o fazem e sem sequer terem centrais de tanta qualidade que justifiquem o lugar extra no onze. Até o Braga caiu na tentação em Alvalade e deu no que deu. No futebol, a obsessão pela eficácia anula a audácia.
Não se negue o rendimento notável do Casa Pia, num impressionante quinto lugar da tabela, mas também não se diga que apresenta um jogar entusiasmante, mesmo se particularmente competente na metade defensiva do jogo. Aliás - e reforçando que há competências claras na equipa de Filipe Martins, para que não se entenda mal o que escrevo - ter em quinto lugar um conjunto que joga em casa emprestada e com escassas centenas de adeptos nas bancadas é bastante significativo. E o Vitória de Guimarães consegue aguentar-se como sexto da tabela – o que está longe de ser trágico, ainda que os adeptos não o entendam – mesmo depois de ter estado oito jogos sem vencer. Poderia ser sinónimo de competitividade, mas verdadeiramente significa insuficiente qualidade. Até porque a maioria das equipas não joga melhor hoje, após meio ano de trabalho, do que no início da época. Há uns fogachos no Arouca e no Vizela, boas intenções com bola do Chaves, um crescimento coletivo discreto em Famalicão, mas é tudo muito curto. Falta qualidade individual em muitos plantéis, não o nego, mas falta sobretudo coragem tática, vontade de dividir jogo concretizada em campo e não anunciada apenas em conferências de imprensa. Passamos a vida a discutir o mercado e os castigos, o VAR e o tempo útil de jogo, mas o que faz mais falta são ideias. De jogo mesmo. E das boas. E talvez façam falta mais treinadores estrangeiros, num futebol que se acomodou à ideia de que tem os melhores e passou a olhar em demasia para o umbigo."

Boa sorte a tentar vender o futebol português


"Nas horas que antecederam o arranque da final four da Taça da Liga, em Leiria, Pedro Proença sacou da palavra mágica: internacionalização. Disse o presidente da Liga que levar a competição para outras latitudes é um “desejo” e um “passo natural”. Uma “ambição legítima", sublinhou ainda, sentindo talvez o doce formigueiro causado pelo futebol espanhol e italiano, que levaram nas últimas semanas as suas Supertaças para o pouco europeu Estádio Internacional King Fahd, em Riade, a troco daqueles vários milhões de petrodólares que fazem bons cidadãos do mundo civilizado esquecer o desastroso registo de direitos humanos da Arábia Saudita.
Nem venho aqui falar dessa primeira evidência, nem de uma segunda: levar para o estrangeiro uma competição nacional que tende a resultar em dérbis ou clássicos é a negação do futebol para o adepto. No caso português, com uma exceção: a Supertaça já se chegou a resolver em Paris, para satisfação da multitudinária comunidade emigrante, mas a diáspora, sempre sedenta de matar a saudade, pouco importará na hora de escolher o local de uma prova que a partir de 2024 será disputada apenas por quatro equipas, as quatro primeiras do campeonato anterior, engordando ainda mais o palmarés dos grandes e batendo com a porta no nariz a histórias bonitas como a do V. Setúbal ou do Moreirense, vencedores da primeira edição e da final de 2017, respetivamente.
A questão aqui será outra e mais de base. Depois daquela 2.ª parte da final da Taça da Liga, no sábado, boa sorte a tentar vender a competição a quem quer que seja.
Boa sorte com isso de tentar “abrir novos mercados ao futebol”, Proença dixit, seja na Arábia Saudita, na China, no Catar, oferecendo como andar modelo um jogo que teve 41 minutos de tempo útil de jogo e 31 faltas. Um jogo em que os presidentes dos clubes em causa não se cumprimentaram. Uma final onde a partir do intervalo não houve futebol, só picardia a arruaça, chico-espertismo de jogadores e mão trémula do árbitro; um jogo em que foram mais as agressões que passaram incólumes do que as sancionadas, em que miúdos recém-chegados perderam a cabeça e jogadores com duas décadas de experiência sentiram a impunidade no engano de quem opta por simular - falo de Tanlongo e Pepe, sim, os nomes são para se dar, por muito que isso chateie as visões enviesadas de quem usa óculos que focam apenas numa só cor e passa o rescaldo a fazer contas de quem, no final, foi mais ou menos prejudicado, como se isso resolvesse seja o que for.
Houve um número de teatro acrobático, quais Cirque du Soleil, à entrada de uma das áreas (Pepê), houve um encosto à cabeça do árbitro (Matheus Reis), houve um murro em plano aberto que o VAR deixou passar (Wendell). Tudo isto é feio, estraga o espectáculo, que é coisa que nem os treinadores fazem questão que exista, como confessou Sérgio Conceição. E o pior é que é recorrente, tornou-se rotineiro e cotidiano. Boa sorte a tentar vender isto.
Pergunto-me o que terá pensado Roberto Martinez ao ver tão pedestre sessão de anti-futebol, talvez nos faça bem ter um selecionador estrangeiro que não veja isto como algo que acontece “no calor do momento”, que perdoe os enganos e as simulações porque é “a cultura” e “matreirice e esperteza” (saloia, talvez). Boa sorte também a tentar vender um futebol em que uma claque lança tochas para cima de adeptos da sua própria equipa, um futebol em que invariavelmente os jogos terminam com jogadores e treinadores engalfinhados.
O “passo natural” e a “ambição legítima” só o são quando o produto é bom. E Portugal, sendo um viveiro de talento para o futebol europeu, não o tem. Será até provável enganar um possível promotor uma vez, mas ninguém vai a um estádio, muito menos lá fora, onde a identificação com as equipas é nula, para ver tão desonrante show. Pensando bem, se calhar nem é de todo uma má ideia levar uma final de taça lá fora, para que cá dentro se entenda finalmente o pobre valor do nosso futebol."

Para que servem as estrelas?


"O céu de uma criança que agora abra os olhos pela primeira vez numa cidade do hemisfério norte, numa zona em que são visíveis 250 estrelas quando estica o olhar para cima, será diferente. Quando fizer 18 anos, serão apenas 100 as estrelas que se exibem em cima da sua cabeça. Se chegar aos 80, fintando denilsonamente as agruras da vida, talvez tenha apenas no tecto infinito cinco brilhantes estrelas.
Foi isso que Christopher Kyba, do Centro Alemão de Investigação em Geociências de Potsdam, e outros investigadores contaram há dias ao “El País”. O tema é a contaminação luminosa e a mão do homem, claro, mas, e transtornando os cientistas, exaltei silenciosa e mansamente a alegada inutilidade que há nesse gesto que ainda procura alguém a quem cause alguma repulsa. Para que serve olhar as estrelas no céu? Repetindo o que certa vez surgiu numa destas páginas, recordo Valdano e uma história de Borges, a quem lhe perguntaram para que servia a poesia. O argentino, entre outras coisas, perguntou como quem espeta uma gloriosa e reluzente árvore gigante num jardim cinzento e abandonado: “Para que serve o amanhecer? Para que servem as carícias? Para que serve o cheiro do café?”.
Estas ideias inúteis, lá está, surgiram enquanto Cristiano Ronaldo se estreava no campeonato saudita, na tarde de domingo. Certa vez, na ressaca de episódios hediondos, surgiu a ideologia de perna curta “zero ídolos” para precaver angústias futuras. Mas quantos jogadores, hoje em dia, teriam a força para colar pessoas de todo o mundo a ver um Al Nassr-Al Ettifaq? Ou para meterem jornalistas a escreverem crónicas ou mini-crónicas sobre a estreia de um futebolista aí? Talvez apenas Cristiano Ronaldo, Lionel Messi, Neymar Jr. e quem sabe Kylian Mbappé. Que ídolos planetários vêm aí? Ainda estamos para baba? Quão importantes são as superestrelas para o futuro da modalidade?
Os que começam a amar este desporto (ou outros, vejam o que os nossos rapazes do andebol fizeram na Suécia) desde pequenos têm sempre uma montanha com uma farda impecável qualquer que faz coisas impossíveis com uma bola e que faz muitos golos ou deixa adversários para trás e que é especial e que dá fama ao mais famoso desporto do mundo. Estará a obsessão por coletivo, rigor e organização a ameaçar o futebol que destapava impossíveis? Estará a aversão ao risco e a obediência ao passe certinho a roubar estrelas nos céus das crianças que já nasceram e estão por nascer?
Cristiano Ronaldo, com a braçadeira de capitão e uma marca no rosto que brotou do duelo com o PSG, estreou-se na liga saudita, um jogo que passou no sexto canal da estação de desporto que assinou os direitos televisivos daquele campeonato, e foi discreto. A cada aparição discreta de Cristiano a nostalgia será testada, o processo de banalização será como uma sova. Combinou com os colegas, que não o insultam ao não o procurarem faminta e constantemente, tentou uma ou outra bola na baliza, disparou por cima num livre direto, celebrou com vontade um golo alheio e deu cabo das ancas do lateral direito que jogava do outro lado, Saeed Al-Muwallad, quando simulou um remate e puxou a bola para o pé esquerdo, cutucando a libido dos que o lambiam com os olhos.
O homem que em certa tarde, enquanto me afundava no sofá, vi bisar no Estádio Old Trafford e em quem nesse mesmo sábado tropecei numa discoteca lisboeta, confirmando a omnipresença da figura, é agora apenas um bom jogador na Arábia Saudita, o que é desolador para os que envelheceram e se fizeram alguém a admirar monstros. Seja por amor ao jogo, sobrevivência ou dinheiro, tudo é legítimo, mas fica cada vez mais difícil compreender a tal fatídica entrevista, antes do Mundial, e testemunhar que trocou a Premier League pela Liga Saudita.
Nesta altura, apesar de tudo e de alguns desencantos que semeou em alguns compatriotas ao longo do caminho, não deixa de ser prazeroso ver como sorri inocentemente, e como aplaude e aceita a banalidade que o rodeia (Talisca ainda é um belíssimo jogador, convém dizer), mesmo que esteja a ser regado com dinheiro para lavar a imagem de um país na lista negra da Nações Unidas ou para influenciar certos ilustres cartolas para futuras organizações de eventos. Apesar de tudo, não devemos confundir as pessoas com o Estado, qualquer povo merece uma trégua ou um pedaço de felicidade e um mero futebolista pode ser isso mesmo. Em Doha, os sauditas fizeram uma festa admirável e cantavam ébrios de alegria.
Se as pernas deixassem, olhando para a amostra domingueira, parece que Cristiano aceitaria voltar a ser o futebolista que foi na primeira passagem por Manchester, quando ganhou fama pelos dribles fabulosos (nem sempre úteis, obrigado) e a comparação com George Best. E talvez seja agora uma inverosímil estrela no céu de um miúdo ou de uma miúda da Arábia Saudita. Afinal, ver as estrelas no céu nunca é inútil, dirão alguns."

4 de Fevereiro