Últimas indefectivações
sábado, 26 de julho de 2025
Sporting, Benfica e FC Porto: o jogo da imitação
"Benfica e FC Porto aceleram sem travões pelo mercado e este ainda só vai a meio. A cada contratação, os três grandes vão ficando mais parecidos, mesmo com um Sporting mais cauteloso
No futebol, exceto alguns treinadores de exceção, acredita-se que está quase tudo inventado. E mesmo esses pioneiros incansáveis, ao fim de algum tempo, invertem o ciclo para tentarem encontrar no passado uma forma de evoluir no futuro. Poderá parecer um paradoxo, porém talvez nada melhor o exemplifique do que o reaparecimento do 2x3x5 dos primórdios, aqui há uns três, quatro anos, no Manchester City de Pep Guardiola.
Em termos conceptuais, não se trata de muito mais do que da reinversão da pirâmide — de 2x3x5 para o 5x3x2 e de novo para o 2x3x5 —, ainda que nunca tenha significado o regresso ideológico às origens, apenas foco de inspiração para fazer precisamente diferente. Depois, há muito que se tira de outras modalidades e, claro, de outros técnicos. Um bom treinador está sempre a inspirar-se no trabalho de outros. A copiá-los, com um twist, o seu toque. Acontece muitas vezes, sobretudo quando são ideias que levaram ao sucesso, e tem de ser encarado com naturalidade, mesmo que aqui e ali se vislumbre a patente.
Por cá, o 3x4x2x1 de Ruben Amorim impôs-se num futebol marcado pelo 4x4x2 de Jorge Jesus e de Sérgio Conceição, ao ponto de os rivais terem tentado seguir, sem grande sucesso, pelo mesmo caminho. Roger Schmidt trouxe a seguir o 4x2x3x1 com falsos extremos antes de o sucessor Bruno Lage encaixar mais um médio e assim assentar o seu novo esquema ideal num 4x3x3 assimétrico. Já Vítor Bruno oscilou entre esse mesmo sistema e o 4x4x2 até Martín Anselmi chegar com o 3x4x3. Entretanto, em Alvalade, the Amorim way não chegou para salvar João Pereira, mas foi porto de abrigo para Rui Borges assim que este sentiu, aconselhado pelos próprios jogadores, que o seu 4x2x3x1 não estava a resultar e arriscava deixar fugir o campeonato. Hoje, curiosamente, os três grandes parecem caminhar na mesma direção por diferentes razões.
Há uma teoria a transformar-se em dito popular que garante que o esquema pouco interessa para lá das dinâmicas, no entanto, se tal fosse verdade, ninguém os alteraria. Claro que o 4x2x3x1 da Luz não será igual ao do Dragão ou ao de Alvalade. Desde logo porque os jogadores não são os mesmos e têm valências diferentes, e em cima disso ainda é acrescentado o trabalho diário, que transporta dinâmicas treinadas e as que resultam da química entre os atletas.
Para Rui Borges, o reset entre épocas dá-lhe finalmente o tempo para trabalhar novo modelo e romper com o passado. Não se trata apenas de distribuir os jogadores de outra forma pelo relvado, mas também criar soluções para a perda de Gyokeres, que sempre foi muito mais do que um goleador. Era muitas vezes uma arma quase autossuficiente e até rota de fuga quando a equipa sentia que não conseguia progredir de outra forma. Harder é diferente, tal como o iminente Luis Suárez e dificilmente terão um impacto tão grande.
No caso de Bruno Lage, há duas premissas para o técnico ver com bons olhos o regresso ao sistema que o fez mais feliz, o tal 4x2x3x1 que se transforma em 4x4x2 com um 10 que é ao mesmo tempo segundo avançado: João Félix, claro. A primeira dir-lhe-á que, sem Di María (ou o substituto), pode finalmente defender com 11; e a segunda sugere-lhe que um duplo-pivot mais agressivo, formado por Enzo Barrenechea e Richard Ríos, será suficiente para suportar quatro fantasistas. A ver.
Por último, Francesco Farioli terá também nesse 4x3x3 a caminhar para o 4x2x3x1, sobretudo se os dragões conseguirem resgatar Kenneth Taylor ao Ajax (ou alguém de perfil semelhante), aparente plano A. À exceção de algumas incursões por esquemas com três centrais, sobretudo durante a passagem pelo Alanyaspor, esta tem sido a organização adotada mais frequentemente pelo antigo discípulo de Roberto De Zerbi, aquela que considera ideal para o seu futebol apoiado e progressivo, de construção a partir da baliza. O facto de ter revolucionado o futebol do Ajax, ainda que capitulando no final, ter-lhe-á provado que a ideia pode vingar numa equipa que joga sempre para ganhar como o FC Porto.
Este jogo da imitação, não intencional e fruto das circunstâncias, progride a par de outros, esses sim, estratégicos, sobretudo quando se trata da escolha de jogadores. É mais ou menos óbvio que existe uma ligação do sucesso de Aursnes ao de Hjulmand e agora às apostas em Froholdt e até em Ríos (ainda que não seja nórdico), patrões para o meio-campo, tal como um tanque devastador e goleador como Gyokeres terá incentivado as contratações de Samu, de Pavlidis e até de Franjo Ivanovic. Não há jogadores iguais, porém percebe-se claramente aqui a linha condutora para algumas decisões no mercado de transferências.
Se imitar o que tem sucesso é natural, repetir o mesmo erro já não faz sentido. É por isso que não deixa de ser surpreendente a contratação de João Virgínia pelo Sporting, guarda-redes que chegou a ser internacional sub-21, passou por Alvalade e nas últimas duas épocas somou, ao serviço do Everton, apenas oito jogos, três em 2024/15 e nenhum na Premier League. Resumindo, o Sporting apostou em Franco Israel sem qualquer contexto de primeiro escalão, quando jogava apenas na equipa primavera da Juventus, para ser o suplente de Adán, sofreu com as suas indecisões quando se tornou imperativo que jogasse e até finalmente conseguir estabilizar, e agora troca-o por outro sem rotação.
É certo que Rui Silva encaixou perfeitamente na ideia de estabilidade — alguém com experiência e essencialmente eficaz — e este jogará 90 por cento dos encontros dos leões na nova temporada, mas se Virgínia se tornar o número 2 não deixa de novamente haver alguma displicência na decisão. E nem se pode dizer que é a imagem que ficou para trás a prevalecer, já que em 2021/22, sofreu sete golos nos oito encontros em que participou nas diversas competições pelos verde e brancos, tendo ficado com a baliza a zeros apenas na Liga, na última jornada, diante do Santa Clara. Já na Champions, concedeu quatro num único encontro, em Amesterdão, diante do Ajax.
Já há tanto para dizer e o mercado ainda só vai a meio."
Benfica 25/26
"A época está quase a arrancar, e com ela os sonhos e aspirações de milhões de Benfiquistas, estamos no defeso de uma pré-época mais curta do que o habitual mas por bons motivos, não há €€€ que paguem o prestígio de participar nas primeira edições de provas a nível global como foi o Mundial de clubes, felizmente já não vivemos no Salazarismo, caso contrário ainda enviavam do Sporting em nossa representação como sucedeu na primeira edição da Taça dos Campeões Europeus…🙃
Com esperanças renovadas já contamos com alguns reforços, uma saída que irá deixar saudades (Carreras) e outra, que pelo que vi ontem, foi um alívio…
A nível de reforços já contamos com:
Dahl - 22 anos
Obrador - 21 anos
Dedic - 22 anos
Barrenechea - 24 anos
Ríos - 25 anos
Penso que ainda faltará mais um ou dois reforços, eu pessoalmente adoraria o regresso de João Félix, acredito que poderia fazer uma carreira à imagem do “menino de ouro” mas sem a ida para os sapos, era o melhor para ele e para nós se tal acontecesse!
Precisamos de ídolos, jogadores que não olhem apenas aos €€€ e que queiram ficar por amor à camisola como sucedeu com por exemplo Francesco Totti na Roma…se bem que isso não se consegue com meia dúzia de tostões, é preciso encontrar formas criativas de manter os atletas satisfeitos apesar de poderem perder alguns milhões ao longo da carreira…
Veremos o que sucede, mas aparenta ser um plantel bastante equilibrado, contando também que Manu e Bah recuperam na plenitude…Manu, que já em Janeiro eu acreditava que iria ser a chave para o sucesso, mas que infelizmente quis o destino que fosse traído por uma lesão gravíssima que acabou por ser também ela um revés duríssimo para as aspirações do Benfica, tenho a certeza de que com ele o desfecho seria muito diferente…acredito que pode ser o grande reforço da temporada, assim o joelho o ajude!
Viva o Benfica!
Rumo ao 39!"
Eusébio Cup em sinal aberto
"A pré-época dos comandados por Bruno Lage prossegue com grande entusiasmo. Amanhã realiza-se a Eusébio Cup no Estádio da Luz (20h00), que terá transmissão em direto na BTV em sinal aberto. Estes são os destaques da BNews.
1. Juntos
O primeiro jogo da temporada 2025/26 pode ser visto por todos os Benfiquistas na BTV.
2. Eusébio Cup
Aí está a 13.ª edição da Eusébio Cup, para a qual ainda há bilhetes disponíveis. O jogo é no Estádio da Luz, sábado, dia 26 de julho, às 20h00, entre Benfica e Fenerbahçe.
3. Treinos intensos
Já com Richard Ríos integrado na preparação do plantel às ordens de Bruno Lage, a intensidade, entrega e boa-disposição continuam a imperar.
4. O reencontro
Otamendi recebe Richard Ríos no balneário.
5. Informação clínica
O Sport Lisboa e Benfica esclarece a situação do atleta Alexander Bah.
6. Transferência
Tengstedt passa a representar o Feyenoord.
7. Inspiradoras preparam-se
Prossegue a pré-temporada da equipa feminina de futebol do Benfica.
8. Elite Training Camps feminino
Pauleta e Chandra Davidson estiveram na 6.ª edição do Elite Training Camps feminino, que conta com a participação de 40 jovens.
9. Regresso dos campeões
A equipa masculina de futsal do Benfica já voltou ao trabalho.
10. Preparação para o Mundial
O jornal O Benfica acompanhou Diogo Ribeiro nos últimos aprontos antes da partida para Macau, integrado na comitiva portuguesa para a participação no World Aquatics Championships, em Singapura.
11. Comunicado oficial
O Sport Lisboa e Benfica emitiu um comunicado oficial acerca do projeto Benfica District."
Informação clínica
"O atleta Alexander Bah foi submetido, esta sexta-feira, a uma pequena intervenção cirúrgica ao joelho esquerdo (artroscopia), devidamente prevista no seu processo de tratamento.
A operação, que decorreu com sucesso, foi realizada no Hospital da Luz, com acompanhamento do departamento médico do SL Benfica."
Sport Eleições e Benfica
"Um projeto megalómano com Rui Costa em campanha eleitoral, Carlos Moedas igualmente e a ministra a dizer 'também estou aqui'… e o povo sem casa para morar.
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Um mercado de transferências e uma pré-campanha eleitoral, uma pré-campanha eleitoral e outra pré-campanha eleitoral dentro da anterior. Confuso? Nada disso, Rui Costa a ter de construir uma equipa com urgências de mês de agosto cheio, com Supertaça Cândido de Oliveira a 31 de julho, mas sobretudo com a qualificação para a fase de Liga da Champions, em que os resultado desportivos — a conquista do troféu no dérbi com o Sporting já na próxima quinta-feira mas acima de tudo a qualificação europeia — vão ditar não apenas muito do que se vai jogar em 2025/2026 mas também as eleições de outubro… Por isso este tempo de mercado não é só de mercado, é também de campanha eleitoral e a altura certa para lançar um projeto megalómano para entusiasmar o povo benfiquista. E nada melhor do que o povo benfiquista para entusiasmar um já sempre entusiasmado e aos saltinhos presidente da Câmara Municipal de Lisboa, que olhou para este projeto (que ainda nem no papel está, não passa de um esboço sem outras preocupações seja de que natureza for...) como ouro sobre encarnado para gritar hosana às portas de outras eleições por sinal também em outubro… E como é tentador o chamamento na nação encarnada, com o governante sempre pronto para aparecer na fotografia, e por isso não podia faltar a ministra da Cultura, Juventude e Desporto também a dizer estou aqui, também fazemos parte deste novo mundo cheio de encarnado, com arenas e pavilhões, centros comerciais e hotéis, espetáculos de luz e cor num país onde há gente sem casa para morar.
São cinco os candidatos à presidência do Benfica, mas foi quando o fantasma Luís Filipe Vieira, bem palpável, começou a pairar na Luz que o líder benfiquista acelerou com as contratações e com projetos que muitas vezes vemos anunciados com pompa o circunstância mas que uma vez entusiasmadas as hostes, feito o efeito eleitoral, acabam por não sair do papel. Não seria o primeiro, não seria o último. O que sabemos é que são anunciados ao mundo sempre nestas alturas, 220 milhões de euros 100% financiados por «entidades internacionais», um projeto que Rui Costa leva às urnas e por isso um compromisso que não pode ser defraudado e com a grandiosidade apresentada. Caso ganhe as eleições. Mas se antes falhar a Champions e a bola estiver a bater na trave, tenho para mim que não haverá projeto que salve o líder encarnado. Porque o maior desígnio do Benfica são sempre os títulos e um campeonato em seis anos, com o Sporting a ganhar três, é muito pouco para um clube tão grande, mais ainda no contexto de Portugal. No final das contas, a nação benfiquista o que quer é ganhar títulos, que é para isso que puxa com alma pela equipa.
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Está a terminar a novela Gyokeres. Pode ter havido, certamente que houve, mas talvez por estar tão presente e de forma tão longa, não me lembro de uma negociação assim no futebol português neste século.
Um processo desgastante, para todas as partes, até para nós jornalistas (mas essas queixas o estimado leitor não tem de levar com elas, jornalista não é notícia).
Mas contas feitas, o presidente do Sporting, Frederico Varandas, acabou por levar a sua por diante.
Mas dizer que há um vencedor neste processo parece-me exagerado. O jogador acabou por ir para onde mais queria, os verdes e brancos por conseguirem o valor que queriam, o agente, sim, teve de abdicar e o Arsenal de ir além do que imaginava. Porém certamente que este exemplo poderá um dia ter peso noutro processo, as marcas ficam e outros jogadores e agentes e clubes podem alguma vez recordar que houve uma novela Gyokeres de que podem eles mesmos não ficar livres de um dia lhes acontecer. Varandas sai por cima, sem dúvida, mas agora há um novo Gyokeres para encontrar, espera o treinador Rui Borges que não demore o mesmo tempo. Afinal, a Supertaça é já ali e os leões nesta altura só têm ainda o jovem Conrad Harder para lançar às feras…"
A centralização de direitos TV e o futuro do futebol profissional em Portugal
"Como de resto é tradição nesta altura da temporada desportiva, as atenções estão concentradas no mercado de transferências de jogadores. As movimentações, as entradas e as saídas, as contratações mais ou menos sonantes, os reajustamentos aos plantéis, as cláusulas que são batidas, negociadas, espremidas por clubes de ligas mais competitivas, os adeptos que se entusiasmam com as estatísticas e as promessas de performance de encher as medidas dos que chegam, as televisões em direto contínuo do aeroporto em busca da imagem exclusiva e da declaração mais promissora. É todo um ecossistema que fervilha e que alimenta a novidade, o suspense, a incerteza, a um ritmo diário e que está na génese de dezenas de manchetes (umas mais certeiras do que outras) e muitas horas de comentário, seguramente até ao final do mês de agosto.
Ainda assim, e para lá desta agitação conjuntural, há um tema que, pelo seu impacto económico-financeiro e pelas consequências estruturais que provavelmente introduzirá nos modelos competitivos, promete transformar as fundações do futebol profissional em Portugal. A centralização dos direitos televisivos é uma decisão política, estabelecida desde 2021, irreversível e apresentada como crucial para a sustentabilidade e competitividade da Liga Portugal.
A matéria é regida pelo Decreto-Lei 22B/2021, aprovado pelo Governo em março de 2021, onde se estabelece a titularidade dos direitos de transmissão televisiva, multimédia e demais conteúdos audiovisuais relativos aos campeonatos de futebol das I e II Ligas, bem como as regras relativas à sua comercialização. Em concreto, o diploma determina que tais direitos deverão começar a ser comercializados de forma centralizada a partir da época de 2028/29, ficando vedada a possibilidade de os clubes o fazerem individualmente. Embora os contratos vigentes se mantenham até 2027/28, o diploma impõe que a FPF e a Liga Portugal apresentem uma proposta de modelo de centralização até ao final da época de 2025/26, que será apreciada pela Autoridade da Concorrência.
A fórmula que tem estado sujeita a debate assenta essencialmente na distribuição em duas componentes principais: 50% do valor distribuído de forma equitativa por todos os clubes e os restantes 50% distribuídos com base no mérito desportivo e implantação social, considerando o número de adeptos de cada clube, a audiência média apresentada, a afluência aos recintos de jogo, entre outras variáveis.
De acordo com informação veiculada pela Liga, estudos recentes apontam para um valor anual entre 150 e 170M€, caso os clubes continuassem a comercializar os direitos individualmente. Com a venda centralizada, na formulação que tem sido estudada, apresentam-se projeções mais otimistas, estimando um valor agregado entre 275 e 325M€ por ano, o que representaria um incremento de 56% a 85% face à hipótese de cada clube negociar per si.
De entre as vantagens que têm sido identificadas no futuro modelo, destaca-se o reforço do equilíbrio concorrencial, considerada a potencial redução de disparidade entre os clubes maiores e os de menor dimensão. Atualmente, o ratio situa-se em 1 para 15 e, nesta nova reformulação, estima-se que poderá situar-se em 1 para 4, promovendo uma redistribuição de proventos mais equitativa entre contendores. Ao nível da projeção internacional da Liga Portugal, onde atualmente as receitas representam somente 5 a 10%, o futuro modelo centralizado promete abrir oportunidades de transmissão em mercados como os dos PALOP, do Médio Oriente e da América do Norte. A isto acrescem as melhorias na componente audiovisual, ao permitir padronizar e elevar a qualidade da transmissão dos jogos, melhorar a capacidade e conforto das infraestruturas e, com isso, beneficiar a experiência do adepto nos estádios, melhorias que visam fortalecer o valor comercial da competição nacional nas multiplataformas de difusão internacional.
Registam-se, ainda assim, algumas inquietações que exigem o aprofundamento das condições efetivas em que o processo de centralização avançará, desde logo a iminente perda de receita para os três clubes mais representativos, que, de acordo com projeções recentes, pode cifrar-se em quebras anuais entre os 10 e os 25M€. Acresce a avaliação ao cenário macroeconómico potencialmente adverso no futuro, de particular instabilidade geoeconómica à escala global, com a subida da inflação e das taxas de juro, que poderá impactar de forma determinante o poder de compra de potenciais operadores interessados em participar das negociações para adquirir os direitos de transmissão.
Não subsistem dúvidas de que o processo de centralização dos direitos televisivos em Portugal representará uma mudança estrutural com elevado potencial de valorização do produto audiovisual, mitigando desigualdades, e que contribuirá para o fortalecimento do futebol profissional. O sucesso da operação está intimamente dependente da conceção e adoção de um modelo robusto de distribuição que combine desempenho e mérito desportivo, representatividade e potencial de crescimento, assim como da capacidade de atrair novos mercados de transmissão e diferentes operadores, em ambiente concorrencial. Face à fortíssima concorrência de mercados como o inglês, o espanhol e o italiano, onde coabitam jogadores de primeiríssima linha, equipas altamente competitivas e emoção da primeira à última jornada, os clubes profissionais portugueses devem preparar o processo de implementação de um novo modelo de direitos televisivos com prudência e realismo e tomar decisões tendo por base evidências.
Sinal Mais
Com discrição, eficácia e critério o FC Porto vai reajustando o plantel que se apresentará em competição em 2025/2026. Gabri Veiga, Borja Sainz, Prpic, Victor Froholdt e Alberto Costa trazem juventude, qualidade técnica e compromisso. Sem alarido e distante de polémicas."
Luís Figo: 25 anos
"No 25 de Julho de há 25 anos, Luís Figo chegou ao Real Madrid, uma data marcante na sua vida que, certamente, nunca esquecerá. Nesse dia o Luís teve a amabilidade de me convidar para almoçar e desse encontro recordo a sua calma e serenidade sem a exuberância e excitação que seria normal esperar de um jogador a poucas horas de entrar no melhor clube do mundo, mas também sem mostrar estar em estado de choque por tudo o que teve de viver nos complicados dias anteriores em que, de forma inesperada, se viu na dramática situação de ter de decidir entre continuar no Barcelona ou trocá-lo pelo grande rival madrileno.
Ao mesmo tempo que comíamos, Florentino Pérez entregava na sede de La Liga o cheque de 10 mil milhões de pesetas (uns 60 milhões de euros) para pagamento da cláusula de rescisão que figurava no contrato de Figo com o Barça, nunca antes se tinha pago tanto por um jogador.
À tarde, numa austera cerimónia na sala de taças do Bernabéu, Florentino Pérez e Alfredo Di Stéfano faziam a apresentação de Luís Figo como novo jogador do Real Madrid, ponto final a um dos mais rocambolescos episódios da história do futebol e início da famosa época dos galácticos.
Passado este quarto de século não é de mais fazer uma reflexão sobre as consequências desta troca de camisolas feita por Figo. Foi ele, como cabeça de cartaz, quem levou Florentino Pérez à presidência. O outro candidato, Lorenzo Sanz, resolveu antecipar as eleições pensando que a recente conquista da Liga dos Campeões seria argumento suficiente para ser reeleito, mas os sócios deram mais valor a Figo que ao título europeu e outorgaram a vitória ao opositor.
A chegada de Florentino significou a transformação radical das estruturas do clube a todos os níveis, é difícil imaginar que qualquer outro, no seu lugar, tivesse sido capaz de imitar sequer, o enorme trabalho por ele feito a favor do Real Madrid, que hoje pouco tem a ver com o que ele herdou.
E Figo, que teria sido dele se tivesse continuado no Barcelona? No aspeto estritamente desportivo, a mudança não o prejudicou, estava na plenitude de uma carreira que, fosse onde fosse, poderia prosseguir com o mesmo brilhantismo. Mas estava a vertente sentimental, na altura ele era o grande ídolo dos adeptos do Barça, para os quais a sua saída constituiu um enorme desengano, nunca pensaram que tal pudesse acontecer e daí a sua reação não de todo pacífica, mas, de certo modo, compreensível.
Socialmente, Figo gozava em Barcelona de um considerável prestígio, admiração e respeito, virtudes que tinha sabido conquistar e que bem o podiam levar a desempenhar uma posição de relevo dentro da sociedade catalã. Atrevo-me a vaticinar que, a ter continuado até ao fim no Barcelona, Figo poderia ter ficado para sempre como uma figura mítica, semelhante à que Johan Cruyff ainda hoje representa para o clube.
Mas na vida há que tomar decisões, ele tomou a que achou que era a melhor para ele e a sua família e com isso muitas coisas mudaram: tiveram que adaptar-se à nova situação, mas o mais importante é que estão bem onde estão, são felizes como merecem, e oxalá em 2050 a família Figo possa festejar o meio século de vida madrilena, embora duvide que, nessa altura, o Luís me possa voltar a convidar para almoçar."
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