Últimas indefectivações

segunda-feira, 17 de junho de 2024

Bronze e Ouro...


Depois da Prata nos Europeus, na Sexta, no K1 500m: Bronze no K1 1000m e Ouro no K1 5000m! Com o Pimenta é sempre a somar!!!

Mesmo assim, o K1 1000m é o grande objetivo Olímpico, e os adversários parecem estar em forma, vamos ver como será daqui a cerca de 40 dias...

Palhaçada do costume...

Corruptos 5 - 3 Benfica

Mais um roubo épico, nada de novo!
Penalty's não assinalados (pelo menos dois), faltas fantasma que 'ofereceram' o 3-3 aos Corruptos, a fechar o tempo regulamentar, e mesmo nos últimos segundos do prolongamento, evitaram marcar a 10.ª falta aos Corruptos, oferecendo mais um golo aos Corruptos!!!
Corrupção total! Somos melhores, mas assim será muito complicado...

Iniciados - 18.ª jornada - Fase Final

Benfica 5 - 1 Salgueiros


Última jornada, com goleada na consagração no Seixal dos Campeões, com muita rotação, com algumas estreias nesta Fase Final...


Rabona: Euro24 - Daily...

No Princípio Era a Bola - O ultimato de Southgate e as incongruências de Koeman depois de uma goleada de nariz comprido da Espanha

Na ressaca da AG


"UMA PROVA DE GRANDEZA, MAS TAMBÉM DE DESUNIÃO

Não participei, por estar fora do país, na importante assembleia geral de ontem. Do que fui tendo conhecimento, gostava de destacar o seguinte.

1. A Assembleia Geral foi, pelo impressionante número de participantes, mais uma demonstração da grandeza do maior de Portugal.

2. Li que, para além dos assobios e insultos da ordem, também terá havido agressões. Está na hora de a direção tomar medidas concretas, se necessário radicais, para garantir a ordem e o respeito no estádio, nos pavilhões, nas assembleias gerais, nos jogos fora, etc.

3. A pluralidade de opiniões, as críticas construtivas e as propostas bem intencionadas são fundamentais para o engrandecimento do clube. Venham de quem vierem.

4. Não ganhamos nada em ver o Benfica na base do "quem não está connosco, está contra nós". É dispensável apelidar o Rui Costa de banana, tanto quanto o é apelidar o Noronha Lopes e os que o apoiam de hamburgueres. Um clube assim extremadamente dividido, não vai a lado algum. Afinal, não festejamos todos, de igual forma, os golos, as vitórias, os títulos? Compete à direção e à comunicação do Clube dar tudo em prol da união, com atos, não com palavras. Mas também nos compete a nós, simples associados, fazê-lo com as nossas intervenções e os nossos comportamentos.

5. Conforme aqui explicitei na sexta feira, votaria "sim" o orçamento, pelas razões que apontei.

6. A vitória tangencial do "sim", uma espécie de cartão amarelo mostrado à direção, é uma boa razão, mais uma, para Rui Costa alterar o que está mal no Clube e na SAD. Ou alguém tem dúvidas de que há muita coisa a precisar de ser mudada? Faltam 16 meses para as eleições, não é saudável que a direção tenha o seu destino exclusivamente dependente do sucesso ou insucesso da equipa de futebol. Vamos arrancar a nova época sobre brasas.

7. O Benfica não deve realizar apenas duas assembleias gerais por ano. Porque nessas, que são oportunidades únicas, discute-se desordenadamente tudo e mais alguma coisa. Pior, muitas vezes as suas votações são transformadas em verdadeiras moções de censura ou de apoio à direção, apenas em função do momento. Deviam ser promovidas assembleias gerais com mais regularidade, nas quais seriam debatidos e colocados à votação os assuntos mais prementes da vida do Clube para além do orçamento e do relatório e contas.

8. Que se tirem lições para o futuro ao nível da organização: não é possível que uma assembleia tenha início, para mais atrasada, com sócios - centenas? - do lado de fora do pavilhão. Se estava, e bem, preparada a passagem do pavilhão para o estádio, não seria previdente ter as acreditações preparadas com maior capacidade de resposta?"

A Hipocrisia da Oposição


"Nos últimos tempos, a oposição no Benfica tem-se revelado uma verdadeira novela de intrigas e hipocrisia. O recente alvoroço em torno de Noronha Lopes é a prova cabal de como a política clubística pode descer a níveis lamentáveis. Desaparecido desde 2021, quando foi derrotado de forma expressiva, Noronha ressurgiu das cinzas, não por uma convicção renovada, mas pelo cheiro de uma suposta fragilidade. É fácil perceber o oportunismo quando ele se materializa com tamanha clareza.

A Reaparição Oportuna de Noronha
Quando Noronha Lopes, que em 2021 se eclipsou ao primeiro sinal de dificuldade, reaparece em 2024, é inevitável questionar as suas motivações. Será que o seu retorno é impulsionado por um desejo genuíno de melhorar o clube, ou apenas uma vingança mesquinha contra os que agora ocupam o poder? O silêncio cobarde que manteve após a sua derrota só foi quebrado quando vislumbrou uma nova oportunidade para explorar a divisão e o descontentamento. Esta atitude revela um carácter mais interessado em vingança do que em qualquer proposta construtiva para o Benfica.

A Inconsistência dos Oposicionistas
Os adeptos que outrora se mostravam ferozmente leais a Noronha agora encontram-se desiludidos. A oposição que tanto criticava a gestão de Rui Costa e Luís Filipe Vieira mostra-se, na verdade, uma coligação de interesses individuais mascarados de preocupação com o clube. O partidarismo e as coligações negativas não servem ao Benfica; pelo contrário, só alimentam a discórdia e enfraquecem a unidade necessária para enfrentar os desafios.

A Conduta da Oposição: Populismo e Cobardia
Em 2020, alguns viram em Noronha uma alternativa viável, uma esperança de mudança. No entanto, a sua deserção após a derrota foi não apenas um acto de fraqueza, mas também de traição aos que acreditaram nele. O apoio que ele agora procura parece menos uma tentativa de unir o clube e mais uma tentativa desesperada por poder. A falta de uma oposição construtiva e a promoção de uma narrativa de vingança são tudo, menos o que o Benfica precisa neste momento.

Abutrismo
É imperativo que os adeptos do Benfica reconheçam que a mudança não virá de figuras que ressurgem apenas quando sentem o cheiro de sangue. Noronha Lopes e os seus seguidores representam uma abordagem reacionária que visa apenas substituir um conjunto de problemas por outro. O Benfica merece uma liderança que olhe para o futuro com visão e coragem, não uma oposição que se alimenta do passado e das suas derrotas.

Foco no Futuro
A atual oposição no Benfica, liderada por Noronha Lopes, revela-se uma sombra do que poderia ser uma força para o bem. Comportamentos oportunistas, atitudes vingativas e a falta de uma visão clara para o futuro demonstram que, mais do que nunca, o clube precisa de líderes que inspirem confiança e união. A verdadeira transformação não virá de figuras ressurgidas do passado, mas de um compromisso renovado com o progresso e a integridade do Benfica, permitindo que a atual administração, legitimada há dois anos e meio com mais de 80% dos votos, continue a trabalhar com a estabilidade e tranquilidade necessárias para alcançar os objetivos que todos desejamos."

Circo!


"Gostei de marcar presença, ver a orgânica da coisa, ver a forma como se manipulam as massas….
Infelizmente, para tristeza de alguns dos presentes, o Sport Lisboa e Benfica é um clube de eclético, mas que atingiu a sua globalidade alicerçado no futebol!
Querem andar nas politiquices? Fundem um partido político e entretenham-se lá.
Quando podíamos estar a anos luz dos rivais, andamos a discutir o sexo dos anjos ano após ano, isto sim afasta os benfiquistas do Benfica.
Eu quero lá bem saber de estatutos principalmente quando aqueles que apregoam e gritam por eles passam a vida a desrespeitar os existentes e aqueles que eles tanto vociferam como sendo os corretos!
Eu quero é saber se a bola entra ou não, o resto é CIRCO!
Que venha é a pré temporada, que se forme novamente uma equipa vencedora, que voltemos a jogar bom futebol e a cativar os verdadeiros adeptos, aqueles que se apaixonaram pelo jogo e não pelos bastidores.
Eu não me apaixonei por “valores”, eu apaixonei-me à conta do Michelle Preud’Homme, do João Vieira Pinto, do Nuno Gomes, do Paulo Nunes, do Donizete, do Isaías, do Veloso, Abel Xavier, estes e tantos outros são a razão da minha paixão pelo clube do que me fez benfiquista!
E isso é igual para mim e para milhares ou milhões de Benfiquistas e não admito que me retirem o sentimento de criança porque batem no peito que são mais benfiquistas que os demais porque julgam que se baseiam nos valores de Cosme Damião, Cosme esse que deve dar voltas na sua sepultura de cada vez ver mais a família benfiquista fragmentada porque se encara o clube como um partido político ao invés de um clube de FUTEBOL!
Ganhem vergonha de uma vez por todas, enterrem os machados de guerra onde bem vos entender!
Venham para aí mandar os bitaites que vos apetecer que é para o lado que eu durmo melhor!
Eu quero é saber quem é o novo lateral esquerdo, o direito, o trinco o PL que irá fazer sonhar como faziam os demais quando eu era pequenino, o resto não me interessa!
Viva o Benfica!
E quem não gostar, olhe, faça scroll para cima para baixo ou deixe de seguir que a mim tanto me dá como me deu!"

5 minutos: Diário...

Terceiro Anel: Diário...

Zero: Tema do Dia - A explicação da crise estrutural do Benfica

Zero: Mercado - Greenwood, Paulinho, Sergi Roberto, Paulinho

Terceiro Anel: Euro24 - Dia 1

Futebol e democracia: há muito por resolver nesta relação


"Que diríamos de uma sessão parlamentar com entrada vedada à Comunicação Social?

As estimativas, mais a olho, mais a intuição ou mais a partir de sondagens e inquéritos, dizem-nos que existem espalhados pelo Mundo seis milhões de benfiquistas.
Os números estimados nas duas assembleias gerais que decorreram ontem na Luz — primeiro no pavilhão, depois no estádio, com ida intermédia ao pavilhão para se votar o orçamento — dizem-nos que estes eventos mobilizaram entre quatro e cinco mil sócios durante longuíssimas horas.
Mas como se soube isto? Soube-se porque os órgãos de Comunicação Social fazem o seu trabalho. Estão proibidos de entrar em assembleias gerais, mas porfiam na sua missão e percebem, ao contrário do que parece acontecer com os clubes (e não só), que cinco mil sócios — ou dez mil que fossem — são dois grãos de areia entre quem segue, se interessa e gosta do Benfica.
Que acharíamos da nossa democracia se as sessões parlamentares fossem vedadas à Comunicação Social? Ou os julgamentos? Ou muito outros acontecimentos que são, por natureza, públicos e, sobretudo, de interesse público?
O argumento mais básico, entre tantos que se ouvem, é que se trata de um evento da esfera privada do clube. Admitamos que é argumento certo. Os congressos partidários, por exemplo, também podem ser considerados eventos privados. Já se imaginou acontecer um sem a respetiva e necessária cobertura mediática?
Acontece falar-se aqui do Benfica por uma questão de oportunidade, visto que na generalidade dos outros clubes e restantes instituições do futebol nacional sucede exatamente o mesmo.
Os jornalistas da área do desporto que por cá andam há mais anos já assistiram a assembleias gerais de Benfica, FC Porto, Sporting ou Federação Portuguesa de Futebol. O crescimento dos meios próprios de informação e o medo cénico dos atores face ao jornalismo foram fechando essas portas. Já tem uns anos o enraizamento do esquema de produzir conteúdos próprios, dispensando essa coisa chata que é ficar sujeito a perguntas. E as pessoas vão-se habituando — ainda ontem um amigo me dizia que «a assembleia do Benfica não está a dar na BTV»...
Também se alegam motivos de segurança, e aqui há maior razão, porque existe de facto um histórico de episódios muito pouco dignificantes de ataques a jornalistas. Mas neste histórico há culpados: os dirigentes. Os adeptos seguem-nos na velha narrativa de atirar as culpas de males próprios para cima de outros. Também já houve problemas em eventos políticos e não foi por isso que passaram a realizar-se à porta fechada.
Quando a generalidade dos dirigentes quiser, o futebol português e a democracia poderão conhecer novos tempos numa relação que, convenhamos, ainda tem muito por resolver antes de poder afirmar-se como feliz e saudável."

Gerações


"A atual Seleção Nacional, como diz José Mourinho, faz duas equipas com aspirações ao Euro. Mas que dizer daquela de 1984?; Paulo Fonseca, a outra vítima de Kelvin; lesar é...

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Quando Portugal não era cliente das grandes competições, o Brasil era o meu plano B. Ainda hoje custa recordar aquele traumático 5 de julho de 1982, dia em que um hat trick de Paolo Rossi garantiu à Itália triunfo (3-2) que afastou a canarinha do Campeonato do Mundo de Espanha num Maracanazo no Sarrià de Barcelona.
Os transalpinos sagraram-se campeões à custa da Alemanha (3-1) mas, sem recorrer ao Google, dessa squadra azzurra lembrava-me de cabeça — afinal, não há Mundial como o primeiro de que temos memória — apenas de Zoff, Bergomi, Cabrini, Gentile, Tardelli (a expressão facial a festejar o golo que marcou aos germânicos é um hino à emoção pura), Bruno Conti e Rossi. Já o onze brasileiro continuava na ponta da língua, sem ajuda da internet: Waldir Peres, Leandro, Óscar, Luisinho, Júnior, Cerezo, Falcão, Sócrates, Zico, Éder e Serginho.
Moral da história: o Brasil de Telê Santana tornou-se património imaterial da humanidade futebolística, a Itália, essa, ergueu o troféu no Santiago Bernabéu. Os melhores jogadores nem sempre sorriem no fim, à atenção da Seleção, que parte como uma das favoritas — a par de França, Inglaterra e Alemanha, aqui fica o palpite… — à conquista do Euro que na terça-feira se inicia para as nossas cores diante da Rep. Checa.
Será esta a equipa das quinas com a maior quantidade de talentos, capaz de formar duas seleções favoritas, como sentenciou José Mourinho? Talvez seja, sim. Em qualquer posição, sobram boas soluções, algumas que até assistirão à prova no sofá, por lesão ou decisão de Roberto Martínez.
Ora aqui está uma boa oportunidade para viajar até 1984, o Euro de França, o primeiro para mim e para Portugal. Na sexta-feira fez 40 anos que nos estreámos em Europeus, nulo com a RFA, trajeto terminado com desaire aos pés de Platini e companhia nas meias-finais, outro trauma de infância. Por falar em fartura de opções, que dizer daquela seleção orientada por um quarteto de treinadores (Fernando Cabrita, José Augusto, António Morais e Toni), numa decisão da FPF que hoje pareceria uma anedota?
Bento, Damas, João Pinto, Veloso, Lima Pereira, Álvaro, Eurico, Sousa, Jaime Pacheco, Frasco, Carlos Manuel, Chalana, Nené, Jordão, Gomes ou Diamantino, no auge deles, lutariam por um lugar no onze em 2024. E não esquecer que Humberto Coelho, Alves, António Oliveira, Manuel Fernandes ou Futre, por diferentes razões, não foram a jogo. Estou a ficar velho...

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A seguir ao Benfica, Paulo Fonseca foi a grande vítima de Kelvin. O golo do brasileiro — ao minuto 90+1 mas que teimamos continuar a situar aos 90+2’ — encaminhou o FC Porto para um título que parecia impossível de alcançar e na preparação da época seguinte os dragões, iludidos pelo milagre, julgaram que Licá, Josué, Herrera ou Carlos Eduardo compensariam, por exemplo, as saídas de James e João Moutinho.
O novo treinador do Milan — não há português ao leme de clube mais titulado no mundo — substituiu Vítor Pereira naquele verão de 2013 e como reconheceria depois não estava preparado, digo eu, para alguns vícios. «Paulo Fonseca batia à porta para entrar no balneário, não abriam e diziam-lhe: ‘O treino é só às 10.30 h’. Eram muitos egos», contou, em 2023, ao Expresso, Tiago Rodrigues, antigo médio dos portistas.
Paulo Fonseca voltaria ao Paços de Ferreira, um passo atrás para dar desde então muitos à frente.

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A auditoria forense a transações de 51 jogadores do Benfica, entre 2008 e 2022, concluiu que a SAD encarnada não foi lesada, mas apontou lapsos e deixou recomendações. Após ler o documento, a definição de lesar no meu dicionário é estranhamente diferente..."

Eu, obsessivo-compulsivo me confesso


"O transtorno é ligeiro, mas manifesta-se aqui e ali nas mais inesperadas situações. Nada de grave, sublinho desde já, e muito menos perigoso para mim ou para outros. Mas existe e, por isso, ao longo dos anos, fui aprendendo a conviver com ele e, até, a abraçá-lo.
E, por estes dias, lá voltou ele, o transtorno obsessivo compulsivo; tudo por culpa das acreditações para o Euro 2024, o documento que milhares de jornalistas trazem ao pesçoco e que permite aceder aos estádios e aos treinos das seleções. Sem ele, nada feito, ninguém entra.
O problema é a minha obsessão – talvez relacionada com a curiosidade inerente ao jornalismo – por acreditações. Não pelo objeto em si, mas pelo que nele consta. E é assim que dou por mim paralisado por longos segundos, a olhar especado para a identificação deste(a) ou daquele(a) companheiro(a) de profissão, numa irresistível indiscrição de perceber de que país vem, para que órgão de informação trabalha, como se chama…
Os olhares que recebo de volta nem sempre são os mais simpáticos, mas vai havendo quem sorria, quiçá com compaixão deste curioso compulsivo… E, enquanto escrevo, eis que um desconhecido se senta por perto na sala de imprensa. Quem será? De onde veio?"

Euro 2024: agora é a doer!


"Francisco Conceição fez um bom jogo com a Finlândia e mostrou que pode ser muito útil à Seleção. João Neves foi igual a si próprio

Estamos a dois dias da nossa estreia no Euro 2024. O estágio de preparação foi curto, mas intenso. O selecionador optou por realizar três jogos particulares, ao contrário da maior parte das seleções presentes no Euro. Depois da discussão em torno da composição dos 26 convocados, muitos questionaram a opção de preparação tomada por Roberto Martínez.

Todos contam
Roberto Martínez foi claro na definição do objetivo do estágio de preparação ao referir que pretendia dar ritmo, minutos e competitividade a todos os jogadores. Analisou a época nos clubes e identificou as cargas que cada um deveria receber. Em função deste pressuposto, optou por realizar três jogos de treino que poderão, não só, dar o ritmo que todos necessitam, assim como competir frente a adversários que colocam diferentes dificuldades.
Existem muitas estratégias e todas são válidas. O selecionador podia ter optado por definir um onze e dar-lhe mais tempo, demonstrando claramente quais seriam as suas primeiras opções para o jogo frente à Chéquia. Em termos concretos, compreendo as duas estratégias, mas concordo com a abordagem de Martínez.
Por um lado, desde o início, definiu um conjunto de jogadores, praticamente certo (aproximadamente 23) e com poucas alterações. É verdade que foi criticado, mas foi essa estratégia que lhe permitiu agora dar minutos a todos os convocados (exceção a Rui Patrício).
Neste momento, ao fim de 18 meses e 15 jogos, os jogadores sabem o que o selecionador espera e necessita de cada um deles na sua função. Esta, além de ser uma vantagem, é também uma forma de liderar diferente. Demonstra aos jogadores que todos são importantes e que podem ter uma oportunidade. Prepara-os para, em caso de necessidade, estarem à altura dos acontecimentos. Cria um ambiente mais saudável entre todos, numa competição em que esperamos que estejam juntos durante um mês.

Sistema tático camaleónico
Ao longo do apuramento para o Euro, e nos últimos jogos de treino, Portugal adotou dois sistemas diferentes: 4x3x3 e 3x4x3. Se olharmos para os dois sistemas no ponto de partida, concluímos que são diferentes. Contudo, se analisarmos as dinâmicas e movimentações que Roberto Martínez implementa, em cada uma destas opções, a realidade é que são muito similares.
Por exemplo, quando Portugal joga em 4x3x3 a construção é sempre feita a 3. Palhinha recua para o meio dos centrais, os laterais sobem no terreno pelo corredor ou pela zona central (Nuno Mendes e Cancelo) e os alas jogam por dentro ou ficam abertos na linha, dependendo do movimento do lateral do seu lado. Se analisarmos, o 4x3x3 transforma-se num 3x4x3 claro e definido. Depois, dentro de cada sistema e onze apresentados, Martínez tenta aproveitar o melhor de cada um dos jogadores.
O melhor exemplo é Rafael Leão, a quem têm de ser criadas condições para que ele possa executar situações de um contra um com frequência, por ser este o seu ponto forte e desequilibrador. Por este motivo, Leão fica bem aberto na linha e quem explora o corredor central é o lateral esquerdo, Nuno Mendes ou Cancelo.
Com esta forma de jogar, a nossa Seleção fica mais imprevisível e com maior variabilidade de opções. Isto só é possível porque temos um conjunto de jogadores com capacidade para se adaptarem a esta forma de jogar e com características diferenciadas, que permitem ao selecionador agitar o jogo pelas vias individual e coletiva.

Quem ganhou pontos?
Como em todos os estágios, há sempre jogadores que aproveitam melhor as oportunidades. Neste que antecedeu a competição, dois dos benjamins tiveram destaque pelas suas prestações.
Francisco Conceição fez um bom jogo com a Finlândia e mostrou que pode ser muito útil à Seleção. João Neves foi igual a si próprio. Qualidade, maturidade e competência. Não deverá ser primeira opção, mas irá obrigar os seus colegas a não adormecerem. Vitinha voltou a demonstrar que tem de fazer parte das opções iniciais pela sua incrível qualidade, segurança e leitura de jogo.
Por fim, Rafael Leão. Quando quer é um fora de série. Parece-me que Martínez está a tentar criar condições para que Rafael possa utilizar os seus melhores atributos, através de movimentações coletivas que permitam ao jogador receber a bola na linha no um contra um.

Aprendizagem
Os jogos de preparação têm o condão de nos demonstrarem se estamos preparados para as dificuldades que vamos encontrar pela frente. Contra a Croácia o jogo foi negativo. Na minha opinião, até isto correu bem no estágio. Porquê?
Porque Portugal, com Martínez, ainda não tinha encontrado um adversário com esta qualidade. O facto de termos jogado da mesma forma e as coisas não terem corrido bem, faz-nos pensar, colocar em causa e aprender. Percebemos que frente a seleções com esta qualidade não é suficiente ter dois centrais e o Palhinha para estancar as transições ofensivas dos adversários.
Frente a jogadores com esta qualidade, Portugal terá de ter cuidados adicionais. Teremos de ter três defesas e Palhinha para conseguirmos estar equilibrados. A reação à perda também não está totalmente coordenada, o que nos torna vulneráveis. Numa Seleção, como a portuguesa, que tem os laterais expostos, temos de criar mecanismos para estarmos equilibrados. O jogo com a Irlanda foi a preparação disto mesmo. Neste jogo jogaram três centrais que não sobem e garantem a ocupação territorial.
Frente a grandes adversários, bastará acrescentar Palhinha para termos outra capacidade e nos impormos defensivamente em situação de contra-ataque ou ataques rápidos dos oponentes.
Outra conclusão é que frente a adversários mais frágeis, ou com menos qualidade técnica, não necessitaremos de tantos cuidados defensivos. Em termos ofensivos, e frente a seleções de menor grau de dificuldade, a nossa forma de jogar permite desbloquear, com maior ou menor dificuldade, os obstáculos que nos vão surgindo."

Eurolândia, dia 2: o vórtice suíço, a vertical Espanha e a resistente Itália


"Alguns pensamentos e notas tiradas sobre o Campeonato da Europa de 2024

O dia 2 do Euro 2024 não trouxe surpresas. Espanha, Itália e Suíça venceram os encontros em que eram favoritos, com maior ou menor distância do rival, e os dois primeiros marcam já encontro para uma segunda jornada de alta intensidade.
O jogo grande do dia foi, obviamente, o Espanha-Itália, com a Roja a marcar a diferença na primeira parte. O triunfo, por 3-0, foi expressivo e talvez demasiado penalizador para o conjunto de Zlatko Dalic. Mas já lá vamos.

Venceu a melhor (e mais simples) estratégia
Começo pelo Hungria-Suíça, que trouxe a abordagem tática mais interessante do dia, com o protagonista a ser, sem dúvida, o helvético Michel Aebischer, jogador do Bolonha. O médio assistiu e marcou no triunfo por 3-1 sobre os húngaros.
Murat Yakin montou a sua equipa desta forma:

Só que no momento com bola organizava-se assim:

O 1-0, assinado por Kwadwo Duah, a escolha surpreendente de Yakin para o 11 titular, chegou ao fim de 22 passes, com a Suíça a mostrar todo o esplendor do seu ataque posicional. O 21.º foi feito por Akanji, com a bola descoberta (sem ser pressionada). O central descobriu Aebischer entre linhas e igualmente com espaço no corredor central e o médio isolou Duah, numa diagonal nas costas de Orban.
Já o 2-0 surge com Aebischer em posição frontal mais uma vez, para o remate de fora da área, depois de uma jogada de envolvimento pela direita e passe de Freuler. Nesse momento, nem Vargas nem Rodríguez estavam na esquerda e quando o central/lateral esboçou o movimento já Aebischer se decidira a rematar. Grande golo. E, mais uma vez, resultante da tal dinâmica.
Já o italiano Marco Rossi também tentou supreender os suíços com uma abordagem que sobretudo disfarçava o excesso de elementos defensivos (Fiola, Lang, Orbán, Attila Szalai e Schaffer) no seu 11. Este foi o ponto de partida:

É verdade que assim que entrava em ataque posicional a equipa recuperava a forma original, com Kerkez como lateral e Schaffer no meio-campo, mas no momento da saída eram vários os elementos a procurar posicionamentos diferentes, como em baixo:

A Hungria foi apenas perigosa nas bolas paradas na primeira parte e, na segunda, chegou ao 1-2 num cruzamento para a área, com Sallai e Szoboszlai a crescer na influência e até mais próximos entre si, agora com mais uma unidade ofensiva na equipa: Bolla substituiu Lang ao intervalo. A Suíça ainda se assustou, mas reorganizou-se e Orbán - tarde para esquecer - errou e ofereceu o 3-1 a Embolo.

Onde está o tiki-taka?
Mais do que nuances táticas, que há sempre, o mais interessante do Espanha-Itália foi a forma como a equipa de Luis de la Fuente destroçou a mesma Croácia que há dias tinha vencido e convencido diante de Portugal. Há um dado estatístico que denuncia o que se passou. Vamos a ele:
Sim, a Espanha teve 47% de posse de bola e foi a primeira vez que venceu um jogo com esta estatística inferior à do adversário desde a final do Euro 2008.
La Roja chegou ao 1-0 aos 29 minutos. Nessa altura, depois do domínio espanhol durante o primeiro quarto de hora, a Croácia tinha equilibrado e estava a ganhar ascendente. É num momento de reação à perda, de contrapressão, que tudo se precipita. Os laterais croatas, Stanisic e Gvardiol, estão projetados, e os centrais Sutalo e Pongracic têm demasiada largura para cobrir. Sobretudo, assim que Rodri coloca a bola ao jeito de Fabián Ruiz. O passe de rotura apanha Morata precisamente no espaço entre os centrais e diante de Livakovic. O avançado mantém a calma, finalizando com o pé esquerdo.
A fase de superioridade espanhola também se explica pela pressão alta bem executada, sobretudo ao obrigar Sutalo a delegar em Pongracic (destro como central à esquerda) a construção. Com o trio de médios igualmente apertados, a Croácia tinha de se livrar da bola, algo de que não gosta de fazer.
Há também alguma infelicidade da equipa de Dalic. Logo após cada um dos dois primeiros golos, reagiu e teve oportunidade para marcar. Valeu Unai Simón e alguma falta de pontaria, sobretudo de Lovro Majer no segundo momento.
O 2-0 surge de uma jogada de envolvimento, mas resolvida pelo talento individual de Ruiz, que fez o que quis de Modric e dos outros adversários à sua volta para penetrar na área e rematar. O 3-0, já nos descontos, surge na sequência de uma bola parada, com cruzamento de Yamal e finalização de Carvajal. Resumindo: contra-ataque, jogada individual e bola parada; onde está o tiki-taka?

'Azzurra' emocionalmente forte
A Itália sofreu o 1-0 aos 23 segundos, recorde em fases finais, e, com o coração sempre perto da boca, podia ter entrado numa espiral negativa. No entanto, o conjunto de Luciano Spalletti não se deixou abanar diante dos albaneses. Nem poderia, uma vez que vem aí, na segunda jornada, um embate com a Espanha.
Também a squadra azzurra se organizou de forma interessante.

Apesar de o esquema de partida ser o acima, transformava-se no de baixo para a saída com bola.

Com Bastoni e Calafiori, dois canhotos, no eixo defensivo, era o segundo a transportar e a participar mais na construção. Rigoroso na marcação e muito forte nos duelos pelo ar e pelo chão, o defesa do Bolonha ainda se mostrou muito confortável com a titularidade e exibiu-se a altíssimo nível, ao ponto de rapidamente surgirem comparações (sugestionadas pelo físico também) com Paolo Maldini ou Alessandro Nesta. Apenas no final, se deixou ultrapassar por Rey Manaj, com Donnarumma a evitar o empate.
A capacidade de desequilibrar proporcionada por Chiesa e a verticalidade de DiMarco são obviamente importantes para a Azzurra, no entanto o que mais se destacou foi o pentágono formado no corredor interior. Scamacca funcionou na perfeição como 9 e falso 9, abrindo espaços para os companheiros (genial, a jogada da bola ao poste de Frattesi, após desvio do guarda-redes Strakosha) e as restantes quatro pontas do polígono entraram em rotação permanente, confundindo as marcações do adversário, que cedo baixou cedo o bloco perante a vantagem no marcador.
É verdade que a Albânia causou problemas ao ataque posicional transalpino, porém o mais importante foi conseguido: entrar a vencer no Euro 2024."

A mensagem capital que o Euro pode passar


"O desporto-rei tem capacidade incomparável de promover a igualdade

BERLIM — Já tinha estado na Alemanha, onde até tenho família, mas nunca tinha visitado Berlim, precisamente o ponto de partida desta minha estreia na cobertura de uma grande competição de seleções para A BOLA. O tempo ainda mal deu para conhecer a capital alemã, que vai acolher a final deste Campeonato da Europa, mas à medida que percorremos as suas ruas é inevitável ficarmos a pensar nas cicatrizes que o tempo deixou a cada esquina.
Os vestígios do muro da vergonha remetem-nos para um sofrimento que continua a marcar muitas pessoas, para não dizer famílias inteiras. Uma obra que não dividiu somente uma cidade e um país, foi também barreira imposta a uma visão mais global do mundo. Berlim é hoje uma cidade vanguardista, até no que diz respeito à multiculturalidade, mas ainda há marcas compreensivelmente difíceis de sarar.
O desporto possui, já se sabe, uma capacidade incomparável de ultrapassar diferenças, e a prova disso é que uma das ruas de acesso ao Estádio Olímpico de Berlim tem (há já 40 anos) o nome de Jesse Owens, o atleta dos Estados Unidos da América que envergonhou a Alemanha Nazi ao conquistar quatro medalhas de ouro nos Jogos Olímpicos de 1936, disputados em Berlim, na presença de Adolf Hitler. Se pensarmos que, ainda agora, no lançamento do Euro, uma televisão alemã fez uma sondagem em que perguntava se a seleção anfitriã do torneio deveria ter mais jogadores brancos, percebemos que o caminho ainda é longo. O futebol também é palco para maus exemplos, mas apresenta saldo positivo no que diz respeito a quebrar barreiras. Haverá sempre quem insista na diferença, mas o desporto-rei tem essa capacidade incomparável de promover a igualdade. Pouco importa se a ameaça dos discursos radicais já foi mais forte ou não. O que interessa é que ela existe, e deve ser combatida de forma implacável. Uma vez mais pedimos ao futebol que dê o exemplo. Todos os caminhos vão dar a Berlim, venham de onde vierem."

Terceiro Anel: Polónia...