"Não sei se todos os caminhos vão dar a Roma, mas se o autocarro for do Benfica, seja lá qual for o caminho, tem de ir dar à Liga dos Campeões. Alguém que avise o senhor motorista de que, se ele se atrever a parar antes, então mais vale passarmos a andar de táxi à boleia do Jorge Máximo.
É impossível esconder que o Benfica atravessa um momento conturbado. Os episódios recentes não deixam nenhum benfiquista indiferente. Tensão, apreensão, incerteza. No espaço de um ano, a diferença é tremenda. Então o Benfica vai à Bélgica contratar o Yaremchuk, e não há nenhuma novela de duas semanas nos meios de comunicação? Os jornais sugerem que o Benfica quer o Meite, e dois ou três depois ele já veio de Itália para tirar fotografias no Estádio da Luz com o manto sagrado vestido? Eu não estava preparado para isto e suponho que o leitor também não. Depois do altíssimo nível estabelecido na época passada, este ano eu contava com novelas ainda mais interessantes. Negociações com o Lewandowski intermediadas pelo Lourenço Ortigão, conversas com o Messi conduzidas pelo Ruy de Carvalho, uma perseguição ao Neymar liderada pelo Fernando Luís e pelo Max. Vi muitos adeptos na linha da frente a criticar a contratação do Rui Pedro Braz, no entanto não tenho visto nenhum deles a elogiar o silencioso e competente trabalho do novo director-geral do Benfica. Pois, claro, agora vamos aos sites dos jornais desportivos de cinco em cinco minutos fazer o quê? Ganhou-se em eficiência, perdeu-se em entretenimento - enchi a despensa com dezenas de pacotes de pipocas no início do verão, e ainda por cima isto nem sequer dá para congelar."
Pedro Soares, in O Benfica