"O futebol é elemento de promoção, como o são os nossos principais jogadores e treinadores.
1. A presença de três equipas portuguesas nas duas competições europeias de clubes proporciona, de forma directa, cerca de 150 milhões a Portugal. largos milhões de euros! São os prémios imediatos e, aqui, Benfica e FC Porto arrecadam, à partida, perto de noventa milhões de euros. Depois serão os prémios por objectivos com uma vitória a valer 2,7 milhões de euros. Depois, e de forma indirecta, os milhões que os adeptos de Bayern, Ajax, AEK, Schalke 04, Galatasaray, Lokomotiv e Arsenal, por excelência, proporcionarão ao conjunto do sector do turismo de Lisboa e Porto. A presença europeia dos nossos clubes é um prémio desportivo e é um outro momento de descoberta das nossas duas principais cidades. O futebol é elemento de promoção, como o são os nossos principais jogadores e treinadores. Cristiano Ronaldo é Portugal, tal como o é José Mourinho e Bernardo Silva; Leonardo Jardim e Gonçalo Guedes; Jesualdo Ferreira e Rúben Neves; Pedro Martins e Rony Lopes; Jorge Costa e Bruma, entre tantos outros. O futebol é, igualmente, elemento de identificação e de agregação, bem vincados nesse tempo de afirmação das nossas principais selecções nacionais, seja a principal, seja a de sub-21. Aqui na busca desejada para a qualificação para o Europeu de 2019. E com o Benfica, e o Seixal, a serem bem representados. Muito bem. Mas uma saudação especial a Gedson Fernandes (cuja oportunidade da renovação se saúda vivamente), a Sérgio Oliveira, a Pedro Mendes e Cláudio Ramos pela primeira convocatória e pela forte possibilidade de estrearem, com orgulho, a camisola de Portugal. E Tondela, se for o caso, bem merecido, fará uma festa rija!
2. Viveremos, agora, a primeira pausa da época na disputa de clubes e surge o primeiro tempo das selecções nacionais. A Liga só regressa a 23 de Setembro, sendo certo que o pós-selecções determinará a primeira jornada da fase de grupos da Taça da Liga. Agora temos a singularidade de nos depararmos com uma competição nova - a Liga das Nações - que mais não reflecte do que a total concentração de exclusivos televisivos na UEFA. Com efeito os dez jogos amigáveis que cada selecção - e sua Federação - jogava bianualmente transformam-se, a partir da próxima quinta-feira, numa nova competição que junta, naturalmente, - e em quatro divisões! - as 55 nacionais representadas na UEFA. Na primeira divisão estão doze selecções: Portugal, Alemanha, Bélgica, Itália, Espanha, França, Inglaterra, Suíça, Polónia, Islândia, Croácia e Holanda. A primeira fase desta Liga termina a 20 de Novembro e, logo, terá lugar o sorteio para a qualificação do Europeu de 2020. Que também vai ser um Europeu diferente. Bem diferente. A competição disputar-se-á pela primeira vez em doze cidades e abarcará todo o continente europeu. De Bilbau a Munique, de Amesterdão a Budapeste, de Glasgow a Baku, de Dublin a Roma, de Copenhague e São Petersburgo, de Bucareste a Londres, cidade que acolherá as meias finais e a final. Assim se comemora o 60.º aniversário do primeiro Europeu e, desta forma, o jogo inaugural da fase final decorrerá em Roma a 12 de Junho de 2020 e a final, no magnífico Wembley a 23 de Julho. Já faltam menos de dois anos. E constatamos que o futebol também é feito de mudanças. Como veremos com o desenvolvimento da Liga das Nações cujo vencedor terá acesso directo à fase final do Europeu!
3. No futebol europeu os dados estão lançados. A todos os níveis. Entre o Europeu de 2008 e o Europeu do nosso contentamento de 2016 as receitas cresceram 40%! Atingiram os 1.900 milhões de euros no Europeu de França. E nesta nova Liga das Nações as selecções da primeira divisão poderão receber 15 milhões pela participação na fase de grupos e outros 20 milhões pela presença na final four! É muito dinheiro. Largos milhões! Tal como é novo figurino da Liga dos Campeões com a introdução da verba derivada do ranking e que leva o Real a arrecadar, à partida, mais de 35 milhões, o Bayern mais de 33 milhões e a Juventus mais de 29 milhões. Menos um do que Futebol Clube do Porto. Constatamos, assim, que na Liga dos Campeões os mais fortes são aqueles que mais recebem. E, por isso, a vitória, merecida e suada, do Benfica em Salónica foi uma vitória desportiva mais foi, também, uma conquista financeira. O Benfica entrou, no momento certo, nesta nova fase da Liga dos Campeões. Ganhou a Europa e arrecadou largos milhões que lhe dão segurança de tesouraria e credibilidade efectiva num momento complexo do seu longo e rico devir existencial. Os jogadores e Rui Vitória foram heróis no fervoroso Estádio Toumba e foram, em razão, disso, e como este jornal sagazmente relatou, soldados da fortuna para a SAD do Benfica. Foi, em termos gerais, e na Europa, a maior vitória do Benfica fora nos últimos vinte e cinco anos mas foi, também, a vitória que mais milhões proporcionou para alegria de Luís Filipe Vieira e Domingos Soares de Oliveira. E como bem senti em Salónica também de Rui Costa, sempre bem recebido em qualquer estádio de futebol. Em que há paixão mas há reconhecimento. Há sublimação mas há aplauso ao adversário que merece! É que se os gregos do PAOK sentem, como poucos, a sua equipa também sabem reconhecer os grandes nomes do futebol europeu e aplaudem as justas vitórias dos adversários que os visitam. Como foi o caso, na passada quarta-feira, do Benfica e da qualidade da equipa e dos seus jogadores. De todos eles! Os mútuos aplausos dos adeptos do PAOK e a centena e meia de apaixonados do Benfica ficam na minha memória. Foram momentos bonitos de futebol. É que este futebol também se joga nas bancadas, também tem lances que comovem, também tem instantes que suscitam acrescido prazer. E com uma nota bem especial à Polícia grega e à sua competência, serenidade, sagacidade e destreza.
4. Recordo-me que em finais de Julho um dos jornais mais lidos de Portugal nos informava que Fábio Coentrão estava «na lista de reforços do AC Milan». Na sexta-feira fomos confrontados, com surpresa, com o seu regresso a Vila do Conde e ao Rio Ave. Como com o ingresso de Jackson Martinez no Portimonense. Percebemos que a nossa Liga é, hoje em dia, bem periférica. E que continua uma montra de jogadores brasileiros, deixando a maior parte dos jovens talentos portugueses para as equipas B e para a Liga Revelação. Esperando que alguns deles venham a proporcionar, a curto/médio prazo largos milhões. Aos clubes (SAD's) que os formaram. Que acresceram ao talento vontade e evolução, treino e dedicação, entrega e convicção, disponibilidade e concentração. E juntando tudo, tudo mesmo, há reconhecimento. Largo reconhecimento. Que gera largos milhões!
5. O Benfica sabe que tem de continuar a vencer. Hoje na Madeira a equipa tem de ser, uma vez mais, brava e solidária. Sabe bem que a luta é nos relvados e fora deles. A luta é dura. Mesmo dura. E determina, nas questões essenciais, unidade. Unidade estratégica e estratégia de unidade!"
Fernando Seara, in A Bola