Últimas indefectivações

sábado, 8 de junho de 2019

Juvenis - 7.ª jornada - Fase Final

Benfica 2 - 0 Sporting


Boa 1.ª parte, com dois golos... e podiam ter sido mais, e com um enorme defesa do Samuel Soares.
No 2.ª tempo fizemos gestão... foi pena, pois podia ter dado goleada!!!

Mesmo com o Braga a ganhar amanhã, ficamos com 7 pontos de vantagem a 3 jornadas do fim, sendo que vamos receber o Braga e os Corruptos no Seixal, e só temos a deslocação a Guimarães pelo meio...

Uma nota: o Rafael Brito, faz muitas posições, mas para bem dele (e do Benfica) parece-me claro que o maior potencial está mesmo a '6', portanto é manter e não 'mexer'!!!

Derrota... ganhar o próximo!

Oliveirense 85 - 75 Benfica
33-15, 14-17, 17-25, 21-18

Primeiro período fatal, ainda conseguimos recuperar, e estivemos perto, mas não deu... Então quando temos tanta gente sem acertar no cesto: Suarez, Barroso, Silva à cabeça...!!!
Eu sempre fui muito pragmático no Basket Tuga: a Oliveirense tem 4 jogadores 'americanos' (um é Belga!) com números de 'americanos', nós temos 1 !!!
Eu sei que ofensivamente, com o Lisboa, ganha-se e perde-se nos Triplos... mas é desesperante, não haver outras opções... Se mantivermos a concentração defensiva durante os 40 minutos, ainda podemos ir lá... mas hoje demos 10 minutos de avanço!!!

PS: Boa notícia o regresso do Betinho para a próxima época... Mas temos que 'acertar' nos estrangeiros, em todos eles!!!

Vintena...

Benfica 21 - Quintajense


Regresso aos 20...!!!

Agora, temos a Final a duas mãos para apurar o Campeão da II Divisão com o Braga B (suspeito que teremos um Braga B 'reforçado'!!!)

PS: As nossas sub-19 (Juniores) - Fut 9 -, perderam a 1.ª mão da Final do Campeonato Nacional, por 1-0, com o Braga, num jogo disputado em Almada. A 2.ª mão irá-se disputar no da 15 de Julho em Braga. Vamos ver se repetimos a eliminatória da Taça...
Jogámos com :
Vilão; Queiroga, Assucena, Diva, Pintassilgo; Cameirão, Daniela, Faria; Nazareth

De muitos, um

"O Sport Lisboa e Benfica é dos que amam o clube,
dos que preferem a empresa.
Dos que defendem o passado,
dos que desejam o futuro.
Dos que são estatutários,
dos que alteram as regras ao ritmo das necessidades.
Dos que percebem o valor das modalidades na história do clube,
dos que acham que são só mais um custo.
Dos que valorizam o estádio esgotado,
dos que preferem uma Luz verdadeiramente cheia.
Dos que vão a todos os jogos,
dos que vêem todos os casos na TV.
Dos que vêm às assembleias,
dos que acham que o momento mais importante do clube não serve para nada.
Dos que acedem as luzinhas,
dos que acendem o inferno da Luz.
Dos que sabem que o Benfica foi bastião da democracia e liberdade,
dos que acham que até éramos clube do regime.
Dos que têm orgulho dos nossos adeptos,
dos que acham que nos falta cultura de apoio.
Dos que aceitam a comunicação actual,
dos que acreditam em projectos independentes.
Dos que acham que o clube está recuperado,
dos que sentem que ainda falta tanto para sermos o grande Benfica europeu.
Dos que comem couratos na roulotte,
dos que se deliciam com bolo do caco em tinta de choco.
Dos que compram redpass,
dos que vendem o seu bilhete.
Dos que fazem 300kms para acompanhar o clube,
dos que não fazem 100 metros por ninguém.
Dos que vivem no Seixal,
dos que sobrevivem com as comissões de agentes.
Dos que acham que o Benfica lhes deve tudo,
dos que dão tudo ao nosso clube.
Dos que se indignam com este "outro" emblema,
dos que nem percebem a diferença.
Dos que compreendem a importância de controlar as contas,
dos que acham que a carteira não é tudo.
Dos que compreendem o que representa a posição que têm no clube,
dos que vêem mais uma linha no CV.
Dos que querem festejos orgânicos e populares,
dos que preferem uma festa em Ibiza.
Dos que ousam falar, dos que optam pelo silêncio.
Dos que querem transparência no clube,
dos que está tudo bem quando acaba no Marquês.
Dos que cantam, dos que ficam sentados.
Dos que fazem, dos que apenas criticam.
Dos que são sócios, adeptos, simpatizantes e clientes.
O Benfica é feito por nós aqui, na Assembleia. E é feito no estádio da Luz, nos outros estádios, nas roulottes, nas viagens, na casa dos avós, dos primos e dos tios, ou no jogo de bola na nossa rua.
O Benfica é nosso e há de ser, porque o Benfica é a gramática onde todos são sujeito e predicado.
O Benfica é uno e é múltiplo, é singular e é diversidade, é liberdade de expressão e de que questionar. Nunca se esqueçam, o Benfica é nosso e faz-se de todos. Da opinião de todos.
E pluribus unum."

Luís Filipe Vieira e os seus demónios

"Quem esteve ontem na Assembleia Geral do Benfica pode assistir a mais um festival do Presidente benfiquista. Já é um clássico nestas reuniões: o primeiro discurso é uma leitura de um texto insonso e formal, escrito por um dos escribas do departamento de comunicação, e a última intervenção da noite revela o lado genuíno do Presidente. Sinceramente prefiro a segunda versão porque, apesar das asneiradas e exageros, nota-se que é um discurso sincero e do coração.
Mas ontem falou-se muito de méritos e deméritos desportivos. Uns acham que este campeonato foi mérito de toda a estrutura, com o Presidente à cabeça, outros consideram que esta vitória aconteceu apesar da dupla Vieira/Vitória. Na verdade todos estão certos.
Vamos por partes:
Tem razão o Presidente quando afirma que muitas das críticas que ouviu são injustas. É um facto indesmentível que o Benfica de hoje está radicalmente diferente, para melhor, do Benfica pós-Vietname. Temos instalações de topo, uma estrutura profissional e competente em quase todas as áreas de actividade, os resultados desportivos têm aparecido e o futuro parece brilhante, alicerçado também numa estabilidade financeira sem paralelo em Portugal. Mas o que LFV continua a não entender é que este descontentamento tem origem nas inúmeras promessas não cumpridas ao longo dos anos… e sinceramente, alguém acredita que o João Félix só sairá pela cláusula? Então porque insiste em fazer este tipo de declarações sabendo que não as pode cumprir e que isto destrói a confiança dos associados na sua liderança? Não faz sentido.
No que diz respeito à prestação desportiva, a pergunta que se impõe é "porque não conseguimos ter um Benfica hegemónico se todas as condições estão criadas?" A resposta parece-me simples: porque o futebol continua a ser a única vertente do clube entregue a um amador. E esse amador é o próprio Luís Filipe Vieira.
Não quero com isto dizer que o Presidente deve abandonar o clube. LFV tem feito um bom trabalho no geral e é a cola que une todos os departamentos do clube mantendo todos a caminhar no rumo certo de acordo com a estratégia definida. Mas no que diz respeito à gestão do futebol, seja a nível de decisões de transferências de jogadores, scouting ou gestão do plantel, este trabalho tem de estar obrigatoriamente nas mãos de alguém com sensibilidade para o cargo. Alguém que entenda os jogadores, saiba ler os sinais do balneário e tenha conhecimentos profundos do jogo que lhe permitam entender os pontos fortes e fracos do plantel a todo o momento. Na minha opinião, o Presidente não é essa pessoa.
Querem exemplos deste amadorismo?
▶️ As vendas precoces de Bernardo Silva, Cancelo, Guedes e Renato Sanches, que mal tiveram tempo para sentir as camisolas vermelhas no corpo. 3 deles foram vendidos poucos anos depois por valores muito superiores aos que recebemos, situação perfeitamente previsível dado o potencial demonstrado pelos atletas.
▶️ O falhanço do penta. Num ano em que o principal rival não tinha dinheiro para reforçar a equipa achámos que podíamos atacar um campeonato sem reforços dignos desse nome e sem um único GR à altura. Qualquer coisa servia! Os resultados foram os que se viram: zero títulos e a pior prestação de sempre na Liga dos Campeões.
▶️ A gestão da situação de Rui Vitória, um treinador que esteve um ano a mais no clube por teimosia e arrogância de LFV que era o único que nele via capacidade para dar a volta à situação quando era óbvio que o seu tempo se tinha esgotado. O episódio das luzes é surreal e fica para a história como um exemplo cabal da teimosia e orgulho do Presidente.
▶️ A saída de 2 avançados em Janeiro deste ano, deixando a equipa apenas com 2 soluções para o centro do ataque, sendo que uma delas apresenta uma lesão crónica nas costas. Bastava Seferovic se ter lesionado e hoje não estaríamos a falar em reconquista.
LFV é um homem de negócios com uma excelente visão estratégica e é nisso e na gestão do clube que se deve concentrar. Acredito que, no dia em que a pasta do futebol profissional for entregue a alguém que entenda verdadeiramente do assunto, o Benfica dará um salto qualitativo gigantesco, tanto a nível desportivo como financeiro aproveitando o embalo do sucesso nos relvados.
Fora dos relvados pede-se um discurso menos populista e uma defesa intransigente dos interesses do Benfica, seja contra quem for.
Saiba LFV colocar os interesses do clube à frente do seu ego, é esse o meu desejo para o futuro."

Afinal a CMTV sabe o que é Truncar um e-mail ?!!!!

Entrevista a Tiago Pinto

"(...)
Quem é o Tiago Pinto e como chegou ao Benfica?
O Tiago Pinto é, acima de tudo, um Benfiquista. Desde pequeno que sigo o Clube em tudo o que são as actividades desportivas e sociais e, paralelamente a isso, considero-me um homem de valores e sou ultradedicado ao trabalho. Felizmente, o Benfica deu-me a oportunidade de ser profissional do Clube. A minha chegada ao Benfica é um pouco conhecida, fruto desse acompanhamento que sempre fiz do Clube. Houve um momento numa Assembleia Geral em que eu teci as minhas considerações sobre o Clube, essa intervenção teve algum peso em termos mediáticos e, naquele momento, o Presidente quis conhecer-me. A partir daí começámos a falar, ficou surpreendido com tanta coisa que eu sabia sobre o Benfica e particularmente sobre as modalidades, e começámos a criar uma relação de alguma proximidade e de partilha de ideias sobre o Clube e para o Clube. Cinco/seis meses depois convidou-me para vir trabalhar para as modalidades.

Tinha um blog na altura?
Sim, é uma coisa desta geração... mas era algo sem grande expressão. A intervenção na AG é que teve repercussão  maior.

Tem que idade?
34 anos.

E foi há quantos anos?
Na altura tinha 27 ou 28 anos.

Ficou surpreendido como foi chegando a lugares de decisão dentro do clube?
Para ser sincero não esperava, nunca acreditei. Quando desço do púlpito depois dessa intervenção na AG, o presidente chama-me e dá-me o número de telefone dele para eu lhe ligar. Mas honestamente não acreditei que aquilo fosse real.  Lembro-me do dia e onde estava quando ele me ligou e diz: 'Tiago é o Luís...' E eu perguntei o que qualquer um perguntaria: 'Luís, qual Luís?' A partir daí a história é conhecida. Creio que se gerou uma grande empatia, começamos a criar coisas bonitas para as modalidades e acho que ele foi sentido que eu era uma expressão das modalidades. Sinto muito orgulho, para lá do que fui fazendo, que ele me considere uma expressão da liderança dele na área em que estiver no Benfica.

“O Lugar de Jonas na História do Benfica Ninguém Apaga”

As modalidades foram uma rampa de lançamento para o futebol?
Honestamente, não. Fui sempre muito fã das modalidades, mas, quando comecei a trabalhar nas modalidades, posso até confidenciar que usava o futebol para manter a minha veia de adepto. Continuava a ver o futebol na bancada e não nos camarotes, e posso dizer que nos cinco anos que trabalhei nas modalidades foram muito raras as vezes em que falei com o Presidente sobre futebol. Para ser sincero, nunca pensei que um bom trabalho nas modalidades me levasse ao futebol e devo confessar que me apaixonei completamente pelas modalidades, pelas pessoas, pelas equipas, pela competitividade, pela cultura diferente que existe em cada uma delas e ainda hoje as sigo. Foi um prazer muito grande trabalhar nas modalidades e nunca vi esse trabalho como rampa de lançamento. Daí ter ficado totalmente surpreendido com o convite que o Presidente me viria a fazer.

Foi, portanto, apanhado de surpresa quando Luís Filipe Vieira o convidou para suceder a Lourenço Coelho.
Eu tinha um sonho que não foi cumprido, que era ser campeão nas cinco modalidades de pavilhão no mesmo ano. Por isso, estava longe de imaginar que naquela altura pudesse sair das modalidades. Estava no terceiro jogo da meia-final do Basquetebol – Oliveirense-Benfica, em Oliveira de Azeméis – e o Presidente ligou-me e perguntou-me quem poderia ir para o meu lugar se eu saísse das modalidades. Foi uma conversa em que eu nem percebi o que estava a acontecer. Só depois, na segunda-feira seguinte, é que ele me chamou ao gabinete e me explicou. Confesso que fiquei, primeiro, totalmente surpreendido, e, depois, apreensivo porque ia substituir o Lourenço Coelho, que tinha 17 anos de futebol, 14 de Benfica, quatro deles como director-geral, e era Tetracampeão. Foi uma surpresa e, ao mesmo tempo, um desafio enorme. O Presidente acabou por me convencer de que tudo correria bem. O Lourenço [Coelho] e o doutor Domingos Soares de Oliveira tiveram uma importância muito grande para me facilitarem a entrada, e depois – algo que nunca vou esquecer – as pessoas que compunham e compõem ainda algumas delas a estrutura do futebol profissional, que me ajudaram muito a continuar o bom trabalho que o Lourenço vinha a fazer, com naturais mudanças.

Sabe quantos títulos ganhou nas modalidades?
Não, nunca os contei. Tenho uma máxima de vida com a minha mulher: se eu algum dia chegar a casa a dizer que desde que eu estou no Benfica o Clube ganhou “x” títulos ou que eu ganhei “x” títulos, ela tem autorização para pegar no telefone, ligar ao Presidente e dizer que está na hora de eu me ir embora. Aqui quem ganha é o Benfica, não sou eu. Benfica.

De todos os títulos ganhos, qual foi o que lhe deu mais prazer?
É impressionante aquilo que nós vivemos no dia da Reconquista. Eu, como Benfiquista, não posso dizer outra coisa a não ser que o título mais especial foi este. Não só por ser o último, mas porque tem uma dimensão estratosférica. Foi um dia de felicidade imensa, mas, quando olho para trás e penso nas modalidades, lembro-me de muitos momentos também eles muito marcantes e felizes. Quando, por exemplo, fomos Campeões Europeus de hóquei em patins em casa precisamente no dia em que o Benfica se sagrou Tricampeão de futebol; o título nacional de futsal em casa do nosso principal rival [Sporting]; os títulos sucessivos no voleibol, uma modalidade que tinha dois ou três títulos e que depois passou a ganhar todos os anos; a mesma coisa no Basquetebol onde ganhámos 11 títulos seguidos. Há também uma Taça de Portugal no andebol que eu valorizo muito, com uma equipa composta por muitos elementos da formação do Benfica, em que batemos o Sporting e o FC Porto.

Como é o dia a dia do diretor-geral para o futebol profissional?
O meu dia a dia é simples: começa sempre às 7 da manhã no Seixal e nunca sei quando acaba. Gosto de chegar cedo porque há pouca gente e é o momento em que eu tenho mais tranquilidade para ver e-mails e organizar o meu dia e a semana. A partir daí, tenho sucessivas reuniões com vários departamentos. Há sempre uma fase de algum stress antes do treino porque é onde gerimos quem treina, quem não treina, onde temos o feedback da equipa técnica, onde há eventuais chamadas de jogadores da Equipa B… No pós-treino a mesma coisa. Almoço sempre no Seixal com a equipa técnica e com os meus colegas. Da parte da tarde, procuro vir sempre ao Estádio porque é onde está toda a estrutura profissional do Benfica e há sempre trabalho com os vários departamentos – Marketing, Fundação, Financeira, Recursos Humanos.

Tem 34 anos. Há, no plantel principal, jogadores mais velhos. É fácil a interacção com eles?
No futebol, o que eu senti – e nas modalidades conheci muitos grupos de trabalho – é que o grupo é tão saudável, os jogadores são humanamente tão incríveis, que eu nunca senti o mínimo problema em relação a isso. Tenho uma óptima relação com eles.

“É a Reconquista de valores Que Fazem Parte do ADN do Benfica”

Há um episódio, em Alvalade, que foi público. O balneário do Benfica estava decorado com desenhos feitos pelos familiares dos jogadores. Esse é um exemplo do trabalho invisível do seu dia a dia?
Quando cheguei ao futebol, o Ricardo Lemos disse-me “n” vezes que, no futebol, mais do que os “pormaiores”, o que contava eram os pormenores. Isso que viram em Alvalade é uma constante do nosso dia a dia. Estamos a falar de decoração de balneários e posso dizer que quando jogámos na Madeira [Marítimo] o balneário estava decorado com fotografias dos jogadores enquanto crianças; quando fomos ao Rio Ave, no autocarro, os jogadores viram um vídeo gravado pelos filhos; em Chaves jogaram com o nome das famílias na camisola; no Dragão tinham o nome das famílias e outras pequenas mensagens nas paredes; em Braga, no balneário, onde estaria o nome deles, estava a fotografia das famílias. Mas isto não é só nos balneários. É uma constante procurarmos que o jogador se sinta confortável em todas as situações e sinta que aqueles de quem mais gosta estão presentes. Dou um exemplo: quando vimos o calendário da época que passou, percebemos que os jogadores iam ter 16/17 jogos entre dezembro e Janeiro e isso impossibilitou-os de passar o Natal e a passagem de ano com as famílias. Poucos dias antes do Natal, arranjámos um Pai Natal Benfica que foi a casa de todos eles, de surpresa, oferecer presentes às esposas e aos filhos. São pequenos exemplos, mas isto é o nosso dia a dia. Talvez por isso haja tantos jogadores que saem do Benfica e que mais tarde dizem que foi um passo atrás ou que a estrutura do Benfica os acompanhava muito bem. É uma preocupação de toda a gente. É uma filosofia do Clube. O jogador do Benfica sente que a única coisa que precisa é de treinar bem e jogar, tudo o resto nós tratamos e cuidamos.

"Eu Gosto de Viver Este Sonho, Acreditar Que o Benfica Vai Ganhar Um Título Europeu"

Como é ter a presença constante do Presidente no Seixal?
Para mim, é fantástico. O Presidente é o nosso líder inspirador e, no meu caso, é a minha grande referência em termos profissionais. Quanto mais tempo ele passar no Seixal e perto de mim, do Rui Costa, da equipa técnica e dos jogadores, melhor. Quanto mais tempo estivermos juntos, melhores vão ser as decisões e posso dizer que, hoje em dia, já há momentos em que também eu durmo no Seixal.

As famílias não se queixam?
Esse é o ponto. Obviamente que quando se assume o Benfica com o espírito de missão com que nós assumimos, são as famílias que saem prejudicadas. Isto às vezes parece um lugar comum, mas a verdade é que nunca vivemos com eles os momentos importantes. Chegamos a estar meses sem ter uma única folga, mas há momentos – e nisso eu compreendo perfeitamente o Presidente – em que precisamos de estar sozinhos, não ter gente por perto para podermos tomar decisões. É essa a nossa vida, tomar decisões.

Só se entende este trabalho com paixão?
Eu não consigo imaginar de outra maneira. A paixão que tenho pelo Benfica e conhecimento que tenho da história do Clube ajuda-me a tomar melhores decisões. Felizmente, na minha estrutura, estou rodeado por muita gente que tem esta mesma paixão. Quando estamos a chegar aos estádios e vemos aquela gente toda à nossa espera, o Ricardo [Lemos] diz sempre “no dia em que nos esquecermos que é para esta gente que trabalhamos, já não estamos aqui a fazer nada”. Muitas vezes as pessoas pensam que a paixão que tenho pelo Benfica me pode prejudicar, mas eu acho que só conseguimos ser racionais e tomar boas decisões no Benfica se conhecermos o que é o Benfica. E para conhecermos, temos de ter essa paixão.

Em relação a Rui Vitória…
Toda a gente que nos rodeia sabe que eu criei uma grande amizade com o Rui Vitória e que mantenho. O Rui Vitória como pessoa é fantástico, devo-lhe muito da minha integração no futebol profissional pela forma como me recebeu e como me ajudou. Como treinador é um dos mais vitoriosos da história do Benfica e talvez o primeiro a ajudar o Benfica a mudar o paradigma e a cumprir o sonho do nosso Presidente. Tal como o Presidente disse recentemente na Câmara Municipal de Lisboa e como o Rui Costa referiu recentemente numa entrevista, “o Benfica está eternamente grato ao Rui Vitória”, e eu tenho a certeza absoluta de que o Rui Vitória está eternamente grato ao Benfica. Naquele momento [da saída] sentimos todos que não dava para continuar e o mais importante é esta gratidão mútua, é sabermos que quando despedimos um treinador todos temos a sensação de que não fizemos as coisas bem. Todos nós aprendemos com os erros, mas o mais importante agora é gratidão de parte a parte porque o Rui Vitória foi para o Al-Nassr vencer o título e nós conseguimos a tão ambicionada Reconquista, onde ele também teve o seu papel. Quando a poeira assentar e quando se falar sobre tudo isso, reconhecerá que nós – estrutura – tudo fizemos para que as coisas resultassem. Estamos todos de bem com a vida e as coisas estão totalmente claras.

Como se chega ao nome Bruno Lage?
Houve uma pessoa que há mais de um ano foi recrutá-lo – ainda ele era adjunto – para a Equipa B do Benfica. Essa pessoa chama-se Luís Filipe Vieira, que já tinha trabalhado com ele quando estava na formação. Nunca perderam contacto e no momento em que o Presidente decidiu que era preciso mudar de orientação na Equipa B, recorreu ao Bruno [Lage]. A história viria a repetir-se quando o míster Rui Vitória saiu. Colocou-se a hipótese de Bruno Lage, reforçada também com o conhecimento que o Rui Costa tinha sobre ele e sobre o trabalho que tinham feito. O resto é a competência e, em alguns aspectos até, a genialidade do Bruno Lage. É uma equipa técnica incrivelmente dedicada, um grupo de jogadores de uma qualidade fantástica dentro e fora de campo e uma estrutura competente.

O título europeu não é uma exigência pesada para Bruno Lage?
Acha que é maior exigência continuarmos a alimentar o sonho do nosso Presidente e de todos nós de um título europeu, ou pegar numa equipa como a do Benfica – a sete pontos da liderança e a quatro meses do final do campeonato –, com um ambiente altamente negativo? Faz-nos bem viver este sonho. Há muita gente que diz que colocamos a fasquia muito alta… Eu gosto de viver este sonho e gosto de acreditar que o Benfica vai ganhar um título europeu. É isto que nos move, é isto que faz com que queiramos ser todos os dias melhores. Conhecendo o Bruno Lage como conheço, acho que isso não lhe coloca nem mais um centímetro de pressão. Ele é uma pessoa altamente focada no dia a dia, nas suas tarefas e no sucesso, é muito autoexigente e, por isso, o que eu sei é que sempre que tivermos um jogo europeu, nos três dias antes, ele não vai pensar em mais nada. A seguir, quando tivermos um jogo para o Campeonato, o jogo europeu já passou. Não acho que isso seja uma pressão acrescida.

Fechar o balneário ao exterior é uma das suas principais missões?
Seguramente. Temos de ter consciência do mundo em que vivemos. O jogador de futebol é um ser humano, inteligente, com acesso a toda a informação. Não podemos fazer de conta que as coisas não existem, mas cabe-nos não permitir que os assuntos que são percepcionados como problemas não o sejam para nós. Temos um balneário com muita gente nova, mas também com muita gente experiente e que me ajuda diariamente a gerir essas questões e esse fechamento do balneário. Acho que temos conseguido. Que cheguem e que entrem, nós não conseguimos evitar; que afectem e que prejudiquem, tentamos evitar. Toda a estrutura do Benfica tem feito um óptimo trabalho para que tenhamos conseguido muitas vezes transformar aquilo que era um problema numa oportunidade de motivação. Disse há tempos o Manuel Alegre que era uma vitória da resistência, e eu acrescento da resiliência. As coisas existiam, nós sabíamos que existiam, sabíamos a razão para existirem, mas procurámos que não nos afectassem ou que fossem transformadas numa energia positiva. O resultado está à vista. 

“Jogadores Emprestados Contam Para o Futuro do Benfica”

Houve alguma distracção que evitou a conquista do título em 2017/18?
Quando perdemos, a nossa primeira tentação é olhar para dentro, para o que fizemos mal e para o que temos de fazer para não voltarmos a perder. Eu, pessoalmente, acho que o campeonato do ano passado foi muito atípico, por muitas e diversas razões. No entanto, no final da época, aquilo que fizemos foi olhar para dentro. Felizmente, hoje estamos aqui a falar numa Reconquista que para mim e para nós é muito mais do que a reconquista do título nacional. É a reconquista de muitos outros valores que fazem parte do ADN do Benfica. Benfica-Santa Clara.

Já houve quem tenha chamado a este título o mais importante do século XXI. Sente isso também? 
Sou muito zeloso da história do Benfica e, por isso, todos aqueles que ganharam os títulos que estão para trás têm o direito de dizer a mesma coisa. Acho é que o contexto destes últimos dois anos, a pressão mediática negativa que se exerceu sobre o Benfica, obviamente dá um sabor especial. Ainda por cima num campeonato em que mudámos de treinador, estávamos sete pontos atrás, com rivais fortíssimos. Com todas as condicionantes, este título será especial porque foi muito difícil de conquistar, mas no Benfica qualquer título é importante.

Como é que se motiva um jogador que passa grande parte da temporada no banco de suplentes, como foi o caso de Jonas nesta fase final da época?
Nas modalidades aprendi uma coisa para a vida: nunca podemos nem devemos desistir de nenhum jogador. Nas modalidades não tínhamos os recursos financeiros que temos no futebol e quando contratávamos um plantel, tínhamos de ir com aquele plantel até ao final. Tivesse o jogador problemas emocionais, físicos, familiares, nós tínhamos de resolver esses problemas e tentar tirar rendimento. No futebol – e aí, mérito para toda a gente que me rodeia – partilhamos muito a informação. Falamos muito uns com os outros, passamos muito tempo juntos. Qualquer pessoa pode ter uma influência positiva sobre o jogador. O que é importante depois? Que todos partilhemos esta informação para que toda a gente perceba o que está a acontecer com aquele jogador naquele momento. E todos, independentemente se ele está a jogar ou não está, vamos fazer tudo para que esse jogador consiga ultrapassar essa fase. Porque, mais cedo ou mais tarde, vai ser importante. Tocou num exemplo em que é pública e reconhecida a importância de Bruno Lage nessa questão motivacional do Jonas, mas, por exemplo, o Rui Costa, nesse caso particular, foi ultra-importante para que o Jonas se mantivesse motivado, focado e se transformasse num elemento agregador e até potenciador de comportamentos positivos como foi. Ninguém melhor do que o Rui Costa sabe o que é jogar e não jogar, o que é ser número 10 – porque também é uma especificidade. Todos nós, independentemente das nossas funções, temos uma relação especial com determinado jogador. Muitas vezes essas relações são mais importantes do que as relações institucionais.

“Já Estou Totalmente Ligado ao 38”

Na próxima época o Benfica ainda poderá contar com Jonas?
Há uma coisa no futuro dele que é certa e absoluta: o Jonas é um dos melhores jogadores da história do Benfica e um talvez dos três/cinco melhores jogadores do Benfica nos últimos 30 anos. Marcou uma época incrível no Benfica, foi muito feliz no Clube e, como também já é público, estamos todos a pensar naquilo que será o futuro do Jonas. Mas o lugar dele na história do Benfica ninguém vai apagar. Se vai ou não vai continuar a jogar, a seu tempo falaremos sobre isso.

Qual é o seu papel em questões relacionadas com mercado?
No Benfica, todas as questões relacionadas com mercado – sejam negociações, contratações ou saídas – são lideradas pelo Presidente. O que acontece é que é impossível gerir um plantel destes e uma empresa destas sozinho. Felizmente, nós partilhamos muita informação, comunicamos muito, falamos muito sobre futebol – eu, o Presidente, o Rui Costa e o treinador – e eu tenho tentado ajudar, dentro daquilo que é possível, o Presidente em algumas dessas questões. Isto é um mercado dinâmico, os nomes vêm de todo o lado: do nosso conhecimento, de empresários, de amigos que veem jogos e que sugerem. Depois, nós procuramos colocar isto na vertente profissional. Temos um departamento de scouting altamente profissionalizado e competente liderado pelo Rui [Costa] e, para lá das nossas conversas diárias, o que procuramos é cientificizar o processo de recrutamento dos jogadores. Colocamos os nomes todos dentro desse sistema e, a partir daí, há dois tipos de relatórios diferentes, há análises técnicas, há analises sociológicas, há partilha de informação, discussões… Passamos tantas horas a falar de futebol que é impossível essas coisas não serem partilhadas. 

“Eusébio Cup? Ou Se Faz Com a Dignidade QUe Eusébio Merecia Ou Não Se Faz”

Qual é a estratégia para a próxima época? Sendo que já falámos da conquista de um título europeu ou de uma boa campanha europeia, vai ser nesse sentido a estratégia de mercado?
Quando falamos em conquista de um título europeu e de sermos cada vez melhores na Europa, estamos a falar de um projecto a médio/longo prazo. Acima de tudo, queremos segurar os nossos principais jogadores, manter a identidade e a estrutura da equipa, mas, obviamente, também responder às necessidades e aos pedidos do treinador e, para isso, contratar pouco, mas bem.

Sente que seria melhor para João Félix não sair já?
Para ele e para nós. Obviamente que queremos muito que o João fique e tudo faremos para que isso aconteça. Temos de ser realistas e sabemos perfeitamente que o João é um geniozinho e vai ser um dos melhores jogadores do mundo, mas estamos todos empenhados para que esta parceria continue, porque ele aqui é feliz e nós também somos muito felizes com ele.

Há algumas renovações agendadas. Alguma prioritária?
Não vou falar particularmente de nenhuma. As renovações, num passado recente, não têm dado problemas ao Benfica. Têm sido temas tratados de forma atempada, acabam sempre com os jogadores e o Benfica contentes e satisfeitos. Desde o início da época, houve muitos jogadores que já renovaram – Rúben Dias, Gedson, João Félix, Jonas, Salvio, Samaris… – e estas renovações têm muito a ver com uma política interna que existe no Benfica que muitas vezes não tem a ver com o término do contrato. Tem a ver também com questões de mérito que o Presidente e o Benfica gostam de instituir e, por isso, aquilo que eu posso dizer aos Benfiquistas é que estejam tranquilos porque esses processos estão todos a ser conduzidos como têm de ser. Brevemente haverá novidades, mas tudo tranquilo. O Presidente tem claramente uma máxima de meritocracia dentro do Benfica. Ele costuma dizer aos jogadores que quem faz os contratos deles são eles próprios. Como tal, há jogadores que renovaram recentemente, mas, fruto do rendimento, vão ter essas condições revistas. 

Tal como Jonas, também Samaris passou por uma fase em que não jogava…
Mais uma vez, houve pessoas que estiveram presentes, que ajudaram para que isso acontecesse. Este ano tivemos duas expressões muito fortes no Benfica: “Todos Contam” – e quando dizemos que todos contam não é só uma campanha de marketing, é porque nós acreditamos profundamente nisto – e “Reconquista”. Foi talvez das primeiras vezes em que um slogan foi tão bem acolhido por todo o Clube e cumprido escrupulosamente. E é nesse sentido que nós trabalhamos.

“O Adel É Campeão, Ajudou-nos Em Momentos Importantes”

Uma das surpresas desta fase final foi a inclusão de Taarabt neste plantel. Houve algum cuidado especial para essa integração?
Essa é uma história muito bonita. Mais uma vez, nunca desistir de ninguém. Muita gente, hoje em dia, quer ser pai da recuperação do Taarabt, mas isto só tem um pai. O pai é o próprio Adel [Taarabt], com a mudança de atitude, e depois Bruno Lage, claramente, que o conheceu no âmbito da Equipa B. Conheceu um profissional exemplar, alguém que quis mostrar a toda a gente que estava diferente. Foi um processo muito partilhado, muito cauteloso, mas, ao mesmo tempo, um processo que combinava muitas áreas: não só a recuperação do homem, mas também a recuperação do atleta. Conhecendo o impacto mediático que teria, tudo isso foi muito bem gerido. Independentemente daquilo que aconteça no futuro, fizemos um trabalho fantástico do ponto de vista humano, desportivo, da comunicação, da gestão das expectativas… e, felizmente, o Adel é Campeão, ajudou-nos em momentos importantes – inclusive foi titular num dos jogos – e o verdadeiro Adel está de volta.

É um jogador com o qual o Benfica conta no futuro?
Vamos ver. Hoje em dia está integrado no plantel, tem condições para continuar, mas, mais uma vez, mais importante do que falar no futuro é aquilo que conseguimos com o Adel. Hoje em dia, o mundo já olha novamente para ele de uma forma positiva e não de uma forma negativa como olhava até aqui.

Há alguma perspectiva de regresso de jogadores emprestados?
Nós procuramos, desde a época passada, acompanhar de forma exaustiva os jogadores emprestados. O Lourenço Coelho tem-nos ajudado muito nesse trabalho, no acompanhamento institucional com os clubes. Eu próprio tenho o cuidado de, pontualmente, contactar com os jogadores para saber como é que eles estão e, para além disso, fazemos todo o trabalho de acompanhamento de jogos, estatísticas, vídeos. Hoje em dia sabemos perfeitamente o número de jogos que os jogadores fazem, a intervenção que tiveram nos clubes, como é que estão fisicamente, tudo isso. No ano passado, o Yuri [Ribeiro] regressou de um empréstimo para fazer parte da equipa principal, este ano veremos se acontece com algum dos outros jogadores emprestados. O importante é toda a gente sentir que, muitas vezes, o empréstimo é um passo ao lado para poder regressar ao Benfica. Daí termos de ser muito cuidadosos com os clubes que escolhemos, com o enquadramento que têm e depois com o acompanhamento que fazemos.

Pedro Pereira saiu do Benfica com alguma desilusão?
O Pedro é um miúdo, tem 21 anos. É um jogador que tem um passado assinalável nas camadas jovens das selecções e até do Benfica. Este ano jogou no Génova – creio que fez cerca de 25 jogos, 12/13 a titular, o que para um miúdo de 21 anos, num campeonato tão exigente como o italiano, são dados interessantes –, mas temos de compreender que um dos obreiros da Reconquista se chama André Almeida, que é um líder. Depois temos também a questão do Tyronne [Ebuehi], que no dia 1 de Julho vai estar a 100% para, finalmente, poder mostrar por que o contratámos. Temos duas pérolas do Seixal – Tomás Tavares e João Ferreira – que também ocupam essa posição e temos ainda o Alex Pinto. Por isso, uma coisa o Pedro Pereira e todos os outros emprestados podem ter a certeza: nós sabemos o que eles estão a fazer e contam para o futuro do Benfica.

Este ano o mote foi a Reconquista. Já há mote para a próxima época?
No ano passado, a forma como surgiu a expressão “Reconquista” foi uma coisa muito partilhada. Lembro-me de uma conversa com o doutor Domingos [Soares de Oliveira] – inclusive acabámos a ver um discurso do Churchill –, lembro-me de um colega do departamento de Marketing que usava muito a expressão “conquista”, lembro-me da forma como eu, o Ricardo [Lemos] e o Bruno [Sá] íamos preparando a pré-época e as coisas que comentávamos, e houve um momento em que tudo isso se juntou. A palavra quase que surgiu por agregação destas ideias todas. Eu quero repetir este modelo. Ou seja, agora vamos todos de férias, vamos limpar a cabeça e, quando voltarmos, vamos todos discutir isto. Gostava que houvesse uma palavra que fosse outra vez apropriada por todo o Clube, para todo o Clube sentir que o que está por detrás dessa palavra é mais do que uma junção de letras. Foi isso que aconteceu este ano e é isso que vai acontecer na próxima época. Só assim é que faz sentido. Tiago Pinto

“Quanto Mais Se Desvalorizar Os Rivais, Mais Nos Estamos a Desvalorizar”

Ainda se está a festejar ou já se prepara afincadamente a próxima temporada?
Devo confessar que festejei muito. Fiquei muito feliz. Estou satisfeito, lembro-me todos os dias que o Benfica é Campeão, mas já estou completamente ligado ao planeamento da próxima época, às reestruturações que temos de fazer em cada um dos departamentos, ao planeamento dos 15 dias que vamos ter nos Estados Unidos, à recepção dos jogadores, que será nos dias 1 e 2 de Julho, à bateria de exames médicos que vão ser feitos nesse dia, à escala dos testes físicos que têm de se fazer, à prova dos fatos e das roupas que têm de estar prontas no dia 14… Por isso, já estou totalmente ligado ao 38.

Em relação à pré-época, a realização da Eusébio Cup ainda está em aberto?
Ainda está em aberto. Há já algum tempo que não fazemos um jogo de pré-época no Estádio da Luz, até pelas contingências de jogarmos a ICC, mas este ano vamos jogar. Dia 10 de Julho vamos ter um jogo em casa, o primeiro, e vamos ver o que é que vamos fazer. É importante compreender-se que a Eusébio Cup é uma marca do Benfica, que respeita o maior símbolo desportivo da história do Clube e, como tal, ou se faz com a dignidade que o Eusébio merecia ou não se faz. Sabemos que os adeptos querem, nós também queremos e vamos tentar que as coisas funcionem. Benfica Campeão Nacional 

Vamos às perguntas rápidas… Qual foi o dia mais longo que já teve no Benfica?
Houve dois dias que me custaram muito: um foi o dia do despedimento do Rui Vitória – um dia que não sei quantas horas teve; e o outro foi o dia do jogo com o Santa Clara [no Estádio da Luz]. Foi muito difícil para mim, nunca vi os segundos andarem tão devagar como nesse dia.

E o dia mais triste?
O dia mais triste está sempre associado a derrotas. Desde que estou no futebol, os dois dias mais tristes que tive foi a derrota em casa com o FC Porto no ano passado, com um golo do Herrera, e o 0-5 em Basileia.

E o dia mais feliz?
Custou muito a passar [jogo com o Santa Clara], mas quando o árbitro apitou foi, claramente, o dia mais feliz da minha vida.

A maior surpresa?
O balneário do Benfica. Antes de vir para aqui tinha uma determinada ideia sobre os jogadores e sobre o estrelato, mas conhecê-los, trabalhar com eles e perceber que, para além de grandes jogadores, são seres humanos fantásticos, miúdos e homens incríveis foi, honestamente, uma surpresa.

Alguma decepção?
A decepção não tem tanto a ver com o que vivemos, mas com o que se fala daquilo que nós vivemos. Quem vem das modalidades tem uma cultura desportiva muito acentuada – o respeito pelo adversário, o desporto pelo desporto, o gostar de todos os desportos – e no futebol, o lado mediático, do meu ponto de vista – e eu se calhar não tinha essa noção – está demasiado conspurcado, não sei se é o termo correto. Nesse sentido, foi uma decepção. Fazemos tanta coisa bem, fazemos tanta coisa bonita, e acabamos por estar permanentemente a falar e a dar importância a coisas que não a têm.

Voltando um bocadinho atrás, muitas vezes a desculpa é a arbitragem para esconder outras falhas… 
Isso é uma das coisas que aprendi com o Presidente. Uma das vezes em que eu tentei justificar uma derrota nas modalidades com um erro de arbitragem, o Presidente disse-me “isso é meio caminho andado para voltares a perder”. É uma das coisas que temos de mudar no futebol português. Fazemos todos parte da mesma indústria, os clubes, a Imprensa. Quanto mais desvalorizarmos o nosso rival e os nossos competidores, mais nos estamos a desvalorizar a nós próprios. Não é normal um país tão pequeno ter alguns dos melhores jogadores do mundo, alguns dos melhores treinadores do mundo, algumas das melhores academias do mundo, selecções com grandes resultados. Há uns anos, havia um ministro da educação que defendia que devia haver um pacto para a educação. Ou seja, os partidos deviam unir-se e fazer um pacto e durante 20 anos cumprir esse pacto, independentemente dos governos. Eu acho que no futebol podíamos fazer o mesmo. Imprensa, clubes, Liga, Federação. Se calhar estou a ser ingénuo, mas isso compete-nos a todos.

Acha que isso é possível?
Acho que é possível. O futebol português é mesmo algo muito valioso em termos económicos e sociais. O futebol faz mais por Portugal do que qualquer outra atividade económica ou social. E vai haver um momento – e eu gostava que não fosse um momento tão negativo que nos obrigasse a mudar – em que toda a gente pense e sinta que precisamos de mudar. Aí, os clubes grandes, os pequenos, as instituições, os órgãos de comunicação social, todos teremos de fazer esse pacto. Se calhar é um pacto que começa com cinco ou seis linhas de não agressão e depois, a partir daí, constrói-se o resto.

"Talvez fosse preciso um pacto para o futebol"

O que o decepcionou nestes dois anos ligado ao futebol?
Quem vem das modalidades, como eu, tem uma cultura desportiva muito acentuada, o respeito pelo adversário, gostar de todos os desportos. No futebol o lado mediático, e eu não tinha bem essa noção, está demasiado conspurcado (não seu se é o termo correcto) e nesse sentido foi uma decepção. Fazemos tanta coisa bem, tanta coisa bonita e interessante e aquilo a que se dá importância é a coisas que não têm importância alguma. Há a tentação muitas vezes de se desculpar as derrotas  com erros de arbitragem, e eu aprendi aqui, ainda nas modalidades, é meio caminho andado para voltar a perder. Essa é uma das coisas que no futebol português temos de mudar. Tanto nos clubes, como a imprensa fazem parte dessa indústria que é o futebol. Não é normal tão pequenino ter alguns dos melhores jogadores e treinadores do mundo, algumas das melhores academias, selecções com grandes resultados... talvez fosse necessário um pacto para o desporto, como um ministro que em tempos impôs um pacto para a educação a cumprir durante 20 anos. Devíamos unir, e fazer isso no futebol. Imprensa, clubes, Liga, Federação. Temos um produto muito bonito (se calhar estou a ser ingénuo) compete a todos nós tratar bem dele.

Sente que será possível chegar a esse pacto?
Acho que é possível fazer isso porque  o futebol português é algo realmente muito valioso em termos económicos e sociais para Portugal. O futebol faz mais por Portugal que qualquer outra actividade económica ou social. E vai haver um momento em que teremos de mudar e que toda a gente pense e sinta que temos de mudar. Aí, os clubes grandes, os pequenos, as instituições, a comunicação social tem de seguir esse pacto de não agressão e depois virá o resto.
(...)"

Entrevista de Paulo Alves, a Tiago Pinto, in A Bola

Paulo Lopes...

Entrelinhas do Desporto: O Polarismo

"A ECA (European Clubs Association) e a UEFA estão coligadas com o propósito de tornar o elenco de clubes milionários cada vez mais exclusivo, a partir de uma proposta que promete revolucionar o modelo competitivo da Champions League a partir de 2024.
Este novo modelo competitivo assenta nos mesmos princípios que a projectada Super Liga Europeia. A Super Liga Europeia foi conceptualizada por Stephen Ross, quem projectou e criou a International Champions Cup (torneio de pré-época), onde apenas 24 equipas participariam, provindas das principais cinco principais ligas europeias: Espanha, Itália, França, Alemanha e Inglaterra. A organização e a administração da Super Liga Europeia sairiam do raio de acção e de tutela da UEFA. Não existiriam promoções ou descidas, coeficientes para distribuir lugares de acesso a competições europeias pelas competições nacionais e o mais importante, o Financial Fair-Play não seria problema. Tratar-se-ia de uma Liga restrita, onde se conglomerariam as maiores fatias de rendimentos provenientes da exploração do futebol.
No âmbito jurídico, a possibilidade de vários clubes desvincularem-se das respectivas federações nacionais e das associações internacionais é exequível, até porque não seria uma situação inédita no desporto. Todavia, os clubes estariam, presumivelmente, restritos à participação nas competições organizadas pela federação que tutelasse a Super Liga Europeia. Qual seria a retaliação possível da UEFA e da FIFA? Juridicamente, nenhuma. Caso existisse uma guerra entre os tubarões europeus e a UEFA e a FIFA, o principal prejudicado seria sempre o futebol.
Não posso indicar uma única razão pela qual esta aberração falhou. A batalha e o transtorno prolongado com instituições desportivas, a rejeição veemente da Federação Inglesa (a qual tem maior influência no círculo do poder das principais ligas europeias) e a imprevisível reacção dos adeptos a esta ruptura do futebol convencional talvez sejam os motivos da repressão ou do adiamento da criação da Super Liga Europeia. A ECA delineou este projecto em conjunto com Ross. Como esta ideia soou ao mesmo tempo absurda e pavorosa, por ser de facto possível, a UEFA resignou-se mediante a seguinte premissa: se não os podes vencer, junta-te a eles.
No seguimento da queda da Super Liga Europeia, eis a proposta da ECA para o novo modelo competitivo da Champions League, alicerçada no mesmo princípio: o polarismo.
Esta proposta pretende eliminar a convencional forma de acesso à competição, através da performance nos campeonatos nacionais de clubes e do coeficiente obtido pelos desempenhos em anos anteriores por equipas de um mesmo país nas competições organizadas pela UEFA. A proposta não é consensual, a organização da competição ainda é incerta e é alvo de discussões, as quais deverão ser sanadas ao longo do mês de Junho pela ECA, com a expectativa de lograr consenso entre os variados stakeholders do futebol europeu.
Andrea Agnelli, Presidente da Juventus e da ECA, enviou uma carta de intenções a todos os clubes associados sobre a mencionada proposta com o intuito de lograr consenso. Na carta, pode ler-se as seguintes alíneas:
a) Criação de uma “Pyramidal Pan European League System” com continuidade e com oportunidades para crescimento exponencial (para quem está na competição);
b) Mais jogos europeus e com maior qualidade desportiva são aliciantes para todos os agentes desportivos, sobretudo os adeptos;
c) Aumento de mobilidade e dinamismo mediante a aprovação de um novo modelo da Champions que garanta promoções e descidas;
d) Aberta a todos os clubes (“keeping the dream alive”);
e) Manutenção da simbiose com os campeonatos nacionais (ninguém sabe de que forma);
Este modelo não implica qualquer alteração quanto ao número actual de clubes participantes (32). Contudo, diminuirá os 8 grupos atuais para apenas 4 grupos, com um aumento de 6 jogos para 14 jogos por grupo. Em cada grupo irão descer 2 equipas (2 x 4 = 8), enquanto as remanescentes 24 equipas qualificar-se-ão para a competição a decorrer na época desportiva seguinte. Ou seja, no final de contas existirão apenas 8 lugares para as restantes equipas europeias pelejarem.
As implicações para os calendários nacionais de uma adicional carga de 8 jogos europeus, obrigaria à sua reformulação e a que alguns dos jogos da hipotética Champions fossem disputados no fim-de-semana (momento normalmente reservado para as competições nacionais). Perante a impossibilidade de se “esticar” a época desportiva, Andrea Agnelli sugeriu que todas as ligas europeias limitassem a participação para 18 equipas e pediu à UEFA e à FIFA a cooperação necessária para que fosse reduzido o tempo de interrupção dos campeonatos nacionais em detrimento das competições internacionais.
Andrea Agnelli não recebeu apoio da maioria das federações nacionais, tendo sido a inglesa a que mais veementemente protestou. A federação inglesa referiu que não apoia a proposta de remodelação da ECA porquanto afrontaria contra a competitividade do seu campeonato e infligiria danos irreversíveis na forma como os adeptos sentem o jogo. De facto, a federação inglesa é quem tem o maior interesse em preservar o status quo pois, gere e distribui a riqueza por e para todos, conservando a sã competição e o superior interesse dos adeptos. Uma forma de ser e estar que deveria servir de exemplo para todas as restantes federações europeias."

Raparigas do Barça arrasam rapazes e marcam-lhes 329 golos

"O futebol tem mil funções. Para além de reforçar laços entre os povos - a Europa é um exemplo disso -, também estimula uma atenção ao fair-play e à igualdade entre géneros em todas as classes sociais. Por isso mesmo vale a pena ver esta história de ontem do New York Times sobre uma equipa feminina juvenil do Barcelona.
As miúdas do escalão 12/14 anos, que disputaram o campeonato regional da Catalunha, ganharam todos os jogos da sua Liga, marcaram 329 golos e sagraram-se campeãs com 14 pontos de avanço. Note-se: todas as outras equipas eram masculinas.
Assim se mudam paradigmas. Acabou a conversa das miúdas não saberem dar um pontapé na bola... Além de que, perder-se por mais de 10 golos contra este Barça feminino, deve ter obrigado a refazer todos os pressupostos pré-masculinos daqueles jovens "homens".
Grande notícia. É com passos destes que se vai instalando a igualdade entre géneros, coisa que na idade adulta desemboca na diferença salarial entre homens e mulheres, pressuposto de muitos anos de superioridade masculina ao longo dos séculos. E os estereótipos desfazem-se com circunstâncias simbólicas como estas. Socialmente é muito significativo elas ganharem ao outro sexo jogando com a mesma bola.
É certo que ainda não vimos, nos adultos, nenhum jogo entre a equipa campeã do mundo de futebol feminino (Estados Unidos) e o masculino (França). O Mundial que começa hoje, em França, poderia ter proporcionado um interessante desafio entre as duas equipas, ambas no activo - os Estados Unidos, que estão lá a preparar o Mundial, e a selecção francesa (masculina), que joga sábado um desafio de qualificação para o Europeu 2020. Um jogo como este pode realmente acontecer a breve prazo?
Há, entretanto, várias lições deste caso da Catalunha. Primeiro, o facto de o "Barça" embarcar nesta aventura é por si só extraordinário. É novo e desafiante. Agora parece óbvio o interesse do teste, mas nenhum gestor desportivo "clássico" expõe a sua marca a algo tão desigual. (Sim, porque dir-se-ia, à partida, que estas jogadoras iam perder. Por muitos. Quiçá ficar em último lugar.)
Outra ideia importante é a do empoderamento psicológico. Aquelas mesmas raparigas, sem a camisola do Barça, seriam capazes dos mesmo feitos? Não sabemos. Mas em teoria, o poder da camisola ajudou a torná-las em "super power grils", o que coloca o Barcelona como um clube ainda mais "trendy" e arejado, capaz de romper onde ninguém arrisca.
Depois, obviamente, há a questão da equipa técnica, que também deve ter feito diferença.
Em Portugal há um caso interessante e pouco conhecido. No Leixões, o treinador dos sub-13, Vítor Barros, aliou-se ao "mental coach" Luís Acabado e usou os seus conhecimentos de meditação e técnicas respiratórias como um dos pilares do treino e instrumento de jogo em campo.
A equipa esteve 11 meses sem perder e foi disputar a fase final do campeonato. Entretanto os sub-15 do Leixões entraram no mesmo programa e passaram também à fase final da sua competição.
Quando se tenta perceber para que serve isto, Luís Acabado diz coisas simples e desarmantes: "O objectivo é ajudar os meninos na tomada de decisão. Com a pressão exercida pelas bancadas (pais) mas também com a concorrência do mundo digital, os miúdos perdem o foco e não mantêm o objectivo individual e colectivo. Mas mais do que o futebol, eles ficam com ferramentas para a vida".
Estes "saltos de conceito" reforçam a vontade de criar o impossível e, sobretudo, geram futuros cidadãos mais conscientes e confiantes, sejam rapazes ou raparigas. O fim último do futebol não devia ser outro.
Em Espanha os campeonatos das camadas jovens podem incluir equipas masculinas ou femininas, em conjunto, até aos 16 anos. O primeiro clube a fazê-lo foi o Atlético de Madrid, mas o sucesso não foi significativo. O Atlético de Bilbau tenta agora ir pelo mesmo caminho do Barça.
Veremos, entretanto, se em Portugal um dia isto também acontece. Mais vitórias como estas, em todas as áreas da vida, são a maior garantia de que um dia, as mulheres acabarão por ter efectivamente os mesmos direitos e garantias que os seus congéneres masculinos. Por cada golo que entra, quebra-se um tabu inconsciente de poder e desigualdade. Face ao nosso grau de violência sobre as mulheres, é preciso aprender a perder mais vezes com elas, desde pequenos, em todos os campos, incluindo os da bola.
Boa, miúdas!"

Diferenças: entre arguidos e condenados !!!


Benfiquismo (MCCIV)

Preparados...

Azia alheia

"Cada coisa que Ronaldo faz tem de ter implícita uma crítica a João Félix. Comentários pequeninos só podem ter resposta de campeão em campo

Nesta pré-época, porque há menos notícias e mais ressentimento, nota-se mais o azedume de quem perdeu e não o consegue esquecer. Assim, incapazes de elogiar simplesmente um fenómeno como Ronaldo, cada coisa boa que o astro faz tem que ter implícita uma crítica disparatada a João Félix, como se o genial jogador não merecesse ser destinatário de elogios sem segundas e torpes intenções. Comentários sem nexo de causalidade e disparates sem sentido enchem horas de programas sem uma novidade, uma notícia ou um facto curioso. A nossa Selecção foi por isso vítima de azias alheias, mas comentários pequeninos só podem ter resposta de campeões e dentro de campo por óptimos profissionais. Portugal não deslumbrou, mas mereceu vencer. Portugal venceu, venceu bem e colocou-se numa final de prestígio internacional. Fernando Santos escolheu e venceu, para desespero de quem já tinha epitáfios preparados e não esconde as saudades daquelas selecções fantásticas que não ganhavam nada, mas eram sempre as favoritas até começaram os jogos. Independentemente do resultado do próximo domingo, só deve haver orgulho na Selecção e respeito pelo seleccionador.
O Benfica tem a pré-época definida, os jogos estão marcados e esperamos ver a bola a rolar. Esperamos com a alegria de quem venceu, a confiança de quem acredita que vamos continuar a vencer e a esperança de quem deseja que nesta pré-época o plantel seja ainda melhorado. Tudo para que dia 4 de Agosto no Algarve se continue esta arreliadora obsessão de aumentar o espólio do Museu Cosme Damião. Para que fique claro, só vende qualidade quem precisa, e só retém talento quem consegue. Sempre que um clube segura um craque, demonstra estar mais bem gerido. É assim em quase todo o mundo e em todos os emblemas. Vender muito (mesmo que bem), por vezes esconde o mal em que se está. Os títulos são quase sempre ganhos por quem retém e compra qualidade e não por quem a vende. Sempre que sai um grande jogador do Benfica, o verdadeiro adepto fica triste. Sempre que se compra um talentoso reforço, o benfiquista rejubila. Sempre que vejo saírem bons jogadores dos rivais eu festejo e boas contratações preocupam-me. É assim e deve ser assim, porque a nossa paixão é o jogo e o Benfica. No meu Benfica o lucro são os títulos."

Sílvio Cervan, in A Bola

Discurso do Presidente na Assembleia Geral do Clube

"(...)
A Reconquista foi feita! E quando alguns pensavam que nos vergavam, aqui está o Benfica forte, unido e coeso a demonstrar a força e a vitalidade do nosso clube. Na hora decisiva, o apoio de todos os benfiquistas, em torno da Reconquista, é algo que ficará para sempre na nossa memória, tal como a alegria e elevação que demonstrámos nos momentos dos festejos. Festejámos por nós e não contra ninguém. Festejámos Pelo Benfica.
Este foi um ano de inequívoca Reconquista! Reconquista ao nível desportivo com a vitória no campeonato, com uma segunda volta épica, reforçando a nossa hegemonia no futebol português. Ganhámos cinco dos últimos seis campeonatos e, no mesmo período, conquistámos 13 títulos enquanto os nossos rivais mais directos, juntos, não ultrapassaram os oito títulos.
Ano após ano, vemos os frutos da nossa estratégia e do rumo que há muito defini, de aposta no Caixa Futebol Campus, nossa escola de formação, que apresenta a cada dia melhores resultados e é reconhecida e apontada como exemplo a nível mundial. Hoje somos o clube que alimenta as nossas selecções com mais jogadores, nos seus diferentes escalões. Ainda agora, são nove os elementos que passaram pelo Seixal convocados para a Liga das Nações, sem contar com jogadores da nossa equipa, como Pizzi e Rafa.
Um trabalho profundo, que tem como prioridade a escolha e criação de um corpo técnico de enorme exigência e que leva a que o Seixal se tenha tornado não só um viveiro de jogadores, mas também de treinadores e restantes responsáveis técnicos, com um ADN e certificado de qualidade Benfica. 
Queremos continuar a Ganhar. Mas não de qualquer forma. Ganhar, mantendo o equilíbrio orçamental. Ganhar, mantendo capacidade financeira para honrar os nossos compromissos. Ganhar com um plantel em que, pelo menos, 25% dos jogadores sejam formados no Benfica e em que só haja espaço para jogadores estrangeiros que marquem a diferença. Ganhar, Pelo Benfica.
Mas queremos mais. Sem dúvida! Este é o momento de dar um novo salto qualitativo. Vivemos uma fase de mudança de ciclo. À hegemonia do futebol português, queremos juntar uma nova exigência de ambição em termos de competições europeias.
Quero por isso, hoje e aqui, reafirmar a todos os benfiquistas a nossa firme vontade de manter connosco, o máximo de anos possível, os nossos principais jogadores e manter a aposta na formação. Como sempre afirmei, só desta forma poderemos ser competitivos na Europa e sonhar ir mais longe. 
Mudámos de paradigma. Centrámo-nos na formação. Aos jogadores imprescindíveis, apenas permitimos a saída pelo valor da cláusula de rescisão. E precisamos agora de começar a reter talento. Este é o modelo que sonhei para o Benfica e a única forma, assim acredito, de ambicionar a novas conquistas, dado o superior poder económico dos principais clubes das cinco maiores ligas.
A filosofia e as bases fundamentais do nosso projecto estão há muito definidas. Este ano contaremos desde o início da época com a liderança na equipa de futebol de alguém que penso que é credor da nossa justa homenagem.
Bruno Lage! O trabalho que o Bruno efectuou, a forma como melhor do que ninguém se identifica com todo o projecto do Seixal e a maneira como conciliou a experiência com juventude, dão-nos a garantia de que estamos muito bem servidos por muitos e bons anos. Uma escolha de futuro e que se integra no novo ciclo de estabilidade e ambição que vivemos sem paralelo em Portugal.
Mas se o Bruno e os jogadores são o rosto mais visível da Reconquista, a verdade é que o seu trabalho tem por base toda uma estrutura de apoio que não poderei deixar de mencionar. Desde o nosso administrador Rui Costa por toda a sua experiência e constante presença e proximidade à estrutura do futebol, ao director Tiago Pinto, também ele elemento chave do nosso sucesso. Desde o Bruno Sá nas operações, o Ricardo Lemos na Comunicação, até ao Ricardo Antunes no Departamento Médico, ao Maurício no Departamento de Análise e Observação, ao Sandro no Lab, ao Telmo na Fisioterapia, passando pelo Luís, nosso roupeiro, pelas senhoras da cantina e pelo João Gonçalves, nosso motorista, entre tantos outros.
Não poderei igualmente deixar de mencionar toda a estrutura profissional do Sport Lisboa e Benfica, liderada pelo Domingos Soares Oliveira. Todos eles têm a sua quota parte no sucesso, na Reconquista, e por isso, a todos eles, o meu muito obrigado.
Quero agora também falar de outros bons resultados desportivos. Ao longo dos últimos anos, reforçámos de forma inequívoca a aposta no nosso ecletismo. Fruto dessa aposta, somos o clube com mais títulos nas modalidades de Pavilhão. Graças ao nosso projecto olímpico, somos também o clube que mais contribuiu para as 4 medalhas conquistadas por Portugal desde 2008.
Nas cinco principais modalidades de pavilhão, ganhámos o voleibol e estamos na final da disputa dos títulos de futsal e basquetebol, pelo que o balanço final terá que ser feito mais tarde. No feminino, mantendo a hegemonia total no futsal e hóquei, lançámos este ano novas equipas no voleibol e andebol. O voleibol já garantiu a subida de escalão e o Andebol está no caminho certo para alcançar semelhante feito. E como todos sabem, no ano de estreia da nossa equipa de futebol feminino, o sucesso não podia ser maior. Vitória na Taça de Portugal em disputa com as equipas da primeira divisão e subida garantida com recordes históricos.
Muito há a melhorar, mas também aqui queremos preservar a filosofia de aposta na formação como principal viveiro das nossas equipas, sem perder de vista que a nossa missão é só uma: ganhar!
Quero agora falar de outras importantes reconquistas: o Clube reconquistou mais uma parte do seu património com a histórica passagem para o Benfica da titularidade a cem por cento da Benfica Estádio e da BTV como tínhamos prometido. O grupo Benfica reconquistou a sua independência financeira, tornando praticamente residual as dívidas bancárias e reduzindo o montante dos seus empréstimos obrigacionistas.
Esta independência financeira resulta do nosso esforço em vários domínios, mas quero destacar o ciclo continuo de crescimento nas receitas, que nos tem possibilitado gerar bons lucros, recuperar os capitais próprios, sem nunca deixar de investir no futuro do Benfica, sobretudo em tecnologia, infraestruturas, inovação, expansão internacional e nos nossos profissionais.
Reforçámos também a Reconquista encetada há vários anos do nosso posicionamento internacional. Hoje, o Benfica é, com orgulho, o único representante nacional nos principais rankings internacionais seja em assistências, facturação, valor da marca, número de sócios e presença digital.
Para os Sócios, criámos a solução família e definimos um novo conceito de Sócio para os jovens, lançámos o novo Site e a nova App, desenvolvemos novas ferramentas associadas ao Red Pass, tanto na transmissão do lugar, como na revenda do mesmo e reforçámos a comunicação regular com todos os associados.
Por último, mas não menos importante, a Reconquista também se traduz num novo modelo de Casas do Benfica que permitirá um forte crescimento em número e na qualidade de serviços do nosso braço armado, arrancando este ano o lançamento de uma nova geração de Casas do Benfica 2.0 com a inauguração da primeira destas Casas na cidade de Santarém.
Hoje mesmo ficámos a conhecer a exemplar condenação da conduta ilícita do Futebol Clube do Porto e de alguns dos seus colaboradores por sentença da Justiça. No âmbito dos processos por divulgação criminosa da nossa correspondência privada, já não é a primeira vez que os tribunais nos dão razão. De realçar que estando em investigação todo o processo do roubo, foi assim já dada como provada, mais uma vez, a existência de uma divulgação ilícita, mas também a manipulação e deturpação do conteúdo dos emails.
Sejamos muito claros. O que verdadeiramente esteve em causa é que, face à inexistência de uma estratégia própria, de uma organização e planeamento, perante o descalabro financeiro, à ausência de resultados desportivos e a um modelo de gestão que parou no tempo, esta foi a estratégia encontrada para criar um permanente ambiente de ameaça e coação sobre os diversos agentes desportivos, agora inovando para os novos modelos da criminalidade digital.
Sobre tudo aquilo que vivemos nestes últimos dois anos, quero deixar uma garantia. Pelo Benfica, seremos intransigentes na nossa defesa e em responsabilizar todos aqueles que, de forma consciente, procuraram denegrir a nossa dignidade. Hoje já ninguém dúvida de que fomos vítimas de vários crimes de enorme gravidade. O tempo é agora da justiça. De moderação nas palavras e de acção vigorosa nos locais próprios. Onde, estou certo, tal como hoje se verificou, vamos conseguir fazer prevalecer a verdade. No final, garanto, continuaremos orgulhosos da nossa história e dos nossos valores.
Noutras frentes, nomeadamente no que se refere à nova legislação do combate à violência no desporto, temos dado o nosso contributo aos vários grupos parlamentares, no sentido de procurar que sejam concretizadas leis mais justas e conforme os preceitos constitucionais, sobretudo no que se refere ao modelo e reconhecimento dos grupos de sócios organizados.
Quero aqui deixar claro aquilo em que acreditamos: legitimar práticas ilegais sob uma capa aparente de uma legalidade que permite ter só meia dúzia de inscritos em organizações com milhares de membros que ninguém sabe quem são, é uma farsa; obrigar à constituição de grupos de adeptos é anticonstitucional; penalizar o Benfica com sete ou oito jogos à porta fechada, porque supostamente apoiamos grupos organizados de Sócios, é incompreensível e revela uma obstinação que não é tolerável.
Termino, por fim, reiterando a nossa estratégia e rumo. Com um ou outro erro de percurso, a verdade é que é indiscutível a obra que todos nós benfiquistas temos conseguido fazer pelo crescimento do grande Sport Lisboa e Benfica. O contributo de todos os benfiquistas, o seu espírito crítico e a sua exigência, têm sido fundamentais e nas horas mais difíceis. Tem sido a nossa união e a nossa força conjunta que tem marcado a diferença.
Aqui discutimos e divergimos abertamente, mas sempre de forma construtiva. Sempre, pelo Benfica. Olhos nos olhos, assumimos erros, mas temos sempre um sentido positivo.
Património, recursos humanos, inovação, visão estratégica, solidez financeira são os alicerces fundamentais para o Benfica de futuro, que faz da formação uma prioridade e da sua afirmação europeia e internacional o seu grande desígnio para os próximos anos. Porque, repito, todos contamos. E porque temos um passado que nos honra, um presente que nos orgulha e uma cada vez mais forte e assumida ambição de futuro! Continuemos juntos, Pelo Benfica.
(...)"

A 'calaboteação'

"O nosso antigo treinador adjunto Jesualdo Ferreira, cuja breve passagem pelo posto principal do comando técnico benfiquista ficou na história pela pior participação de sempre do Benfica na Taça de Portugal (eliminação, na Luz, pelo Gondomar, do terceiro escalão) e por ter adquirido temporariamente o hábito de fumar charuto sentado no banco em pose pseudo-intelectual, deu uma entrevista ao jornal O Jogo que, apesar de desinteressante, é de certa forma reveladora.
Diz então Jesualdo que os títulos conquistados por si ao serviço do FC Porto foram-no com 'água do Luzo'. E concretizou: 'Fomos os melhores, não houve ajudas de ninguém'. Não será necessário grande liberdade interpretativa para constatar que Jesualdo Ferreira considerará que os anteriores títulos portistas de deveram pelo menos em parte, a ajudas de alguém.
Aproveitando a metáfora, deveu-se ao café com leite. Afinal, todos ouvimos as escutas publicadas do youtube... Mas este aparente desassombro de Jesualdo logo é remetido para a deriva propagandista: 'O túnel tirou-me o tetra', referindo-se aos castigos a Hulk e Sapunaru ao final do Benfica - FC Porto. A tese é simples, mas falsa. Convém recordar que os castigos foram merecidos. E convém acrescentar que enquanto Hulk esteve castigado (9 jogos), o FCP perdeu 9 pontos, mas nas 11 partidas anteriores em que contara com o contributo de Hulk, o FCP perdera 13. Alguém ligado ao FCP falar do 'túnel' não passa de uma versão trasvestida da farsa Calabote, um mero truque da mais reles propaganda. E mais... eles lá saberão porque, aparentemente, acham sempre que um título só é conquistado se houver algum caso..."

João Tomaz, in O Benfica

André Almeida, um de nós

"Será possível existir algum benfiquista no mundo que ainda não esteja completamente rendido ao André Almeida? Estou convencido de que a resposta é não - aleluia. Esta época, o 37 não foi a única conquista que me deixou radiante. O elo cimentado entre o Almeidinhos e os adeptos é também o motivo de regozijo. É um de nó um nós. Fez-se um de nós. Lá dentro, onde tudo acontece. Há milhares de jogadores que fazem parte da história do Benfica, mas só alguns contribuem para que a camisola se torne ainda mais pesada. O André Almeida faz parte deste segundo grupo. Aos 28 anos já tem mais brancas do que o meu pai, no entanto tem feito um trabalho extraordinário no sentido de preservar a cor natural do meu cabelo por muitos e bons anos: ter o André Almeida a proteger o lado direito da defesa é garantia de tranquilidade. Reza a lenda que o André Almeida anda sempre com o telemóvel, a carteira e as chaves do carro na mão, porque os bolsos estão sempre ocupados, tantos são os extremos que lá foram parar. O mito do jogador esforçado que cumpre quando é chamado não passa disso mesmo, um mito. É verdade que não tem a velocidade do Nélson Semedo, a agilidade do Grimaldo ou a criatividade do Pizzi. Porém, é dotado de uma competência da qual poucos se podem gabar. Jogador útil? Claro que sim, é de uma utilidade descomunal ter à disposição um craque como o Almeidinhos. Este ano foram 12 (!) assistências no campeonato, dois golos - aquele golaço ao Braga a um importantíssimo em Santa Maria da Feira - e uma liderança valente que não se mede em números. E que bem lhe assenta aquela braçadeira! Presidente, quando é que manda estampar uma camisola com André Almeida 2014?"

Pedro Soares, in O Benfica

Figuras do 37

"A dimensão de uma vitória vê-se, também, pelo tempo que demora a saborear. Pois passadas quase três semanas sobre o dia da 'Reconquista' ainda me sinto embalado pela nuvem em que ela me aconchegou. Recordo jogos, momentos, figuras, deleito-me com as várias publicações sobre a temporada futebolística, através das quais, jornada a jornada, consigo reviver todos os contornos de um triunfo um pouco mais saboroso do que quase todos os outros. Na hora de identificar os grandes obreiros do 37, já destaquei aqui Bruno Lage - que de facto trouxe uma nova vida a uma equipa que a dada altura parecia descrente e angustiada. Não poderia obviamente deixar de sublinhar o papel do Presidente Vieira, que foi o primeiro a acreditar num projecto alicerçado no aproveitamento dos jovens do Seixal, sendo agora claro que a razão estava do seu lado. Esta é uma vitória da sua visão para o futuro do clube, da sua determinação, e da aposta vincada num Benfica jovem e português, à imagem e semelhança daquele que ele conhecera na infância. Entre os jogadores apeteciam-me destacar todos. O lugar comum seria justificado, pois todos foram, a seu momento, importantes para alcançar o objectivo final.
A ter de escolher um, entre a eficácia de Seferovic, a magia de Félix, a regularidade de André Almeida, a importância de Pizzi, a surpresa de Ferro ou o exemplo de Jonas, talvez optasse por Rafa.
Na verdade, o nosso extremo fez a sua melhor época de sempre, marcou mais de 20 golos, e teve momentos de arte pura a fazer lembrar, até pela fisionomia, o grande Chalana. Um craque, que brilhou a grande altura.
O 27 do 37."

Luís Fialho, in O Benfica