Últimas indefectivações

sexta-feira, 6 de maio de 2011

"Eusebiomania"

"Foi a 13 de Maio de 1960. À atenção dos crentes? Dos crentes e dos não crentes, mas sempre dos crentes no Benfica. Foi a 13 de Maio de 1960. Após uma batalha jurídica sem paralelo, a Federação portuguesa de Futebol decidiu que um jovem moçambicano, de nome Eusébio, era oficialmente jogador do Sport Lisboa e Benfica.

Passou meio século. A data tem um enorme peso no historial vermelho. Já alguém pensou o que seria ver o nosso Eusébio de camisola trocada anos a fio? Fiel ao compromisso com o Clube, Eusébio não vacilou durante meses, altura em que se esgrimia o mais longo embate de sempre entre o Benfica e o Sporting. As tentativas para desviar o jogador da rota rubra foram muitas. Decisiva, desde logo, a palavra da mãe, D. Elisa, a quem o Benfica tanto deve. Depois? Depois, o País virou 'eusebiomaníaco'. O Benfica cresceu disparadamente em popularidade, quer a nível doméstico, quer no contexto internacional. Eusébio e Benfica, Benfica e Eusébio confundiram-se sempre. O maior jogador de todos os tempos emprestou dose substancial para o carisma que carecteriza a maior agremiação desportiva portuguesa. O maior jogador de todos os tempos emprestou dose substancial para a condição de clube mítico que o Benfica ainda hoje transporta.

Foi a 13 de Maio de 1960, escassos dias antes da primeira vitória na Taça dos Clubes Campeões Europeus, ainda sem o concurso de Eusébio. Daí para a frente, a maravilhosa máquina de sonhos cresceu mais ainda. Cresceu muito mais. Cresceu tanto que até virou lenda. Sempre com a majestade de Eusébio."


João Malheiro, in O Benfica

Derrota do Porto

"1. Embora na Secretaria, foi uma importante derrota do Porto: da sua Associação e, afinal, do seu principal clube. Ou antes, foi uma importante vitória do Futebol português. Apesar da oposição de algumas (já bem poucas...) associações distritais, nomeadamente Porto e Braga, os estatutos da Federação foram finalmente aprovados. Ao longo de três anos, algumas associações andaram a adiar o inadiável e ainda agora Lourenço Pinto, presidente da Associação do Porto (e antigo presidente dos árbitros, quando 'valia tudo'...), ameaça com a impugnação. Já ninguém lhe liga. Foi finalmente derrotado. Quando deixará o Futebol de vez?


2. O FC Porto rejubilou: pela 1.ª vez esta época, foi ultrapassada a barreira dos 40 mil espectadores no seu estádio. Num ano excepcional em termos de resultados, nem numa meia-final europeia, sem TV em canal aberto, o seu estádio, com 50 mil lugares, encheu. Estiveram 44 mil, menos 13 mil que na Luz, à mesma hora, com transmissão na SIC (que voltou a ganhar as audiências do dia graças ao nosso Clube). E com o Benfica em período de algum pessimismo...


3. Continuo preocupado com o nosso novo Centro de Documentação e com o nosso futuro Museu. Por motivos que não consigo descortinar, o 'nosso' historiador Alberto Miguéns continua colocado à margem de todo o processo. Que interesses levarão à marginalização daquele que é, reconhecidamente, a pessoa mais abalizada no sector e que até se prontificou a trabalhar gratuitamente para o Clube enquanto não for requisitado à escola onde dá aulas? Ao chamar (mais uma vez) a atenção para o facto, fico (pelo menos) de bem com a minha consciência.


4. Fim-de-semana em grande no Andebol (finalista numa competição europeia após grande recuperação) e no Basquetebol (quase na final da Liga). Fim-de-semana infeliz no Futsal (perdida a Europa, vamos à reconquista do Nacional) e no Voleibol (a melhor equipa nacional ao longo de toda a época foi batida por um anacrónico regulamento do Campeonato), Mas estamos em todas e na luta pelos títulos."


Arons de Carvalho, in O Benfica

Lideranças

"Olhar para o desempenho de uma equipa de futebol, para uma equipa de dirigentes ou para qualquer outra equipa é, também, observar o sucesso das lideranças. Por exemplo, quando observo o desempenho individual de cada um dos futebolistas do nosso Benfica, vejo as suas capacidades e a sua crença. Observa-se em que medida crê no modelo de jogo que interpreta, crê em si e crê nas ideias de quem o lidera. Quando o homem crê, o atleta quer. À junção do querer e do crer chama-se motivação.
No entanto, para que a motivação individual surja, é indispensável que haja na liderança a visão para detectar o talento, a potencialidade. Haja a coragem para desenvolver essa potencialidade e a lealdade para, pelo exemplo, motivar e unir um grupo (seja uma equipa ou uma massa associativa). Para isso, é importante que todos percebam que a vivência do sucesso não permite que se deixem de correr riscos, particularmente o risco de nos colocarmos em questão. Não há liderança onde não há conhecimento das virtudes e reconhecimento dos erros. Isto implica que uma das grandes marcas de uma liderança eficaz acabe por ser a reflexão sobre os erros cometidos e a capacidade de evoluir. Quem não tiver esta ousadia não será um líder. Quando muito será um chefe. Um líder deverá ter em si a loucura, o optimismo e a humildade para confiar na sua capacidade de aglutinar, motivar e, sempre que for caso disso, de mudar. Sendo que esta mudança, quando ocorre, deve revelar-se, antes de em qualquer outro, em si.
Nunca se poderá fazer um balanço do que foi, e está a ser, o momento presente do nosso Benfica, se não houver a ousadia e a humildade de questionarmos o nosso compromisso pessoal para com o Clube. Para este acto de liderança todos somos chamados: desde o presidente ao treinador, passando pelos atletas e, essencialmente, pelos adeptos."


Pedro F. Ferreira, in O Benfica

Objectivamente (FPF)

"Adriano Pinto deixou grande legado na Associação de Futebol do Porto e no Futebol Português. Um outro Pinto do Porto, Lourenço, que lhe sucedeu, conseguiu levar até ao limite - mais de três anos - a discussão sobre os estatutos da Federação Portuguesa de Futebol!

Foi vergonhosa a forma como este retrógrado dirigente do Futebol indígena tratou a questão, aproveitando a presidência da Associação de Futebol do Porto e o seu poder, para seduzir alguns comparsas de velhas andanças como o presidente da Associação de Braga, Carlos Coutada, e outros dirigentes que querem manter a todo o custo o seu domínio e a sua grande influência nas mais importantes decisões do Futebol português.

Dizia Coutada que a votação que no passado fim-de-semana arrumou - finalmente - esta questão, não era «uma derrota». Coutada, que sempre representou Lourenço Pinto quando estrategicamente este se ausentava das assembleias, garantia que a luta continuava e que não iriam desistir facilmente. Acredito. Como dizia o antigo presidente da Comissão Disciplinar da Liga, Ricardo Costa, o que interessa são os nomes das pessoas que vão presidir a essas comissões que doravante estarão na FPF. Por isso, o mais importante, e face ao aviso de Carlos Coutado e do seu ideólogo Lourenço Pinto, o melhor é estarmos bem atentos aos nomes designados para ocuparem estes cargos porque a moléstia promete continuar... sem cura!

Esta gente não quer mesmo mudar. Agarram-se ao poder como lapas e nada os despega!

Para quem quer uma mudança sadia e séria neste pobre Futebol português não pode ficar distraído com estas teóricas alterações impostas pelos novos regulamentos! O mais importante agora é saber quem vai ser nomeado para os cargos, porque mandarem sediados na Liga (Porto) ou na Federação (Lisboa), a coisa é a mesma! A ideia é continuar tudo na mesma!"


João Diogo, in O Benfica