"A Crónica: Cantos Foram Musa De António
O radar voltou a apanhar o SL Benfica em excesso de velocidade. Os encarnados passaram e não só não respeitaram o sinal de stop como o derrubaram. Continua a não haver quem pare esta equipa que não paga multa, mas passa fatura aos adversários.
Os carros pilotados por Estoril-Praia SAD e SL Benfica iam ao mesmo ritmo na volta de formação. Alinhados na grelha de partida, os encarnados largaram com um ritmo inalcançável para os canarinhos.
A partida oficial deste Grande Prémio deu-se aos 25 minutos, quando o Petar Musa fugiu ao controlo dos defesas estorilistas. Era o SL Benfica a colocar o pé no acelerador e o Estoril-Praia a deixar o motor ir abaixo.
De facto, o golo encarnado obrigou a equipa da linha a voltar a ativar a ignição. Só que o recomeço não foi suficientemente lesto para que as águias não tivessem oportunidade de dar uma volta de avanço aos comandados de Nélson Veríssimo. António Silva encontrou, na sequência de um canto, uma bola perdida e disse-lhe para ir para o fundo da baliza.
O Estoril-Praia SAD tentava jogar de igual para igual, mas o conforto da vantagem não incomodava os encarnados. A grande ocasião dos de amarelo também nasceu de um canto. Erison cabeceou ao primeiro poste e, quando a bola ia para o fundo das redes, Otamendi cortou como pôde, o que, no caso, corresponde a tê-la enviado à barra. Seria mesmo o ferro a desencadear o contra-ataque já que a bola ficou à conveniência de Grimaldo que definiu um lance que obrigou Pedro Silva, guarda-redes da casa, a uma bela intervenção e, na recarga, Rosier a um belo corte.
Se nos últimos tempos tem feito questão de chamar a atenção em tantas ocasiões, António Silva não perdeu outra chance de brilhar. Novamente a partir de um canto, o central teve tempo de olhar a bola nos olhos e dar-lhe o tratamento devido. Se Fernando Santos precisar de alguém para marcar golos, tem aqui uma bela opção.
O SL Benfica foi às boxes no intervalo e voltou igualmente bem. Musa rematou ao poste adiando o quarto golo que acabaria mesmo por chegar. Assim que Neres entrou no jogo, usou o primeiro toque na bola para isolar João Mário e esse sim marcar.
Depois de o VAR ter anulado o quinto golo a Henrique Araújo, Ristic, à lei da bomba, marcou o quinto golo. Uma vantagem rapidamente reduzida pelo golo de honra do Estoril-Praia SAD anotado por Serginho já na compensação.
Derrota pesada para um Estoril-Praia SAD que já arrumou os jogos em casa com Sporting CP, FC Porto, SC Braga e SL Benfica. O calendário pode justificar que o Estoril-Praia SAD tenha feito mais de metade dos 16 pontos fora de portas.
O SL Benfica continua em velocidade de ponta e fez do Estoril um autódromo. As águias seguem na frente de um campeonato onde os oponentes ainda nem aparecem no retrovisor.
A Figura
Petar Musa – Mostrou-se muito dinâmico na frente. Constantemente à procura da profundidade, esticou o jogo da equipa em várias ocasiões. Fez por merecer o golo que marcou. Ainda assim, podia facilmente ter dividido a nomeação de protagonista deste jogo com António Silva. Alguns erros posicionais do central encarnado fizeram a balança pender para o lado do croata.
O Fora de Jogo
Chiquinho – Bloquearam-lhe o acesso à bola e não conseguiu ter influência sem ela. Titular pela primeira vez no campeonato, esta época, somou minutos pouco produtivos.
Análise Tática – Estoril-Praia
O Estoril-Praia SAD, em 4-3-3, apresentou um meio-campo particularmente reforçado em relação ao que já vimos a equipa fazer durante esta época. Com Mor Ndiaye e Loreintz Rosier como elementos mais posicionais, a equipa abdicou de um criativo, deixando esse papel apenas para Francisco Geraldes. De qualquer modo, os estorilistas usaram um triângulo no meio-campo em 1-2, adiantando Rosier para o lado de Geraldes e ajustando com maior facilidade as marcações no miolo.
Também no processo defensivo, o Estoril-Praia SAD tinha a lição bem estudada. O primeiro homem a defender era precisamente o ponta de lança. Erison, que tinha a clara missão de negar que a bola entrasse em Florentino, dando os centrais, Otamendi e António Silva, de borla na primeira fase de construção.
Nas saídas a partir do pontapé de baliza, Nélson Veríssimo baixou os dois laterais abaixo da linha da grande área. O objetivo era tentar atrair a pressão de João Mário e Chiquinho e poder, consequentemente, ativar Rodrigo Martins e Léa-Siliki.
O gesticular do técnico canarinho demonstrava claramente o que é que desejava da circulação de bola. O Estoril-Praia SAD tentava explorar o espaço que o SL Benfica deixava do lado contrário à bola e para isso tentou rápidas mudanças de flanco.
11 Inicial e Pontuações
Pedro Silva (6)
Tiago Santos (6)
Lucas Áfrico (5)
Bernardo Vital (5)
Joãozinho (5)
Mor Ndiaye (7)
Loreintz Rosier (7)
Francisco Geraldes (6)
James Léa-Siliki (5)
Rodrigo Martins (7)
Erison Danilo (5)
Subs Utilizados
Tiago Araújo (4)
Shaquil Delos (5)
João Carlos (5)
Serginho (6)
Gilson Benchimol (4)
Análise Tática – SL Benfica
Mudam os intervenientes – Gonçalo Ramos e Frederik Aursnes foram baixas e Chiquinho foi, surpreendentemente, titular – e o SL Benfica continua a jogar da mesma maneira: dominante e controladora. A escolha de Roger Schmidt recaiu por ter dois homens a jogar por dentro em cada um dos lados, visto que João Mário e Chiquinho potenciam a exploração do espaço entre linhas, enquanto que Neres tem maior relação com a faixa.
Visto que nem sempre o espaço central se encontrava disponível, o 4-2-3-1 das águias teve que dar uso aos corredores, nomeadamente ao esquerdo, lado de Grimaldo, para encontrar espaços. Outra solução, foi as bolas paradas que, muitas vezes batidas de forma curta, para destabilizar a defesa estorilista, originaram várias situações de perigo.
11 Inicial e Pontuações
Odysseas Vlachodimos (5)
Alexander Bah (5)
António Silva (8)
Nicolás Otamendi (7)
Álex Grimaldo (7)
Florentino (6)
Enzo Fernández (7)
Chiquinho (5)
João Mário (7)
Rafa Silva (6)
Petar Musa (8)
Subs Utilizados
David Neres (6)
Henrique Araújo (6)
Diogo Gonçalves (5)
Mihailo Ristic (6)
Gilberto (-)
BnR na Conferência de Imprensa
Estoril-Praia SAD
Bola na Rede: Várias vezes no jogo vi-o esbracejar no banco a pedir que os jogadores virassem rápido o flanco do jogo. Sentiu que poderia retirar vantagem a partir daí?
Nélson Veríssimo: Sentimos que, em função do que é o posicionamento do SL Benfica, podíamos ter retirado mais vantagem das variações de corredor, em função do que era o posicionamento dos alas deles. Sabendo que vamos defrontar o mesmo adversário na quarta-feira, acreditamos que isso pode acontecer de uma forma mais consistente e efetiva no próximo jogo.
Bola na Rede: O que é que o motivou a deixar os laterais tão baixo no terreno na primeira fase de construção?
Nélson Veríssimo: Faz parte da matriz de jogo ofensivo da equipa. Podemos, num ou outro momento, alterar esse posicionamento por questões estratégicas, mas faz parte da nossa forma de jogar.
SL Benfica
Bola na Rede: Tendo em conta o plano de jogo, quão importante foi para o SL Benfica o papel de Petar Musa a atacar a profundidade?
Roger Schmidt: Foi muito importante para os nossos atacantes. Eles têm sempre a tarefa de atacar a profundidade. Apesar de sermos muito bons entre linhas, queremos ser flexíveis e dar aos adversários diferentes estímulos. Penso que é difícil para os nossos adversários controlarem-nos entre linhas, porque metemos lá muitos jogadores. Os nossos jogadores têm que encontrar o momento para atacar a profundidade quando os defesas são atraídos pelo jogo interior. Fizemos isso muito bem."