O treinador continua a 'testar', muitas alterações hoje, muita juventude a saltar do banco, num jogo que acabou em goleada, mas onde começamos novamente a perder...
Últimas indefectivações
segunda-feira, 22 de setembro de 2025
Os desafios de Mourinho no Benfica
"Treinador venceu primeiro jogo, mas meter só um dedo na equipa não vai chegar
O Benfica voltou às vitórias com José Mourinho, que na verdade era o que os benfiquistas mais queriam, ainda que secretamente desejassem uma equipa transfigurada, a cilindrar o adversário com uma exibição inequívoca e mão-cheia de golos.
«Foi bom, mas não foi nada de extraordinário», foram as palavras do treinador aos jogadores no final do Aves SAD, partilhou Mourinho na conferência de imprensa na Vila das Aves. Uma imagem pragmática, de um treinador experiente e que, seguramente, sentiu bons sinais, mas também ganhou ainda mais consciência da missão que tem.
O desenho tático com dois pontas de lança teve tanto o dedo de José Mourinho, como ainda o dedo do anterior, Bruno Lage. Mesmo a movimentação de Sudakov, a partir da esquerda para o centro, onde, mais solto, pode crescer como número 10 e se aproximou de zonas de finalização para marcar o primeiro golo dele no Benfica, não trouxe nada de incrivelmente novo. Dificilmente seria diferente. José Mourinho teve dois treinos para resgatar uma equipa a curar as feridas de dois maus resultados e tempo quase nenhum para passar aos jogadores novas ideias. Além disso, defendo, este plantel, sendo rico em talento, tendo sido contratados nomes importantes e caros, continua pouco equilibrado no peso das opções.
Basta ver que a equipa entrou de início sem um único extremo de raiz e no banco tinha apenas Schjelderup e Prestianni, dois miúdos, um e outro em momentos diferentes, mas ainda a correr atrás da afirmação plena no Benfica. Está a chegar Lukebakio para melhorar o quadro.
Outro ponto sobre o qual Mourinho terá de trabalhar no Benfica e que nos últimos anos da carreira não representou prioridade nas escolhas para as equipas: a formação. Ontem, no banco, estiveram Samuel Soares, João Rego, João Veloso e Henrique Araújo; sendo que mesmo Tomás Araújo é ainda muito jovem e Rafael Obrador, lateral-esquerdo contratado este verão ao Real Madrid, além de incógnita, também só tem 21 anos. Ou seja, pelo menos até à próxima janela de mercado, em janeiro, Mourinho está obrigado a contar com estes jovens, que naturalmente se admite que ainda não possam dar resposta consistente e sistemática se forem chamados a jogo.
Mourinho tem muito trabalho e os desafios que se aproximam têm dimensão gigantesca. Nada melhor, porém, para o treinador colocar em campo a competência e várias das qualidades que o tornaram tão especial, um dos treinadores mais influentes das duas últimas décadas, que liderou uma vaga de novos treinadores. Nada melhor, também, para o Benfica voltar a provar que sabe ressurgir das dificuldades para surpreender. Para já, foi bom, mas nada de extraordinário, a vitória por 3-0 frente ao Aves SAD. Desde a 31.ª jornada da época passada, no 6-0 ao Aves SAD, novamente, que as águias não venciam por três ou mais golos. É um bom (re)começo."
Mourinho é o maior. Voltará a ser o melhor?
"Troféus internacionais festejados no FC Porto e conquistas em Inglaterra, Itália e Espanha deixam o 'special one' em vantagem sobre todos os colegas de profissão. Desafio no Benfica é mostrar que pode recuperar em 2025 a aura de 2004
Na história do futebol, tanto na era do preto e branco como das transmissões televisivas a cores, se procurarmos treinadores carismáticos que marcaram o jogo com inovações táticas revolucionárias, currículos abastados e legados inesquecíveis, o cardápio de escolhas é farto.
Com recurso à memória, nem sempre de elefante, e ao amigo Google, recordo-me de Alex Ferguson, Johan Cruyff, Arrigo Sacchi, Rinus Michels, Fabio Capello, Carlo Ancelotti, Jurgen Klopp, Arsène Wenger, Bill Shankly, Matt Busby, Helenio Herrera, Ernst Happel, Valeriy Lobanovskyi, Bob Paisley, Ottmar Hitzfeld, Juup Heynckes, Artur Jorge, Brian Clough, Pep Guardiola ou, claro, José Mourinho.
Em comum, são colecionadores de troféus, mas só um deles, inclusive entre outros que convido o leitor a acrescentar à lista, a somar a títulos em Inglaterra, Espanha e Itália, conquistou, em épocas seguidas, uma Taça UEFA e uma UEFA Champions League ao serviço de uma equipa portuguesa, no caso o FC Porto. O senhor de quem se fala é… José Mário dos Santos Mourinho Félix. Não é o melhor técnico da atualidade, aos meus olhos, no entanto, continua a ser o maior, simplesmente porque, além dos triunfos ao leme de clubes considerados favoritos, detém a pedra de toque de ter subido ao Olimpo como underdog a representar um emblema nacional.
Sem querer lançar maldição que eternizou Béla Guttmann — húngaro também celebrou, no Benfica, duas Taças dos Clubes Campeões Europeus em anos consecutivos, porém, não teve o impacto do special one nas grandes ligas —, nunca mais se verá algo igual em Portugal.
A distinção entre ser o maior e ser o melhor pode parecer subtil, mas é fundamental. O maior remete para o passado e para os momentos inolvidáveis de Sevilha e, sobretudo, Gelsenkirchen, onde os dragões ergueram a orelhuda, exceção à regra da ditadura dos big-5 instaurada desde essa final de 26 de maio de 2004 frente ao Mónaco.
Já o melhor é, por definição, o que está adaptado ao presente. E é aí que a discussão se adensa. O futebol de 2025 não é o de 2004. O jogo mudou, mudou muito. A pressão alta, a construção desde trás ou a versatilidade tática alteraram radicalmente o campo de batalha. José Mourinho não deixou de ser competente e um comunicador de excelência, embora salte à vista que tem mais dificuldades em lidar com uma geração de futebolistas que prefere a Playstation a uma cartada.
Guardiola a reinventar constantemente o jogo, Klopp com a arma do gegenpressing ou Luis Enrique com um novo futebol total cheio de ideias fora da caixa — e assim constatamos que Mourinho já não dita tendências. Segue-as, adapta-se, sem inovar.
A tentação de catalogá-lo como ultrapassado é francamente exagerada. A UEFA Conference League que acrescentou ao palmarés da Roma foi a prova de que mantém uma eficácia competitiva que poucos podem igualar. Certo é que ser o melhor, no sentido de impulsionar mudanças, é coroa que já não lhe pertence. Se poderá voltar a pertencer? O futebol não perdoa a estagnação e adora narrativas de reinvenção. Talvez Mourinho tenha uma última palavra a dizer, talvez ainda surpreenda no Benfica, nem que seja pelo prazer de provar que todos estavam enganados.
Até lá, fico com a certeza de que é o maior. O melhor? Isso já não."
Mourinho — ‘O Salvador’
"A saída de Bruno Lage abriu caminho para o regresso de José Mourinho. Rui Costa diz que tomou as decisões a pensar no Benfica e não em si próprio… Não concordo e vou explicar porquê.
O 'trunfo' Bruno Lage
Na conferência de imprensa onde anunciou o despedimento de Lage, Rui Costa referiu que ainda não fez campanha eleitoral. O meu entendimento é diferente. Parece-me que Rui Costa tem estado a fazer campanha eleitoral há muito tempo. A apresentação do projeto em papel do Benfica District é um exemplo claro e óbvio, mas a grande estratégia eleitoral tem por base um nome: Bruno Lage.
De uma forma simples vou explicar o meu racional. Na última época o Benfica perdeu o campeonato e a Taça de Portugal por demérito próprio. O futebol apresentado nunca encantou. As lacunas da equipa nunca foram corrigidas. Rui Costa referiu que manteve Bruno Lage porque se trocasse de treinador no final da temporada, o novo timoneiro não iria ter tempo para conhecer os jogadores e isso poderia colocar em causa os objetivos do clube. Esta justificação perde o sentido porque Mourinho foi contratado e em 15 dias vai jogar cinco jogos (alguns de grau de dificuldade muito elevado), ou seja, o racional que justificou a manutenção de Lage cai por terra.
Então por que motivo Rui Costa não trocou de treinador no início da época? Não o fez por uma questão de estratégia pessoal. Se Rui Costa tivesse trocado de treinador no início da época e as coisas corressem mal ficava sem trunfos para poder impactar as eleições. Assim, a manutenção de Lage teve dois objetivos. O primeiro era se tudo corresse bem, Rui Costa e o seu projeto desportivo sairiam reforçados, os adeptos iriam ficar satisfeitos e a consequência poderia ser uma reeleição.
O segundo foi que se desportivamente as coisas não funcionassem, como acabou por acontecer, Rui Costa teria sempre a possibilidade de jogar uma última cartada eleitoral, que passava pelo despedimento de Lage e a contratação de um nome que trouxesse novamente a esperança e aumentasse as expectativas.
A ingenuidade de Lage
Faltou visão a Bruno Lage para perceber o que estava a acontecer à sua volta. Não sei se percebeu, ou não, as movimentações que estavam a ser feitas nos bastidores. A realidade é que não se soube proteger da melhor forma. Como é que o poderia ter feito? A forma mais óbvia seria através de resultados e qualidade exibicional. Neste campo, por muito que tenha tentando elevar os seus feitos de início de época (como estar sete jogos sem sofrer golos), a realidade é que nunca conseguiu empolgar os adeptos, corrigir os defeitos da equipa e, pior, nunca conseguiu explicar os motivos pelos quais os erros se repetiam.
A segunda forma de se proteger seria através da comunicação, onde mais uma vez demonstrou debilidades. Nem o caderno que levava para as conferências o conseguiu ajudar. Teve inclusivamente algumas declarações que podem ser consideradas eleitoralistas. O pior no meio de tudo isto, e que denota falta de visão, é que não percebeu aquilo que todos já tínhamos percebido: estava a proteger quem iria acabar por (mais uma vez) despedi-lo!
O regresso de Mourinho
«Treinar o Benfica é regressar ao meu nível.» Esta frase demonstra o motivo pelo qual Mourinho não podia recusar o Benfica. Porque é que vir para o Benfica é regressar ao seu nível? Porque no Benfica tem o maior orçamento da Liga, ou seja, tem tão boas ou melhores armas que os rivais para atingir objetivos, algo que não aconteceu no Tottenham, Roma ou Fenerbahçe. Regressar ao Benfica é regressar à Liga dos Campeões que deveria ser o seu habitat natural, algo que não aconteceu no Fenerbahçe, por demérito, e nos outros clubes que referi anteriormente. Regressar ao Benfica é ter a possibilidade de fazer um bom trabalho e estar às portas da Seleção Nacional!
Por que faz sentido a contratação de Mourinho para Rui Costa? Porque Mourinho representa a última hipótese de Rui Costa poder ser reeleito. Vai dar o peito às balas. Vai centrar as atenções em si. Vai galvanizar e criar expectativas na massa associativa. Sabendo de tudo isto, Mourinho só podia aceitar o desafio. Contudo, tratando-se de uma pessoa inteligente, percebe que o seu papel é muito mais do que simplesmente treinar. Assim, Mourinho, além do seu papel dentro do campo, traz consigo todo um mediatismo que pode ser valorizado pelo clube. Adicionalmente, tem o papel de agregador e de salvador de Rui Costa. Tem ainda a capacidade de comunicar por um clube que tem tido muitas dificuldades nesta matéria.
Nesta negociação quem é que teve o poder? Onde é que Mourinho vai fazer com que todos estes pressupostos estejam refletidos? Com toda a certeza, todas estas funções vão estar espelhadas na folha salarial, implicando mais um investimento muito elevado e com o racional errado por parte da administração encarnada!
Pela positiva, é importante referir que o contrato assinado pressupõe que, no final do primeiro ano, tanto Benfica como Mourinho, podem rescindir mediante o pagamento de uma indemnização mais reduzida do que o valor do contrato total. Não percebo o motivo porque não se diz qual o valor que permite a desvinculação de qualquer uma das partes. Parece-me óbvio que não o fizeram porque independentemente de ser um desconto face ao contrato total, este valor é ainda muito elevado. Mais uma vez está em causa a transparência que teima em aparecer no Benfica.
A valorizar: Isaac Nader
É o novo campeão do mundo de 1500 metros.
A desvalorizar: FC Porto B
Cinco jogos na Liga 2, quatro derrotas e um empate. Dez golos sofridos e apenas um marcado."
José Mourinho, o retorno do melhor do mundo
"O regresso de José Mourinho à Primeira Liga Portuguesa representa um marco para o nosso futebol. Trata-se de muito mais do que a chegada de um treinador: é o regresso de uma lenda, de um símbolo de liderança, de carisma e de conquistas que projetaram o nome de Portugal para os quatro cantos do mundo futebolístico e não só.
Mourinho é um dos treinadores mais titulados da história do futebol. Conta com 26 troféus oficiais, entre os quais duas Ligas dos Campeões (FC Porto em 2004 e Inter em 2010), duas Ligas Europa/UEFA (FC Porto em 2003 e Manchester United em 2017), uma Conference League (Roma em 2022), oito campeonatos nacionais (duas Primeira Liga com o FC Porto, três Premier League com o Chelsea, uma Serie A com o Inter e uma La Liga com o Real Madrid), quatro Taças nacionais, cinco Taças da Liga e ainda Supertaças em Portugal, Inglaterra, Itália e Espanha. Apenas a sua passagem pelo Fenerbahçe não lhe permitiu juntar a Turquia à lista de países onde deixou a sua marca vitoriosa.
O que significa, então, a sua chegada ao Benfica? Em termos comparativos, seria como ver Lionel Messi ou Cristiano Ronaldo, já numa fase madura da carreira, jogar no nosso campeonato. Um símbolo global a elevar o estatuto da competição, a credibilizar a Liga Portugal, e a abrir portas a novas oportunidades comerciais, mediáticas e desportivas.
José Mourinho será um trunfo não apenas para o Benfica, mas para todo o futebol português. Representa uma oportunidade única para promover os conteúdos da Liga nos mercados internacionais, de valorizar os direitos televisivos, de atrair patrocinadores e de dar uma nova projeção internacional à nossa liga. O retorno do “Special One” é, em si mesmo, um título para qualquer notícia sobre a Liga Portugal."
Temos os melhores, está na hora de sermos os melhores
"Ainda não é oficial, mas restam poucas dúvidas de que Ousmane Dembélé vai receber esta segunda-feira, em Paris, a Bola de Ouro para melhor jogador do mundo da temporada 2024/2025.
Até Luis Enrique, o seu treinador no PSG, que tem fugido do tema a sete pés, tantos são os jogadores da equipa nomeados (oito, se contarmos ainda com Gianluigi Donnarumma, que estava no clube quando foram escolhidos os 30 finalistas), não evitou, no sábado, dar o seu palpite, em forma de cantiga.
Mas na mesma conferência de imprensa em que o fez, o treinador espanhol também tirou tempo para tremendo elogio ao seu lateral-esquerdo, que dias antes, contra a Atalanta, na UEFA Champions League, assinara (mais um) golo soberbo. «É o tipo de jogador que pode jogar onde quiser, porque é um jogador com uma mentalidade incrível, qualidades técnicas de topo, top, top, qualidades físicas top. Para mim, é um jogador incrível. Pode defender contra qualquer jogador que apanhe pela frente e no ataque tem a qualidade de um avançado. É um dos jogadores mais completos que já pude treinar em toda a minha carreira», disse Luis Enrique sobre Nuno Mendes.
Nas casas de apostas, o lateral português do PSG surge com as oitavas ou nonas melhores odds para receber a Bola de Ouro. Mas é o melhor defesa da lista, ligeiramente à frente do marroquino Achraf Hakimi — além da preponderância no PSG, que divide, na verdade, com o colega da direita, venceu a Liga das Nações com Portugal...
Se houvesse um prémio para melhor defesa, provavelmente vencê-lo-ia. Mas não seria o único português distinguido. Vitinha, companheiro de equipa e de Seleção, tem as terceiras melhores chances de ser coroado amanhã, apenas atrás de Dembélé e de Lamine Yamal, e à frente de Salah. É, de forma clara, o médio mais cotado, o que faz sentido, porque é provavelmente o melhor médio do Mundo neste momento.
Ver que o melhor defesa e o melhor médio da atualidade são portugueses é um excelente augúrio para a Seleção, porque na baliza não estamos nada mal servidos e no ataque também não. Para já, o facto de Portugal ter conquistado a Liga das Nações pode encher-nos de otimismo, mas o arranque da qualificação para o Mundial, pese a dupla vitória fora de casa, deixou sinais preocupantes.
Se temos os melhores do Mundo, é altura de começarmos a jogar como os melhores do mundo. Embora, sejamos justos com Martínez, setembro não seja o melhor mês para isso."
Portugal pode ser irrelevante no mercado de transferências
"A FIFA divulgou no início do mês, logo após o fecho de mercado, o balanço da janela de transferências de verão. Os dados ficaram em parte desatualizadaos porque como sabemos os jogadores continuaram a voar para alguns países que não fecharam as portas. Mas em termos genéricos as grandes tendências não se alteraram.
Eis algumas.
Nunca houve tantas transferências.
Nunca se movimentou tanto dinheiro.
Inglaterra é o centro do mercado.
Portugal foi o segundo país com mais jogadores contratados (inclui jogadores livres, empréstimos e regressos de empréstimo).
Entre os dez países que mais futebolistas receberam, só três registaram resultado negativo entre compras e vendas: Inglaterra, Turquia e Itália.
Portugal estava com um registo equilibrado, mas a venda posterior de Roger do SC Braga para a Arábia Saudita permitiu ao nosso país ter cerca de 50 milhões de euros de lucro.
Os clubes franceses estão com problemas graves nos direitos televisivos, por isso trataram de vender muito.
O Transfermarkt tem a vantagem de estar atualizado com os recentes valores, mas sem o rigor da FIFA. Por isso nem tudo bate certo, embora o quadro geral seja semelhante.
O retrato de Portugal é conhecido. Sporting teve resultados positivos (60 milhões de euros), tal como o SC Braga (13 milhões). FC Porto (-16 milhões), Famalicão (-9,5 milhões) e Benfica (-9 milhões) gastaram mais do que receberam.
Em França, o saldo coletivo ficou perto dos 350 milhões de euros. Nos outros países que dividem com Portugal a luta pelo sexto lugar do ranking UEFA também se registaram lucros: 143 milhões nos Países Baixos e 218 milhões na Bélgica.
Na época anterior, a Bélgica tinha obtido um lucro coletivo de 266 milhões e os Países Baixos de 187 milhões. Ou seja, os rivais de Portugal exibem uma máquina de compra e venda oleada e parecem apostados em enriquecer. Até ver, isso não lhes retirou competitividade na Europa. Talvez pelo contrário.
Quando olhamos para os clubes, o que vemos?
Fora dos cinco grandes países, estes foram os clubes que mais gastaram em transferências, de acordo com o Transfermarkt:
28.º Benfica: 105 milhões
35.º FC Porto: 94 milhões
40.º Fenerbahçe: 87 milhões
44.º Sporting: 68 milhões
47.º PSV: 63 milhões
52.º Feyenoord: 56 milhões
59.º Ajax: 49,7 milhões
66.º Besiktas: 38 milhões
71.º Club Brugge: 36 milhões
83.º SC Braga: 28 milhões
102.º Genk: 18 milhões
107.º Union Saint Gilloise: 17 milhões
112.º Anderlecht: 16 milhões
Quanto a receitas de transferências, também fora dos cinco maiores países, são estes os clubes mais bem posicionados:
11.º Sporting: 128 milhões
24.º Benfica: 97 milhões
26.º Feyenoord: 94 milhões
32.º Club Brugge: 83 milhões
34.º Ajax: 80 milhões
39.º PSV: 78 milhões
40.º FC Porto: 77 milhões
47.º Union Saint Gilloise:
69 milhões
65.º Genk: 43 milhões
67.º SC Braga: 41 milhões
Em termos de resultados entre receitas e despesas, quatro clubes franceses aparecem nos primeiros dez. Fora dos cinco maiores, é assim:
10.º Sporting: 59 milhões
14.º Union Saint Gilloise: 51 milhões
16.º Club Brugge: 47 milhões
18.º Feyenoord: 38 milhões
24.º AZ Alkmaar: 34 milhões
29.º Ajax: 30 milhões
36.º Genk: 25 milhões
60.º SC Braga: 13 milhões
97.º V. Guimarães: 4,9 milhões
163.º Rio Ave: -4,9 milhões
190.º Benfica: -8,5 milhões
193.º Famalicão: -9,5 milhões
209.º FC Porto: -16 milhões
Uma janela de mercado não permite retirar grandes conclusões.
Mas quando olhamos para clubes da Bélgica e dos Países Baixos percebemos que o lucro é, em regra, habitual.
Eis alguns exemplos, somando os resultados entre receitas e despesas de transferências desta época com os de 2024/2025 e 2023/2024:
Antuérpia: mais de 100 milhões
Club Brugge: mais de 80 milhões
Union Saint Gilloise: mais de 80 milhões
Anderlecht: mais de 30 milhões
Ajax: mais de 140 milhões de euros
AZ Alkmaar: mais de 110 milhões de euros
Feyenoord: mais de 100 milhões de euros
PSV: cerca de 50 milhões de euros
Twente: mais de 30 milhões de euros
Esta consistência de resultados só é possível em clubes equilibrados, com linhas desportivas bem definidas e capacidade de valorizar jogadores mesmo não ganhando campeonatos e não estando sempre na Liga dos Campeões.
O documento da FIFA permite ver quais são os países que mais compram em cada país. Eis os números, incluindo a França.
Quem comprou mais a clubes franceses: Inglaterra, Itália, Arábia Saudita, Alemanha e Turquia.
Quem comprou mais a clubes dos Países Baixos: Inglaterra, Alemanha, Itália, França e Espanha.
Quem comprou mais a clubes portugueses: Inglaterra, Espanha, Itália, França e Alemanha.
Quem comprou mais a clubes belgas: Inglaterra, Itália, Alemanha, Portugal e França.
Sem surpresa, a Inglaterra é o maior comprador de todos estes mercados com menor potencial. Itália e Alemanha são os outros países em comum.
Que jogadores vendem estes países?
As tendências do mercado são estas: vendem-se jogadores cada vez mais novos, que são internacionais, já têm algum tempo de primeira divisão e estiveram muito bem na temporada antes da transferência. Se forem defesas-centrais ou avançados, melhor.
O caso de Roger é exemplar. Apesar de ter apenas 19 anos, levava cinco temporadas na primeira divisão portuguesa: 91 jogos no SC Braga. Assim que pôde jogar na Seleção Nacional, foi chamado aos sub-21 e participou no Euro-2025.
Na última época realizou 48 jogos nos bracarenses, marcou cinco golos e somou quatro assistências. É jovem e consistente. Daí o passe ter sido comprado por mais de 30 milhões de euros.
No mercado, pouca coisa acontece por acaso.
Infelizmente, em Portugal o caso de Roger é raro. Somos um país que não tem, em regra, plano desportivo para os jovens jogadores. Se tivesse de escolher o nosso maior defeito, seria este. A seguir indicaria a incompreensível tendência para despedir treinadores, o que só acentua a dificuldade em dar espaço aos mais novos.
Se os jovens jogadores portugueses não forem excecionais — como João Neves, Nuno Mendes, António Silva, Quenda ou Mora — podem esperar longos meses nas equipas sub-23 e B. E no fim do túnel descobrem, quase fatal, a dispensa.
Em regra, os jovens jogadores chegam sempre tarde aos escalões.
Deveriam estar aos 16 anos na Liga Revelação e aos 17 nas equipas B.
Aos 18, caso não tivessem ainda maturidade para jogar num grande, o seu lugar deveria ser em outra equipa da Liga Betclic.
O regime de empréstimos da Liga Portugal não ajuda, mas diria que esse não é o único problema.
Parece haver medo de emprestar ou ceder, talvez por se pensar que se o jogador resultar haverá críticas por menor capacidade de antecipar o futuro. É uma maneira de pensar e agir totalmente errada.
Casos como Francisco Moura (SC Braga-Famalicão-FC Porto) e Chico Lamba (Sporting-Arouca-Saint-Étienne) são o caminho certo. Os jogadores ganham espaço, valorizam-se e o dinheiro é dividido por quem forma e por quem dá espaço e tempo de jogo.
Esta época, se exceptuamos as três equipas B que competem na Liga 2, só 31 jogadores portugueses com 21 anos ou menos têm jogado nas competições profissionais.
Quando alargamos para os estrangeiros, o número sobe para 125 jogadores, já incluindo as equipas B.
Se o mercado procura jogadores cada vez mais novos e nós por cá temos pouco disso, a conclusão parece fácil: Portugal corre o risco de se tornar irrelevante no mundo das transferências. Teremos sempre os talentos que se aproximam da genialidade, claro, e uma ou outra exceção mais velha como Gyokeres. Mas ou isto muda ou em breve não haverá volume.
Ao contrário do que sucede em França, Bélgica e Países Baixos, em Portugal o mercado interno não existe.
A transação de jogadores entre clubes do quinto lugar para baixo é inexistente.
Benfica, FC Porto, Sporting e SC Braga também raramente investem em futebolistas que nasceram cá ou se destacaram em outros emblemas. Quando isso sucede — Pedro Gonçalves, Ugarte, Francisco Moura, Nuno Santos ou Morita — os resultados até são satisfatórios. Mas é tão raro que não se pode falar de um mercado.
Os milhões que os grandes investem vão sempre para fora, limitando o crescimento dos clubes médios e pequenos.
O Famalicão é a única exceção. Com um investidor sólido e uma política desportiva consistente, é capaz de detetar talento e dar-lhe espaço e oportunidades para que se desenvolva. O dinheiro das vendas foi reinvestido e hoje o Famalicão parece pronto para lutar pelo apuramento europeu.
Esta época, o Alverca também renovou o plantel e apostou bastante em jovens jogadores.
Ter jovens e dar-lhes minutos é a única receita possível para inverter o caminho em que estamos.
Benfica, FC Porto e Sporting, se olharmos para os jogadores que colocam em campo, parecem ter percebido esta realidade. Não admira, têm pessoas que conhecem o mercado e dependem em grande parte da capacidade de comprar e vender com eficiência.
Já a generalidade dos outros clubes apresenta plantéis com jogadores que nunca serão capazes de fazer mexer o mercado. Com todo o respeito, parecem desenhados para sobreviver na Liga Betclic.
Sempre nos habituámos a olhar para nós próprios como um país competente a formar e hábil a comprar e vender. Pois bem, há más notícias. Outros países estão a formar pelo menos tão bem e em maior quantidade e a sua capacidade de vender por valores elevados não está reservada apenas a três clubes.
Se Portugal não refletir sobre o que tem mudado, corremos o risco de um dia sermos irrelevantes no mercado e as grandes transferências serem exceção. Espero estar enganado."
O cuidado multidimensional forma ativos diferenciados
"No coração do futebol português, entre os alicerces que deveriam sustentar o futuro, persiste uma contradição gritante. Enquanto os escalões seniores são geridos como negócios altamente profissionalizados, a formação, mesmo em clubes da Liga principal, vai expondo uma insensibilidade alarmante dirigida a jovens atletas. Não se trata apenas de falhas pontuais. Trata-se de uma cultura que privilegia resultados imediatos, o amanhã rápido e descartável, em vez de investir no verdadeiro processo formativo.
Essa lógica imediatista é profundamente contraproducente. Ao exigir rendimento instantâneo, impede-se que atletas com potencial infinito tenham tempo para se adaptar, crescer e desenvolver todo o seu talento. A história de alguns jogadores sublinha de forma muito clara este ponto. Alguns jovens de baixa estatura, frágeis fisicamente ou tímidos muitas vezes não recebem oportunidades nos chamados grandes clubes portugueses. Infelizmente, tudo isto nos foi recordado recentemente, a propósito de um acontecimento trágico no universo futebolístico nacional e internacional.
Mas estes jovens atletas, quando apoiados num contexto de treino de elevada qualidade, com paciência e acompanhamento adequado, conseguem transformar-se em atletas de excelência, capazes de se destacar nacional e internacionalmente.
Cada jovem ser humano é ímpar e reage de forma diferente às adversidades, podendo ser mais ou menos sensível ao stress, que em muitas circunstâncias é imposto de forma alheia à sua conduta. Alguns precisam de mais tempo para recuperar fisicamente de doenças; outros para recuperar emocionalmente de choques. É importante sublinhar que a dimensão emocional não é apenas um aspeto separado do desempenho físico. Só um atleta emocionalmente equilibrado consegue treinar com a consistência adequada e atingir a sua performance máxima enquanto atleta. No mesmo sentido, choques emocionais não tratados reduzem rendimento físico, atrasam adaptações e limitam muito o pleno desenvolvimento do potencial do atleta. Por isso, estes jovens deveriam ser apoiados e incentivados, para que recuperem e regressem em igualdade de circunstâncias, com corpo e mente em equilíbrio.
Este texto é escrito com o propósito de fazer os clubes e as estruturas de formação refletirem sobre o jovem atleta como um ser humano multidimensional. Se as dimensões física, emocional, psicológica, social e académica forem devidamente avaliadas e potenciadas, o resultado não será apenas um indivíduo mais equilibrado, mas um ativo desportivo e humano de muito maior valor de mercado. E, como mostram casos de superação, até os atletas inicialmente subestimados devido à estatura, à fragilidade física ou à timidez podem transformar-se em referências nacionais e globais.
Enquanto persistir a lógica de sacrificar o futuro em nome do amanhã é provável que a formação fabrique mais desistentes do que campeões. Quase certamente, a qualidade do futebol não sai a ganhar no presente e no futuro."
Três pontos somados
"O Benfica venceu, por 0-3, na visita ao AFS. Este é o tema em destaque na BNews.
1. Objetivo cumprido
O treinador do Benfica, José Mourinho, sublinhou que "era fundamental ganhar". "A equipa, na 2.ª parte, jogou verdadeiramente bem. O mais importante são obviamente os 3 pontos. Agradeço aos jogadores o profissionalismo, a paixão pelo Clube, mas ao mesmo tempo a maneira como me receberam, a maneira como senti que estavam a aderir àquilo que estávamos a trabalhar."
2. Apoio espetacular
Eleito Man of the Match, Sudakov, autor do primeiro golo do Benfica ante o AFS, começou por "agradecer a toda a equipa e aos nossos fantásticos adeptos pelo apoio espetacular". Sobre o novo treinador, referiu que quer "crescer com ele todos os dias, trabalhar arduamente".
3. Ângulo diferente
Veja, de outro ângulo, os três golos marcados pelo Benfica frente ao AFS.
4. Comunicado oficial
Leia o comunicado oficial do Sport Lisboa e Benfica acerca de informações falsas relativas à relação com o ex-treinador da equipa de futebol, Bruno Lage.
5. Últimos resultados – formação
Os Sub-23 ganharam, por 1-0, frente ao Torreense. Os Sub-19 venceram, por 2-1, ante o Alverca. Esta manhã, os Sub-17 visitaram o Alverca e empataram 1-1, os Sub-15 receberam o Belenenses e venceram por 3-0.
6. Últimos resultados – equipas masculinas
Em andebol, triunfo, por 45-34, na receção ao FC Gaia. Em hóquei em patins, conquista da Taça Jesus Correia (na final, vitória por 9-0 aplicada ao Sport Alenquer e Benfica).
7. Últimos resultados – equipas femininas
Quanto às equipas femininas, vitórias em futsal (8-1 ao Leões Porto Salvo), hóquei em patins (0-12 no rinque do Parede) e voleibol (3-2 ao CV Emevé).
8. Jogos do dia
A equipa feminina de futebol do Benfica visita o Vitória de Guimarães (17h00). A equipa feminina de hóquei em patins recebe o CRIAR-T (15h00). A equipa feminina de voleibol disputa a final, com o Braga, do Troféu da Legião do Voleibol (16h00, em Braga). Às 18h00, há jogo particular de basquetebol (masculino) em Ovar entre a Ovarense e o Benfica.
9. Mundiais de atletismo
Prosseguem os Mundiais de atletismo, nos quais os atletas do Benfica Isaac Nader (1500 metros) e Caio Bonfim (marcha 20 quilómetros) se sagraram Campeões do Mundo. Ontem, há a destacar o novo recorde nacional dos 4x400 metros, conseguido por um quarteto do qual fazem parte Pedro Afonso e Ericsson Tavares."
Comunicado
"Em face das sucessivas informações falsas que têm vindo a ser divulgadas no espaço mediático, o Sport Lisboa e Benfica esclarece:
1. O treinador Bruno Lage contou sempre com o total apoio e solidariedade da estrutura do Clube durante todo o período em que exerceu funções;
2. Todas as decisões relativas ao mercado e à organização desportiva foram tomadas com o seu conhecimento, aval e concordância, como o próprio Bruno Lage reconheceu publicamente;
3. A decisão de rescisão do contrato foi tomada exclusivamente pelo Presidente do Sport Lisboa e Benfica, em articulação com a respetiva Comissão Executiva da Benfica SAD, sempre na defesa dos superiores interesses do Clube;
Qualquer outra consideração sobre este processo é objetivamente falsa e constitui um lamentável exercício de difamação."
Mourinho meteu o dedo e teve uma estreia Special
"Uma semana caótica acabou com a reação que se exigia. No primeiro jogo sob a liderança de José Mourinho, o Benfica regressou às vitórias frente ao AFS (3-0). As dinâmicas refrescadas fizeram efeito mesmo que a exibição não tenha sido linearmente bem conseguida
A bola suplente estava há muito tempo sossegada em cima do cone. José Mourinho não estava chateado com ela quando a chutou para parte incerta. Tratou-se apenas de uma maneira de exteriorizar a euforia que o 3-0 lhe provocou. A serenidade perdeu-se num momento em que já não precisava de compostura ou de esconder o desejo incessante de causar uma boa primeira impressão.
Passaram 50h30 desde o momento da oficialização como novo treinador do Benfica e o pontapé de saída na Vila das Aves. O Special One teve impacto imediato, vincando uma maneira concreta de jogar. A perfeição não esteve ao alcance, mas o estatuto compra o benefício da dúvida. O passo importante de limpar o pó a uma equipa com mazelas dos resultados contra o Qarabag e o Santa Clara foi dado.
Sabe-se que José Mourinho veio comemorar as bodas de prata da carreira como treinador principal à Luz, local onde a começou. A festa proporcionou ao AFS-Benfica honras de clássico, dias frenéticos para os repórteres de imagem que formam uma caravana atrás de autocarros para captarem a melhor imagem da retaguarda dos veículos. Definitivamente, a reestreia não foi só mais um dia no futebol português.
Certamente, nestes 25 anos, esteve em templos do futebol que o fazem parecer desenquadrado na modesta infraestrutura desportiva da Vila das Aves. Por mais reconhecido que seja, não resistiu a invadir uns metros do campo para corrigir a relva. De resto, as movimentações não foram exuberantes: mãos nas ancas e um olhar penetrante que desprezava o enxame de atenção.
A “nação benfiquista”, como designou Mourinho os adeptos encarnados, pediu encarecidamente a “um dos melhores treinadores do mundo” que invocasse “mais garra” aos jogadores. Ele até queria “meter o dedo muito ao de leve”, referiu, prevendo que “radicalizar” pudesse ser nocivo, mas acabou por ir um pouco mais longe.
Na prática, os retoques passaram por ter jogadores a fixarem a linha defensiva – Ivanovic sobre a esquerda, Ríos ou Aursnes sobre a direita e Pavlidis ao centro – gerando espaço para Sudakov flutuar à frente de Barrenechea e para Dedic e Dahl não terem razões para desconfiar quanto ao benefício das suas subidas. Naquele tridente estava a hipótese aumentar a presença em zonas de finalização e garantir sempre prontidão no ataque à profundidade.
Verter Ivanovic não gerou grande poder de associação, mas foi um bom engodo quando Dahl fez um cruzamento, aos 12 minutos, que excedeu ligeiramente os limites do campo, anulando o golo do croata. Era o efeito Mourinho a borbulhar.
Fábio Espinho viu-se num imbróglio. No primeiro jogo de sempre como treinador principal, ao substituto de José Mota calhou-lhe decifrar alguém que ficou célebre por ser um mestre da tática. Foi através da vertigem de Óscar Perea e Babatunde Akinsola que o AFS respondeu a um Benfica brevemente pouco compacto e a agir com bondade sobre o portador da bola.
Tomané tinha acabado de atirar ao poste da baliza de Trubin e a equipa que tem apenas um ponto conquistado no campeonato parecia ter perdido a atitude timorata. Ainda assim, foi nessa fase que o Benfica marcou. Sudakov, que tinha sido uma das poucas boas notícias da derrota contra o Qarabag, também se aconchegou na amálgama de gente que os encarnados foram capazes de colocar nas redondezas de Simão Bertelli, dando aos AFS mais problemas do que pés para os resolverem.
No meio de tudo isto, alguém terá dito a Pavlidis para vazar a vontade de baixar e completar passes curtos que o fazem sentir-se vivo no jogo. Contrariando o que parece ter sido a perda de influência do grego, Ivanovic cresceu ao ponto de ser o elemento frequentemente mais perigoso das águias. Cristian Devenish até lhe negou o golo em cima da linha de baliza.
Numa inversão da lógica das coisas, Pavlidis fpo premiado com o 2-0, conseguido de grande penalidade. Sidi Bane já tinha arriscado na primeira parte e, na segunda, cometeu mesmo infração sobre Otamenti. Para recompensar o companheiro de setor, o ex-AZ Alkmaar assistiu Ivanovic para um golo que dissipou as incertezas causadas pela reação do AFS perto do intervalo. Num segundo tempo com menos sobressaltos, apenas com um pouco vigoroso desvio de cabeça de Guilherme Neiva, o Benfica teve a reação que se exigia ao caos recente."
VITÓRIA JUSTÍSSIMA!
"Aves 0 - 3 BENFICA
Ainda bem longe de Portugal, a ver o jogo em condições muito deficitárias. Mas para ver o Glorioso, seja onde for, quaisquer condições servem. Vamos a isso!
Mourinho disse que só meteria um dedo na equipa e foi o que fez: mexeu numa peça, deixando Schjelderup, que vinha sendo titular, no banco.
Um relvado sem condições. A nossa liguinha não tem emenda: foi assim na Amadora, foi assim em Alverca, é assim hoje nas Aves.
Um árbitro tendencioso. Querem um exemplo? Comparem o penálti não assinalado a nosso favor com o golo anulado ao Benfica, seria o dois-zero, no Jamor, por suposta falta do Carreras.
Primeira parte sem grande futebol da nossa parte, com os problemas habituais, mas com um golo ao cair do pano que, penso, deu justiça ao resultado: o Benfica não fez mais do que a sua obrigação, mas foi quem mais trabalhou para se colocar em vantagem.
Segunda parte com um Benfica que entrou completamente diferente, para melhor, claro. O tal dedo do treinador? Parece que sim, que a palestra ao intervalo fez bem à equipa.
O penálti sobre Otamendi, por volta dos 60 minutos, convertido por Pavlidis, culminou uma boa entrada na segunda parte e acabou com o jogo: o Aves deixou de acreditar.
Daí em diante foi um passeio, com excelente golo do Ivanovic a fazer o três-zero, e mais poderíamos ter marcado, tal foi a nossa superioridade.
Em conclusão: primeiro veio o resultado - um-zero - e depois a exibição. Muito importante para a equipa ganhar confiança depois de dois resultados altamente negativos em casa. E lembrar que na época passada deixámos desnecessariamente nas Aves dois pontos que muita falta nos fizeram.
Terça-feira acertamos calendário na Luz e eu volto ao meu registo habitual do relato dos jogos do Benfica.
Saudações Benfiquistas para todos os meus amigos desde o fim do mundo onde me encontro."
Primeiro entrou o mindinho, depois polegar e indicador
"José Mourinho mudou pouco no onze inicial, mas mudou bastante, sobretudo na segunda parte, na agressividade e na capacidade de 'morder' os adversários, como referiu na apresentação
Era a teoria do dedo e dos dentes. Mourinho anunciou que só meteria um dedinho e começou por colocar apenas o mindinho: Schjelderup por Ivanovic e Barrenechea ligeiramente mais recuado, transformando o 4x2x3x1 de Lage numa espécie de 4x1x3x2. Mais tarde, já na segunda parte e em vantagem com o golo de Sudakov em cima do intervalo, Mourinho acrescentou o polegar e o indicador, convertendo a equipa — que até então tinha sido insípida, inodora, incolor e insossa, embora vitoriosa nos dois jogos anteriores — numa ave bem mais vistosa e apetecível aos olhos dos adeptos. E, sobretudo, regressou a casa com a maior goleada para a Liga dos últimos sete jogos (6-0 ao Aves SAD, na 31.ª jornada de 2024/2025).
O arranque de jogo, porém, foi horrível de parte a parte: muito pontapé para o ar, muitas bolas perdidas e jogadas inconsequentes. Houve algumas arrancadas pelos flancos, mas quase sempre sem perigo. Quando este surgia, algo paralelo acontecia para impedir a celebração. Foi o caso do minuto 12, quando Ivanovic marcou, mas o cruzamento de Dahl já tinha saído com a bola fora de campo.
O Aves SAD não se intimidou, tal como não se deixara intimidar pelo nome do adversário ou pelo nome do treinador rival. Partia para cima da defesa do Benfica sem colocar ‘autocarros’ atrás e com bastante gente na frente. Não era um jogo brilhante e fluido? Não, mas também não o era da parte dos encarnados. Tudo demasiado previsível, com Sudakov a alternar movimentos da esquerda para o meio e do meio para a esquerda, tentando criar desequilíbrios.
O Benfica tinha mais posse de bola e mais tentativas de chegar à frente, mas nunca com verdadeiro perigo, muito menos criando uma avalanchea ofensiva. Até ao intervalo, apenas três lances levantaram os adeptos das cadeiras: um remate lateral de Ivanovic, com Devenish a cortar quase em cima da linha de golo; um disparo de Tomané à entrada da área, que embateu no poste esquerdo; e, por fim, dois remates de Sudakov — o primeiro, de pé direito, contra um defesa e o segundo, de pé esquerdo, a fuzilar a baliza de Simão Bertelli. Estava feito o 1-0 ao minuto 45+3.
A entrada na segunda parte foi arrasadora: Pavlidis ampliou para 2-0, de penálti, após falta desnecessária de Sidi Bane sobre Otamendi (59’); pouco depois, Ivanovic simulou sobre o adversário direto e desferiu um tiro certeiro para o 3-0 (64’). Esse terceiro golo, após a hora de jogo, praticamente fechava o interesse competitivo da partida. Mas não encerrava, de modo algum, o interesse em redor das ideias de Mourinho.
Pouco depois, o treinador do Benfica voltou a mexer: Barrenechea deu lugar a Schjelderup e Ivanovic a Leandro Barreiro (72’), Dedic saiu para a entrada de Tomás Araújo (81’), e, já aos 86’, Sudakov e Aursnes foram substituídos por João Rego e Prestianni.
Foi então que se começou a ver maior variabilidade tática no Benfica. Do 4x1x3x2 inicial, a equipa passou a apresentar variações, como o 4x2x3x1, com Ríos e Barreiro à frente da defesa, ou até um 4x4x2, com Schjelderup quase ao lado de Pavlidis. Foram, primeiro, mexidas de mindinho, mas que evoluíram para ajustes de polegar e indicador quando os encarnados já venciam por três golos e sem sofrer nenhum — algo que não acontecia desde o triunfo sobre o Fenerbahçe de Mourinho."
Pavlidis foi visto em boa companhia
"Ponta de lança grego esteve nos três golos e funcionou bem com Ivanovic ao lado e Sudakov atrás; ucraniano começa a mostrar o que vale
O melhor em campo: Pavlidis (7)
Antes de dizer seja o que for, é preciso dizer que esteve nos três golos da equipa e só isso já é dizer muito, se não dizer tudo. Não fez uma primeira parte brilhante, mas não foi para intervalo sem oferecer de bandeja o golo a Otamendi e construir o lance que daria origem ao 1-0, apontado por Sudakov. Subiu de rendimento na segunda parte e começou por converter com qualidade um penálti, mas fez mais, muito mais, Ivanovic bem pode agradecer-lhe o passe para o 3-0. O grego desmarcou-se com categoria pela esquerda e depois colocou a bola com precisão na frente do companheiro, que fez o resto. Parece desfeita a dúvida que crescia nas últimas semanas, confirmando-se que Pavlidis não perde poder com a entrada de um jogador para o seu lado, o grego, aliás, parece gostar muito.
Trubin (5) — Voou para intercetar cruzamento perigoso de Babatunde perto do intervalo. E foi tudo. O resto foi mais susto do que outra coisa qualquer.
Dedic (5) — Apareceu com o joelho direito ligado, ele que recuperou rapidamente de uma entorse naquela zona ao serviço da seleção bósnia, e sugeria cautelas. Poderá ter-se defendido do ponto de vista físico, e clínico, moderando o seu futebol veloz, virtuoso, apaixonante, que os benfiquistas já validaram. Primeira parte discreta, segunda com um pouco mais de Dedic, mas em dose pequena.
António Silva (5) — Viu o cartão amarelo aos 29' por impedir com as mãos a fuga de Tomané, aos 82' errou um corte na área, falhando literalmente a bola, mas teve sorte, pois acabou por morrer nas mãos de Trubin. Foram dois pontos negativos numa exibição globalmente tranquila e competente, sem risco no passe.
Otamendi (6) — Poderia ter feito o golo perto do intervalo, errou a baliza, no segundo tempo sofreu falta de Sidi Bane para penálti. O argentino sobressaiu principalmente no ataque, pois lá atrás não passou por grandes apuros.
Dahl (6) — Começou o jogo a acelerar pela esquerda e até foi à linha de fundo para construir um golo, mas não conseguiu que o cruzamento saísse com a bola dentro de campo e o lance, finalizado por Ivanovic, acabou por nada dar. Segundo tempo menos ambicioso.
Barrenechea (6) — Terminou sem cartão amarelo, o que é novidade, mas terminou bem. Sem grandes altos e baixos, foi competente no passe e na recuperação.
Aursnes (7) — Ao minuto 2 servia o golo a Ivanovic. Era só a primeira vez e o croata atirava ao lado. Aos 33', novo passe a deixar Ivanovic em posição de fazer estragos na área, desta feita foi Devenish que impediu o ponta de lança de marcar, mas aos 62' Fredrik Aursnes fez mais um bom passe para Ivanovic, desta feita atrasado, a pedir o remate na passada: não correu bem a Ivanovic. O médio norueguês também tentou visar a baliza, mas sem sorte. Atirou ao lado e atirou contra adversários. No segundo tempo pisou mais corredor central, como Sudakov.
Richard Ríos (5) — Boa ação defensiva transformada em boa ocasião para a equipa logo ao minuto 2, quando intercetou de cabeça bola reposta por Simão Bertelli e apanhou o Aves SAD desposicionado. Não foi feliz no remate e nota-se que anda ansioso por fazer um golo. Um bom passe para Sudakov foi ponto alto da segunda parte.
Sudakov (7) — Fez um golo, o primeiro pelo Benfica, e tentou bisar, obrigando Simão Bertelli a voar e a fazer boa defesa, mas sobressaiu principalmente pelo papel que desempenhou: Mourinho entregou-lhe a batuta, é o maestro. Fugiu à esquerda para dar espaço a Dahl e porque gosta mais do centro.
Ivanovic — Começou por errar a baliza, isolado, ao minuto 2, mais tarde contornou Bertelli e viu Devenish cortar perto da linha de golo. No segundo tempo ainda teria novas oportunidades não concretizadas, mas não deixou o relvado sem o seu golo. E sem aclarar a ideia de que pode realmente funcionar com Pavlidis na frente. A verdade é que o croata esteve muito em jogo e contribuiu para a permanente instabilidade da defensiva avense.
Schjelderup (5) — Perdeu o lugar no onze, mas teve direito a 20 minutos, correndo bastante e nem sempre a atacar. Manteve o ataque a funcionar.
Leandro Barreiro (5) — 20 minutos a meio-campo e descaído sobre a esquerda, novidade da era Mourinho. Cumpriu.
Tomás Araújo (5) — Entrou aos 81', rendendo Dedic, e ocupando o lado direito da defesa, sem sobressaltos.
João Rego (-) — Entrou aos 86', para a estreia nesta Liga.
Prestianni (-) — Entrou aos 86', sem tempo para grande coisa."
Subscrever:
Comentários (Atom)













