Últimas indefectivações

sexta-feira, 4 de outubro de 2019

A soma das diferenças

"Numa instituição que congrega o afecto ou a paixão de milhões de pessoas e que recebe a dedicação especial diferenciada de algumas centenas de milhares mais próximas, as quais generosamente lhe entregam o seu apoio de um modo mais directo, mais presente, mais constante e mais activo do que os restantes, reconhecem-se registos inevitavelmente diferentes e, até, por vezes contraditórios e antagónicos entre si, no plano dos termos e intensidades em que os indivíduos (e os subgrupos) pautam a sua relação com a colectividade.
O mesmo acontece relativamente dos modelos de interpretação que cada um por si vai fazendo acerca dos paradigmas de gestão que são administrados por quem dirige a entidade colectiva que os reúne.
A diversidade será, pois, muito naturalmente, um factor constituivo essencial que o conjunto das individualidades vem aportar a uma agremiação. Um clube compõe-se, justamente, com a unidade que representa a soma das diferenças de todos os seus sócios.
Mas, ao escolher reunir-se sob um mesmo emblema comum, é suposto que cada um dos novos membros conheça e haja decidido adoptar não apenas o património de princípios, de modelos e de metas anteriormente definidos e moldados pela história e pela cultura da instituição como também que ele próprio se disponha a assimilar todo o normativo que ali rege as actividades comuns a todos, de modo a contribuir eficazmente para a prossecução dos grandes objectivos colectivos. De outra forma não se compreenderia que aceitasse juntar-se a outros sócios que lá estão, todos, certamente, a favor de um mesmo projecto comum.
Os mais dedicados adeptos de um clube são os que um dia se dispuseram a garantir tributo do seu vínculo e, mediante o esforço financeiro que lhes é exigido, se tornam solidários com o corpo institucional da agremiação, podendo, pouco tempo depois, votar e serem eleitos e usufruir de direitos que não estão ao acesso dos meros simpatizantes ou adeptos.
Mas, aos direitos de um Sócio, correspondem para ele responsabilidades mais evidentes, ainda.
Não existe melhor arquétipo para regular vida de qualquer instituição de natureza colectiva do que atender, em primeiro lugar, às regras básicas da urbanidade, do realismo e do bom senso que pautam a civilidade; e, depois, cumprir as normais estatutárias e regulamentares que definem as nossas relações funcionais.
Podemos dar as voltas que quisermos, ou que estivermos dispostos a dar. E julgam que podem, os mais novos, vir tentar, agora, no seu afã (ou na sua ignorância...), querer impor todos os radicalismos que entenderem, todos os excessos, todos os seus fundamentalismos pueris. Mas, deem as voltas que quiserem dar, aqueles é que são os modelos simultaneamente primaciais e definitivos da vida de uma colectividade e, em especial, de um clube desportivo. Só a solidariedade entre os sócios constrói e solidifica a principal virtude que assegura as vitórias de uma instituição colectiva, se a direcção eleita (com as contas aprovadas por maioria absoluta!) for sempre inequivocamente respeitada, em todas as circunstâncias. Mesmo na discordância. E basta-nos olhar para os lados: como está bem patente em múltiplos exemplos do universo desportivo em Portugal que todos conhecemos muito bem, direcções frágeis tornam fracos clubes fortes."


José Nuno Martins, in O Benfica

Fever Pitch #21 - O Benfica em Macedo de Cavaleiros e Águeda...

5 cent !!!

"Consideramos este episódio do Tiago Martins uma das cenas mais graves da história do futebol português.
Um árbitro que, depois de uma arbitragem absolutamente inqualificável decide, mesmo com as câmaras em cima dele, inventar uma agressão no relatório, quando as imagens provam o contrário, com o intuito de prejudicar o clube que odeia é de uma gravidade sem precedentes.
Isto é de uma importância enorme e parece-nos que pouca gente está a dar o devido valor a isto. Um árbitro que se sujeita e se sente à vontade para fazer uma coisa destas à vista de todos não está habilitado a fazer jogos da 1º Liga, jogos do Calor da Noite e do Cashball, e muito muito muito menos do Benfica.
A competição está irremediavelmente adulterada com gente desta na arbitragem.
Não vai haver uma posição de força do Benfica perante isto? Fontelas Gomes vai continuar a permitir que Tiago Martins actue na 1ª Liga?"

Benfica europeu... de Portugal

"A questão do Benfica europeu que o Presidente Luís Filipe Vieira imagina, está muito para lá da sua própria imaginação.
Recentemente, referiu-se ao Ajax para dizer que o clube de Amesterdão chegou às meias-finais da Liga dos Campeões na temporada passada com os seus jogadores da formação, mas esqueceu-se de analisar alguns pormenores: Dusan Tadic é um médio sérvio de 30 anos, com passagem pela Premier League ao serviço do Southampton e Daley Blind, de 29 anos, é um defesa que cresceu no Ajax mas que passou vários anos no Manchester United, antes do regresso. Já para não falar do veterano Huntelaar, de 36 anos, que antes do regresso ao Ajax, passou por Real Madrid, Milan e Schalke 04. 
Estes são só alguns exemplos de que o Benfica europeu que o Presidente sonha está longe de chegar a patamares elevados. É inegável a qualidade do trabalho de formação benfiquista - provavelmente a melhor do país e uma das melhores da Europa -, não é à toa que se vende bempara os lados do Seixal. João Félix, Ederson, Lindelof, Renato Sanches, Gonçalo Guedes, Bernardo Silva, André Gomes, Nelson Semedo e Cancelo, são provavelmente as maiores pérolas que o Benfica vendeu nos últimos anos e, uns mais outros menos, têm demonstrado o porquê no investimento destes craques.
Ou seja, o Benfica forma bem, tem bons elementos que podem dar o salto dentro de pouco tempo para alguns colossos europeus - Rúben Dias, Ferro, Jota, Florentino, são só alguns nomes e haverá concerteza mais, pois todos os anos saem da formação do Seixal meninos de grande qualidade - mas falta algo a este Benfica para "atacar" a Europa: experiência europeia. E não estou a falar de jogadores como Jardel, André Almeida, Fejsa, Samaris ou Pizzi, mas sim de jogadores que passaram por grandes clubes europeus e que possam já ter no seu currículo competições europeias. E isso é algo que o Benfica não tem, nem nunca teve nos últimos anos.
Dou o exemplo de David Luiz: diz-se benfiquista e que gostaria de terminar a carreira no Benfica. Já venceu duas Ligas Europa e uma Liga dos Campeões e já poderia ter regressado. Reparem por exemplo no Zenit, que contratou Ivanovic. Muitos anos no Chelsea (marcou o golo da vitoria ao Benfica na final da Liga Europa de 2013) para dar experiência à sua defesa!
Por isso, acho que a este Benfica actual falta-lhe experiência, acima de tudo, porque só os miúdos não chega. Com sorte, daqui a dez anos, João Félix, Ederson, Lindelof, Renato Sanches, Gonçalo Guedes, Bernardo Silva, André Gomes, Nelson Semedo e Cancelo podem regressar e com a sua experiência o sonho de Luís Filipe Vieira poderá ser uma realidade..."

Benfica perde na Rússia e continua a zero na Champions

"“Encarnados” derrotados pelo Zenit, em São Petersburgo, por 3-1 na segunda jornada do Grupo G. 

A Europa continua a não querer nada com o Benfica. Os “encarnados” sofreram a sua segunda derrota em outros tantos jogos na fase de grupos da Liga dos Campeões, perdendo na Rússia, frente ao Zenit de São Petersburgo, por 3-1. Depois do desaire na jornada inaugural em casa com o RB Leipzig, este resultado deixa o Benfica ainda sem qualquer ponto e em último lugar do Grupo G, onde Lyon e Zenit partilham a liderança, com quatro pontos, seguidos do Leipzig, com três. Foi a pior estreia possível de Bruno Lage no banco dos “encarnados” em jogos da Champions (tinha estado na bancada por castigo), não só pela derrota, mas por o Benfica ter sofrido três golos pela primeira vez desde que assumiu o comando da equipa.
Este foi mais um jogo a juntar à triste contabilidade do Benfica na prova nas últimas épocas. Desde a época 17-18, os “encarnados” só ganharam duas vezes em 14 jogos na fase de grupos da liga milionária e, esta segunda derrota deixa as “águias” numa posição em que não queriam, a de jogar frente ao Lyon a continuidade na Champions, até porque o equilíbrio tem sido a nota dominante no agrupamento — os franceses venceram o Leipzig por 2-0 e serão os adversários do Benfica nas duas próximas jornadas, na Luz, a 23 de Outubro, e em França, a 5 de Novembro.
Só houve uma boa notícia para o Benfica no meio deste desastre europeu. Raúl de Tomás, avançado por quem os “encarnados” pagaram 20 milhões de euros, saltou do banco para se estrear a marcar golos em jogos oficiais, mas só aconteceu aos 85’, quando o marcador já indicava três golos marcados pelo adversário. De resto, foi um desastre total, sem chama colectiva, muitos erros individuais e até alguns equívocos na escolha do “onze”. Não foi uma derrota acidental, foi uma derrota que se foi consolidando ao longo do jogo, e que, de certa forma, já vem de trás neste primeiro terço de época — com algumas excepções, o Benfica não tem andado particularmente inspirado. 

Positivo/Negativo
Positivo
Dzyuba
O experiente avançado russo foi uma fonte de problemas para os centrais do Benfica, pelo poder físico e pela inteligência no posicionamento. Marcou o primeiro golo e a sua movimentação sem bola foi essencial no terceiro.
Positivo
Azmoun
Marcou um golo, teve outro invalidado e ainda fez mais dois remates perigosos. 
Negativo
Fejsa
Já foi o tempo em que era essencial no meio-campo de Benfica. Agora, é um risco. A derrota começou nele.
Negativo
Jardel
Lage queria experiência na defesa, mas teve um central sem rodagem e vulnerável.

Desde os primeiros minutos que o Zenit correu sempre mais, foi mais rápido a pensar e a executar, ganhando quase na zona intermediária para lançar de imediato perigosos ataques. Se o Benfica ainda esteve perto de marcar aos 5’ numa bola parada — canto de Pizzi e cabeçada de Seferovic ao lado — a formação russa foi forçando nos duelos e, aos 22’, teve o prémio pela pressão constante. Fejsa perdeu um desses duelos para Ozdoev, com a bola a sobrar para Dzyuba fazer calmamente o 1-0.
O Benfica teve dificuldade em reagir porque o Zenit não abrandou e fez sempre por deixar os “encarnados” nervosos quando tinham a bola. A tendência do jogo transpirou para a segunda parte e a formação russa, por pouco, não fez o 2-0 logo aos 46’, mas Vlachodimos esteve bem a deter um remate de Azmoun. Lage esperou até à hora de jogo e fez duas mudanças de uma vez: tirou Fejsa e Pizzi, meteu Caio Lucas e Vinicius, dois homens de ataque.
O Benfica melhorou ligeiramente, mas voltou a ser vítima da sua apatia. Aos 70’, Barrios colocou uma bola em profundidade para Karavaev, o lateral russo ensaiou o cruzamento, mas, antes que chegasse a bola chegasse ao avançado, Ruben Dias desviou para a própria baliza. Ainda houve um compasso de espera para o VAR analisar o lance, mas não havia ilegalidade. Pouco depois, aos 79’, o Zenit voltou a marcar, num livre marcado de forma rápida. Aproveitando a apatia geral dos “encarnados”, Azmoun ultrapassou facilmente o desamparado Vlachodimos e fez o 3-0.
O melhor que o Benfica conseguiu fazer foi reduzir aos 85’, com um grande remate de Raúl de Tomás, que tinha acabado de entrar. Foi o primeiro golo oficial do avançado espanhol, aproveitando um disparate de Osório, defesa venezuelano emprestado pelo FC Porto, mas foi uma reacção curta para mais um desastre europeu."

Basquetebol 2019/2020 - Antevisão

"A época oficial da equipa de basquetebol já começou, mas o campeonato irá começar no próximo fim-de-semana, com a equipa orientada por Carlos Lisboa a receber o Vitória SC no próximo sábado às 15h, em jogo a contar para a primeira jornada de um campeonato que traz algumas novidades, mas já lá vamos.
Depois de uma época que foi um fracasso em todos os aspecto, o Benfica parte para a nova época com as ambições renovadas. Apesar de ter perdido para a final contra a UD Oliveirense, Carlos Lisboa permaneceu no comando técnico da equipa, continuando a ser coadjuvado por Nuno Ferreira e Carlos Seixas. Assim, o técnico de 61 anos teve a oportunidade de construir um plantel à sua medida para a nova época.
Rapidamente foram anunciadas as saídas de Juan Cantero, Jaques da Conceição, Aléx Suárez, Mickell Gladness e Cláudio Fonseca, sendo que este último rumou ao Sporting CP. Mais tarde, seria ainda anunciada a saída do base Miguel Maria Cardoso. A meu ver a saída do base internacional português deveu-se a dois motivos: primeiro, porque Miguel Maria não é um atirador nato como o Carlos Lisboa tanto gosta; segundo, para abrir espaço ao jovem Rafael Lisboa, que parte para esta época como MVP da Divisão B do Europeu de sub-20. Nesta semana, também foi anunciada a saída do base esloveno Aliasz Slutej.
Também seria anunciada a saída de Micah Downs, que segundo a informação divulgada pelo clube, se deveu a uma falta de acordo na negociação do salário. Porém, uns dias mais tarde, o processo sofreu um volte-face, com o clube a anunciar a permanência do extremo de 33 no plantel para a nova época. A permanência de Micah Downs no plantel foi uma excelente notícia, visto que o extremo norte-americano é na minha opinião, o melhor jogador que passou pelo basquetebol encarnado nesta década.
Quanto a entradas no plantel, o clube começou por anunciar o regresso de dois jogadores que já tinham vestido as nossas cores: primeiro: o regresso do internacional português João "Betinho" Gomes, que aos 34 anos regressa ao Benfica depois de cinco anos em Espanha e Itália; segundo, o regresso do extremo-poste Damian Hollis, que representou o Benfica em 2016/2017, sendo um jogador influente na conquista do último campeonato dos encarnados.
Quanto a caras novas propriamente ditas, a primeira novidade no plantel foi a contratação de Eric Coleman. O poste de 34 anos, foi um jogador influente no bicampeonato da UD Oliveirense e será uma arma para o jogo interior. Mais tarde, seria também anunciada a contratação de Toure Murry. O base de 29 anos disputou 59 jogos na NBA ao serviço dos New York Knicks, Utah Jazz e Washington Wizards e chega ao Benfica depois de ter jogado em Itália na última temporada.
A última aquisição a ser anunciada foi a do poste Gary McGhee, oriundo dos gregos do Aris de Salónica. Na minha opinião, foi uma óptima opção ter contratado dois postes estrangeiros, visto que é a posição onde o basquetebol português se encontra mais carenciado.
As novidades para a nova época é que em 2019/2020. o campeonato irá ser disputado por 14 equipas em vez das habituais 12, sendo que o campeonato terá uma Fase Regular, seguindo directamente para o play-off, não existindo a fase intermediária. Porém, este formato só existirá nesta temporada, visto que irão descer três equipas de divisão e subir apenas uma para o campeonato voltar a ter apenas 12 equipas em 2020/2021.
Estas mudanças devem-se ao regresso do Sporting à modalidade, que após mais de 20 anos de ausência, está de regresso, entrando directamente na Liga Placard. Luís Magalhães foi o homem escolhido para assumir o comando técnico da nova equipa leonina. O experiente treinador já conquistou cinco campeonatos nacionais e regressou a Portugal após vários anos em África. O Sporting construiu o seguinte plantel para atacar a época:
Bases: Ty Toney (ex-CR Esgueira), Diogo Ventura (ex-Galitos), Pedro Catarino (ex-Lusitânia) e Francisco Amiel (ex-Colgate Raiders)
Extremos: James Elissor (ex-UD Oliveirense), Travante Williams (ex-UD Oliveirense) e Diogo Araújo (ex-FC Porto)
Postes: Brandon Nazione (Olimpia Montevideo), Abdul-Malik Abu (ex-Osijek), João Fernandes (ex-AD Ovarense), Cândido Sá (ex-Rutgers Scarlet Knights)
Já a UD Oliveirense, actual bicampeã nacional. sofreu um rombo no plantel, segurando apenas um dos estrangeiros da época passada (Marc-Eddie Norelia). Para além dos jogadores estrangeiros, viu ainda sair o poste luso-montenegrino Marko Loncovic e o jovem base Francisco Albergaria (emprestado ao Illiabum).
A nível de entradas, contratou o extremo internacional português João Grosso à AD Ovarense. A nível de americanos, contratou Derrick Brooks Jr ao Terceira Basket, Shonn Miller, Aron Nwankwo e Milik Yarbrough (que entretanto já rescindiu contrato).
O FC Porto irá partir para a nova época como outro candidato ao título, tendo já conquistado a Supertaça no último fim-de-semana, derrotando a UD Oliveirense por 92-69. O clube orientado por Moncho López também sofreu algumas alterações no plantel, perdendo os portugueses Pedro Bastos para a Ovarense e António Monteiro para o Imortal, para além dos norte-americanos Will Sheehey e William Greaves. O FC Porto contratou quatro jogadores norte-americanos para o plantel: Max Landis, Preston Purfoy, Tanner McGrew e Noah Starkey.
Para além do campeonato, o Benfica também irá disputar a Fase de Grupos da FIBA Europe Cup. Isto já depois de ter disputado as pré-eliminatórias da Basketball Champions League, eliminando os holandeses do Donar Groningen na primeira eliminatória e caindo aos pés dos montenegrinos do Mornar Bar.
O clube fez um forte investimento na modalidade neste Verão e até ao momento, a equipa tem deixado impressões positivas. Toure Murry, Betinho e Micah Downs são jogadores capazes de assumir o jogo e com uma grande capacidade concretizadora. Por outro lado, Carlos Lisboa tem apostado no cinco inicial numa dupla anterior mais defensiva de modo a dar mais equilibrio táctico à equipa. Eric Coleman e Gary Mcghee são os típicos defensores do garrafão, ou seja, aqueles jogadores que fazem o "trabalho sujo" junto ao cesto; enquanto Arnette Hallmann é um hustler que, apesar das visíveis limitações técnicas, é um jogador que se destaca pela sua entrega e capacidade de luta, o que lhe confere um papel importante nos ressaltos e nos duelos.
Resta saber como Carlos Lisboa irá conseguir todos estes egos. Este plantel tem muita qualidade e possui vários ball handers, ou seja, jogadores capazes de assumir o jogo e que se sentem muito confortáveis com a bola na mão. De qualquer maneira, este plantel já mostrou ter muita qualidade (talvez o melhor desta década) e como tal, a equipa orientada por Carlos Lisboa tem a obrigação de fazer melhor figura do que nas duas épocas anteriores.
Plantel 2019/2020:
Nº 0 - Micah Downs
Nº 2 - Eric Coleman
 Nº 4 - José Silva
Nº 8 - Gonçalo Delgado
Nº 10 - Fábio Lima
Nº 15 - João "Betinho" Gomes
Nº 16 - Gary McGhee
Nº 21 - Tomás Barroso (capitão)
Nº 22 - Arnette Hallmann
Nº 23 - Toure Murry
Nº 28 - Rafael Lisboa
Nº 88 - Damian Hollis"

And now for something completely different 🎬

"Apresento-vos Daniel Podence.
Jovem promessa do Sporting, clube que representou desde os 10 anos de idade e que agora representa o Olympiacos da Grécia, foi (mais) uma esperança de salvação do actual momento do Sporting através de um produto da sua formação. Tudo certo (?) até aqui.
Eis senão quando, numa troca de ideias no twitter, um amigo sportinguista saca de um "Conejo Podence: o anão vai ser o novo Saviola em Portugal".
Bom, sendo assim está bem.
Entre mais umas mensagens, umas piadas e demais alarvidades muito típicas dessa rede social, decidi desafiá-lo para um "Put your money where your mouth is". O prémio foi prontamente decidido que seria uma grade de cerveja. Faltava definir o critério. Entre golos e assistências, qual seria o desempenho de mágico Podence nessa época. Começámos pelas suas estatísticas em 2009/10: 19 golos e 11 assistências. Ou seja, 30 pontos. Fechámos por 20.
Eu teria fechado até por 10...
Aposta fechada, foi ver um conjunto de abutres vermelhos a quererem entrar na aposta, cientes que era "dinheiro fácil!". E o que começou como aposta de 1 para 1, rapidamente se transformou em 6 para 1.
E o que sucedeu? Rapidamente o rapaz se eclipsou. Por lesão, empréstimo, sei lá bem. Apenas sei que era mais que esperado.
E em Janeiro, segundo me lembro, a grade já estava comprada.
"Porque um leão (lannister) paga sempre as suas dívidas"
Depois foi marcar a logística. Definimos que iria ser no Jamor. A data foi mais difícil conciliar por todos mas acabou por acontecer neste fim de Setembro.
A acompanhar a grade (que acabou por ser várias grades e uma surpresa da Croácia), decidimos montar um farnel digno de uma qualquer deslocação para ver o nosso Benfica: rissois (de camarão e de leitão), coxinhas de frango, presunto, várias qualidades de queijo, bem como pão e broa com fartura para acompanhar.
A surpresa final: decidimos fazer t-shirts com a cara do Podence e com o título Grade para imortalizarmos este convívio.
Falámos de tudo.
Rimos de tudo.
Desde os Vales e Azevedos e Brunos, passando pelos Videotons e Halmstads e concluindo em Chanos e Bojinovs.
Sem filtros. Sem pudores. Sem superioridades ou inferioridades.
Ainda deu para assistirmos a fenómenos do entroncamento muito próprios da mata do Jamor (como dar milho aos pombos, sacar de cadeiras de praia e apanhar sol ou chegar num fiat punto verde e ficar à sombra da mesma árvore a ouvir o relato do derby de futsal).
Foi uma tarde muito bem passada entre amigos que partilham o amor pelo jogo e "apenas" divergem no seu amor eterno.
Foi uma tarde que certamente não irei esquecer.
E, secretamente, tenho esperança que mais textos destes possam proliferar pelos Sportings Independentes, Porto Independentes ou Arrifanenses Independentes deste mundo.
E aí sim, estaríamos a testemunhar algo completamente diferente no panorama desportivo nacional. E para melhor, na minha opinião.

Monty Python and the Flying Circus - And now for something completely different (clip) 
https://www.youtube.com/watch?v=Zk-kQSz-Qv0
(todos os episódios da série estão disponíveis no Netflix)"

O saco de pancada

"Bruno Lage voltou a dar o peito às balas após mais uma derrota na Liga dos Campeões, a segunda consecutiva, que deixa a equipa numa posição delicada na luta pelos oitavos-de-final. Fê-lo porque é isso que qualquer treinador deve fazer, mas qualquer análise fria ao jogo de ontem terá de contabilizar três erros de principiante que ditaram outros tantos golos do Zenit. E nenhum deles foi cometido por jogadores lançados de forma surpreendente pelo técnico, o que também esvazia a teoria das ‘invenções’ de Lage em jogos europeus. O Benfica fez um mau jogo, é verdade, mas os erros mais decisivos estiveram longe de ser os do treinador. Embora este seja o saco de pancada mais fácil, não é justo abusar. E Vieira, desta vez, usou bem o poder da sua palavra: falou no momento certo e, mais importante, falou bem.
Noutro ‘mundo’, a Federação Inglesa decidiu acusar Bernardo Silva de racismo num ‘tweet’ dirigido ao amigo Mendy. O racismo existe a cada esquina e deve ser combatido, mas considerar aquela imagem (de Mendy em criança ao lado de um boneco dos chocolates Conguito) uma manifestação xenófoba é o triunfo dos idiotas. Bernardo também tem sido alvo de brincadeiras por ser baixo e nenhum mal vem ao mundo por causa disso. O racismo não está nas diferenças, está na forma como olhamos para elas."

Preto e branco

"O caso de Bernardo Silva – ou como a justa luta pela não discriminação racial, religiosa, sexual, de género ou outra, atingiu uma sanha que estupidifica.

O caso é conhecido e nada tem a ver com futebol: Bernardo Silva, o jogador do Manchester City e da selecção portuguesa, escreveu um post na rede social Twitter a brincar com o amigo Mendy, colega de equipa agora e desde os tempos em que ambos jogavam no Mónaco. Publicou uma fotografia do amigo em criança, uma outra do ‘boneco’ que publicita os bombons Conguito e fez uma graçola sobre quem era parecido com o quê. A polémica foi imediata por uma única razão: Bernardo é branco e Mendy é preto.
O mundo do politicamente correto explodiu. A federação inglesa (FA) prometeu investigar e já deduziu acusação por “conduta imprópria e ofensiva”. Não foi suficiente que Bernardo apagasse o tweet. Não teve qualquer relevância que o amigo Mendy tivesse respondido com um sorriso e se confessasse, depois, não ofendido. Não interessa que toda a gente perceba que o caso nada tem de erupção racista. Desprezou-se que o português tivesse escrito à FA lamentando o tweet e reivindicando a sua não intenção de ofender o amigo Mendy, que renovou a compreensão pelo espírito da brincadeira. Bernardo tem prazo (até à próxima quarta-feira, 9) para se defender e corre o risco de ser suspenso por seis jogos da maior Liga de futebol do mundo.
O caso é paradigmático do ambiente social que vivemos, sobretudo na Europa – o continente mais solidário e evoluído do mundo.
A justa luta pela não discriminação racial, religiosa, sexual, de género ou outra, atingiu uma sanha que estupidifica. Movimentos e organizações cuja missão deveria ser estimular a igualdade e pugnar por direitos parecem ter-se transformado em seitas intransigentes, espécies derivadas do Ku Klux Klan norte-americano que já vai na terceira geração reivindicando a supremacia branca, o nacionalismo, perseguindo católicos e judeus e diabolizando a imigração e a miscigenação.
Tudo é suspeito. Um branco não deve, ou nem sequer pode, brincar com um amigo preto. Idem para um heterossexual versus um homossexual; ou para um cristão com um muçulmano. O contrário, felizmente, (ainda) não tem mal reconhecido.
Para os títeres desta intransigência crescente, floresce a esperança de que chegue o dia perfeito em que o mundo se tornará tão ideal que o homem e a mulher, para se relacionarem, terão de cumprir todas as alíneas de uma vasta e detalhada obra. Então, sim, teremos expiado todos os crimes da história da Humanidade, que vão da escravatura (começada na guerra, entre vencedores e vencidos, e independente da cor da pele) à inquisição e às cruzadas, da intransigência homossexual ao patriarcado familiar. O Ocidente, ardendo nas benfazejas novas fogueiras, terá finalmente expiado todos os seus pecados.
É tudo isto que está em causa no caso de Bernardo Silva. O mundo europeu e ocidental (não se pense que a Terra é toda assim) está transformado em zona demarcada de extremismos considerados bons. A reboque de excelentes intenções e de movimentos urgentes e compreensíveis explodiu a mais absoluta falta de senso. Organismos governamentais e associativos gemem de medo perante o ranger de dentes dos inquisidores do século XXI. Se não fosse assim, porque raio haveria o silêncio de atroar com toda esta força à volta de Bernardo Silva? Por que não haveria de se revelar pelo menos uma organização que fosse capaz de dizer o evidente: que isto não é um caso de racismo, que foi apenas uma brincadeira, mesmo que estas, em tempos de reequilíbrio cultural, religioso e social, devam ser evitadas sobretudo por pessoas de indiscutível notoriedade?
Não conheço Bernardo Silva. Vejo, quando joga, que é um profissional de excelência. E sei, pelo que já lhe ouvi dizer, que é um português com cultura acima da média e bem formado. Ele não merece isto. Nós, europeus, também não. Aguardo, por isso, ainda com esperança, o ‘julgamento’ final da federação inglesa."

Cumprimento de castigos dos jogos da Taça de Portugal

"Na semana após jogos da Taça de Portugal há sempre uma pergunta recorrente: as suspensões decorrentes da amostragem de cartões vermelhos em jogo a contar para a Taça de Portugal cumprem-se no jogo imediatamente seguinte da Liga NOS ou Liga Pro ou Taça da Liga? Ou apenas na próxima eliminatória da Taça de Portugal?
Para dar resposta a esta questão temos de recorrer ao artigo 40.º do Regulamento Disciplinar da Federação Portuguesa de Futebol desta época (Comunicado Oficial n,º 2 19/20), sob a epígrafe "Do cumprimento por jogadores da sanção de suspensão", que no seu número 1 estipula uma regra geral com base na qual a sanção de suspensão por jogos oficiais se cumpre na competição em que foi aplicada.
Acontece que para as equipas que competem nas ligas profissionais, o número 7 do mesmo artigo estabelece uma excepção a este principio geral, remetendo para outro regulamento que não este. Há ainda que referir que quando os jogadores não possam cumprir a suspensão em jogos da Taça da Portugal, por exemplo porque o seu clube foi eliminado ou desclassificado, a suspensão é cumprida na outra competição da FPF em que participem, desde que o jogador esteja em condições de poder ser utilizado (n.° 4). Foi aliás um erro de apreciação nesta matérias que, na época passada, levou à desclassificação da União de Leiria da Taça de Portugal, apesar de ter levado de vencida o Vale Formoso por 3-0, em jogo a contar para a 2.ª eliminatória da prova, devido à utilização irregular do jogador Nailson, que estava castigado.
Mas a resposta à nossa questão resulta dos número 5 e seguintes do artigo 38.° do Regulamento Disciplinar das Competições Organizadas pela Liga Portuguesa de Futebol Profissional, que refere que os jogos de suspensão são cumpridos nos jogos oficiais seguintes, seja quem for o órgão disciplinar que as aplicou, a não ser que resultem da acumulação de uma série de cartões amarelos (artigo 165.º, n.º 4) ou de castigos que resultem de actuação de um jogador pela equipa B, questão que aqui não tem grande relevância, porque as equipas B não participam na Taça de Portugal. Esta solução vem na mesma sequência do que acordaram a FPF e a LPFP no artigo 10.° do contrato/protocolo em vigor até ao final da presente época.
Assim, os jogadores que competem em equipas das ligas profissionais que tenham sido expulsos em jogos a contar para a 2.ª eliminatória da Taça de Portugal cumprem essa suspensão no próximo jogo oficial da sua equipa. Para este efeito, contam jogos adiados e jogos não realizados por falta de comparência não justificada do adversário, mas não contam os jogos entre clubes cessionário e cedente no caso do jogador estar cedido temporariamente (artigo 38.º, n.º7 e 8)."

UAARE: uma fórmula de sucesso

"As carreiras dos jogadores de futebol são caracterizadas pela diversidade de experiências em diferentes clubes, com muitos interlocutores directa ou indirectamente envolvidos nestas tomadas de decisão. Por se tratar de uma actividade de desgaste rápido, os efeitos do envelhecimento têm um impacto profissional mais precoce nesta população.
Os jogadores têm consciência que mais cedo ou mais tarde terão de assumir outros desafios profissionais. Assim, uma preparação responsável para o futuro deve começar logo na escola, e em estreita articulação com os clubes.
Foi neste sentido, para dar resposta às necessidades de preparação académica e conciliação do rendimento desportivo, que foram criadas as UAARE (Unidades de Apoio ao Alto Rendimento na Escola). As UAARE visam uma articulação eficaz entre a escola, os pais, as federações desportivas, e os municípios, para conciliar a actividade escolar com a prática desportiva de alunos e atletas do ensino secundário enquadrados no regime de alto rendimento ou selecções nacionais.
Como Responsável Nacional do Projecto foi designado o docente Victor Pardal, que se tem mostrado incansável na perseguição do compromisso entre a prossecução de resultados desportivos de excelência e a defesa do direito à educação escolar dos atletas.
Em cada uma das escolas envolvidas foram formadas equipas com o objectivo de desenhar, implementar e acompanhar o processo pedagógico e de apoio psicológico para cada um dos alunos envolvidos, de acordo com as suas necessidades específicas.
As UAARE têm tido um enorme sucesso na prestação desportiva e escolar dos alunos envolvidos, com índices de aproveitamento acima da média nacional, com um grande impacto junto dos pais e envolvimento da comunidade escolar (Directores, Professores, Psicólogos) e dos restantes agentes envolvidos (Municípios, Federações Desportivas, Centros de Alto Rendimento).
No passado dia 1 de Outubro foi celebrado o Dia Internacional do Idoso. A OPP partilha do princípio de que pequenas mudanças no ambiente e nas oportunidades que são disponibilizadas aos cidadãos podem ter consequências significativas no envelhecimento, permitindo prevenir as perdas associadas à velhice e promover uma adaptação bem-sucedida. As UAARE, são um exemplo de como é possível, intervindo precocemente, com o apoio de psicólogos, promover competências e potenciar a realização de transições profissionais com mais saúde e bem-estar."

Quem 'matou' a mudança? Suspeito 20 - Resistir à eficácia (parte 1)

"“O Clube ainda não está a ser eficaz” – pensava Mark Angie o Presidente do F.C. os Galácticos e continuava a reflectir – “há uns meses, liguei para a brigada dos homicídios empresariais, para descobrir quem é que estava a “matar” a mudança no Clube, e o Detective Colombo foi identificando não “quem”, mas “o que” e “o como” comprometemos a mudança, o que tem sido esclarecedor, mas ainda não estamos a chegar ao destino, aos resultados desejados. Porquê?”
Umas horas mais tarde, já no seu gabinete e com o Detective Colombo, a quem tinha ligado para se encontrarem, colocou-lhe a seguinte pergunta – “Detective Colombo, ainda não estamos a conseguir aquilo que desejamos. Fruto da sua experiência, no Clube, há alguma coisa que possa estar a comprometer a eficácia do Clube?” “Por que me chamou?” – perguntou o Detective Colombo. O Presidente hesitou – “não lhe acabei de dizer” - pensava, mas e ao mesmo tempo, dizia a si mesmo – “conhecendo o Detective com já conheço, a pergunta tem alguma intenção a considerar” e, depois de ponderar, enquanto olhava para a folha branca, em cima da sua secretária, onde fazia pequenos desenhos, com um lápis, disse – “porque o conhecimento é poder”. O Detective Colombo olhou o Presidente nos olhos e colocou nova pergunta – “porque é que o conhecimento é poder?”. O lápis do Presidente parou, enquanto olhava para a folha, parecia estar a encontrar a resposta, e acabou por dizer – “porque acredito que conhecer é compreender e quem compreende pode influenciar, melhorar”.
O Detective Colombo desvia o olhar para a enorme janela, de parede a parede, através da qual via o relvado do estádio, viu as redes para cima, várias pessoas a tratar a relva e das marcações e perguntou – “se conhecer é compreender, então o que é que as pessoas fazem, para melhorar o seu conhecimento e consequentemente influenciarem as situações?” O Presidente colocou o lápis sobre a mesa, levantou-se, deu a volta à sua secretária e voltou a sentar-se, mas no sofá em frente ao Detective Colombo, parecia sentir que podia estar a caminho de reconhecer algo importante e respondeu – “as pessoas vão recolhendo informação, formulando e testando hipóteses e construindo e revisitando os seus mapas cognitivos” – e chegou-se à frente, no sofá, como que curioso, com que o Detective Colombo lhe iria dizer, depois de uma resposta destas – “estive bem” - pensou. “Acreditar que conhecer é compreender e que quem compreende pode influenciar as situações, tem satisfeito as necessidades de eficácia do Clube?” – perguntou o Detective Colombo. O Presidente volta a encostar-se ao sofá, coloca o cotovelo sobre o apoio e leva a sua mão esquerda ao queixo, apoiando o polegar e deslizando os outros dedos para fora e para dentro e respondeu – "infelizmente não”. “Por que será?” – indagou o Detective Colombo. “Porque podemos tentar explicar a realidade, interpretando-a, porque ao explicarmos, podemos fazê-lo sobre mapas que distorcem, apagam e generalizam a realidade, como já vimos em conversas anteriores e porque há uma fraca ligação entre as pessoas e o que elas fazem” – devolveu o Presidente. A conversa estava a um bom ritmo, parecia que estavam a jogar ténis de mesa, com perguntas e repostas frequentes.
O Detective Colombo fez uma pequena pausa, parecia estar a preparar-se para “servir”, e depois de reforçar que o Presidente já estava consciente de dois dos factores que comprometem a compreensão, o que deixou o Presidente satisfeito, perguntou – “Presidente, recorda alguma equipa que tivesse uma ligação forte aos objectivos?”. O Presidente endireitou as costas, levantou o queixo, esbouçou um sorriso e devolveu a “bola” dizendo – “claro, a nossa equipa Campeã Intercontinental, que ligação, que determinação, que vontade de vencer, que capacidade para dar a volta aos resultados negativos” – enquanto olhou para cima e para a direita, parecia estar a reviver todas aquelas boas experiências. O Detective Colombo percebeu isso, fez uma pausa e, quando o Presidente voltou a olhá-lo nos olhos, perguntou – “o que é que essa equipa tinha de diferente?” e, sem hesitar, como que ávido por responder, o Presidente disse – “uma forte ligação emocional”.
“Uma forte ligação emocional” – pensava em voz alta o Detective Colombo e disse – “podemos ter a tendência para confundir conhecer com compreender racionalmente” – e após nova pequena pausa, continuou – “mas o conhecimento envolve quer a compreensão racional, quer a apreensão intuitiva, quer a ligação entre estes dois sistemas. Já explicou bastante bem o processo de desenvolvimento da compreensão, mas o que se passa entre o que conhecemos e o novo conhecimento?”.
“Temos de lidar com algo desconhecido” – respondeu o Presidente e, prontamente, o Detective perguntou – “o que sente nos momentos entre o que sabe e o que de novo passa a saber?”. Como que nunca tendo pensado nisso, o Presidente intuitivamente respondeu com um sorriso – “o caos”. “Sem dúvida” – começou por dizer o Detective Colombo e continuou – “entre o que é conhecido agora e o que será conhecido a seguir há o caos do desconhecido, uma turbulência ou o caos apreensivo. Como é que as pessoas podem ter a tendência para lidarem com esse caos apreensivo?”
O Presidente lembrou-se de muitas situações, quer na escola, quando estudava, quer no desporto, quando jogava, quer ainda como Presidente, sempre que teve de lidar com coisas que não conhecia e respondeu – “como a turbulência é desconfortável, podemos ter a tendência para desistir de aprender, para culpar alguém pelas dificuldades em aprender ou para apenas apoiarmos o conhecimento na apenas compreensão, algumas vezes interpretada, e consequentemente comprometer o conhecimento e a possibilidade de melhorarmos as situações” – depois de uma pequena reflexão, continuou – “estou a perceber, tal como uma moeda, o conhecimento tem duas faces. Uma, a face da compreensão racional e a outra, a face da apreensão intuitiva” – seguiu-se a uma nova e breve pausa, em que pensou o que é que podia ligar estas duas faces da moeda, lembrou-se que o Detective tinha dito que conhecimento envolve uma terceira situação e perguntou – “o que liga estes dois sistemas ou faces da moeda, a da compreensão e a da apreensão?”
“Aquilo que já identificou, que caracterizou a equipa que venceu a Taça Intercontinental” – respondeu o Detective Colombo. “Mas, em muitas das minhas experiências, a emoção era desconfortável. Por vezes, o desconforto era tanto, que preferia não sentir, e em imensas foi a fonte de muitos problemas entre jogadores, entre estes e os treinadores, estes e os dirigentes e entre a equipa e os apoiantes” – respondeu o Presidente. O Detective Colombo pegou na chávena de café, colocou-a na boca e, enquanto saboreava o café, lembrou-se da conserva com o Sr. Carlos (ver AQUI) e disse – “a emoção também pode significar desconforto, dor e sofrimento. Se assim for, tenderemos a evitá-la e, ao fazê-lo, acedemos a uma compreensão incompleta ou “contaminada”, não acedemos à apreensão, não ligámos a compreensão com a apreensão e não só não compreendemos a realidade, como também não conhecemos e, nas suas palavras, se não conhecemos, então não podemos influenciar as situações, mudá-las, melhorá-las e conseguir o que desejamos”.
“Já percebi” – parecia ter descoberto o Presidente e disse – “conseguirmos o que desejamos, sermos eficazes, exige conhecimento, mas o conhecimento é como uma moeda e tem sempre duas faces e uma aresta ou ligação. No caso da “moeda do conhecimento”, uma das faces é a compreensão racional, a outra é a apreensão intuitiva e a ligação (aresta) entre elas é a emoção ou melhor, a utilização inteligente das emoções ou o que habitualmente se designa de inteligência emocional, que permite lidar com o caos, que acontece entre o que é conhecido e o que será conhecido a seguir, com curiosidade, a “porta do conhecimento”, em vez de medo”.
“Parabéns Presidente” – começou por dizer o Detective Colombo – “acabou de descobrir vários factores que comprometem o conhecimento ou de resistência ao conhecimento, uma das três resistências à eficácia, que “matam” a mudança no Clube”. O Presidente ainda estava a digerir tudo, lembrava-se de ter lido um texto, que abordava a ideia de aprender com emoção ou da hipótese do marcador somático proposta por António Damásio, que agora fazia mais sentido, enquanto regressava à sua secretária e, para não se esquecer, escreveu – “acredito que conhecer é simultaneamente compreender, apreender e sentir - ligar ambos com inteligência emocional - e quem assim conhece pode influenciar e melhorar as situações”. Pela sua mente, passavam imagens, de situações passadas, como jogador, treinador e dirigente, mas também como pai, em que não conseguiu chegar onde desejava e de igualmente tantos colegas de escola, equipa e direcção que também podiam ter comprometido a sua eficácia, por conhecerem apenas parcialmente (compreenderem). Para não se esquecer, meteu a mão ao bolso, tirou uma moeda de 2 euros, olho para ambas as faces e tocou-as, o polegar sentia a face da compreensão da racionalidade, o indicador sentia a apreensão intuitiva a seguir e com o indicador e o polegar da mão esquerda, sentiu a aresta, a inteligência emocional. 
Entretanto, lembrou-se que o Detective Colombo tinha dito “uma das três resistências à eficácia” e perguntou – “Detective Colombo quais são as outras duas partes, para além da resistência ao conhecimento, que comprometem a eficácia e “matam” a mudança?” “Presidente, abordaremos essas situações, na próxima oportunidade, ok?” – respondeu perguntando o Detective Colombo. Com um misto de satisfação e curiosidade, o Presidente Angie respondeu – “acenou com a cabeça” – como dizendo – “muito bem Detective”."

O Brinco do Baptista #16 - Humor e Futebol

Europas!


Fim de semana preenchido

"Não obstante a sensação de pausa nas competições desportivas sempre que há paragens para os trabalhos da selecção nacional de futebol, a verdade é que, fruto do forte investimento benfiquista no seu ecletismo, é raríssimo o fim de semana em que não há diversas das nossas equipas em acção.
A nossa equipa feminina de hóquei em patins, que tem sido hegemónica desde que foi criada, disputará a Supertaça, com o CACO, no sábado, às 12 horas, em Coimbra no pavilhão Dr. Mário Mexia. Será mais uma oportunidade para as nossas atletas acrescentarem outro troféu ao vasto acervo do Museu Benfica – Cosme Damião, depois de, na semana passada, terem conquistado o Torneio de Abertura da APL e as equipas, também femininas, de basquetebol, futsal e polo aquático terem também vencido provas oficiais.
No futebol, a equipa B regressará à competição, após paragem devido à Taça de Portugal, visitando a Académica amanhã (sábado) às 11 horas. Os Sub-23 jogarão no domingo, às 18 horas no Seixal, frente ao Aves. Duas horas antes, também no Seixal, os Juvenis receberão o Portimonense. Os Iniciados visitarão o Real no domingo, às 11 horas. Mas ainda hoje, às 17 horas no Benfica Futebol Campus, teremos um Benfica-Belenenses em Juniores.
No andebol, a nossa equipa defrontará os croatas do RK Dubrava na 2.ª fase de qualificação da Taça EHF. Ambos os jogos serão disputados no Pavilhão n.º 2 do Sport Lisboa e Benfica e o apoio será fundamental para ajudar a ultrapassar este adversário. Os jogos serão realizados sábado, às 17 horas, e domingo, às 16h30.
No basquetebol, amanhã, às 15 horas, terá início o confronto com o V. Guimarães a contar para o Campeonato Nacional. Será a primeira jornada do campeonato numa temporada que se espera que signifique o regresso ao trilho do sucesso para as nossas cores. Apesar da eliminação na Liga dos Campeões do basquetebol e subsequente passagem para a FIBA Europe Cup, as indicações deixadas pela nossa equipa foram muito positivas.
No futsal, domingo, às 14h20, a nossa equipa será visitada pelo Portimonense num jogo a contar para o Campeonato Nacional, prova que lidera após o triunfo, na semana passada, ante o Sporting. 
Também algumas das nossas equipas femininas, além das nossas hoquistas, terão jogos em disputa este fim de semana. No andebol receberemos o Alavarium/Love Titles (sábado, 20 horas), no vólei visitaremos o CN Ginástica (sábado, 18 horas) e, no futsal, haverá o Benfica – Leões de Porto Salvo da primeira jornada do Campeonato Nacional (domingo, 18 horas).
Muito Benfica para ver e, sobretudo, para apoiar. #PeloBenfica

P.S.: Bernardo Silva é um jovem que sempre se distinguiu pela sua simplicidade, carácter e boa formação. Por onde passa deixa sempre saudades e consegue o feito de treinadores e colegas que com ele lidam serem unânimes nos elogios à sua natureza alegre e espontânea. No Benfica temos enorme orgulho no Bernardo e basta ver a forma como ele sente e expressa o amor ao clube onde foi formado e é o do seu coração para perceber o tipo de pessoa de quem estamos a falar. Transformar uma simples brincadeira entre dois colegas e dois amigos num tweet com intuitos racistas, e abrir um processo por conduta imprópria, demonstra e é sinal de uma doença dos tempos."

Benfiquismo (MCCCXII)

Azarada!!!

Aquecimento - rescaldo...

'Murphy' contratado para Alvalade

"'Ninguém está a ouvir uma pessoa, até ao momento em que ela comete um erro'. Eis o grande problema do actual líder sportinguista.

1. Não tenho por hábito debruçar-me demoradamente sobre assuntos da vida interna de outros clubes, que não os do meu Benfica. Mas, perante o que se vem passando no Sporting, entendi abrir uma excepção.
Para tal, socorro-me do que ficou conhecido por Lei de Murphy, sintetizada na frase se alguma coisa puder correr mal, então vai mesmo correr mal.
O engenheiro aeroespacial americano, Edward Aloysius Murphy foi, curiosamente, a primeira vítima da lei com o seu nome. Mesmo assim, houve quem dissesse que Murphy era optimista, de tal modo que, em jeito mais humorista, o escritor britânico Arthur Clarke formulou um ainda mais pessimista conjunto de leis, como, por exemplo, a de que ler manuais de computador sem o hardware é tão frustrante quando ler manuais sobre sexo sem o software.
Vejamos alguns exemplos de Murphy, que talvez nos digam algo sobre a agitação no clube leonino, entre azar, infelicidade, incapacidade, incompetência, inexperiência, engano, distracção, acaso ou tudo em conjunto.
Se deitarmos fora alguma coisa que temos há muito tempo, vamos precisar logo dela. Ora, se substituirmos coisa por pessoa, vem-me logo à cabeça Bas Dost.
Entre dois acontecimentos prováveis, sempre acontece um improvável. O jogador Coates personifica tal asserção. Entre dois autogolos, três penáltis.
A fila do lado anda sempre mais rapidamente. Sobretudo a dos eternos rivais, que é como quem diz, a nossa crise é tão mais forte quanto mais não houver crises destas nos outros.
Ninguém está a ouvir uma pessoa, até ao momento em que ela comete um erro. Eis o grande problema do actual líder sportinguista. Fala pouco e parece ser pouco ouvido, mas quando, ainda na pré-época, afirmou peremptoriamente «acreditem no Sporting, para neste sítio onde estamos (relvado de Alvalade), a partir de Agosto, de 15 em 15 dias, tornarmos este estádio um verdadeiro inferno», o povão jamais esqueceu tal premonição.
Quando um trabalho é mal feito, qualquer tentativa de melhorá-lo acaba por o piorar. Parece que é o que se tem passado com sucessivas pré-épocas que estão a acontecer pela época propriamente dita adentro.
Se está escrito «tamanho único», é porque não nos serve. Tamanho (entenda-se aqui, preço) único para transferir Bruno Fernandes deu no que deu: situação financeira mais constrangida, demora na construção definitiva do plantel, empréstimos à pressa no último dia do mercado e o referido craque a perder a cabeça por todo o lado e circunstâncias.
Quando nos telefonam,uma de três coisas acontece: se temos caneta, não temos papel; se temos papel, não temos caneta; e se dissermos que temos caneta e papel ninguém nos telefona. Se em vez de caneta, falarmos de Bruno Fernandes, se em vez de papel pensarmos em papel-moeda, percebe-se por que razão, no caso em apreço, nenhum clube, intermediário ou agente ligou ao Dr.Varandas, para levar o atleta para outro clube, por ser tanto o papel (-moeda) pedido.
Quando o pão com manteiga cai no chão, o lado da manteiga está sempre virado para baixo. Azar, sem dúvida. Veja-se o jogo da Taça da Liga. A equipa até criou muitas oportunidades de golo, só faltou quem as marcasse (e voltamos a Bas Dost).
Se está à espera que o corte seja transitório, ele vai ser definitivo. Isto tem a ver com a (falta) de paciência do clube, diga-se, aliás,de todos os clubes. Dizer-se que, nos próximos tempos, não se vai ser campeão é desportivamente incorrecto, logo não se diz, e querer-se afirmar como candidato na pole position é meio-caminho andado para nada ganhar.
Se acha que há quatro maneiras de uma coisa correr mal e se as ultrapassar, uma quinta possibilidade aparecerá imediatamente. Por isso, tudo focado no desempenho do agora quinto técnico da era Varandas, Jorge Silas. Além disso, houve o quinto golo do Benfica na Supertaça, cujo resultado o presidente do SCP resumiu numa frase: «Estou muito chateado, mas não estejam preocupados».
Quando um trabalho é mal feito, qualquer tentativa de o rectificar, em vez de melhorá-lo piora. Que o diga o desamparado Leonel Pontes.
O orçamento necessário é sempre o dobro do previsto. O tempo necessário é o triplo. Também aqui, os recursos sempre mais escassos - dinheiro e tempo - são adversários da lógica do imediato.
As variáveis variam menos que as constantes. Assim poderia concluir uma empresa de consultadoria ao analisar o tempo presente e a última década do Sporting.
As porcas que sobraram de um trabalho nunca se encaixam nos parafusos que também sobraram. Cada qual dará, no caso leonino, o nome às porcas e aos parafusos.
Se se está sentido bem, não se preocupe. Isso passa. Tudo o que começa bem termina mal. Tudo o que começa mal, termina pior. Exemplifique-se, quanto à primeira parte da rega, com a despedida de Peseiro e de Keizer e quanto à segunda parte, com a interinidade de Leonel Pontes.
Lembro-me, ainda de uma lacónica lei de Murphy por que todos já passámos quando compramos um electrodoméstico ou coisa semelhante: «Pilhas não incluídas». Um azar dos diabos, sejam elas alcalinas ou secas, ou de outra natureza desportiva.
Termino com duas considerações à Murphy, apesar de tudo esperançosas: a única forma de descobrir os limites do possível é ultrapassá-los em direcção ao impossível. Ou está: Tudo é possível, apenas não muito provável.

2. Vitória tangencial sobre um Vitória e empate conformado sobre outro Vitória, eis a semana futebolística do Benfica. É visível algum decréscimo de eficácia e de jogo esclarecido. Aliás, numa prova longa, qualquer campeão passa sempre por estas fazes menos conseguidas, na esperança de que a seguir o ciclo seja ascendente.Daí a importância de valorizar as vitórias, quer em Moreira de Cónegos, quer contra os sadinos, bem como a consistência defensiva (nos sete jogos do campeonato, não sofreu golos em cinco). Esta longa paragem do campeonato pode, nesse sentido, ser proveitosa, quando mais não seja para ter todo o plantel à disposição (coma excepção de Chiquinho) para recomeço daqui a um mês! Até lá... dois jogos cruciais para a Champions.
No comando, continua um improvável Famalicão, que já leva mais 11 pontos do que o Sp. Braga e - no momento em que escrevo, sem saber o resultado do SCP - com, no mínimo, mais 8 pontos do que os leões. Ainda sem derrotas e com o melhor ataque, a par do Benfica e do Porto. Também é de novidades destas que o nosso remediado campeonato necessita.

3. Mais uma gala para atribuir prémios gold para os artistas da bola. Confesso que já são tantas que, nem como uma cábula, as consigo distinguir. As festarolas são cada vez mais passadas a papel químico uma das outras, ainda que, às vezes, haja uns intrusos que perturbam a noramalidade da sociedade Ronaldo & Messi. No ano passado, Modric, este ano Virgil van Dijk. A coisa tem sido de tal forma que se tornou quase patologicamente chauvinista. Uns pelo Ronaldo, outros pelo Messi, outros ainda por nenhum deles. Na última gala, Messi ganhou e Ronaldo escafedeu-se, embora, em Turim, estivesse bem perto do mítico Scala de Milão. Ganhar é saboroso, mas não ganhar também pode ser honroso. Confesso, ainda, a discordância quanto à contabilidade que se releva para comparar candidatos. Ter ganho mais títulos e troféus do que outros (este ano, com Messi, até não foi bem assim...). Quer dizer que um notável jogador numa equipa que não ganha troféus internacionais, ou que seja da selecção de País de Gales, Escócia ou Montenegro, por exemplo, jamais pode ousar sonhar com uma qualquer Bola de Ouro. Elegem-se individualidades em função de sociedades. E das duas, uma: ou se enaltece o football association e não há a corrida individual de egos, ou se premeiam jogadores, mas não se têm as conquistas do grupo como primeiro e decisivo critério.

Contraluz
- Tempo: No chamado tempo de descontos e redescontos, é fartar vilanagem! Os roscofes de certos árbitros são sensíveis aos resultados e às cores. Digamos, roscofes inteligentes. Encolhem e esticam com o beneplácito da central dos relojoeiros.
- Moedas: No fim do jogo da Luz, o clarividentemente enviesado árbitro Tiago Martins terá - segundo o seu relatório - ficado com um hematoma por causa de uma moeda lançada sobre ele. Basta ver as imagens para perceber a encenação. Mas, que diabo, o que me custa a perceber é o impacto da moedinha no juiz. Tratava-se de 5 cêntimos cujas características são: aço com revestimento de cobre, peso de 3,92g, e diâmetro de 21,25 mm. Um míssil terra-terra, portanto. Ou melhor, bancada-relvado."

Bagão Félix, in A Bola