Últimas indefectivações

segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

O futebol deve ser mais do que aquilo...

"No último sábado, em Setúbal, o futebol português, por culpa própria, sujeitou-se a uma noite deprimente, de embaraço colectivo

A doença do plantel sadino colocou em evidência as maleitas de que sofre o futebol português, onde a autoregulação se mostra escassa e insuficiente, abrindo portas ao oportunismo e à casuística. Louve-se o esforço de Pedro Proença para encontrar (em vão, como se viu...) uma saída digna para o problema. Mas é preciso mais, é necessário um impulso que dê à Direcção da Liga o poder de decidir em casos extraordinários como aquele que acabámos de presenciar. O V. Setúbal - Sporting do último sábado fica como uma nódoa na temporada 2019/2020.

Pedro Ribeiro já não é treinador do B-SAD. Aos 34 anos vai muito bem a tempo de devolver a sua carreira aos trilhos da honorabilidade, explicando, de uma vez por todas, não só o que aconteceu no túnel do Estádio Nacional, como ainda qual o comportamento que lhe foi sugerido e ainda o que terá dito em sede de inquérito. Se o fizer, ajudará a despoluir várias zonas pantanosas do nosso futebol. Porque, convenhamos, nunca se percebeu muito bem porque gritou alto e bom som que tinha levado um soco e depois remeteu-se a um silêncio comprometido.

Bruno Fernandes, além de grande jogador, possui uma tremenda resiliência. Só assim se entende que mantenha gelo nas veias e rendimento elevado, mesmo na constância de diligência nada discretas quanto à sua transferência. Com o derby à porta, subsistem dúvidas quanto ao local onde estará na noite de sexta-feira, se no relvado de Alvalade, se já em Manchester. Tanta indefinição, também não é fácil de gerir para Jorge Silas, como não foi para Keizer. Mas, de algum tempo a esta parte, a palavra fácil não entra no léxico leonino.

A prestação da Selecção Nacional de andebol no Europeu da Noruega é um raio de luz que ilumina um caminho a maior parte das vezes sombrio, das modalidades colectivas portugueses futebol (e derivados, à parte), tendo em conta ainda a fraca expressão internacional do hóquei em patins. O triunfo sobre a França merecia uma estrofe nos Lusíadas, e a confirmação de autoridade e classe contra a Bósnia elevou esta geração ao ponto mais alto de desporto nacional. E que ninguém ouse falar em sorte. Sorte desta dá muito trabalho. Parabéns!

Ás
Paulo Pereira
O seleccionador nacional de andebol é o rosto do sucesso luso em terras na Noruega, onde foi conseguido o apuramento para a segunda fase, a expensas da França, hexacampeã mundial (1995, 2001, 2009, 2011, 2015, 2017). A um grupo excelente de jogadores, Paulo Pereira deu a solidariedade que faz com que o mundo pule e avance.

Duque
Josep Bartolomeu
O Barcelona está a comportar-se como um clube de bairro (sem ofensa para estes) no processo de despedimento de Ernesto Valverde. Ainda o técnico com contrato caminha sobre o fio da navalha e já é sujeito à humilhação de convites recusados por Xavi e Koeman. O mundo-cão (sem ofensa para estes) do futebol...

Duque
Frederico Varandas
O presidente do Sporting não esteve à altura dos pergaminhos do clube no tratamento da crise com o Vitória de Setúbal. A vida não está fácil, os pontos fazem muita falta, mas há momentos em que mais do que parecer, é preciso ser. E, perante esse desafio, não passou da vulgaridade. Faltou-lhe grandeza.
(...)

A batalha de Alésia nunca existiu!
Na capa do 'L'Equipe' do último sábado (na sexta anunciara o jogo na primeira página), nem uma linha para o Portugal, 28 - França, 25 do Europeu de andebol. Derrotados pelos romanos em Alésia, em 52 AC, os gauleses de Astérix passaram a vida a negar esse facto. Não é o mesmo, mas a ideia é essa...

'Live Fast, Die Young'
Paulo Gonçalves, natural de Esposende, 40 anos, foi a 25.ª fatalidade do Dakar e o 20.º motard a perder a vida nessa competição que cruza o desporto automóvel com a aventura radical e que, depois de África e América do Sul, anda agora pelas areias da península arábica. Portugal perde uma referência, presença habitual no top ten do Dakar, onde foi segundo em 2015, o campeão do Mundo de Rally Cross em 2013. 'Live Fast, Die Young', numa versão lusitana de 'o perigo é a minha profissão'. Que descanse agora em paz, no céu dos campeões..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Preparado para morrer

"Rezam as crónicas, entre o tom angustiado e o evocativo, que Paulo Gonçalves se preparou toda a sua vida para correr. Eu acho que também se preparou toda a sua vida para morrer. Este era o seu 13.ª Dakar, uma das provas desportivas mais perigosas do mundo. Durante estes 13 anos, o piloto português de motos já tinha sofrido acidentes aparatosos e graves. Nunca o fizeram recuar. Era um guerreiro, como lhe chamou António Félix da Costa, e os guerreiros preparam-se para vencer e para morrer.
Pode fazer pouco sentido que o desporto envolva tamanho risco. No entanto, há desportos que não vivem sem o risco da própria vida. Durante muitos anos, a Fórmula 1, um espectáculo de dimensão universal, foi cemitério de grandes campeões. Airton Senna foi um dos mais impressionaram os portugueses, até pela sua forte relação com Portugal. Mas na Fórmula 1 a segurança passou a ser uma prioridade e, mesmo com uma eventual diminuição de espectacularidade, as provas não deixam de ter riscos para os pilotos, mas são mais controlados.
No Dakar, os pilotos estão mais expostos ao risco de morte, têm muito menos defesas, estão muito menos protegidos. Mesmo assim, admito que seja mesmo esse risco que lhes dá a adrenalina de que precisam. Sabem que podem morrer em pista, mas sentem-se como toureiros que acham que a morte na arena é a mais gloriosa.
Lamento muito a morte de Paulo Gonçalves. Como piloto e como homem. Queria muito ganhar um Dakar (foi 2.º em 2015), mas foi sempre um exemplar activista da ética e do fair play no desporto. E há tão poucos assim..."

Vítor Serpa, in A Bola

Que raio de mediação foi a da Liga?

"Os treinadores do Sporting e do Vitória dialogaram e entenderam-se, mas quando o dossier de crise passou para o nível de suas excelências, ficou tudo estragado

muitos, muitos anos, passei por momentos difíceis no estádio do Bonfim, quando adeptos do Vitória, em fúria, derrubaram a pontapé a porta da cabina da rádio e tentaram agredir o profissional que fazia o relato- que não concordara com os protestos dos que pediam penálti a favor dos da casa e dera razão ao árbitro. Recordei essa tarde triste, ontem, ao ver alguns exaltados, 'pendurados' na tribuna, a insultarem Frederico Varandas, acusando-o, seguramente, de principal responsável pelo não adiamento da partida.
É verdade que gente zangada anda por todo o lado e, em matéria de clubes, cada qual tem os seus destemperados, sempre prontos para a baderna. Mas o caso da gripe sadina, compreendo a exaltação dos adeptos, já que se tratou, de facto, de uma violência, que não respeitou os jogadores do Vitória, nem os seus direitos enquanto doentes. Ainda por cima, sendo Frederico Varandas médico, melhor se entende a indignação popular.
O que não sei é se a culpa será do Sporting, inclino-me mas para o profundo sentido do espectáculo que encontramos nos que dirigem o futebol português. Não há problema que surja, por mais insignificante que seja, que não se transforme num drama intenso, com posições divergentes, acusações cruzadas, insultos soezes, interesses mesquinhos e total ausência de bom senso. É, afinal, a oportunidade dos medíocres para tentarem afirmar-se. Os treinadores dialogaram e entenderam-se, mas mal o dossiê de crise passou para o nível de suas excelências, ficou logo o caldo entornado.
Se não lembra a ninguém argumentar com a doença de 80 por cento do plantel sem a prova inequívoca da existência de uma contaminação geral, nem o Diabo teria a ideia de mandar um médico de um clube observar os jogadores de outro. Só há uma dúvida que me aflige: que raio de mediação foi a da Liga de Clubes nesta história? Limitou-se a servir cafezinhos aos intervenientes na reunião que fez de conta e lavou as mãos como Pilatos?
Melhorou tudo dentro das quatro linhas quando chegou a vez dos artistas que pagam as incompetências alheias. Os doentinhos foram brilhantes na entrega e na superação, o Sporting tornou difícil o que parecia fácil. E o amarelo de Coates, que o afasta do dérbi, e o inacreditável falhanço de Mathieu no lance que daria o golo do Vitória, não auguram nada de bom. Até porque podemos ter assistido ao derradeiro transporte às costas da equipa leonina por parte de Bruno Fernandes e sem este 'médico' de serviço o tratamento ficará mais complicado.
Há quem diga, é certo, que a partida do médio dará origem à afirmação plena de Vietto e ao crescimento decisivo de Wendel, com isso aumentando muito a produção de jogo do Sporting. Mas eu, que ainda vejo o futebol com a cabeça no tempo das Salésias - como dizia o pavão cinzento - vou esperar para ver. Da gripe desconfio menos que da ilusão dos homens, lições de vida."

Varandas sem hipocrisias

"Deve ficar em claro que, a meu entender, o Sporting tal como qualquer outro contentor, tem o direito legitimo de defender os seus interesses na 1.ª Liga e não se comover com os problemas de saúde de um plantel adversário, retirando daí evidente vantagem competitiva. Sentindo-se bem na pele de mau da fita, o leão só tem de ser consequente com a sua estratégia. O que convém para a sanidade mental de todas as partes é que a administração liderada por Frederico Varandas seja efectivamente prática, séria e deixe as hipocrisias de parte. Emitir um comunicado recusando taxativamente qualquer proposta de data para adiamento do jogo do Bonfim, quando a diplomacia ainda estava a operar nos bastidores, foi uma medida que torpedeou qualquer possibilidade de acordo. A partir daí, entramos no campo do surreal, dos comentadores moralistas e sempre críticos mas que neste caso dizem que a Liga deveria ter passado por cima dos regulamentos; do desfile dos jogadores sadinos rumo a uma unidade hospitalar, da exigência de uma junta médica ontem também um médico leonino avaliaria os jogadores adversários; até aos incidentes, sempre lamentáveis, ocorridos no Bonfim.
O que mais me surpreende é que mesmo entre a nação sportinguista, sempre na primeira linha de batalha contra as indignidades no nosso futebol, ninguém tenha reparado que, se não tivesse sido eliminado em Alverca, o conjunto de Silas poderia muito bem ter de disputar as meias-finais da Taça de Portugal a 5 e 12 de Fevereiro. Ou seja, afinal havia mesmo datas livres."

Crónica Semanal

"Uma análise semanal sobre pequenos pontos relacionados com o Benfica que me fui lembrando durante a semana.
1. Paulo Gonçalves. Morreu o piloto de motos Paulo Gonçalves, campeão mundial de Rally-Cross Country em 2015 e quatro vezes top10 do Rally Dakar . Mais do que um Benfiquista morreu um dos maiores pilotos portugueses da nossa História e como tal o Desporto Nacional está de luto. Recordo de uma vez ter feito uma volta olímpica no Estádio da Luz na sua moto. Estas coisas são sempre muito difíceis de compreender e de aceitar. Que descanse em paz.
2. Primeira Semana de BPlay. O Benfica lançou a Benfica Play que tenta ser uma espécie de Netflix do clube. Os preços não são exorbitantes - cerca de 20€ por ano para sócios e 30€ por ano para não sócios. O conteúdo é diferente. Se vale a pena pagar 20€-30€ por ele ou não já depende de cada um. A minha opinião é que não faz muito sentido ter um canal fechado onde já se cobra 120€ por ano (que vão para a NOS) e depois cobrar mais 20€ por ano por outro conteúdo audiovisual. Ainda por cima quando o conteúdo da BTV que a maioria vê é pouco mais do que os jogos de futebol e das modalidades (que muitos são transmitidos na RTP, Canal 11 ou TVI24). Os adeptos do Benfica já são os que mais têm que gastar em canais codificados para ver o seu clube. Acho que esta receita extra que o Benfica vai fazer com a BPlay não vai ser astronómica (esta comparação vai ser parva mas não contratar o Caio Lucas deve dar para cobrir mais 5-10 anos de despesas na BPlay) e como tal acho que poderiam ter feito gratuíto para sócios ou para quem tem BTV. Eventualmente podiam ter subido as quotas dos associados em 20-30 cêntimos por mês, diluindo a despesa por todos e disponibilizar para todos os sócios (que têm vindo a perder regalias). Mas é um mercado livre. Vamos ver quantos assinantes a BPlay vai ter e quantos é que se vão manter.
3. Raul de Tomas foi vendido. Tudo aparentava para que o Benfica estivesse a tentar vender um ponta de lança. Com a chegada de Julian Weigl e com Bruno Guimarães também próximo de assinar, o Benfica parece cada vez mais longe daquela ideia de jogar com dois pontas de lança e como tal era desnecessário ter três jogadores do calibre que nós tínhamos. Pessoalmente acho que RDT teria um melhor futuro no Benfica do que Seferovic, mas o espanhol teria também mais mercado, bem como aparentemente queria sair. O suíço, não estando a ter uma época muito boa, pode sempre recuperar a forma. No geral, esta venda incomodou muitos adeptos adversários. Tenho alguma dificuldade em entender estas pessoas. RDT jogou bem, não marcou muitos golos, mas marcou alguns e importantes. Jogou maioritariamente noutra posição que não a sua habitual e perdeu o lugar para o melhor ponta de lança do Campeonato e um dos mais promissores da Europa. Queriam o quê? Que o Benfica vendesse a desconto um jogador do qual não se queria desfazer?
4. Gedson Fernandes emprestado ao Tottenham. Por um lado percebo a saída de Gedson e acho que era necessária porque iria perder o espaço para o Bruno Guimarães. Por outro lado não percebo a opção pelo Tottenham. A quem é que isto interessa? O Gedson dificilmente vai jogar devido à concorrência que enfrenta (Winks, Ndombele, Lo Celso, Eriksen, Sissoko, Dier, por exemplo). O Benfica tem uma das maiores promessas do Seixal num clube onde dificilmente irá jogar e como tal em vez de valorizar deverá desvalorizar. Isto é um problema que já começa a ser antigo. Os agentes destes miúdos aconselham mal os seus jogadores e muitas vezes os interesses dos agentes não estão alinhados com os interesses dos jogadores. O Gedson deveria ter sido emprestado a um Bordeaux ou um Milan. O problema é que provavelmente nenhum desses clubes pagava aos agentes o que o Tottenham irá pagar. Este negócio não tem pés nem cabeça. Só espero que alguém no Benfica tenha posto uma cláusula que permita resgatar o jogador caso ele não faça um número de minutos mínimo. Do lado do Benfica esta decisão também é inexplicável. Mesmo num ponto de vista de negócio, continuamos a desvalorizar o nosso produto. Todos os miúdos que saem do clube com pouca experiência para um gigante europeu tendem a cair para um nível abaixo: Renato Sanches e Gonçalo Guedes são dois casos óbvios. O João Félix também para lá caminha. Isto não faz sentido nenhum.
5. Vencedores da Taça da Liga de Futsal. Num jogo muito equilibrado, Benfica melhor na primeira parte, Sporting melhor na segunda parte, acabou por sorrir para nós a vitória. Roncaglio esteve um autêntico muro. Fernandinho e Robinho distribuíram a classe do costume e André Coelho mostrou mais uma vez porque é o melhor jogador a atuar em Portugal dado o impacto que consegue criar nos dois lados do campo. Quando o jogo é tão renhido, sabe ainda melhor ganhar."

Os Imparciais!!!!


PS: Sendo que no lance com o Brahimi, as imagens foram claras, mostrando que não houve contacto...

Antevisão...

Play: Almeidinhos...

Factos que falam por si

"Esta época ameaça rivalizar com as duas anteriores no que a erros de arbitragem favoráveis ao FC Porto diz respeito. A uma jornada de terminar a primeira volta, são já pelo menos sete pontos a mais para os portistas.
Listar todos os erros que beneficiaram o FC Porto seria um exercício longo, fastidioso e deprimente, mas não podemos deixar de referir o que se passou em Moreira de Cónegos: falta clara de Soares sobre um defesa do Moreirense no golo (2-3) que deu a vantagem ao FC Porto; penálti de Fábio Silva que ficou por assinalar; e ainda uma falta-fantasma assinalada contra o Moreirense num lance que daria o 2-0 para a equipa da casa. Assim se quebram enguiços!
Depois de V. Guimarães, Portimonense, Santa Clara (no Campeonato e Taça) e Rio Ave, só para referir os casos mais evidentes e que não deixam margem para dúvidas, desta vez saiu a fava ao Moreirense.
É natural que haja erros em todos os lados e para todas as cores. Não é natural, no entanto, que coincida tantas vezes o beneficiário desses erros, o FC Porto. Bem podem eles tentar lançar as cortinas de fumo que entenderem, porém, já se tornou impossível mascararem o que todos já constatámos. São demasiados os erros a seu favor.
Uma análise estatística permite constatar que o FC Porto, nas 16 primeiras jornadas, teve 37,5% dos seus jogos (seis) arbitrados por elementos da Associação de Futebol do Porto e 56,25% dos jogos com árbitros ou VAR daquela Associação, e apenas teve dois jogos arbitrados por elementos da Associação de Futebol de Lisboa. O nosso clube teve dois árbitros da Associação Futebol de Lisboa (12,5%), os mesmos 37,5% (6 jogos) com árbitros da Associação de Futebol do Porto e apenas um total de 18,75% com árbitros ou VAR de Lisboa.
Imune a este contexto continua a nossa equipa, que conseguiu somar mais três pontos na última jornada ante um Aves que, à semelhança do que ocorrera com FC Porto e Sporting, em que também perdeu pela margem mínima, nos criou muitas dificuldades.
Foi uma vitória da raça e da crença e também da materialização, apesar de escassa, da avalanche ofensiva da nossa equipa. Foram 34 remates e 17 cantos em pouco mais de 60 minutos úteis de jogo. Se estes números não são recordes da prova, andarão lá perto. E, mais importante do que isso, tratou-se do 13.º triunfo consecutivo no Campeonato Nacional, igualando o segundo melhor registo da história do Benfica na competição. Assim como as 15 vitórias alcançadas em 16 jornadas, um registo que só foi superado numa única temporada (1972/73). Referência ainda para Bruno Lage, o mais rápido de sempre a fazer 100 pontos na Liga (fê-lo em 35 partidas, ou seja, em 105 pontos possíveis).
Uma palavra também para os benfiquistas que se deslocaram ao Estádio da Luz na passada sexta-feira. O horário do jogo, o dia de semana e o frio que se fez sentir não convidavam à ida ao Estádio. Por isso enaltecemos os mais de 50 mil presentes nas bancadas, aproveitando para elogiar e agradecer o forte apoio prestado aos nossos representantes em campo, ajudando-os a virarem o resultado e a conquistarem três pontos importantes na longa caminhada que se espera rumo ao 38.
O fim de semana desportivo ficou ainda marcado por muitas vitórias e pela conquista de dois títulos para o nosso palmarés. Em Matosinhos, a nossa equipa de futsal ganhou brilhantemente a Taça da Liga, vencendo na final, por 5-4, o Sporting. Enquanto no atletismo voltámos a ser, quatro anos depois, campeões nacionais de estrada."

Benfica News, in SL Benfica

Cadomblé do Vata (engatateiros)

"Bastos, Costa Pereira, José Henriques, Bento, Preud'Homme, Enke, Oblak, Júlio César, Ederson... a lista de grandes guarda redes que fizeram as delícias dos adeptos do Benfica no relvado da Luz é interminável. Maior que esta lista, só mesmo a dos guarda redes desconhecidos de equipas pequenas, que fizeram as delícias dos cardiologistas dos adeptos do Benfica no relvado da Luz. De todos, os que mais me marcaram:
1. Vital - Gil Vicente: um dos dignos representantes dos guarda redes que mal tocavam a barra, que nos anos 80/90 faziam sonhar muito jovem curto de pernas, aspirante à baliza do Glorioso (um amigo meu...). O pequeno Vital era tão espalhafatoso nas defesas, que onde ele jogava, mal crescia relva. Em 93/94, a meias com o pai do Artur Soares Dias, arrancou um empate a zero na Catedral, deixando Toni à beira de um ataque de nervos.
2. Acácio - Beira Mar: no Brasil ficou conhecido como um dos grandes guarda redes do Vasco da Gama, tendo estado presente no Itália90. Em Portugal ficará para sempre lembrado pelas 2 super exibições na Luz em 92/93 e 93/94, por ter sido o único a sofrer um golo do Clóvis na 1ª Liga e por ter contado descontraídamente numa reportagem desaparecida dos arquivos, como foi com um colega receber uma mala de dinheiro das mãos de César Boaven... perdão, de dirigentes do FC Porto, após o Beira Mar ter batido o SL Benfica no Estádio Mário Duarte em 92/93... curiosamente, 2 jornadas depois, o FC Porto venceu 1-0 no mesmo estádio.
3. Costinha - U. Leiria: a temporada de 04/05 foi pródiga em milagres das redes no nosso Estádio. Qualquer um chegava ali e defendia tudo, inclusive dentro da baliza. O ex. Sporting CP e FC Porto que em toda a carreira raramente se destacou pela qualidade, cumpriu na Luz o jogo da vida, numa temporada passada quase totalmente na condição de suplente, aguentando o forte até Mantorras sacar mais um milagroso golo do empate nos descontos. Findo este jogo, voltou para o banco até final da época.
4. William - Boavista: o camaronês mais brasileiro do Mundo tinha tido umas épocas boas no Boavista. Depois desapareceu com o surgimento do Ricardo, para voltar ao estrelato na Catedral em 06/07, num dia duplamente triste para o Sport Lisboa e Benfica: empatamos 0-0 e Derlei fez o primeiro dos seus 18 atentados à História do Manto Sagrado. Esta foi também a última época de William no Boavista, o que confirma que na Luz, até guarda redes reformados brilham.
5. Salin - SportingCP: entre Salin do Sporting CP e Pesier da Naval, escolhi o que conseguiu sair da Luz com pontos. Mas a menção ao figueirense demonstra quão valente foi a sua aparição em 09/10. Do francês lagarto ficam as grandes defesas no derby de início de época e a ligação a uma reportagem manhosa da SIC que deixou adeptos Gloriosos e rivais de mãos na cara: encarnados pelo desrespeito ao Clube; às riscas pela óbvia falta de credibilidade da encenação. Independentemente disto tudo, o agora suplente do Rennes pode-se gabar de ter sido o primeiro a sofrer um golo de João Félix.
* - Casillas fez duas exibições enormes, mas era um grande guarda redes, para além que aqui só são considerados guardiões de clubes pequenos.
** - a nível internacional destaco um bigodes do Katowice em 93/94 que até uma bicicleta de JVP defendeu; Toldo do Inter que terá realizado a melhor exibição de um guardião rival no Estádio da Luz e Iraizoz a segurar o nulo do Espanyol, que ao defender uma derrota pela margem mínima em Barcelona, Fernando Santos tudo fez por merecer.
*** - nos 11 anos do Terror, muitos foram os que brilharam contra nós, mas dou-lhes o desconto porque eram atacados por avançados de qualidade demasiado duvidosa.
**** - Marco Tábuas na Luz é um mito urbano. Só por uma vez sofreu menos de 2 golos. Aconteceu num jogo em que não foi titular. De resto, foi sempre 2 e 3 chocos para take away."

O dia mais negro da história do futsal português

"Nem o debate do Orçamento do Estado, nem a crise no Irão, nem a demissão monárquica de Meghan e Harry: a última semana de televisão foi naturalmente dominada pela cobertura intensiva dos terríveis acontecimentos de Matosinhos.

Passavam poucos minutos das 22.00, na noite de 2 de Janeiro, quando um grupo de 15 a 20 pessoas invadiu o Pavilhão Municipal da Biquinha e dirigiu-se ao balneário, onde a equipa de futsal do Leixões se preparava para realizar uma sessão de treino. Os atletas foram insultados, ameaçados com armas de fogo, e três deles foram pontapeados e esmurrados, tendo um sido obrigado a receber assistência hospitalar. Pouco depois, os agressores puseram-se em fuga, deixando atrás de si um rasto de medo e destruição.
A CMTV deslocou imediatamente todos os seus recursos técnicos e humanos para o local, iniciando uma maratona de 125 horas de emissão contínua, sob a égide do oráculo "Terror em Matosinhos". Uma repórter na Praça Guilherme Pinto recolhia depoimentos de alguns populares. "Vamos aqui tentar... chegar à fala com esta senhora... Bom dia, têm sido horas muito difíceis aqui para a população?" "Bem... isto a gente..." "Não deve ser fácil continuar a viver aqui." "Quer dizer... eu..." "Imagino que tenha medo de sair à rua." "Então... a gente tem de..." "Obrigado, obrigado. Dias... muito complicados... aqui em Matosinhos... depois do dia mais negro da história do futsal português."
A transmissão prosseguiu noutro ponto de reportagem, com um directo de meia hora a partir do Palácio da Justiça. "Podem ver aqui atrás de mim... se a câmara conseguir mostrar... o edifício do tribunal... onde um dia... quando forem detidos... podem vir a ser julgados os, portanto, os eventuais suspeitos deste crime hediondo... Ali um pouco mais à frente... podemos ver a garagem... onde... mais uma vez estamos apenas a especular... mas é possível que um dia será por ali que entrem as viaturas... transportando os culpados... ou alegados culpados... dos terríveis acontecimentos que... ensombraram esta pacata povoação... no dia mais negro da história do futsal português."
Nos estúdios em Lisboa, acompanhavam-se as reacções do poder político. Nos Passos Perdidos, porta-vozes de todas as bancadas parlamentares condenaram veementemente o ataque e exigiram uma investigação rápida das autoridades. (A excepção foi o Livre, que distribuiu comunicados de imprensa em envelopes fechados, e mais tarde ameaçou processar por violação de correspondência todos os jornalistas que divulgassem o conteúdo.)
Ferro Rodrigues, esclarecendo que falava não apenas enquanto fervoroso adepto de futsal, mas também como presidente da AR, disse que o caso não era só um "caso de polícia", mas um incidente "gravíssimo, que põe em causa o desporto português, põe em causa o próprio país, diria mesmo que põe em causa a estabilidade quântica do universo tal como o conhecemos".
O ministro do Ambiente, Matos Fernandes, num discurso mais contido, limitou-se a admitir que, no futuro próximo, seja necessário mudar Matosinhos inteira para uma zona de menor risco.
Na SIC Notícias, durante um Opinião Pública (o terceiro de sete dedicados ao caso), uma reformada do Algarve confessou o medo que sentia desde o incidente. "Como é que eu, enquanto avó, posso deixar os meus netos continuar a ir à escola aqui em Portimão depois daquilo que se passou em Matosinhos?"
Na TVI 24, numa edição extra de Mais Transferências, Rui Pedro Brás adiantou uma novidade em primeira mão. "Estamos em condições de avançar aos nossos telespectadores lá em casa que Jorge Mendes, num gesto de enorme filantropia, se prepara para disponibilizar uma frota inteira de helicópteros, tudo pago do seu próprio bolso, de forma a evacuar os jogadores e as suas famílias traumatizadas para um local seguro, que, ao que conseguimos apurar, será um hotel de 4 estrelas em Wolverhampton... O futsal é isto, mesmo no meio da barbárie, no dia mais negro da história do futsal português, são estes pequenos gestos de altruísmo que enobrecem e enriquecem este desporto apaixonante."
Na RTP1, Fátima Campos Ferreira preparava-se para entrevistar Souto de Moura, só por via das dúvidas.
De regresso à CMTV, Moita Flores conduziu uma emissão especial da sua rubrica "Crime e segurança", partindo para o terreno na companhia de uma equipa de filmagens. Um plano contínuo mostrou-o a percorrer o areal da praia em mangas de camisa. "A praia é um espaço muito complexo... desde tempos imemoriais que o homem procurou na praia tudo o que a praia oferece... Repouso... ondas... diversão... e o apelo da violência... Já Hitler, em Munique..."
No programa seguinte, o ex-ministro da Administração Interna Rui Pereira fazia o enquadramento da moldura penal apropriada nestes casos. "Na minha perspectiva, é difícil recusar a classificação, em termos jurídico-penais, de genocídio." "Não quer dizer terrorismo, doutor?" "Não não, genocídio. O que sucedeu em Matosinhos foi que um conjunto de indivíduos, para não lhes chamar outra coisa, agiram concertadamente para coagir a liberdade dos atletas do Leixões, intimidá-los e, quem sabe, exterminá-los a todos, até que o futsal enquanto actividade fosse extinto naquele local. Enquanto isto não for devidamente apurado, não se pode excluir de maneira nenhuma a hipótese de haver aqui um crime de genocídio. Aliás, só o facto de estarmos aqui a falar em genocídio sugere que essa hipótese não é assim tão absurda." Uma legenda em rodapé anunciava que uma petição online para restaurar a pena de morte já reunira 54 mil assinaturas. Moita Flores continuava a percorrer as lúgubres ruas de Matosinhos, até chegar ao fatídico Pavilhão da Biquinha: "Desde tempos imemoriais que o homem procura nos pavilhões gimnodesportivos tudo o que os pavilhões gimnodesportivos oferecem... competição... fraternidade... e a promessa de violência... Já os gulags de Estaline..."
À TVI 24, fonte próxima da Presidência garantia que Marcelo lamentava profundamente os acontecimentos do dia mais negro da história do futsal português e preparava uma viagem de urgência ao Vaticano, onde ia procurar convencer o Papa Francisco a benzer uma amostra de caliça retirada das paredes do Pavilhão da Biquinha. Moita Flores, de regresso à praia de Matosinhos, retirou a gravata do pescoço e atou-a à volta da testa. Depois besuntou as pálpebras com dois traços de carvão e ficou a aguçar pacientemente a ponta de um galho de árvore. "Temos de estar preparados para o combate corpo a corpo", explicou às câmaras. "Temos de estar preparados para tudo." A emissão foi interrompida por breves segundos para compromissos publicitários, mas continuou logo de seguida."

Bello: Aves... 15 apitos!

Bruno Guimarães: O homem que se segue?

"Depois da sonante contratação de Julian Weigl, o SL Benfica ataca agora o médio brasileiro de 22 anos Bruno Guimarães, pertencente aos quadros do Club Athletico Paranaense.
Olhando para o plantel do Benfica, numa perspectiva meramente quantitativa, o meio campo não nos parece uma das zonas mais necessitadas de reforços. No entanto, analisando de forma mais objectiva: Fejsa e Gedson parecem estar de saída, Samaris não tem lugar garantido no plantel, Weigl e Florentino encaixam nas características típicas de um número 6, de cariz mais defensivo. Sobram Gabriel e Taarabt como médios mais “ofensivos” (não incluindo Chiquinho nesta contabilização).
O brasileiro é um jogador extremamente importante nas dinâmicas impostas por Bruno Lage. Gabriel contribui muito do ponto de vista defensivo e é capaz de construir ofensivamente para a equipa. Contudo, esta construção foca-se muito nos passes longos e nas aberturas nas alas, limitando assim um pouco a criatividade do meio campo encarnado.
Já Taarabt é um jogador mais dinâmico, capaz de transportar o esférico com qualidade e realizar mais passes de rotura que encontrem jogadores entre linhas. No plantel do SL Benfica não existe qualquer outro jogador que disponha destas características, o que prejudica bastante a equipa encarnada nos períodos ou jogos de ausência do camisola 49 (por exemplo no jogo frente ao Desportivo das Aves, onde a ausência de Taarabt foi sentida).
É precisamente aqui que entra Bruno Guimarães. As características do médio brasileiro vão ao encontro das características de Adel Taarabt.
É com a bola dominada que Bruno Guimarães mais se destaca. O médio de 22 anos, que foi eleito o melhor na sua posição no Campeonato Brasileiro, demonstrou uma enorme qualidade de passe. Tanto em passes curtos (88%) como em passes longos (77%), Bruno Guimarães tem elevadíssimas taxas de conversão.
Mais do que realizar a acção de forma correta, o camisola 39 do Club Athlético Paranaense demonstra ter uma grande capacidade de decisão e compreensão do jogo. Bruno Guimarães alia na perfeição a tomada de decisão à execução.
No momento de transição ofensiva, demonstra ter muita capacidade e critério no transporte de bola, tendo qualidade suficiente para ultrapassar os adversários em drible, mas está sempre atento às desmarcações dos colegas. É um jogador que joga sempre “de cabeça levantada”. Tem também alguma capacidade de chegada à área.
Bruno Guimarães é um atleta com um toque de bola refinado e diferenciado. A qualidade que tem na receção e na execução em espaços curtos permitem ao jogador demonstrar uma enorme classe e uma facilidade de execução quase arrogante para o comum mortal. O que o atleta tem vindo a fazer na Arena da Baixada assemelha-se ao que Frenkie de Jong fez ao serviço do Ajax e agora do FC Barcelona. As dinâmicas e características são semelhantes, e a qualidade abunda em ambos os jogadores.
Defensivamente o internacional sub-23 brasileiro tem igualmente alguns argumentos. A sua noção de posicionamento defensivo é já bastante elevada face a média de um jogador do Brasileirão. Estatisticamente falando, Bruno Guimarães realiza uma intercepção e perto de dois desarmes por jogo. Estes são números interessantes e que podem vir a ser trabalhados por Bruno Lage, tal como aconteceu com Taarabt.
A boa forma física e a sua “infindável” resistência permitem ao brasileiro ter um elevado índice de trabalho, tanto ofensivamente como defensivamente. Esta é uma característica fundamental nas dinâmicas de jogo de Bruno Lage, que exige sempre muito esforço no “miolo”.
Para mim, um grande jogador não é aquele que é capaz de driblar toda uma equipa, ou aquele que coloca uma bola no ângulo com um fantástico remate, ou aquele que realiza um corte de carrinho em cima da linha. Um grande jogador é aquele que tem capacidade para fazer tudo o que listei acima, mas que sobretudo faz parecer as tarefas básicas do jogo apenas acções triviais.
É exactamente isto que sinto quando vejo Bruno Guimarães actuar. O jogador coloca o adepto num raro estado de calma constante, pois sabemos que aquele passe de 40 metros irá cair no pé do seu colega com a mesma suavidade que iria se ele estivesse mesmo ao seu lado.
É certo que comete erros, mas a sua qualidade não engana ninguém. Em Portugal seria, sem dúvida alguma, um dos melhores jogadores.
O atleta parece já estar convencido e desejoso de vestir o manto sagrado. No entanto, falta o mais difícil: convencer o clube a libertar o activo.
Mário Petraglia, actual presidente do clube do rubro-negro, permanece irredutível no preço de 30 milhões de euros. O SL Benfica, que deseja muito a chegada do jogador, tenta negociar a vinda do brasileiro por 20 milhões mais uma pequena percentagem do passe que permaneceria com o clube do Paraná.
Ainda não há fumo branco à vista."

Jogar por fora

"Vem aí mais um dérbi-clássico e as nuvens poderão continuar carregadas no horizonte.

Não são raras as vezes em que, em Portugal, nos jogos de futebol a realizar para as mais diversas competições se perca muito mais tempo a debater o que acontece para além dos 90 minutos de cada partida, do que - mais sensato e recomendável - a verdadeira substância do jogo em si, da sua espectacularidade, ou falta dela, e da paixão que é capaz de despertar em milhões de espectadores.
O fim de semana que acabámos de cumprir foi fértil nesse tipo de discussões.
Não faltou polémica à volta do jogo em que o Benfica recebeu na Luz o lanterna vermelha da classificação, o mesmo acontecendo em relação a factos registados em Moreira de Cónegos, onde o Futebol Clube do Porto alcançou uma preciosa vitória, que lhe permitiu não descolar ainda mais do actual guia da classificação.
Mas, em Setúbal, foram ultrapassados todos os limites do aceitável, com declarações exacerbadas e deslocadas de ambas as partes, ainda que, louve-se o facto, sem o contributo daqueles que são, verdadeiramente, os grandes artífices do jogo.
De facto, os jogadores foram os únicos que estiveram bem por detrás deste cenário que deixou à vista mais uma série de acontecimentos deprimentes, que em nada prestigiam um futebol que cada vez mais se degrada a si próprio.
Vem aí mais um dérbi-clássico e as nuvens poderão continuar carregadas no horizonte. Na situação em que o futebol português se encontra já não parece possível nem legítimo aguardar qualquer coisa de bom."

Talvez Félix precise de uma mudança de ares, longe da atmosfera belicosa do Atlético adversa à sua delicada constituição de bailarino

"O futebol português continua a dar pequenos, porém firmes, passos no caminho da pacificação total. No passado sábado, em plena tribuna presidencial do estádio do Bonfim, Frederico Varandas, dirigindo-se a um director do Vitória de Setúbal, fez a seguinte promessa eleitoral que entusiasmou os adeptos sadinos: “Se me tocas, arranco-te a cabeça”. Sabendo que o presidente do Sporting cumpriu missão no Afeganistão, país onde as decapitações gozam de grande popularidade, e esteve em Alcochete no dia da invasão, as suas palavras devem ser levadas a sério.
Aqui está um profissional de saúde em perfeitas condições físicas e psicológicas para fazer banco de urgência no Santa Maria. Repare-se como o clínico poderia ter optado por uma ameaça mais limpa (“corto-te a cabeça”), mas preferiu um método que implica maior sofrimento para a vítima (“arranco-te a cabeça”). De acordo com fontes próximas de Frederico Varandas, o médico terá aprendido a técnica quando passou algum tempo com tribos pashtuns do norte do Afeganistão, que também lhe terão ensinado os rudimentos da gestão desportiva bem como algumas receitas de borrego.
Vítor Hugo Valente, presidente do Vitória, terá dirigido também algumas palavras rudes ao seu homólogo leonino, mas com a lembrança do tratamento que lhe foi dado por um empresário ainda bem viva na memória, acabou por adotar uma postura mais cautelosa, na linha da corrente contemplativa de Shaolin. Honra lhe seja feita, não deve ser fácil liderar um clube como o Setúbal, que nas últimas épocas se tem aguentado na Primeira Liga graças a uma estratégia assente no aproveitamento da formação, no ludíbrio de empresários e no endividamento fiscal.
Ano após ano, o clube vive naquela zona perigosa pouco acima da linha de água, de tal forma que o símbolo oficial poderia ser uma boia. Milagrosamente, tem conseguido escapar às descidas com uma destreza de Houdini. Mas nem assim o destino dá descanso a esta massacrada colectividade. Esta semana quase todo o plantel ficou no estaleiro devido a uma estirpe do vírus da gripe a que são particularmente vulneráveis os futebolistas com salários em atraso. Apesar disso, o Vitória entrou em campo com vontade de disputar o jogo e só não resistiu a um auto-golo, um penálti e uma bola na barra. Fontes próximas de Deus garantem-nos que, caso o jogo estivesse empatado perto do fim, com o Vitória a resistir a todas as adversidades, estava prevista a queda de um raio em pleno relvado do Bonfim com ordens expressas para vitimar apenas os jogadores sadinos.

Entretanto, o Sporting continua à procura de um avançado que amenize a solidão de Luiz Phellype, o mais solitário de todos os jogadores em actividade no campeonato português. Enquanto o Futebol Clube do Porto tem avançados em número suficiente para jogar num esquema radical de 4-1-5, Luiz Phellype é obrigado a passear sozinho pela Academia, sem ninguém com quem possa partilhar os seus dilemas de ponta-de-lança. Contratado ao Paços de Ferreira num negócio que envolveu a cedência de algumas peças de mobiliário, o avançado brasileiro reunia todas as condições para ser um suplente razoável, mas as circunstâncias do Sporting e o visionarismo dos seus dirigentes condenaram-no a uma pena de titularidade efectiva. Todos os jogadores ambicionam a titularidade, é certo, mas quando se é o único ponta-de-lança do plantel, a titularidade é um peso, não um prémio.
Apesar de tudo, Luiz Phellype já marcou seis golos na Liga, uma proeza que Raul De Tomás, o meu avançado sem golo, não conseguiu alcançar em seis traumatizantes meses de águia ao peito. Felizmente a equipa brilhantemente liderada por Luís Filipe Vieira inventou outro negócio à espanhola e aplicou ao infeliz RDT um pontapé pelas escadas acima, recebendo em troca 20 milhões de euros e mais uns trocos que dariam para comprar três Luiz Phellypes. Assim que chegou a Espanha, acabado de aterrar no aeroporto de Barcelona, RDT falou da experiência no Benfica como se tivesse passado uma temporada num campo de trabalhos forçados na Sibéria. Aqui, no clima severo do extremo da península, perdeu a “ilusión”, que é como quem diz “roubaram-me os sonhos.” E não é que no primeiro jogo com a camisola do Espanhol RDT marcou um golo? A minha avó bem me falava das virtudes de uma mudança de ares. Agora tenho a certeza dos benefícios.
Talvez João Félix também precise de uma mudança de ares, longe da atmosfera belicosa do balneário do Atlético adversa à sua delicada constituição de dançarino de salão. Vi os jogos do Atlético contra o Barcelona e o Real Madrid e foi penoso ver Félix a arrastar-se em campo como uma alma penada. No meio dos salteadores da equipa de Simeone, o Golden Boy está tão confortável como um bailarino num curso de comandos. O instrutor quer vê-lo enlameado, com pedaços de relva nos dentes, a rastejar atrás dos adversários, e Félix flutua, quase levita, longe do jogo. Das raras vezes em que a bola lhe vai parar aos pés, o miúdo que parecia ver auto-estradas antes de receber a bola agora só vê muros, gigantescas paredes de betão. É um desconsolo vê-lo baixar a cabeça e esforçar-se por cumprir as ordens do treinador.
Como um estudante de piano numa numerosa família de camponeses, Félix pega na enxada para provar a sua utilidade, conquistar o respeito dos irmãos e merecer o amor do pai. Mas os braços de melómano não aguentam tanto peso e o esforço arruína-lhe a sensibilidade. De cada vez que se senta ao piano, fá-lo com modos de cavador e do instrumento já não sai um som celestial, mas o ruído duro da terra revolvida. Ao fim de meio ano às ordens de Simeone, Félix está entre a espada e a parede. Melhor, entre a enxada e o piano."

A Festa Olímpica


"Apesar dos instrumentos e saberes que a ciência e a técnica procuram recrutar para os palcos desportivos, permanece em último reduto o enigma do confronto do homem com os seus limites e as suas falhas

Os Jogos Olímpicos permanecem reféns de um conjunto de preconceitos que importa desmistificar, em particular uma noção cândida sobre uma putativa e sacrossanta pureza, autenticidade e infalibilidade, própria dos deuses do Olimpo.
O desporto é uma actividade humana e os Jogos Olímpicos são uma realização humana. Inevitavelmente espelham e traduzem os paradoxos do pulsar dessa condição e, por isso, representam a expressão mais fiel de um fenómeno cujo desfecho assume apaixonante imprevisibilidade.
Apesar do conjunto de instrumentos e de saberes que a ciência e a técnica procuram recrutar para os palcos desportivos, permanece em último reduto o enigma do confronto do homem com os seus limites e com as suas falhas. Com a consciência de si e o acaso das circunstâncias com que se depara.
E neste sentido os Jogos Olímpicos abrem as portas à reflexão sobre a extraordinária dimensão e amplitude deste fenómeno nas nossas vidas. Sobre as suas contradições e paradoxos, capacidades e incapacidades em internalizar o capital emocional que envolve milhões de espectadores e praticantes e representa, partindo da vivência dos atletas, muito mais do que apenas uma competição desportiva.
Nisso nos lança cada edição dos Jogos Olímpicos, com vitórias e derrotas. Com casos e outras estórias. Com alegrias e tristezas. Mas lá no fundo com a inquietante questão sobre o que move os atletas, homens e mulheres, a abdicarem de tanto, dispondo-se a sofrer para superar os seus próprios limites. O que os faz correr, nadar, saltar e lançar cada vez mais e melhor.
E, à medida que assistimos a cada edição dos Jogos, surpreendemo-nos e inquietamo-nos. Seja com a condição do atleta como um produto perecível, com prazo de validade no espectáculo desportivo global. Seja com a capacidade de se mobilizar um país e forjar a sua identidade através dos sucessos e frustrações dos seus representantes. Seja com a dureza, a frustração e as dúvidas com que se termina uma carreira de alto rendimento para se iniciar uma outra vida.
Mas também com a reconfiguração dos laços familiares, onde a polarização das relações de cumplicidade e confronto entre atleta e treinador, marcada em etapas decisivas na construção da carreira destes actores, assume um cariz estruturante para o futuro de ambos. Que umas vezes continua e em outras termina.
É assim o desporto e o espectáculo dos Jogos Olímpicos que lhe está associado. Um espaço social onde a sua construção está condicionada pelas dinâmicas do conjunto de interesses que o contextualizam: interesses desportivos, mas também, crescentemente, comerciais, mediáticos e políticos.
Os Jogos Olímpicos acolhem todos estes variados interesses e a competição que nele decorre, deixa de ser apenas um jogo, onde se confrontam e se avaliam capacidades e talentos desportivos. O rendimento desportivo, base sobre a qual se estrutura a competição e se constrói o espectáculo, tem um valor desportivo mas encerra também um valor comercial/económico e, em algumas circunstâncias, assume uma clara dimensão política.
É verdade que nem sempre assim foi. Mas, a partir do momento em que a prática desportiva atingiu um certo nível de qualidade e se comercializou, tudo mudou. Nos últimos tempos a mudança foi tão radical que chegámos ao ponto de uma simples comparação entre o seu passado recente e o seu passado anterior poder criar a ilusão de estarmos perante dois fenómenos distintos. Mas não. Estamos perante o mesmo fenómeno que, como todos os produtos sociais, sofre as consequências da evolução do tempo. O desporto mudou porque o tempo social, cultural e político mudaram.
E hoje, como ontem, assistimos aos desfiles, aos cortejos, ao impacto visual das equipas e dos atletas, à sua força emotiva, ao seu enquadramento musical com orquestras e coros, à mesma liturgia, quiçá até ao mesmo sentido religioso, mas com conteúdos culturais distintos, com outras aspirações, com outro modo de sentir e viver o desporto.
A cultura desportiva actual vive contaminada pela produção do espectáculo supermediatizado, com uma enorme capacidade de atracção de grandes públicos, explorado pelo mundo dos negócios e palco de afirmação e visibilidade política de países e nações.
Como um dia escreveu José Maria Cagigal, “a comercialização do espectáculo desportivo não é perigosa porque atenta contra valores do desporto mas porque se converteu num produto que necessariamente precisa de ser consumido para ser rentável”.
Ontem, como hoje, o fascínio dos Jogos permanece. O risco não está ausente."

A condecoração de Jesus: panem et circenses?


"A questão tem sido colocada de forma errada. Não se nega o mérito do cidadão Jorge Jesus. O que se questiona é se, tal indiscutível mérito, é merecedor de tamanha distinção.

O treinador de futebol Jorge Jesus foi condecorado no passado dia 30 de dezembro pelo Presidente da República com a Ordem do Infante D. Henrique. A decisão foi anunciada logo após terminar a final do campeonato de mundo de clubes numa nota publicada no site da presidência da república.
Muito se tem dito, efectivamente, e escrito, sobre tal privilégio, mormente, por o seu recipiente ser um treinador de futebol, pois há quem lhe reconheça mérito e, portanto, justeza na sua condecoração, mas, por outro, há quem, recordando as inúmeras tiradas da mais eloquente loquacidade do agraciado, lhe negue ipso facto tal graça.
É a Lei n.º 5/2011, de 2 de Março o diploma que estabelece o elenco e os fins das ordens honoríficas portuguesas, define a sua orgânica interna, o processo de concessão e investidura dos seus membros e respectivos direitos, deveres e disciplina. Do catálogo de ordens honoríficas existentes (Antigas Ordens Militares: Da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito; De Cristo; De Avis; De Sant’Iago da Espada/Ordens Nacionais: do Infante D. Henrique; da Liberdade/Ordens de Mérito Civil: do Mérito; da Instrução Pública; do Mérito Empresarial) a Jesus caberá a nacional do Infante D. Henrique.
Prescreve o n.º 1 do art. 3.º da citada Lei que «As Ordens Honoríficas Portuguesas destinam-se a galardoar ou a distinguir, em vida ou a título póstumo, os cidadãos nacionais que se notabilizem por méritos pessoais, por feitos militares ou cívicos, por actos excepcionais ou por serviços relevantes prestados ao País.»
Ora, será o cidadão Jorge Jesus merecedor da condecoração? Isto é, terá o cidadão Jorge Jesus assim tanto mérito pessoal, por feito civil ou ato excepcional, ou terá o mesmo prestado serviço relevante a Portugal? Confesso a minha dificuldade em enquadrar os feitos de um treinador de futebol nestes termos e, assim, considerá-lo merecedor de uma ordem honorífica. Não se nega o mérito do cidadão Jorge Jesus, à semelhança de outros treinadores agraciados no passado, mas, na minha opinião, a condecoração de pessoas ligadas ao fenómeno do futebol representa uma vulgarização do que não deveria ser vulgarizado. Enquadro e comparo isto, de certa forma, à concessão de privilégios de panteão a futebolistas ou fadistas. A mim, choca-me, com sinceridade, que figuras como Almeida Garrett, Guerra Junqueiro ou Teófilo Braga partilhem o eterno descanso na Igreja de Santa Engrácia ao lado de futebolistas e fadistas.
A questão tem sido colocada de forma errada. Não se nega o mérito do cidadão Jorge Jesus. O que se questiona é se, tal indiscutível mérito, é merecedor de tamanha distinção. Todo o mérito deve ser exaltado, é evidente, mas, com a devida vénia e respeito por quem pense de outra forma, as ordens honoríficas deveriam estar reservadas aos portugueses de excepção. E aqui, excepção, entendendo-a à luz de um feito que exorbita a dimensão do quotidiano como é o futebol; um feito que exorbita largamente a dimensão do normal espírito humano. Espírito humano, esse, que, por ser – precisamente – excepcional, é merecedor e tributário de honra (confesso que compreendo mais facilmente a condecoração de Jorge Jesus como cidadão honorário da cidade do Rio de Janeiro do que a condecoração que o mesmo vai receber das mãos do Presidente da República).
Parece-me que este tipo de cerimónias, com este tipo de intervenientes, não é que uma oportunidade de promoção de um espectáculo de circo, de aproveitamento político, de oferecimento às gentes de pão e circo à boa maneira romana. Uma metonímica condecoração, como observou Juvenal – panem et circenses – no Século I após Jesus… Cristo."

Em vida, Paulo, em vida

"Temam-na, abracem-na, anseiem-na ou venerem-na, a morte é a condição mais certa para os humanos, creio a mais humana que há, porque nada em nós é tão paradoxal como o momento em que o coração pára, o sangue trava, os órgãos desligam, o cérebro frena e à consciência acontece o que vivalma sabe, mas tanta, tantíssima gente, se esforça por adivinhar, pregar, filosofar e garantir.
A morte é o tema dos vivos, quem morre é sentido por quem vive, os que se vão são louvados pelos que ficam e a pessoa que vai sem retorno não lê, nem ouve, os louvores que os vivos reservam aos enlutados, uma vez mortos, que me parece a mais estapafúrdia espera a que os humanos se devotam, já escrevia a mexicana Ana María Rabatté:

No esperes a que se muera
la gente para quererla
y hacerle sentir tu afecto
en vida, hermano, en vida…

Nunca visites panteones,
ni llenes tumbas de flores,
llena de amor corazones,
en vida, hermano, en vida…

Esperámos que Paulo Gonçalves caísse da moto, o corpo tombasse na areia, o coração parasse e morresse no deserto, sozinho, entre grãos de areia onde, dependesse dele, jamais deixaria alguém a solo, para recordarmos o quão exemplar foi em vida.
No Dakar, o português afundou-se em lama para ajudar quem mais fundo estava, safar Cyril Després e vê-lo a virar-lhe as costas, sem retribuir a ajuda e arrancar sem dó, piedade ou companheirismo, qualidades que se dizem humanas e que Paulo voltou a mostrar, anos depois, quando parou mal viu Matthias Walkner tombado, a sofrer com ossos partidos, não o abandonando enquanto não chegasse ajuda.
De Paulo Gonçalves conheci o que deixou na televisão, nos jornais e em quatro ou cinco telefonemas de trabalho. Era simpático, prestável e atencioso, não há pilotos, mecânicos, dirigentes e amigos que o desdigam, em público, desde domingo, invocando a forma como agiu durante os 40 anos que viveu, porque as palavras de nada valem se os atos não falarem por elas.
Se, na morte, o que se recorda de um desportista é o homem justo, companheiro, íntegro, prestável, humilde, sempre ajudante e, apenas depois, o que ganhou a pilotar motos, então no piloto está o melhor exemplo possível para se ser, e estar, no desporto e em competição. “Não sou um herói, sou um ser humano com respeito pelos outros”, disse, uma vez, enquanto modalidades mais praticadas, muito mais vistas, nunca paravam de sugerir que para ganhar vale tudo, que só se estamos bem se estivermos contra os outros e que os insultos fazem parte.

Em vida, Paulo Gonçalves foi um exemplo de como o desporto e a competição apenas valem se, lá dentro, todos estiveram bem, sãos, saudáveis e forem uns para os outros quando houver quem assim não esteja. Competir, ganhar e perder deveria sempre vir depois, muito depois.

O Que Se Passou
A Supertaça de Espanha mais árabe que podia haver é do Real Madrid, campeão do troféu sem vencer um título na época anterior, ganhador ao Atlético nos penáltis a que a final chegou porque, aos 115' do prolongamento, um defesa ceifou à descarada um avançado que seguia isolado, fez o que se pune para não ser feito, levou um cartão vermelho direto e foi aplaudido. A Roma de Paulo Fonseca errou até mais não perante a Juventus, que ganhou com Ronaldo a marcar.
Dentro de pavilhões, um em Matosinhos viu o Benfica conquistou a Supertaça de futsal contra o Sporting, outro em Trondheim acolheu a segunda inesperada vitória de Portugal - contra a Noruega - no Europeu de andebol, que qualificou a seleção nacional para a fase seguinte da prova, apenas pela segunda vez (a primeira, em 2003) na história."

O Paulo viveu livre

"A morte trágica de Paulo Gonçalves é um soco no estômago de todos os amantes de Desporto, que há muitos anos se habituaram a ver o motard português entre os melhores do Mundo. A morte é o destino certo e absoluto de todos nós, mas envelhecemos um pouco sempre que perdemos alguém com quem nos habituámos a viver, seja um familiar, um amigo ou até mesmo um ídolo que apenas conhecemos da televisão e dos jornais. Não conhecia o Paulo, creio que nunca falei com ele sequer por telefone, mas a notícia que recebi ontem de manhã foi para mim o tal soco no estômago. Não é justo, nunca é justo, porque não há justiça na morte.
O Paulo morreu com 40 anos, a fazer aquilo que amava, em cima de uma moto, numa das competições mais perigosas do Mundo, que desperta em todos uma atracção inexplicável e irracional. Teve uma vida curta, demasiado curta, mas foi a vida que escolheu e que o fazia feliz. E esse é o melhor legado que pode deixar: ser recordado como uma pessoa livre, que fazia aquilo que o deixava feliz. Aos amigos e família do Paulo, envio daqui – em meu nome e em nome de Record – as mais sentidas condolências.

PS – Num dia como o de ontem, tudo o resto perdeu importância. Mas fica uma palavra para a Seleção de andebol: brilhante."

O Cantinho do Olivier #20

Uzbequistão

Benfiquismo (MCDX)

1930

3.ª Taça da Liga

Sporting 4 - 5 Benfica

Grande jogo, grande vitória, num jogo que podia ter ficado resolvido mais cedo, não fossem algumas 'ofertas' dos nossos jogadores, que de uma forma algo masoquista, quando parecia que íamos partir para a vantagem, não 'deixavam'!!!
Tivemos vários jogadores a alto nível, mas destaco o Chaguinha, que esteve em quase todos os golos 'decisivos'!!!
Grande apoio em Matosinhos, com a bancada vermelha em apoteose, que nem a presença dos Super-Dragays os assustou!!!
Depois de uma fase bastante negativa após a eliminação Europeia, a equipa reencontrou-se, já tinha sido notório nos últimos jogos antes desta Final 8 e confirmou-se este fim-de-semana!

PS: Será que amanhã o Deo quando acordar terá um 'andar' novo, ou vai precisar de ajuda a levantar-se!!!

Empate...

Benfica 2 - 2 Sporting
Pauleta, Darlene


Primeira jornada da Taça da Liga Feminina, com um empate castigador, num jogo onde tivemos sempre a correr atrás no marcador, com muito empenho, mas nem sempre com cabeça...
Impossível não recordar a 'ausência' da Geyse!!!

Mais uma arbitragem inacreditável: perdi a conta às bolas 'limpas' recuperadas pelo nosso meio-campo, que foram 'travadas' pelo apito! E o pior, é que mexeu com a cabeça das nossas jogadoras!

Querem mesmo falar em flops?

"Na sequência da venda de RDT, o jornal “O Jogo” lançou recentemente um artigo onde faz as contas a algumas contratações do SL Benfica, chegando à conclusão que foram gastos mais de 60M em flops. Para além de RDT, o artigo menciona ainda os nomes de Ferreyra, Castillo, Carrilo, Jovic, entre outros.
Pois bem, importa começar por dizer que se é verdade que do ponto de vista desportivo nem todos singraram, a realidade é que do ponto de vista financeiro - e tal como o artigo diz - o saldo entre o valor pago e o valor recebido pelas vendas é positivo. O título da noticia tem um único intuito: levar o leitor a acreditar que todos os negócios foram ruinosos, o que está longe de ser verdade.
Por uma questão de imparcialidade, seria importante o jornal “O Jogo” fazer o mesmo exercício em relação ao FC Porto. Curiosamente, decidiram não o fazer. Não faz mal, fazemos nós por eles.
Na última década, em relação às contratações mais dispendiosas do FC Porto, podemos encontrar as seguintes contratações:
- Adrian Lopez - 11M (60%);
- Imbula - 20M;
- Iturbe - 4.5M;
- Quintero - 10M;
- Diego Reyes - 7M;
- Indi - 7M;
- Depoitre - 6M;
- Boly - 6M;
- Waris
- 5M.
Analisando um a um:
Adrian Lopez - contratado por 11M por 60% do passe. Nunca se conseguiu afirmar no clube, tendo andado de empréstimo em empréstimo, acabando por sair a custo zero no último Verão. Se somarmos aos 11M os prémios pagos aquando da transferência, os salários pagos, e descontando o que foi recebido pelos empréstimos, resta a questão: foi ao não foi flop?
Imbula - chegou ao FC Porto com grande cartel e expectativas, daí o valor pago: 20M. Após apenas 24 jogos, saiu por 24M sem honra nem glória. Se do ponto de vista desportivo é inegável para todos que foi um flop, é igualmente verdade que a venda até deu lucro. Curioso que os indignados pela venda de RDT não tiveram celeumas em considerar a venda de Imbula um grande ato de gestão, ou um exemplo de como tratar activos e atuar no mercado lucrando com um flop.
Iturbe - tido como uma das maiores promessas argentinas, os 4.5M pagos não pareciam descabidos. Todavia, por azar ou incompetência de quem de direito, falhou redondamente no clube. Entre a equipa principal e B, participou em apenas 16 jogos. Foi emprestado sucessivas vezes e foi finalmente vendido por 15M. O FC Porto que agradeça ao Hellas Verona por ter conseguido potenciar o jogador, porque por cá foi inservível.
Quintero - jogador fetiche do inatacável Luís Freitas Lobo (“vai Quintero!”), chegou ao FC Porto por 10M. Apesar de até ter jogado regularmente (mais de 60 jogos), o FC Porto foi incapaz de aproveitar o potencial do jogador colombiano, tendo de assumir o erro e emprestá-lo. Conseguiu finalmente vendê-lo no passado Verão. Por quanto? Por uns fantásticos 3.2M. Excelente negócio, claramente. 
Diego Reyes - Outra aposta que parecia ser acertada e, dada a margem de progressão do jogador, os 7M não escandalizavam. Infelizmente para o mexicano, os mais de 70 jogos em que participou entre equipa principal e B não foram suficientes para agradar à estrutura. Só mais um caso de incapacidade por parte do FC Porto em potenciar um jovem talento. Acabou por sair a custo zero no Verão de 2018. Grande negócio do FC Porto, não acham?
Indi - vindo do Feyenoord, 7M pareciam ajustados e os 71 jogos por cá disputados assim o confirmavam. Contudo, passadas duas épocas foi emprestado. O FC Porto conseguiu recuperar o investimento, todavia não obteve qualquer lucro, pois vendeu o jogador pelos mesmos 7M. Valorização? 0!
Depoitre, Boly e Waris - juntos custaram mais de 17M ao FC Porto. No total participaram em 29 jogos. Depoitre saiu por 3.8M, Waris continua no clube sabe-se lá a fazer o quê e Boly foi o único que acabou por se safar, tendo sido vendido por 12M.
Além dos jogadores acima referenciados, quem não se lembra dos 22 flops brasileiros contratados para a equipa B, alguns terminando a carreira precocemente e outros acabando por mudar de profissão? O assunto foi anteriormente abordado pela equipa do Polvo das Antas e podem aceder ao artigo completo aqui:
https://www.facebook.com/polvosdasantas/posts/382782715649751
É óbvio que num contexto exigente como é o futebol de alta competição, haverá sempre negócios/contratações que acabarão por não ter o devido sucesso. É impossível acertar sempre. Mas, tendo uma estrutura sólida e com gente competente, existe uma forte possibilidade de minimizar riscos e evitar prejuízos, tendo inclusive lucro, como teve o SL Benfica. E se a vertente financeira é importante, a parte desportiva é aquela que mais acaba por pesar. E o que têm em comum Ferreyra, Carrilo, Jovic, Gabriel Barbosa, Victor Andrade, Funes Mori e Derley? Todos eles podem dizer que fizeram parte de planteis campeões pelo Sport Lisboa e Benfica.
Em relação ao FC Porto, é notória a falta de estratégia desportiva, o que poderá estar, ou não, intimamente relacionado com a catastrófica situação financeira do clube. A incapacidade de segurar e potenciar talento é evidente. Herrera, Brahimi e Marcano sorriem. Perguntam porquê? Porque saíram todos a custo zero, com a agravante de serem dos elementos mais influentes no balneário portista. Certamente que se o dinheiro fosse direcionado para aquilo que é importante - a gestão do plantel - e não para outros negócios, os referidos jogadores poderiam ter continuado. Quanto muito, não teriam dado prejuízo.
Tendo estes jogadores estado várias épocas no Porto, o melhor que conseguiram conquistar foi um mísero campeonato. De resto, assistiram na comodidade das suas habitações às festas do SL Benfica. E que lindas foram essas festas, diga-se.
Dois factores podem ser apontados para estes falhanços do FC Porto:
1) deixaram de ter acesso aos nomes identificados pelo scouting do SL Benfica, como foi o caso de Álvaro Pereira, Falcão e James Rodriguez, jogadores que foram roubados através do acesso indevido e criminoso a informação e correspondência privada;
2) a luta interna pelo poder está a prejudicar inegavelmente a gestão desportiva, com cada uma das facções (a de Pinto da Costa, a do seu filho Alexandre e a de Pedro Pinho) a tentar levar a sua avante e em proveito próprio. Oxalá continuem.
A estratégia do SL Benfica está a surtir efeito não obstante de poder vir a ser melhorada em vários pontos, como já tivemos oportunidade de referir. Tendo vindo a apostar em jovens, rentabilizando jogadores e conquistando títulos frequentemente, a vertente financeira não tem sido problema.
Diz-se que um jogador rende mais num colectivo forte, e se rende mais, também valoriza mais. É isso que está a acontecer no SL Benfica. Um clube vencedor tem a capacidade de potenciar ganhos e minimizar perdas. Se considerarmos que com essa estratégia temos tido resultados financeiros bastante positivos e que nos últimos seis campeonatos conquistámos cinco (deviam ser seis em seis!), não há como negar: o trabalho tem sido bem executado, e há que continuar. Comprar bem, vender bem, ser competente e vencer.
É por tudo isto que é absolutamente crucial estarmos focados dentro e fora das quatro linhas para que possamos ser bicampeões. Não basta o polvo estrebuchar, há que matá-lo."

Perigo: contágio !!!


Sport Lisboa e Benfica – Afinação de Janeiro com olho em conquistas de Maio

"Estamos no início do ano e o Sport Lisboa e Benfica arranca este Mercado de Inverno com a exigência de ter um plantel competitivo em todos os sectores, de modo a poder ambicionar associar o caminho para o título ao sucesso europeu na Liga Europa. A preencher o calendário encarnado, surge também um possível extra de três jogos para a Taça de Portugal (contra equipas da Primeira Liga) antes da final no Jamor. Assim, a qualidade das segundas linhas é crucial para se disputar com sucesso estas três competições.
Bruno Lage já várias vezes afirmou a vontade de ter um plantel mais curto – a rondar os 20 jogadores. Com esta ideia, a estratégia do treinador passará por ter um grupo de trabalho mais competitivo, mais coeso e mais fácil de gerir emocionalmente. Um plantel curto também se entrosa na estratégia pública do clube de aposta na formação, pois só assim se abrirá espaço à promoção de jogadores dos Juniores, dos sub-23 e da equipa B.
A 1 de Janeiro de 2020, o plantel do Sport Lisboa e Benfica contava com 28 + dois jogadores, portanto 30 jogadores caso incluíssemos David Tavares e Morato.

Baliza
Na baliza, há falta de competitividade e qualidade. Já no arranque da época, essa fragilidade era reconhecida publicamente pelo próprio Bruno Lage. Vlachodimos melhorou e estabilizou a posição, mas continua sem cobertura. Svilar já não conta e Zlobin não tem ainda futebol que dê garantias em caso de lesão ou suspensão do greco-alemão.
O Mercado de Inverno deverá servir para colocar Svilar e para se contratar um segundo guarda-redes para o plantel encarnado.

Defesa
O centro da defesa tem sido o sector mais frágil deste SL Benfica. Basicamente só conta com a dupla de centrais titulares – Rúben Dias e Ferro. Jardel tem lidado com limitações físicas, Morato está em adaptação na equipa B e Conti não contava e já foi emprestado logo na abertura do Mercado. A falta de cobertura à dupla de centrais titular, e também as lacunas desta, próprias de jogadores ainda em fase de afirmação sénior, expõe a necessidade de um reforço que já deveria ter vindo no Verão – tentativas não faltaram. Apesar da carência, este não me parece o momento adequado para o reforço deste sector.
Nas laterais, continua a faltar um reforço para a direita. Na esquerda, Grimaldo é dono e senhor da ala, e este ano tem a cobertura necessária com a promoção de Nuno Tavares. Na direita, o clube está este ano dependente da explosão do jovem Tomás Tavares. O jovem lateral tem cumprido e demonstrado imenso potencial, mas ainda não deu o salto qualitativo para se afirmar contra adversários de maior qualidade. André Almeida continua a ser mais um excelente suplente do que um grande titular, e o nigeriano Ebuehi não parece fisicamente apto para a presente época.
A contratação de um lateral direito seria interessante, mas parece-me impensável. Que se aproveite a abertura do Mercado para emprestar Ebuehi, de forma a dar-lhe ritmo competitivo para a próxima temporada.

Meio-Campo
No meio campo, há abundância de opções, mas também um grande desequilíbrio qualitativo. São duas posições em paralelo onde Lage ou tem optado por dois jogadores mais posicionais ou por uma mescla entre um jogador mais posicional e outro mais criativo. Dois lugares para sete jogadores: Fejsa, Florentino, Samaris, Gabriel, Taarabt, Gedson Fernandes e David Tavares. Aqui, há obrigatoriamente que reduzir o número de opções. Fejsa não se encaixa no meio-campo a dois e Gedson também não tem lugar nesta equipa. Uma venda e um empréstimo.
A criatividade de Taarabt empurrou Gabriel para uma maior responsabilidade defensiva e Florentino para o banco. O marroquino parece não ter substituto no plantel e nenhum dos outros três médios – Gabriel, Florentino e Samaris – parece ser o seu par perfeito. Julian Weigl é assim um excelente reforço, que promete encaixar maravilhosamente numa dupla com o médio criativo – apesar de me parecer que Bruno Lage irá optar por emparelhar Weigl com Gabriel.
Seria importante a saída de mais um médio. Florentino tem de jogar para crescer e, assim, optaria por emprestá-lo, beneficiando da polivalência de Samaris, que lhe permite actuar como defesa central; no final da época, venderia o médio grego.
Assim, acredito que neste mercado o SL Benfica deveria procurar vender Fejsa e emprestar tanto Gedson como Florentino.

Ataque
O trio de médios mais ofensivos inclui os jogadores que podem actuar como extremos, como médios de organização ou até como segundos avançados. Há uma polivalência circular na disposição destes médios de ataque. Há qualidade e quantidade suficiente no plantel encarnado. Contudo, o lugar de segundo avançado, que carece da saída de Félix e da não contratação de Luca Waldschmidt, deveria ser um dos principais alvos dos encarnados nesta reabertura do mercado.
Com sete jogadores para estas três posições, a meu ver, além da contratação de um 9,5, o SL Benfica deveria arranjar colocação para Zivkovic e também para Caio Lucas. O sérvio está a desperdiçar toda uma carreira e o brasileiro simplesmente não tem qualidade para jogar no Estádio da Luz.
Na frente de ataque, a equipa joga com um ponta de lança e chega a Janeiro com dois jogadores a disputar essa posição. Com a venda de Raúl de Tomás, o Benfica conta apenas com um avançado de área mais finalizador – Vinícius – e com um avançado de futebol mais apoiado – Seferovic. Estando o suíço a fazer uma má época, é urgente que esta lacuna no ataque seja compensada, para se encarar todas as decisões que faltam da época. Uma lesão ou uma suspensão deixam a equipa de Bruno Lage só com um avançado para jogar, sem substituto e sem possibilidades de uma parelha de avançados caso o jogo o esteja a exigir.

Conclusão
O Sport Lisboa e Benfica chega ao Mercado de Inverno com oportunidade de corrigir o que fez no Verão, com oportunidade de fazer tudo o que não fez no Mercado de Verão.
A primeira prioridade seria reduzir o plantel. Este é demasiado extenso em qualquer clube, e ainda mais numa equipa onde o treinador principal insiste nos benefícios de ter um plantel curto.
A saída de Conti era necessária, mas a de Raúl de Tomas é totalmente extra-futebol. Seria importante colocar Svilar, Ebuehi, Gedson, Fejsa, Zivkovic e talvez até Caio Lucas.
Até ao momento, foi contratado um excelente médio, que abrirá as opções a Bruno Lage: Julian Weigl. Seria importante a contratação de um segundo guarda-redes e de um jogador para actuar atrás do ponta de lança. A carência de um defesa central e de um defesa direito ficará para analisar na próxima abertura de mercado.
Nota: Foi anunciada a contratação do extremo Yony González. Um reforço desnecessário e incompreensível. A ser integrado no plantel de Lage, só aumenta a urgência na venda de Caio Lucas, e talvez até obrigue o empréstimo de Jota."