Últimas indefectivações

sexta-feira, 22 de agosto de 2014

Semana de factos pouco vulgares

"O Benfica ganhou o primeiro jogo do campeonato, a última vez que tal sucedeu Azar Karadas fez hat trick em Aveiro e Trapttoni foi campeão com um Benfica de poucos recursos. Que se repita a história.
O Sporting perdeu pontos em Coimbra mas contratou (emprestado) um jogador ao Man. United. Mesmo perdendo pontos, os adeptos exultam no aeroporto. Por mim podiam empatar com o Arouca e comprar alguém ao Real Madrid para a semana.
Se os adeptos do FC Porto se zangarem tanto com o seu treinador como se zangaram com o Paulo Bento, por não colocar o Quaresma a titular, mostram que o treinador é melhor que os adeptos. De facto é do treinador do FC Porto que vem o maior perigo para os rivais dos azuis e brancos, parece sereno e competente. Lopetegui, ao contrário de outros, parece mais preocupado em colocar o FC Porto a jogar bem e a ganhar do que fazer boas exibições nas conferências de imprensa. Mas o problema principal dos maiores clubes portugueses continua a ser o maléfico e longínquo dia 31 de Agosto, só então saberemos quais os verdadeiros ovos que os treinadores têm para fazer omeletes. A contratação de Júlio César parece acertada. Era mesmo preciso um guarda-redes e a opção por alguém muito experiente dá-me uma tranquilidade acrescida. Se as exibições estiverem em linha com a ambição das declarações, será excelente a prestação do internacional brasileiro. Os jornais de ontem referiam mais dois jogadores a caminho do Benfica, mas eu já só acredito quando vejo o comunicado na CMVM.
Domingo contra o histórico Boavista vamos experimentar o famoso sintético do Bessa. Da última vez que jogámos no Bessa, foi contra o Leixões e Fernando Santos foi despedido. Domingo só a vitória interessa ao Benfica e só depois do fim do jogo passarei a desejar sorte ao grande Petit."

Sílvio Cervan, in A Bola

Do cavalo ao Padrinho

"1. Certa vez, António Oliveira Salazar, sabendo que o ministro Moreira das Neves ia fazer um discurso em Aljubarrota, alertou-o: «Não vá para lá comparar-me ao Condestável. Mas também não me compare ao cavalo».
2. Pessoalmente, se me comparassem a um cavalo, não levava grandemente a mal. É um animal nobre e estimável. Já não ficaria muito contente se me comparassem ao Padrinho.
3. Gostei do livro de Mario Puzzo. Revejo os filmes sempre que posso (qualquer um dos três). Marlon Brando, Robert de Niro e Al Pacino são actores extraordinários. Tão extraordinários que conseguem fazer-nos sentir simpatia pelas personagens que interpretam.
4. Mas, a famiglia Corleone construiu-se através do roubo, da corrupção, da extorsão, do nepotismo, do rapto, do assassinato e do toda a espécie de negócios escuros e criminosos. Se alguém me chamar de O Padrinho, mesmo que com extremosa ternura, terei tendência a levar a mal, a ofender-me. Não é necessário explicar porquê.
5. Claro que há, por outro lado, quem se sinta orgulhoso com tal analogia. Também o percebo. Está na massa do sangue do eterno figurão. E, ai de quem o contrarie! Pode acordar com uma cabeça de cavalo enfiada entre os lençóis..."

Afonso de Melo, in O Benfica

Obstáculos

"Dez anos depois, o Benfica ultrapassou o obstáculo de vencer na primeira jornada do campeonato. Obstáculo difícil, a julgar pelos últimos tempos, frente a um Paços de Ferreira novamente treinado por Paulo Fonseca. Foi um Paços felizmente longe daquela espécie de 'táctica da santola' (bem aberto à espera do recheio) que Paulo Fonseca apresentara no seu último jogo como treinador dos pacenses, na derradeira jornada do campeonato 2012-23. Assim, as vitórias sabem melhor, pois ficamos com a sensação de que ultrapassámos um obstáculo esforçado e bem treinado. Além disso, sentimos na bancada que havia um outro obstáculo oriundo de Famalicão e ao serviço do Conselho de Arbitragem.
Foi um obstáculo já de há muito conhecido e que demonstrou boa forma, diligência no cumprimento da missão e deu garantias a quem o nomeou de que, até ao final da época, pode continuar a contar com ele. Como de costume, e enquanto vou ou venho do Estádio, acompanhei o pré e o pós jogo de ouvidos nas emissões radiofónicas (velho hábito que não quero perder). Ouvir os teóricos de serviço dá um tom pitoresco à coisa. Desta vez, senti que, à falta de outros motivos, o palrador de circunstância na estação pública de rádio começou o jogo a querer especular com a ausência do lateral esquerdo Benito dos convocados, e no final do mesmo insurgia-se com o facto de Jorge Jesus chamar o futebolista Tiago pelo seu nome de baptismo e não pelo seu 'nome de guerra' (Bebé). Obviamente que as vitórias do Benfica são um obstáculo para quem vive e sobrevive no afã de fazer prova de vida à custa dos maus momentos do Glorioso. Mas, nesse particular, o tal radialista não está sozinho. São muitos a afiar as facas. Esses, para a semana, terão mais noventa minutos de esperança, enquanto a nosso Benfica tentará ultrapassar mais obstáculos."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

O 'mercado'

"Encerra no próximo dia 31 a pomposamente chamada “janela” de transferências.
Era suposto tratar-se de um período para ajustamento dos plantéis, para cobertura das necessidades desportivas das equipas, para colocação de excedentes, tudo na medida certa, e com uma calendarização compatível com a inteligência humana. E que não trouxesse nova investida em Janeiro, com mais uma violenta dose de mercantilismo, no que de pior a palavra pode conter.
Na verdade, estas “janelas” são períodos em que o futebol, a sua história, a sua cultura, a sua identidade, os seus adeptos, a sua alma, são deitados para o lixo, em nome da negociata, dos interesses, dos intermediários, dos agentes, da ganancia, dos fundos, das off-shores, e, muitas vezes, do mais puro banditismo. Tudo com as competições a decorrer.
A paixão que leva milhões de pessoas a amar um símbolo, a deslocar-se aos estádios, a pagar quotas e lugares cativos, não é compatível com situações completamente surrealistas, como as de um clube que vende Di Maria para comprar James Rodriguez, apenas – é a única razão que encontro – como forma de fazer circular dinheiro num e noutro sentido, fazendo pingar comissões, sabe-se lá para quem.
Noutros sectores, percebeu-se tarde demais o efeito de uma desregulação desenfreada. No futebol, há de se chegar lá. Provavelmente, também tarde demais, quando os estádios estiverem vazios, quando as transmissões televisivas valerem menos, quando as pessoas, enfim, se fartarem disto, e voltarem as costas a quem as usa como peças descartáveis de uma máquina de movimentar milhões.
Adoro futebol. Ou adorava. Já nem sei. O que tenho certo é que estes meses deprimem-me enquanto adepto, e enojam-me enquanto cidadão. Depois de um Mundial fantástico, nada pior do que este rodopio de notícias de jogadores que partem daqui, de jogadores que chegam dali, de traições, de vendilhões de todos os templos, a mostrar, com indiferente soberba, que o futebol se transformou num esgoto. Por agora, está a acabar. Por agora…"

Luís Fialho, in O Benfica

Samaris

Ainda não foi oficializado, mas o Jesus na conferência de imprensa de antevisão da 2.ª jornada, acabou por confirmar a contratação de Andreas Samaris pelo Benfica. Durante o dia, se o Benfica oficializar a contratação, actualizarei o post. (como esperado, já é oficial)
Com a lesão do Fejsa (além da saída do Matic em Janeiro), era obrigatório contratar mais um médio. O Amorim, o Almeida e o Enzo era curto... e o Talisca ainda não convenceu. Com o problema adicional dos problemas físicos recorrentes do Rúben. Será um erro pensar que o Samaris vem para colmatar uma possível saída do Enzo, se o Argentino sair, o Benfica precisa de outro médio... É verdade que a sobrecarga no calendário, dá-se essencialmente a partir de Janeiro, nesta primeira metade da época os jogos são em menor quantidade, e em Janeiro já teremos o Fejsa, mas mesmo assim precisamos de qualidade e opções, na organização ofensiva da equipa...

O Samaris é um excelente jogador, já o tinha observado no Olympiakos, e no último Mundial mesmo não sendo titular, acabou por entrar bem nas partidas, confirmando a minha opinião. Têm sido feitas várias comparações com jogadores de características parecidas, conhecidos pelos Benfiquistas, mas até agora ainda não li nenhuma 'acertada'!!! Para mim, o Samaris, é um Ramires Grego, com 1,90m...!!! Pode dar ares de Matic, com a bola nos pés (pela altura), mas não tem a classe do Sérvio a proteger a bola... agora tem sangue na guelra, é objectivo, e joga para a frente...!!!
Na Grécia jogava a '8', mas é bastante diferente do Enzo, além disso no 'contexto' Grego (clubes ou selecção) aquilo que se espera de um '8', é bastante diferente, daquilo que o Jesus exige de um '8' no Benfica. Veja-se a selecção Grega no último Mundial, que começou com a dupla Maniatis/Katso no meio...
Tal como o Jesus disse hoje, vai ter que aprender a jogar no esquema do Benfica, mas vai seguramente ser uma aposta para Trinco. Como é um jogador muito agressivo, de passada larga, que usa o caparro para ganhar posição, vai ter que aprender a 'contemporizar', para não ir à 'queima', baixar para meio dos centrais (quando um deles vai dobrar os laterais), basicamente não 'destapar' a protecção aos Centrais...
E ainda sabe marcar livres directos com o pé direito...