Últimas indefectivações

quinta-feira, 18 de julho de 2019

Toto Salvio, Lenda...

"Toto Salvio, de 29 anos, transfere-se do Sport Lisboa e Benfica para o Boca Juniors. O extremo argentino está de regresso ao seu país, depois de, ao serviço dos encarnados, ter conquistado 14 troféus.
Chegou ao Benfica em 2010/11, por empréstimo do Atlético de Madrid, e regressou – para ficar – em 2012/13. Desde então, e oito épocas depois, títulos, golos, assistências, dribles inesquecíveis, jogadas arrebatadoras e mais de 250 jogos.
Internacional argentino, Salvio tem o nome gravado na história do Clube também por ser Tetracampeão. Um dos cinco – a que se juntam Jardel, André Almeida, Fejsa e Luisão – que estiveram na conquista dos quatro títulos consecutivos e ainda um dos que mais contribuíram para a obtenção deste feito inédito na história do Benfica. São, ao todo, 14 troféus conquistados em oito anos: 5 Campeonatos Nacionais, 4 Taças da Liga, 2 Taças de Portugal e 3 Supertaças.



A estreia
28 de Agosto de 2010. O Benfica recebia o Vitória de Setúbal em jogo da 3.ª jornada do Campeonato Nacional 2010/11, a primeira época de Salvio no Benfica. Em pleno Estádio da Luz, fez parte do onze titular, tendo sido sacrificado aos 24’ para dar lugar ao... guarda-redes espanhol Roberto (Júlio César, ex-Belenenses, havia sido expulso), num encontro onde os encarnados ganhariam por 3-0.

O(s) primeiro(s) golo(s)
Menos de quatro meses depois [18 de dezembro] marcaria o primeiro golo com o Manto Sagrado. Na recepção ao Rio Ave – em jogo da 14.ª jornada do Campeonato – os encarnados bateram a formação de Vila do Conde por 5-0, com um bis assinado por Salvio (62’ e 74’), que esteve em campo durante os 90 minutos.

Os 250 jogos
23 de Outubro de 2018. Atingia uma marca por poucos alcançada. Em Amesterdão, na Holanda, Salvio faria o 250.º jogo com a camisola do Benfica das águias, diante do Ajax, para a Liga dos Campeões (derrota por 1-0). Uma partida – onde alinhou durante 90 minutos – que faria dele um dos jogadores estrangeiros com mais jogos pelo Benfica. É o quarto, mais precisamente, numa lista liderada por Luisão (538). Até à sua saída faria ainda mais 16 jogos pelos encarnados (266 no total). 
Olhando para as competições europeias, na Liga dos Campeões foram 38 as ocasiões em que o extremo envergou a camisola das águias, somando mais 22 na Liga Europa. No que toca às competições internas: 166 jogos no Campeonato Nacional, 21 na Taça de Portugal, 16 na Taça da Liga e 3 na Supertaça.

Números no Benfica
Época      Jogos    Golos     Assistências
2018/19     28          6                  5
2017/18     34          9                  4
2016/17     42          9                  8
2015/16     12          0                  0
2014/15     38         13                10
2013/14     22          2                  2
2012/13     51         13                 9
2010/11     39         10                 6
TOTAL     266        62               44"

International Champions Cup: should we stay or should we go?

"Após dois testes de pré-época, que tiveram finais diferentes, mas em que a equipa deixou boas indicações, o SL Benfica partiu para os States ou, como se diz em bom português, para os Estados Unidos da América. Com que propósito? Com o de completar a fase preparatória da época com a (terceira) participação na International Champions Cup (ICC), um dos mais prestigiados e, por consequência, prestigiantes torneios de pré-temporada.
Na prova, cujo pontapé de saída foi dado em 2013, sob o nome de Guinness Cup e com a participação de “meros” oito clubes, os encarnados vão realizar três partidas: frente ao CD Guadalajara – conhecido por Chivas – (20 de Julho, 21h05, hora de Lisboa), 14º classificado do mais recente campeonato Clausura; frente à ACF Fiorentina (24/25 de Julho, 1h05, hora de Lisboa), 16º classificado da Serie A 2018/19; e frente ao histórico gigante adormecido AC Milan (28 de julho, 20h05, hora de Lisboa), 5º classificado da última edição da Serie A.
Posto isto, vamos ao que me interessa analisar neste artigo. Apesar de no seio do clube não existirem dúvidas relativamente à participação neste torneio amigável, ainda subsistem, entre os adeptos, algumas reservas quanto a esta participação. Dizem que a primeira vez nunca se esquece e na memória benfiquista ficou cravada – e parece-me que para sempre perpetuada – a primeira vez que o SL Benfica disputou a prova, em solo estadunidense (sim, este vocábulo existe. Sim, soa um bocado estranho). Traumatizados, há benfiquistas que não pretendem reviver o trauma que foi o péssimo início de época 2015/2016, para o qual muito contribuiu o cansaço das viagens transatlânticas e entre cidades norte-americanas. Compreendo a preocupação. No entanto,…
… é redutor ficar preso a um medo que, sob análise, acaba por ter um quê de irracionalidade. Por dois grandes motivos. Primeiro, essa época começou muito mal, mas acabou com a conquista do tricampeonato. Segundo, o mau início de campanha na temporada 15/16 não se deveu apenas à participação (mal preparada, diga-se) na ICC. Não podemos nem devemos nem conseguimos esquecer que se tratou de uma época de profundas mudanças. Mudou o treinador (Jesus – Vitória), mudou o plantel, mudou a estratégia, mudou o paradigma. A instabilidade era demasiada para que o clube colhesse os devidos frutos da digressão pelos Estados Unidos.
Todavia, o receio acorrentou mesmo o SL Benfica à inação e nas duas edições seguintes não houve representante português no torneio. No entanto, mediante convite, o clube da Luz voltou a terras de sua majestade Donald Trump (ele pediu-me para ser assim apelidado) no ano de 2018. Uma boa prestação que, apesar dos receios, não comprometeu o exigente início de época vermelha e branca, que dessas cores acabou pintada, com os festejos do 37. Contas feitas, duas participações na ICC, dois campeonatos.
Como já se percebeu, sou a favor da participação benfiquista na International Champions Cup (e de outras coisas que não interessam ao caso). Contudo, parece-me sensato, nos parágrafos seguintes, elencar os prós e contras… ou melhor, os prós e os contras, uma vez que a primeira designação pode ser marca registada da RTP. Assim, e canalizando a Fátima Campos Ferreira que há em mim, vamos à análise.
Guardando o melhor para o fim, comecemos pelos contras. Como noticiou o diário Record, o SL Benfica vai voar um total de 19 mil quilómetros, segmentados em quatro viagens. Até a águia Vitória ficou atónita. São muitas milhas aéreas e, consequentemente, é muito cansaço acumulado. É natural que, tal como eu, haja quem, do alto da sua portugalidade, diga: “Cansaço? Cansado fico eu que viajo em económica, eles é só mordomias!”. É verdade, mas acalmem-se, não é preciso exaltarem-se. No entanto, o desgaste físico e psicológico é inegável e faz-se sentir em alta competição.
Um contra que pode parecer de somenos importância mas que pode constituir um aspecto desestabilizador do grupo de trabalho é o facto de os jogadores contratados terem que se deslocar para os EUA e integrar a equipa de Bruno Lage longe, muito longe de casa. Volvidos a Portugal, terão de passar por um novo processo de integração e concluir todos os trâmites da transição para Lisboa e para o SL Benfica. Além do mais, integram a equipa a meio de um estágio. Todo este processo pode revelar-se moroso, complexo e difícil.
Por entre a bruma (não é uma referência ao jogador) dos contras puros, surge um contra vira-casacas, um contra que já foi pró. Nas edições anteriores, a viagem compensava por possibilitar confrontos com equipas como a Juventus FC, o Borussia Dortmund, o O. Lyon ou o Paris SG. Ora, como referi, este ano o campeão nacional vai andar pelos ares 19 mil quilómetros para defrontar o 14º classificado do campeonato mexicano e o 5º e 16º classificados da Liga Italiana. Escusado será dizer que nenhuma destas equipas disputará a Liga dos Campeões. Valerá mesmo a pena?
Sim. Não só pelo tamanho da alma benfiquista, que não é nada pequena, mas também pelos prós que enuncio de seguida. Ainda que não entrem em confronto com o SL Benfica, participam na ICC clubes como a campeã italiana Juventus FC, o campeão alemão FC Bayern Munchen, o vice-campeão europeu Tottenham FC, o comprador-mor Club Atlético de Madrid e o comprador ainda maior Real Madrid FC. A presença de clubes de tão grande magnitude prestigia o torneio e, claro, o SL Benfica beneficiará invariavelmente com esse prestígio.
Por outro lado, a valorização e a internacionalização da marca Benfica ganham muito com a participação na ICC. Todas as actividades paralelas – as visitas de Luisão às cidades por onde passará a comitiva encarnada, a parceria com os San Francisco 49ers, equipa californiana de futebol americano (o que me custa escrever esta expressão, aquilo não é futebol) – contribuem de sobremaneira para exportar, fazer crescer e dinamizar a marca Sport Lisboa e Benfica.
Num momento em que no mundo do futebol impera a lógica comercial, tudo isto é importantíssimo. Ainda numa lógica de mercado, veicularam, há alguns meses, notícias que davam conta de um prémio de cerca de três milhões de euros pela participação na ICC. Peanuts, para quem vende por 120 milhões, mas é dinheiro.
Mas como não só de dinheiro vive o futebol (não se riam, vá), importa destacar os adeptos, que vivem separados por um oceano de uma das suas maiores paixões e que, desta forma, podem matar saudades do SL Benfica e, a uma certa extensão, de Portugal.
Então, should we stay or should we go? Devemos ficar ou devemos ir? Pesando os prós e os contras, acredito que devemos ir. Um clube da dimensão do SL Benfica não pode ficar fora destes eventos. Um clube da dimensão do SL Benfica não se pode deixar acorrentar por grilhões de medos e inseguranças. Um clube da dimensão do SL Benfica tem de fazer jus à sua águia e voar. Mesmo que sejam 19 mil quilómetros."

Treino, Dia 18, Stanford

Mattia Perin

"O Sport Lisboa e Benfica informa que na sequência da realização dos exames médicos, hoje efectuados, se conclui que o guarda-redes Mattia Perin tem um processo de recuperação superior ao inicialmente previsto, sendo de cerca de 4 meses.
Nesse sentido, houve acordo entre os clubes e os representantes do jogador para que a recuperação de Mattia Perin seja feita na Juventus e, concluída essa fase, se concretize a transferência do jogador, tal como está acordado por todas as partes."

O louco mundo da bola

"Só nos clubes que vão participar no campeonato da primeira Liga, já deram entrada 127 novos jogadores, enquanto que as saídas, nos mesmos clubes, atinge a interessante cifra de 115. São negócios de milhões.

Ninguém, há pouco mais de meia dezena de anos atrás, ousaria vaticinar aquilo que está a passar-se actualmente no mundo do futebol.
Enquanto nesses tempos as conversas e notícias se resumiam a um muito escasso número de jogadores em movimento no período do defeso agora, quando estamos ainda a um mês e meio do encerramento dos mercados, essa cifra sobe astronomicamente ultrapassando já os milhares, sobretudo nos diversos quadrantes europeus.
Do que se passa nas grandes potências do futebol já todos abrimos a boca de espanto face a algumas movimentações e às verbas que lhes dizem respeito.
E se é verdade que houve já João Félix, Hazard e outros, temos todos a convicção de que muitas “bombas” estão ainda por detonar. Por exemplo, o affaire Neymar está ainda para durar e dar azo a uma guerrilha entre o PSG e o Barcelona, cujo termo é difícil de imaginar.
Por cá, o panorama é simplesmente de espantar. Basta para isso dizer que, até ontem, só nos clubes que vão participar no campeonato da primeira Liga, já deram entrada 127 novos jogadores, enquanto que as saídas, nos mesmos clubes, atinge a interessante cifra de 115, o que, na totalidade, representa o envolvimento de cerca de 250 atletas, e dos vários milhões de euros que correspondem a estes negócios.
Nesta estatística o Gil Vicente leva a palma a todos os demais, com 15 contratações e 18 saídas. Está, assim, justificado o título escolhido para este cacharolete de informações.
O mundo da bola está realmente louco.
A pergunta que se impõe é: como e quando é que este espectáculo pode acabar?"

Braço Armado

"O desenvolvimento e expansão das Casas do Benfica – o braço armado do Clube – tem sido uma das apostas mais vincadas desde que Luís Filipe Vieira assumiu a presidência do Sport Lisboa e Benfica.
E, como não poderia deixar de ser, a presença da equipa de futebol nos Estados Unidos da América será, também, aproveitada para a inauguração de duas Casas (San José e New Bedford) e a visita a mais cinco (Hartford, Danbury, Philadelfia, Newark, Fall River) das onze existentes na América do Norte.
A ideia, revelada por Cosme Damião numa entrevista, remonta aos anos dez do século passado e o entusiasmo com que foi implementada, primeiro criando Filiais e Delegações, depois Casas, foi sofrendo avanços e recuos ao longo dos tempos, com um total hoje que ascende às 289. Nos últimos 16 anos, tornou-se num eixo estratégico do fomento do benfiquismo, através da presença física do Benfica um pouco por todo o País e estrangeiro e, sobretudo, aproveitando as possibilidades que a tecnologia oferece no presente para aproximar os Benfiquistas ao clube.
No passado recente, mais do que o mero crescimento da rede de Casas do Benfica, o Clube tem incentivado a modernização das mesmas. Assim, têm sido implementados diversos projectos cujo objectivo passa por assegurar que os Sócios do Clube disponham presencialmente, mesmo quando se encontram longe do Estádio, dos serviços a si prestados.
O aumento das Casas do Benfica com ligação de rede e sistema de bilhética, incluindo as localizadas fora de Portugal, tem sido uma realidade e será reforçado no futuro próximo. A uniformização da imagem das Casas tem merecido o enfoque da acção do departamento responsável e prosseguirá a bom ritmo. E a formação contínua dos colaboradores e a criação de valor e marca dos serviços de restauração e snack-bar das Casas é outra das várias medidas implementadas.
Finalmente, está a ser preparado o lançamento do conceito Casa do Benfica 2.0, cuja inauguração está prevista, ainda este ano, em Santarém. Preferencialmente localizadas em zonas centrais ou emblemáticas das localidades, as Casas 2.0 terão três áreas de actuação: Store Benfica; Snack-bar; e Benfica ativo (dos 6 aos 100 anos), com uma oferta de actividades que vão do desporto e ocupação de tempos livres ao apoio escolar e educação complementar.
O futuro do Benfica está garantido!

P.S.: Foi ultrapassada a meta dos 45 000 Red Pass vendidos e fechada, conforme revelado oportunamente, a fase de renovação e venda de forma a assegurar que, em cada jogo e tendo em conta a lotação do Estádio, os Sócios tenham a possibilidade de adquirir bilhetes."

O Brinco da Baptista #9 - Brinco 2.0

Os novos número 10 – Ferro


"Ao longo da existência do Lateral Esquerdo tenho passado o quão importante é todos os jogadores serem capazes de participar em todos os momentos no jogo. No programa da Rádio Estádio (aqui) abordamos o “desaparecimento” do 10, e a importância de que tais funções (Construir / Criar) sejam entregues a todos os jogadores.
A evolução do jogo bem patente na escassez do espaço para se jogar, tornou numa necessidade a competência ofensiva dos defesas centrais.
Tantas são as vezes em que o primeiro desequilíbrio (tornar a situação numérica e espacial mais vantajosa) tem de surgir dos pés dos defesas, afinal são estes que por norma recebem com mais espaço, comparativamente a todos os outros colegas, tendo portanto a obrigatoriedade de criar melhores condições de chegar ao golo para a sua equipa.
O cada vez mais tradicional passe para entre os sectores adversários, que elimina (deixa à frente da linha da bola) uma série de jogadores oponentes, é portanto decisivo para que depois do passe chegado ao último terço, haja condições para acelerar (porque contra menos adversários).
Em Portugal há dois defesas verdadeiramente diferenciados no seu comportamento ofensivo. De Mathieu temos falado sucessivamente. O outro é Ferro. O central do Benfica em Coimbra demonstrou toda a sua classe em posse, e como é capaz de transformar lances contra os 11 adversários em situações contra apenas 4 ou 5.
Um compêndio!"

Um trabalho de excelência

"A capacidade de regeneração do futebol português devia ser objecto de estudo. Um ano depois da vitória no Europeu de sub-19, uma nova geração destaca-se na mesma competição. Depois dos 3-0 à Itália na estreia, o empate diante da Espanha (recuperando de desvantagem) deixa os miúdos orientados por Filipe Ramos a precisar de apenas um empate com a Arménia para atingir as meias-finais da prova. Os sucessos consecutivos do futebol português (que se podem medir em presenças em fases finais internacionais e até títulos), em vários escalões e variantes, colocam o nosso país na elite europeia, junto de gigantes como Espanha, França ou Alemanha - tudo nações imensamente maiores e com um número imensamente superior de praticantes. E considerar um grande falhanço ver os sub-20 a não passar da fase de grupos do Mundial é, por estranho que possa parecer, um bom sinal: estamos a ser mal habituados.
Como se explica que um país que acaba de chegar aos 200 mil praticantes consiga ser presença tão habitual no topo do futebol europeu? Como não somos de uma espécie diferente, com mais talento natural que outros, a resposta só pode ser uma: trabalho e conhecimentos técnicos. Apesar do ‘embrulho’ nem sempre ser o melhor, o futebol que temos em Portugal, em particular ao nível das bases dos clubes e Federação, é de excelência."

Regulação no desporto: um longo caminho pela frente

"Continuamos a cometer o erro de desdobrar e criar mais entidades autónomas, e a aprovar mais legislação avulsa.

O "match-fixing", ou a manipulação de resultados desportivos, é uma das maiores ameaças ao desporto contemporâneo, não apenas pela forma como atenta contra as regras do jogo, ao eliminar a variável de imprevisibilidade, mas porque introduz ainda a batota económica e desportiva. É certo que existe desde a criação dos Jogos Olímpicos na Antiguidade mas, devido à complexidade do mundo de hoje, as más práticas que afetam o desporto têm de ser combatidas e de igual forma integradas na contemporaneidade, com o auxílio de novas tecnologias.
São já vários países do mundo, e mais concretamente na Europa, que trabalham no sentido de melhor regular a prática desportiva, ao criar enquadramentos legislativos que protejam os valores basilares do desporto. A ONU, a UE, o Comité Olímpico Internacional, a UEFA, a FIFA, a Interpol, Europol e diferentes ONGs têm também desenvolvido estratégias concertadas para a prevenção e sanção do "match-fixing", assim como educar e qualificar todos os intervenientes desportivos para lidarem com os desafios colocados por este problema.
Muito embora possamos observar estas movimentações, a verdade é que não é suficiente enquanto não houver um trabalho coeso e concertado. São vários os casos de "match-fixing", na Europa, de que temos vindo a tomar conhecimento, como o que respeita a Bundesliga em 2005, com o árbitro Hoyzer, o escândalo na Liga Italiana, em 2006, com várias equipas da 1.ª Liga, o caso do árbitro ucraniano Oleg Oriekov, ou o caso Crashgate na Fórmula 1 em 2008, ou ainda o caso reportado pela Federbet, relativo a "match-fixing" em Inglaterra, em 2013.
Com este historial, e sabendo que outros casos existem certamente, o Conselho Europeu aprovou um instrumento jurídico de referência na luta contra o "match-fixing". Trata-se da Convenção sobre a Manipulação de Competições Desportivas (Convenção de Macolin), que está aberta a assinaturas e que tem como propósito proteger a integridade do desporto e a ética desportiva. Embora seja um bom trabalho que representa um primeiro passo para o combate ao crime no desporto, tendo como objectivos prevenir, detectar e sancionar a manipulação de competições desportivas nacionais e internacionais, e promover a cooperação nacional e internacional entre as autoridades públicas competentes, a verdade é que está aberta a assinaturas desde 2014, mas ainda não recolheu as necessárias para entrar em vigor.
Em Portugal, na sequência da aprovação da Convenção Macolin verificou-se igualmente um esforço legislativo, principalmente no rescaldo do "Apito Dourado", que não teve qualquer consequência para os dirigentes e agentes desportivos envolvidos, uma vez que a lei da corrupção desportiva não era suficiente e inviabilizou as provas recolhidas pela Polícia Judiciária, como escutas telefónicas, uma vez que os crimes em causa não tinham moldura penal suficiente para permitir a utilização de escutas no procedimento criminal.
Por outro lado, de acordo com o princípio da autonomia do desporto, em Portugal as organizações desportivas detêm competências autorregulatórias e disciplinares. Perante esta realidade, não é possível haver um combate coeso e concertado ao crime na prática desportiva, uma vez que cada autoridade ou organização implementa as medidas que entende, de forma isolada e de acordo com os seus interesses.
Embora órgãos como os Comités Olímpico e Paralímpico de Portugal, a Federação Portuguesa de Futebol, a Liga Portuguesa de Futebol Profissional, o Instituto Português do Desporto e da Juventude e a Polícia Judiciária já tenham implementado uma série de iniciativas de educação e formação para a prevenção do "match-fixing", este é um trabalho insuficiente, enquanto não houver protocolos de cooperação entre os vários operadores desportivos destinados a proteger a integridade das competições desportivas.
As recomendações emergentes da Convenção Macolin são claras e não têm sido atendidas no ordenamento jurídico português, que ainda não reconheceu devidamente o problema, nem aprovou as medidas legislativas necessárias à sua erradicação, de uma forma estruturada, científica e harmonizada. Continuamos a cometer o erro de desdobrar e criar mais entidades autónomas, e a aprovar mais legislação avulsa, quando a solução adequada é a de criar uma única autoridade sob égide governamental, que abarque todos os fenómenos antidesportivos, bem como aprovar um Código de Direito do Desporto, concentrando toda a legislação e facilitando as soluções jurídicas, sobretudo a prática desportiva sã e responsável."

Djokovic vs. Federer

"Agradeço ser de uma geração, que me permitiu assistir a esta final entre Djokovic e Federer, e agradeço a Federer e a Djokovic o jogo que proporcionaram. Já, na 6.ª feira, tinha assistido a uma grande semi-final, que foi uma final antecipada entre Nadal e Federer. Não é usual ver tão bom ténis num curto espaço de tempo. Viva o ténis em todo o seu esplendor!
Federer perdeu, mas ficou a sensação que poderia ter vencido. Foi pena! Pois, pode já não voltar a este nível, contudo ele surpreendeu-me pela sua fénix e volta sempre melhor e capaz de fazer coisas incríveis.
Segui o jogo no Domingo passado e até soei de acompanhar este brilhante jogo, pela emoção, virtuosidade dos dois jogadores e o ambiente vivido nas bancadas. Incrível!
Achei esta partida de ténis épica e não dei o tempo por perdido, antes pelo contrário. Neste torneio de Wimbledon tive pena da ausência de Del Potro por lesão, o único que se consegue intrometer na hegemonia deste triunvirato que dura há 15 anos: Nadal, Federer e Djokovic. São verdadeiros monstros sagrados e há que prestar homenagem a tanta qualidade.
Federer teve tudo para fechar a partida, mas Djokovic salvou duas bolas de partida e no final foi ele que venceu.
Federer, para meu espanto, foi melhor, pensei que Djokovic resolveria esta partida rapidamente. 
Federer no dia em que se retire, o ténis nunca mais será a mesma coisa. A melhor coisa que teve esta partida para Federer é que sentiu que pode continuar e continuará no topo.
Há um incremento da longevidade de um ser humano, como a melhoria do seu estado físico. Hoje em dia, há técnicas e procedimentos para manter um atleta ao mais alto nível.
Djokovic é um grande desportista, um grande campeão e um tipo porreiro. Aceita que Federer tenha mais fãs, mas isso não o desmoraliza e até funciona como incentivo para vencer.
A rivalidade entre Federer, Nadal e Djokovic tem sido brutal e vai continuar, temos a seguir o US Open. Contudo a sã convivência entre eles é um exemplo para todo o desporto, podem ser rivais e adversários, mas não são inimigos.
Federer mesmo na derrota é um senhor, a jogar faz coisas que nos deixa boquiabertos, por vezes, torna as coisas difíceis, fáceis e no court parece que está num bailado, com beleza e elegância à mistura.
Termino dizendo: Federer, por favor, continua o ténis precisa de ti.

Nota: Parabéns à selecção de Portugal de hóquei em patins, que se sagrou campeã mundial."

Em Las Vegas o basquetebol é global

"Recebi a proposta para trabalhar na organização de um evento desportivo em Las Vegas (EUA) e, no pouco tempo livre de que dispus, aproveitei para acompanhar ao vivo a NBA Summer League, que se realiza como já é um hábito naquela mesma cidade, para saudar amigos de longa data, que conheci no decurso das minhas inúmeras viagens aos USA e outros países, por compromissos profissionais. Pude comprovar, uma vez mais, que o Basketball Global é, cada vez mais, uma realidade.
Permitam-me a indelicadeza e atraiçoar o espírito de que o que se passa em Las Vegas é… para ficar em Las Vegas, mas até porque a audiência do basquetebol é global, consequência das redes sociais e das políticas de comunicação, pelo que quase tudo o que se viveu naquelas paragens foi do domínio público. Quase tudo, sublinho…
A edição de 2019 da Summer League concentrava os holofotes do Thomas and Mack Cox Pavilion para as estreias dos candidatos a estrelas da NBA Zion Williams e RJ Barrett, eperando a NBA que estes venham a abanar a melhor competição do mundo. Ora o que não se esperava é que m terramoto real ajudasse a se falar ainda mais da NBA Summer League. Com o marketing da NBA a trabalhar de forma exemplar, não fosse aquela organização a grande referência do marketing no mundo da indústria desportiva, pudemos encontrar pessoas do basquetebol de todo o mundo. Diretores desportivos, treinadores, e jogadores de diversas nacionalidades eram facilmente identificados e mesmo os que não estão em atividade, são muitos os presentes como forma de acompanhar o que se passa, sendo convidados pelas suas ex-equipas ou pela própria NBA.
Os italianos e israelitas são visita frequente destes eventos; os turcos surgem cada vez mais e em maior número; os sérvios, croatas e amantes da modalidade de outros países do leste europeu estão, agora, entre os principais clientes; depois, encontram-se representantes de países mais pequenos, como a Áustria, Finlândia, Geórgia, Inglaterra e até Luxemburgo, que já são chamados para trocar opiniões e conversar nos intervalos dos jogos.
Nos últimos anos, Espanha começa a ser, igualmente, uma presença constante, depois de durante anos raramente serem vistos agentes, scouters, directores desportivos ou treinadores nuestros hermanos por terras do Tio Sam. Antigamente, utilizavam, por certo, outros recursos para observação de jogadores, que não o presencial, mas dada a forte concorrência das restantes equipas europeias passaram, também eles, a marcar viagem com antecedência para Las Vegas.
Para compreendermos este frenesim temos de perceber a estrutura do desporto americano e das organizações desportivas da NBA. Os principais cargos das diferentes organizações são ocupados por pessoas ligadas à modalidade, que vão subindo na hierarquia ao longo dos tempos e que no fundo nunca deixam de pertencer ao mundo do basquetebol. Até os comentadores desportivos têm um enorme conhecimento do jogo, visto que os órgãos de comunicação social escolhem para essas posições ex-jogadores e ex-treinadores, que assumem a compreensão do jogo em diversos níveis.
Na Europa, a influência de pessoas do basquetebol tem ganho peso nas estruturas das organizações desportivas, não sendo de estranhar que as presidências da federação da Turquia (Turkoglu) e de Espanha (Garbajosa) sejam ocupadas por antigas estrelas. Nos clubes que participam nas grandes competições europeias a realidade é semelhante. Dá-se inclusivamente o caso de na competição espanhola ACB, as suas normas obrigarem a que todos os seus clubes apresentem um director desportivo e um responsável do marketing e comunicação, o que já tínhamos presenciado aquando da nossa presença no Cajasol Sevilha, equipa que nesse época atingiu a final da Eurocup.
Contudo, em Portugal, o basquetebol ainda não se tornou global. É pouco comum ver um ex-dirigente, um ex-treinador ou ex-jogadores num pavilhão de basquetebol em Portugal quanto mais no estrangeiro. Porque será? No futebol, vemos que os clubes aproveitam dirigentes, treinadores e jogadores em actividade ou não, para os manter no ensino do jogo, promoção do clube, promoção da modalidade, servindo de exemplo para os jovens e de relações públicas junto de patrocinadores e adeptos. Por que razão o basquetebol português abdicou destas pessoas? Será que podemos abdicar delas?
Num passado recente, tivemos grandes referências portuguesas, que em conjunto com jogadores estrangeiros elevaram o basquetebol para um nível competitivo bastante interessante. Jogadores como Reggie Geary (esteve nos San Antonio Spurs, passou pelo Futebol Clube do Porto e esteve, mais tarde, nos Minesota Timberwolves, na Summer League de Boston), Jobey Thomas (passou pela Summer League), Marc Acres (tinha vinte minutos de média de jogo na NBA, com os Boston Celtics, e depois nos Orlando Magic durante diversas épocas, jogando posteriormente no Benfica) e o grande Mário Ellie que foi campeão em Portugal antes de o ser na NBA, pelo Houston Rockets e depois pelos San Antonio Spurs, são bons exemplos. Por Portugal passaram ainda outros jogadores americanos que foram campeões da NCAA e do NIT, que representaram a selecção americana em eventos internacionais e outros que jogaram ao nível da Euroliga.
Os bons exemplos e referências são fundamentais para a imagem do basquetebol e da competição, para a captação e fidelização de adeptos, promoção junto de entidades, organizações, empresas e patrocinadores, e não compreender isto é não perceber os alicerces da indústria desportiva, na qual o basquetebol está forçosamente inserido.
O frenesim provocado pelas contratações dos chamados free agents, para além de manter a NBA nas manchetes dos jornais diários, movimentou cerca de meio bilião de dólares em contratos que, de seguida, terão repercussões no merchandising e outras áreas de negócio, como vendas de bilhetes, mas também na gestão da competição com discussões ao nível dos directores desportivos e executivos, na reunião dos Board of Governors (proprietários das organizações) para perceber como se pode melhorar a competição.
Considero que em Portugal existem pessoas de grande qualidade a diversos níveis, mas para chegarmos a outro patamar precisamos de fazer parte deste Basquetebol Global. Para que isso aconteça, o basquetebol terá de ser gerido forçosamente como parte integrante da indústria desportiva e por quem conheça o jogo de basquetebol a diversos níveis."

Benfiquismo (MCCXXXV)

Mais um tiro...!!!

Vermelhão: mais um treino...

Académica CS 1 - 9 Benfica

Jogo treino, com uma equipa amadora local, da comunidade portuguesa...
Mais a pensar nas Relações Públicas do que na competitividade!

Hóquei e sorteios (e Jonas)

"Simpatizo mais com o sistema inglês, em que o sorteio da primeira volta é um, e o sorteio da segunda volta é outra separado

1. Portugal, campeão do mundo de hóquei em patins. E logo na Catalunha!... Grande e saborosa vitória, com uma equipa coesa e bem treinada, e com o guardião Girão absolutamente insuperável. A esta conquista voltarei proximamente com mais detalhe, como bem merecem a nossa Selecção e a modalidade, que têm sido submetidas injustamente à ditadura do futebol. Nestes dias em que Portugal jogou, a RTP fez verdadeiro serviço público, nas mesmas horas em que os outros canais noticiosos empanturravam os espectadores com mais milhões das transferências, quezílias previamente formatadas entre certos comentadores, marcado e transferências alimentados por não notícias, rumores e recados. Até por isso me soube ainda melhora vitória de David-hóquei sobre Golias-futebol.


2. Aproxima-se o início oficial da nova época futebolística, ainda que sujeito a todas as servícias próprias de um defeso que acaba quando se estiver já a disputar a 4.ª jornada do campeonato!
Para os adeptos de um clube, o primeiro sinal de nervosismo miudinho de uma nova temporada é dado pelo sorteio das competições nacionais, agora objecto de uma cerimónia publicamente cuidada. Desta vez, não houve enganos e o sorteio inicial doi mesmo o definitivo, ainda que, neste modelo, sem uma pinga de emoção, feito que é por frios computadores e programas informáticos, apenas com algumas restrições, mormente de proximidade geográfica. Também aprecio a não existência de limitações nos jogos entre os três grandes que, durante alguns anos, existiu para impedir estes clássicos logo no dealbar do campeonato.

Pensando racionalmente, um sorteio destes deveria ser olhado como neutro para o decorrer da competição. No fim de contas, todos têm de jogar contra todos (excepto contra os próprios, o que às vezes até acaba por acontecer por outras vias...). Mesmo assim, simpatizo mais com o sistema inglês, em que o sorteio da primeira volta é um, e o sorteio da segunda volta é outro separado, não se limitando à reprodução da primeira volta.
Olhando para o sorteio, destacaria alguns pontos ou pormenores que me chamaram a atenção:
- A última jornada com os 4 melhores clubes a jogarem entre si. O Benfica recebendo o seu rival Sporting (não me recordo de alguma vez ter assim acontecido, pelo menos nas últimas décadas) e o Porto indo a Braga. Jogos decisivos ou talvez não... mas se o forem em simultâneo, já imagino muitos corações a pulsar de nervos e as benzodiazepinas a aumentar do consumo:
- Também relativamente incomum, é um Benfica - Porto ainda em pleno mês de Agosto (e defeso!), com uma vantagem para os dois clubes: a de não ter um carácter decisivo para o título, nem na primeira, nem na segunda volta. O Sporting já não pode dizer o mesmo porque nas últimas três jornadas vai no Dragão e termina na Luz;
- Acontece ao FCP o que aconteceu ao Benfica no ano passado: a situação de defrontar um dos principais rivais em regime da sanduíche competitiva, isto é entre duas partidas decisivas do play-off para acesso à fase de grupos da Liga dos Campeões. Recordo que, há um ano, houve um Benfica - Sporting entre os dois jogos decisivos na Champions. Tratando-se de um momento importante para um clube português no contexto das competições europeias (para um clube e para o delicado ranking dos clubes portugueses na UEFA), deveriam acautelar-se estes caprichos de um sorteio. Agora é o adversário do Benfica que foi atingido, mas se assim pensei quando o visado foi o meu clube, tenho, evidentemente, a mesmíssima opinião agora.

3. Fui consultar os jogos de abertura dos três grandes nos últimos dez campeonatos (desde 2009/2010 até 2018/2019) e constatei que:
- o melhor desempenho é o do Porto com 8 vitórias e 2 empates (ambos fora de casa), seguido do Sporting com 5 vitórias, 4 empates (um em Alvalade) e 1 derrota (fora). O Benfica tem 5 vitórias, mas foi derrotado 2 vezes (uma em casa, com a Académica) e empatou em 3 (dois dos quais na Luz);
- Acontece que se o Benfica na primeira metade da referida década não conseguiu ganhar nenhuma vez (!), embora tenha jogado 3 partidas no seu estádio, na segunda metade, ou seja desde 2014/2015, venceu sempre, assim ultrapassando o trauma das falsas partidas;
- Nestes 10 anos, houve duas épocas em que nenhuma das 3 equipas venceu: em 2009/2010 e em 2012/2013, todas empataram, ainda que, em ambas as ocasiões, só o SLB tenha jogado no seu reduto;
- Aparentemente com algum significado é o facto de nas últimas 4 temporadas, os três rivais terem ganhado sempre a partida inicial;
- O Benfica voltará a entrar jogando na Luz, assim aumentando para 8 as vezes em que tal aconteceu nas 11 temporadas (já contando com a que se vai iniciar). Já o Sporting tem exactamente o registo inverso, o que se compreende pois uma das restrições ao sorteio é o da não coincidência dos jogos caseiros das equipas da 2.ª Circular. Por sua vez, o Porto regista 5 encontros em casa e 6 fora;
- A última vez que o campeão nacional de uma época não venceu o jogo inaugurou aconteceu com o Benfica. Foi em 2013/2014, com a derrota no campo de Marítimo por 1-2;
- Se olharmos para as derradeiras e decisivas 4 jornadas do próximo campeonato, e numa perspectiva histórica, é o Benfica que tem uma percentagem maior de favoritismo (Famalicão(f), Vitória Guimarães(c), D. Aves(f) e Sporting(c)). Já a equipa leonina enfrenta um itinerário aparentemente mais complicado (Santa Clara(c), Porto(f), Vitória Setúbal(c) e Benfica(f). Quanto ao Porto, a sua ponta final estará entre a maior ou menor dificuldade teórica dos clubes da capital (Tondela(f), Sporting(c), Moreirense(c) e SC Braga(f). Mas não nos esqueçamos de outras equipas, em especial do SC Braga...;
- Já quanto às primeiras 4 jornadas, parece-me que foi o Benfica que calhou o mais complicado início, tendo que defrontar em caso o Porto e jogando fora com SC Braga, na jornada seguinte (e viajando antes ao Jamor para defrontar o ainda chamado Belenenses SAD). Todavia, em comparação com a época transacta, em que também defrontou o Sporting, não tem jogos eliminatórios na Europa;
- Um aspecto de que não gosto no calendário anunciado é de haver quase um mês sem jogos para o Campeonato, entre a jornada n.º 7 (em 29 de Setembro) e a jornada n.º 8 (em 27 de Outubro), apesar dos motivos para tal (Taça de Portugal e jogos da Selecção). Acresce que haverá uma nova interrupção entre 10 de Novembro e 1 de Dezembro. No total, entre 29 de Setembro e 1 de Dezembro, isto é em mais de dois meses, jogar-se-ão tão-só 4 jornadas! Compreendo os motivos, mas parece-me excessiva esta fragmentação do campeonato, que, verdadeiramente, é o que mais vive da continuidade regular. Em contrapartida, aplaudo a interrupção por ocasião das férias natalícias, desde a jornada n.º 14, em 15 de Dezembro e a seguinte em 5 de Janeiro de 2020, neste caso a abrir com um Sporting-Porto;
- Em boa hora se acabará com a anomalia de os dois jogos das meias-finais da Taça de Portugal serem disputados com uma distância entre eles de dois meses! É pois bem-vinda a alteração que vai permitir que, em Fevereiro do próximo ano, e a meio da semana, aquelas se disputem em duas semanas consecutivas.

Contraluz
- Gratidão: Já sinto saudades do perfume e inteligência futebolísticas de Jonas. Foi, sem dúvida, um jogador que marcou a vida e a história do Benfica. Não creio que haja substituto à sua altura: na qualidade, na eficácia, no empenho, na conjugação entre a individualidade e o colectivo, na humildade e na sensatez. Fascinante a entrevista à BTV na passada quinta-feira conduzida por Hélder Conduto. Ali se revelou a pessoa em toda a sua dimensão: humana, profissional, familiar e ética. Ali e em todas as ocasiões, tem exteriorizado a gratidão ao clube, depois de inexplicavelmente ostracizado em Valência. E nós expressamos toda a gratidão a um dos melhores atletas que alguma vez jogaram no clube, num tempo em que a memória e o sentido de gratidão andam tão arredios do mundo do futebol, apenas concentrado na cor do dinheiro.
- Pronúncia: Desculpem-me a insistência. O nome Félix não se lê como se acabasse em cs, mas antes como a última palavra fosse um s. Curiosamente, na apresentação de João Félix, no Atlético de Madrid, ouvi o apresentador e jornalistas espanhóis sempre a dizerem o nome correctamente (além do próprio atleta). Por aqui, é um fartar de locutores e comentadores e insistirem no erro. Será assim tão difícil um esforço e atenção para se pronunciar correctamente este nome?"

Bagão Félix, in A Bola

Campeão ainda em obras

"Aceita-se a prioridade com o lugar de guarda-redes desde que se faça o investimento adequado na outra ponta da equipa

cinco anos, Oblak fugiu para o Atlético de Madrid motivado pela legítima aspiração de jogar numas das melhores ligas do mundo, com a visibilidade que a portuguesa não lhe dava, mas quem está recordado sabe que a verdadeira razão que o levou a tomar essa decisão deveu-se ao facto de o seu valor não ser reconhecido pelo treinador do Benfica na altura.
O guarda-redes esloveno percebeu que, a ficar na Luz, arrastaria a sua carreira de emprestado e não hesitou quando o clube espanhol lhe estendeu o convite como prova de confiança na sua irrecusável classe, que o coloca hoje entre os melhores do mundo e que a estrutura técnica encarnada nunca enxergou.
Se a história se vai repetir ou não saberemos mais tarde. A previsível dispensa de Vlachodimos não deixa de ser uma surpresa, mas desde que começaram a circular nomes de gente célebre para o render, como Cillessen ou Keylor Navas, enfim, mesmo não se vendo na posição um caso urgente para resolver, em face das alternativas noticiadas, nada a dizer. No entanto, trocá-lo pelo despromovido a terceiro guarda-redes da Juventus, devido ao regresso de Buffon, de experiência zero na Champions e da mesma altura de Vlachodimos (1,88), por isso o reparo de encher pouco a baliza, aparentemente, terá pouco cabimento. Além de obrigar ao dispêndio de uma quantia acima dos 10 milhões. Só não será um negócio pouco recomendável se alguém descortinou no italiano qualidades muito relevantes no período em que representou o Génova e que atestam a aquisição.
Por outro lado, quando se falou na cedência de Svilar para jogar com regularidade, admitiu--se que a ideia seria ficar com dois guarda-redes de nível elevado, o tal peso pesado mais o grego. Tinha lógica, mas os últimos desenvolvimentos sugerem que Vlachodimos vai à vida dele e Svilar fica onde está. Vá lá entender-se...

Com o plantel, em linhas gerais, estabilizado o estruturado, fruto do novo modelo de gestão, finalmente activado com a assensão de Bruno Lage a treinador principal, não seria suposto ver o campeão ainda em obras por esta altura, mas há sempre situações sensíveis que demoram mais do que o previsto a resolverem-se.
Na circunstância, houve que clarificar o futuro de Salvio, que há não viajou com a comitiva para os Estados Unidos. Cessa a sua ligação ao Benfica e volta à Argentina para alinhar no Boca Juniors.
Tudo tem o seu tempo e o de Salvio estava no limite do prazo de validade. Até já teria expirado. Acredita-se que foi a mais sensata e favorável a todas as partes.

No sábado à noite, em Coimbra, a família benfiquista sossegou, não tanto pelos oito golos marcados à Académica, também ela a enfermar dos mesmos problemas, mas, sobretudo, devido à declaração de Bruno Lage, o qual, pela primeira vez, se referiu aos abandonas de Jonas e João Félix para apelar à contenção crítica: «Deixem esta malta trabalhar como está a trabalhar, correr como correu, bom bola e sem bola, é isso que pretendemos», afirmou.
Lage tem a noção perfeita das dúvidas e dos receios dos adeptos encarnados dado não ser fácil convencê-los de que nenhuma consequência comprometedora advirá das saídas de Jonas e Félix, jogadores de diferentes gerações mas ambos determinantes na reconquista. Os dois contribuíram com 26 golos no Campeonato em meia época de utilização regular, uma marca que de modo nenhum deve ser desvalorizada.

De Tomas quer demonstrar que foi um bom investimento. Tem golo, toque fino, sabe movimentar-se, lê bem o jogo e vê-se que o grupo o acolheu de braços abertos, mas, sozinho, não fará esquecer a dupla Jonas-Félix. Precisa de amparo de Seferovic, mas, se calhar, vai ser ele a orientar o suíço.
A temporada é longa e as lesões não avisam, motivo pelo qual se aceita a prioridade com o lugar de guarda-redes desde que se faça o investimento adequado na outra ponta da equipa. Sofrer menos golos é objectivo louvável, mas num emblema que por vocação histórica promove a cultura de ataque essa medida apenas será verdadeiramente eficaz se, em simultâneo, for realizado um esforço para aumentar a sua capacidade concretizadora. Que é suficiente para consumo interno, mas talvez de menos para as ambições europeias que o presidente definiu e o treinador aprovou.
De Tomas não é Jonas, mas reúne credenciais para dar o nome a uma nova dinastia goleadora. Quanto À vaga aberta por Félix a questão é mais complexa. De entre os que estão não se vislumbra quem justifique tão gigantesca promoção. Por isso, talvez não fosse mal pensado concentrar energias e euros no ataque: saíram dois e entrou um. Está deficitário."

Fernando Guerra, in A Bola

Perin, boa escolha; Svilar deve rodar

"O Benfica acabou de contratar um guarda-redes de créditos firmados, um dos melhores de Itália, e ao fazê-lo terá, por certo, em mente, entregar-lhe a titularidade, Odysseas Vlachodimos, jovem internacional grego, que realizou uma temporada de 2018/2019 de muito bom nível, tem mercado no estrangeiro e a sua saída da Luz pode vir a ser uma realidade, em breve. Ficarão, como alternativas a Mattia Perin, o russo Zlobin, de 22 anos e o sérvio Svilar, de 19. Seria prudente que os encarnados garantissem o concurso de um guarda-redes experiente e dispensassem Svilar, à imagem do que foi feito, na Luz, com Oblak e Ederson.
Mile Svilar, enorme talento, precisa de jogar, de jogar muito, de falhar e aprender a viver com angústia do erro; de ser, noutros dias, herói, e perceber como é efémera a glória do guarda-redes; de crescer como futebolista através da única fórmula de sucesso garantido: muitos minutos a doer, muito experiência acumulada. Nada, mas mesmo nada, substitui o jogo na evolução de um jogador.
Manter Svilar mais um ano, como dizem os espanhóis, entre algodões, dificilmente contribuirá para que o jovem sérvio atinja o potencial tremendo que possui.
Exemplares na forma como monitorizaram o crescimento de Oblak e Ederson, dois dos cinco melhores guarda-redes da actualidade, à escola planetária, os responsáveis benfiquistas têm agora em mãos a obrigação de tornar Svilar naquilo para que nasceu.

PS - Sem a pressão da dúvida sobre a Champions, que lhe marcou, há um ano, a pré-época, o Benfica deverá manter-se activo no mercado, por mais um avançado. E meios não faltam..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Minissaias

"1. «No FC Porto tinha tudo mas queria representar um grande», disse Herrera no Atl. Madrid. Devia ter, em respeito, pelo menos metade da paciência que os adeptos do FC Porto tiveram com ele até ter um rendimento bom e regular.
2. Quanto ao FC Porto, pagar €3 milhões por um jogador que há um ano não quis renovar e saiu a custo zero (Marcano), é não saber respeitar-se a si próprio, o que é ainda mais grave do que as palavras de Herrera. Daqui a um ano vão pagar pelo mexicano?
3. Peter Crouch acabou a carreira. Foi, seguramente um dos melhores piores jogadores da história do futebol. Neymar está entre os piores melhores.
4. «Temos de começar a prender esta malta, seja preto, vermelho, verde ou azul», disse Bruno Lage. Soa diferente e corajoso porque os cobardes dos dirigentes e directores de comunicação (de todos os clubes) olham e falam sempre da violência no futebol como se fosse um problema só dos outros.
5. O Sindicato dos Jogadores criticou o V. Setúbal por ter conseguido a homologação de um terceiro PER (Plano Especial de Revitalização) sem ter cumprido os dois anteriores. Os sadinos, deviam pensar num novo slogan de PER em PER até à PERmanência final.
6. O Sporting ainda agora despachou o Messi da Escócia (Ryan Gauld) e já anda com ideias de contratar o Messi da Turquia (Abdulkadir Omur). Pode ser que um dia acertem.
7. Os anjos não têm costas mas, infelizmente, os grandes jogadores têm. Obrigado, Jonas.
8. Dyego Sousa foi vendido por apenas 5,4 milhões e o SC Braga só recebe €4,9 milhões (540 mil euros por serviços de intermediação). Há negócios da China e há negócios de deixar os olhos em bico. Mesmo em tempo de saldos.
9. Os jogos de pré-época são como a história das minissais: dão-nos uma ideia mas escondem o importante. Mesmo quando se perde com um equipa da terceira divisão suíça com nome de série de Netflix ou HBO (FC Rapperswil-Jona)."

Gonçalo Guimarães, in A Bola