"A imagem 'low profile' de Rui Vitória fica ligada à conquista do tricampeonato. Muito poucas foram as vezes que o técnico respondeu ao arquirrival e às provocações que chegavam, com regularidade, de Alvalade. Hoje, é um técnico claramente mais forte e mais seguro, mas nem por isso mais confiante. Isso nunca deixou de o ser. Foi precisamente, a capacidade que teve de nunca perder a fé naquilo em que acredita, de nunca se ter desviado do caminho - o 'tal' que tanta brincadeira gerou - que ajudou o Benfica a chegar ao 'tri'. O mérito pertence-lhe, obviamente! Vitória soube quebrar regras e instituir as suas. Uma delas foi a de manter uma aposta até final, desde que acredite que essa é a melhor solução. Ganhou o respeito dos jogadores. Chega a 2016/17 em estado de glória, mas com responsabilidades acrescidas. É certo que o Benfica é, dos três grandes, aquele que menos pressionado entra em campo. No plano teórico. Foi tricampeão contra a generalidade das apostas, numa época de várias (e importantes) mudanças.
Mas agora, tal como há um ano, são os resultados que vão ditar se o élan à volta da equipa se mantém. E, aqui, a fasquia está bastante mais elevada. Rui Vitória conseguiu, com aquilo que muitos considerariam pouco, no meio de um turbilhão de emoções, com uma pré-época que muitos criticaram, construir uma equipa e com apostas improváveis em jovens do clube. O baixo investimento em reforços, a confirmar-se, não poderá ser uma atenuante. Deixou de o ser. O que os adeptos não lhe pediam a 15 de Junho de 2015 - que fosse campeão - exigem-lhe agora. A estabilidade é maior, a margem de erro - está em sentido inverso. E Vieira quer o 'tetra' da história."
Vanda Cipriano, in Record