"Considerações sobre as questões de sucessão nos nossos “grandes”
Tal como está a sociedade, as finanças, os humores e o mundo, os clubes de futebol vêm-se forçados a adaptar-se à inóspita situação. Não se trata aqui da questãozinha dos resultados desportivos.
Nesse aspecto não estão previstas alterações bombásticas ao paradigma em vigor, basta olhar para a tabela do campeonato. A revolução é na questão financeira e na liderança. Dificilmente os grandes clubes de futebol em Portugal consentirão que os seus poderes mudem para as mãos de desconhecidos ou de arrivistas ou para as mãos de meros apaixonados.
Os clubes transformaram-se em enormes grupos empresariais com dependências fortíssimas à banca e exibindo passivos astronómicos, um conjunto letal de realidades que, forçosamente, vai baralhar aquela arcaica obrigação estatutária de ter de haver eleições para os “corpos gerentes” de uns quantos em quantos anos.
A democracia não foi erradicada dos clubes, longe disso, mas estamos a assistir, e continuaremos a assistir pelo andar da carruagem, a uma preocupação crescente em promover ou abrir o campo para “sucessões” no lugar de eleições.
Fernando Tavares, que concorre contra a lista de Vieira na lista de Rangel, insinuou esta semana, com malícia, que José Eduardo Moniz tinha conseguido ganhar as eleições ao actual presidente sem ter de recorrer aos trâmites sempre incómodos do sufrágio popular. A imagem é forte e, podendo ou não corresponder à realidade, a verdade é que não há benfiquista, de uma ou de outra lista, que não olhe para Moniz, que já lá está dentro, como um putativo sucessor de Vieira.
No Sporting, por exemplo, a actual direcção nasceu da necessidade de juntar no mesmo saco de gatos uma quantidade significativa de velhos e novos opositores de modo a construir uma opção de poder tão abrangente e com tantas soluções que, neste momento, ninguém se entende em questões tão simples e pragmáticas como a do treinador.
Mas a grande novidade disto tudo, aconteceu no FC Porto onde o poder não se discute há décadas porque não tem sido preciso. Esta semana, Antero Henrique concedeu uma entrevista ao “France-Football” e explicou detalhadamente, mostrando saber do que está a falar as razões do sucesso desportivo do clube. Soltou-se um delfim na casa do Dragão. O mundo está mesmo a mudar.
ERRAR É HUMANO
Quatro anos para a casa vir abaixo
Os benfiquistas, por natureza optimistas e confiando na sua fervorosa História de 108 anos, esperam que José Eduardo Moniz, candidato a vice-presidente na lista liderada por Luís Filipe Vieira, faça aos “poderes instalados” e aos “grandes conluios” que, utilizando as suas próprias palavras, comandam o futebol português, exactamente o mesmo que fez quando chegou à direcção da TVI e, no espaço curto de um “reality-show”, deu cabo da liderança da SIC de Emídio Rangel no campeonato das audiências, do sucesso e da glória. É pedir muito, convenhamos.
Luís Filipe Vieira, que não é tolo, tem noção de que a notícia forte da sua recandidatura é a inclusão do seu antigo opositor na lista. Ninguém pode censurar a Vieira, que já leva dez anos de Benfica, de alguma vez se ter acobardado de ir à luta, bem ou mal, contra os tais poderes instalados e os conluios. É verdade que não foi feliz como o provam os resultados desportivos, de que é responsável, e os resultados judiciais, de que não é, nem poderia ser, responsável.
Moniz “estreou-se” num jantar da Bairrada como orador-benfiquista, soldado no activo, prometendo luta contra “os truques da arbitragem” e a casa, naturalmente, veio abaixo. Veremos se vem mais alguma coisa abaixo nos próximos quatro anos.
POSITIVO
Postiga bem bom
A titularidade de Hélder Postiga no “onze” de Paulo Bento está longe de ser indiscutível entre os adeptos. Mas a verdade é que em dois jogos de pobreza extrema da selecção, só Postiga cumpriu. Um golinho, bem bom.
Queiroz avança
O Irão de Carlos Queiroz venceu a Coreia do Sul em Teerão e segurou-se no segundo lugar do grupo A asiático que confere a qualificação directa para o Mundial de 2014. Está quase lá, professor.
NEGATIVO
Bento recua
Dupla jornada para a selecção de Paulo Bento e dupla depressão. Uma derrota em Moscovo e um empate pindérico com os irlandeses do Norte no Dragão não acabam com o sonho português mas a coisa complicou-se.
PÉROLA
“Oceano é intocável.”
GODINHO LOPES
É interino mas é intocável. Enquanto for interino, obviamente. Fará também “parte da estrutura” técnica do futuro mesmo que o treinador a contratar não queira. Oceano “forever”, sendo que, em Alvalde”, o “para sempre” é o que é. Muito confusos se devem sentir os jogadores do Sporting, não é?"