Últimas indefectivações

segunda-feira, 22 de outubro de 2012

E agora?

"«Vejam-se os últimos cinco anos de arbitragem. Pedro Proença, Olegário Benquerença, Carlos Xistra, Soares Dias, João Capela, Hugo Miguel e Rui Silva. Perguntem se é tudo por mero acaso. Nunca se enganam contra determinado clube, o FC Porto». A frase é da lavra de quem? Rui Gomes da Silva, vice-presidente do nosso Clube. Declaração que suscitou uma queixa dos visados em sede de justiça federativa.
Rui Gomes da Silva tem razão. Só lhe faltou dizer que esses árbitros, se alguma vez se equivocaram em jogos do FC Porto, foi quando os azuis do Norte já os venciam por margem confortável, ou seja, insusceptível de ser revertida. Tem sido uma constante nos últimos anos, uma espécie de reserva mental em relação ao Benfica e uma generosidade gritante relativamente ao FC Porto que maltrata a verdade desportiva.
A queixa apresentada é grotesca. Na sequência do famigerado processo Apito Dourado, com fortes razões substantivas, o que fizeram esses e outros homens do apito? Nada, nada mesmo. A situação foi branqueada, os dirigentes portistas poupados, até houve o desplante de acusar aqueles (benfiquistas e não só) que se insurgiram contra a pouca-vergonha instalada no Futebol indígena.
E agora? Em contencioso contra Rui Gomes da Silva, que o mesmo só pode significar contra o Benfica, que condições têm esses árbitros para dirigirem partidas com o nosso Clube a intervir? Uma questão elementar, absolutamente elementar. Os responsáveis federativos não podem nomear esses juízes, pelo menos enquanto decorrer o processo, sob pena de avolumarem a suspeição.
Melhor ainda seria que os próprios anunciassem recusa. Por uma atitude de honradez. E era mesmo de bola honrada que nós precisávamos."

João Malheiro, in O Benfica

Regresso às vitórias...


Benfica B 2 - 1 Guimarães B

Desta vez, tivemos alguma sorte, notou-se a falta dos 'Andrés' - em Moscovo na Champions - principalmente na construção de jogo ofensivo, também demos demasiados espaços, mas o Mika e a azelhice adversária, safaram-nos... É necessário continuar a trabalhar para anular as ingenuidades que ainda persistem nos nossos jovens (sofrer um golo num contra-ataque, após um canto a nosso favor, quando se está vencer por 2-0, não deve acontecer)...
Vínhamos de uma série de empates, o que reforça ainda mais a importância da vitória... e se às vezes jogando bem, não conseguimos ganhar, noutras alturas - esta noite -, jogando menos bem, conseguimos os 3 pontos!!!

Alcatraz

"O que leva o comum dos mortais a preferir um clube em relação a todos os outros? O que o leva a escolher um emblema, a seguir uma equipa? Por que razão sofre ou rebenta de alegria? Que motivo há para que chore ou se desfaça em beijos e abraços? Que o leva ao desespero ou à beatitude? Não há uma razão única; vale tudo um pouco. Mas regressemos aos primórdios de cada um. Há quem se torne adepto de um clube por ser o clube da terra onde nasceu. A ligação é familiar, nesse clube terão jogado pais ou tios.
Como também pode ser familiar a ligação de quem escolhe o clube do pai ou do avô. E mesmo até por embirração, talvez contra o pai ou contra o irmão mais velho. Depois há a opção prosaica: gosta-se de um clube pela cor das camisolas.
Ou ainda mais filosoficamente: pelo estilo de jogo da equipa, ofensivo ou defensivo. E até personificado: porque nela jogo um astro, um jogador de carisma e qualidade.
Podia encher um jornal com motivos, mas existem alguns que de tão estranhos cairiam no descrédito. Imaginem alguém que opta por ser de um clube porque se identifica com a sua política de corrupção, roubo e violência... E alguém capaz de vibrar com vitórias falsas à custa de árbitros solícitos e vergados. E outro alguém, ainda, delirando com os prejuízos feitos aos adversários por via do trabalho soez de dirigentes criminosos.
Vocês perguntarão: há adeptos que, deliberadamente, assumem com gosto a sua condição de sócios de corporações de malfeitores travestidas de clubes de futebol? E eu respondo: há! Acreditem que há! E marcham em legiões para os estádios envergando orgulhosamente as suas camisolas às riscas que fazem lembrar as fardas dos prisioneiros da sinistra ilha de Alcatraz."

Afonso de Melo, in O Benfica

Futebol a sério

"1. Agora é a sério: a Liga de Futebol Profissional denunciou as ilegalidades dos contratos de transmissão televisiva da PPTV/Olivedesportos/Sport TV junto da Autoridade da Concorrência. Este é o passo que nunca ninguém quis dar e que só a eleição de Mário Figueiredo permitiu: colocar em causa o monopólio do produto televisivo. Um passo (de que muitos duvidaram e que muitos tentaram evitar) que obrigou Fernando Gomes, esta semana, a engrossar o pelotão dos que se colocam a favor da centralização da venda dos direitos televisivos e da melhor redistribuição das receitas entre pequenos, médios e grandes clubes; ver-se-á daqui a pouco a razão para este lance de xadrez do presidente da FPF... Jogadas à parte, agora cabe a palavra à Autoridade da Concorrência, com um processo que seja claro e transparente e decisões fundamentadas e explicadas sem quaisquer constrangimentos. Se atender às pretensões da Liga e dos clubes (a hipótese mais provável, visto o argumentário jurídico), os contratos deixarão de produzir efeitos e/ou só produzirão efeitos durante mais 2 ou 3 anos. Se assim for, nunca mais o futebol profissional será igual por cá.
2. Agora é a sério: as três grandes SAD do futebol têm de mudar de vida. Os tempos do país e do Mundo obrigam; os excessos e os abusos do passado deixaram de ter tantos aliados; os negócios de ocasião são mais esporádicos. No Benfica, anunciou-se há não muito tempo a austeridade, com implícito ato de contrição quanto à irracionalidade da gestão. No Sporting, consegue-se anunciar muito pouco, pois a situação financeira parece ser apenas a administração da iminência do precipício. No Porto, anunciou-se a “redução transversal da despesa” e a adaptação do “modelo de negócio ao mercado”; entretanto, faz-se mais dívida (mais um empréstimo obrigacionista, no esquema habitual) para pagar a que está a vencer, concentrando-a no futuro menos próximo. Para compreender tudo isto era bom que se alcançassem algumas daquelas “rubricas” das contas das SAD. Naquele labirinto de entradas e saídas de dinheiro avultam as transmissões de direitos dos jogadores; decifrar quem é quem e quem recebe e paga o quê seria a verdadeira pedrada neste charco. E se todos percebêssemos quem ganhou e perdeu naquela montanha-russa de comissões (exemplo: 18 milhões só num ano para intermediários...) e fundos com nomes indecifráveis, se houvesse interesse em investigar a legalidade de tudo isso, então talvez o futebol profissional nunca mais fosse o mesmo por cá. Isto, claro está, se estivéssemos num país a sério e... sem medo."

A hora dos delfins está a chegar

"Considerações sobre as questões de sucessão nos nossos “grandes”

Tal como está a sociedade, as finanças, os humores e o mundo, os clubes de futebol vêm-se forçados a adaptar-se à inóspita situação. Não se trata aqui da questãozinha dos resultados desportivos.
Nesse aspecto não estão previstas alterações bombásticas ao paradigma em vigor, basta olhar para a tabela do campeonato. A revolução é na questão financeira e na liderança. Dificilmente os grandes clubes de futebol em Portugal consentirão que os seus poderes mudem para as mãos de desconhecidos ou de arrivistas ou para as mãos de meros apaixonados.
Os clubes transformaram-se em enormes grupos empresariais com dependências fortíssimas à banca e exibindo passivos astronómicos, um conjunto letal de realidades que, forçosamente, vai baralhar aquela arcaica obrigação estatutária de ter de haver eleições para os “corpos gerentes” de uns quantos em quantos anos.
A democracia não foi erradicada dos clubes, longe disso, mas estamos a assistir, e continuaremos a assistir pelo andar da carruagem, a uma preocupação crescente em promover ou abrir o campo para “sucessões” no lugar de eleições.
Fernando Tavares, que concorre contra a lista de Vieira na lista de Rangel, insinuou esta semana, com malícia, que José Eduardo Moniz tinha conseguido ganhar as eleições ao actual presidente sem ter de recorrer aos trâmites sempre incómodos do sufrágio popular. A imagem é forte e, podendo ou não corresponder à realidade, a verdade é que não há benfiquista, de uma ou de outra lista, que não olhe para Moniz, que já lá está dentro, como um putativo sucessor de Vieira.
No Sporting, por exemplo, a actual direcção nasceu da necessidade de juntar no mesmo saco de gatos uma quantidade significativa de velhos e novos opositores de modo a construir uma opção de poder tão abrangente e com tantas soluções que, neste momento, ninguém se entende em questões tão simples e pragmáticas como a do treinador.
Mas a grande novidade disto tudo, aconteceu no FC Porto onde o poder não se discute há décadas porque não tem sido preciso. Esta semana, Antero Henrique concedeu uma entrevista ao “France-Football” e explicou detalhadamente, mostrando saber do que está a falar as razões do sucesso desportivo do clube. Soltou-se um delfim na casa do Dragão. O mundo está mesmo a mudar.

ERRAR É HUMANO
Quatro anos para a casa vir abaixo
Os benfiquistas, por natureza optimistas e confiando na sua fervorosa História de 108 anos, esperam que José Eduardo Moniz, candidato a vice-presidente na lista liderada por Luís Filipe Vieira, faça aos “poderes instalados” e aos “grandes conluios” que, utilizando as suas próprias palavras, comandam o futebol português, exactamente o mesmo que fez quando chegou à direcção da TVI e, no espaço curto de um “reality-show”, deu cabo da liderança da SIC de Emídio Rangel no campeonato das audiências, do sucesso e da glória. É pedir muito, convenhamos.
Luís Filipe Vieira, que não é tolo, tem noção de que a notícia forte da sua recandidatura é a inclusão do seu antigo opositor na lista. Ninguém pode censurar a Vieira, que já leva dez anos de Benfica, de alguma vez se ter acobardado de ir à luta, bem ou mal, contra os tais poderes instalados e os conluios. É verdade que não foi feliz como o provam os resultados desportivos, de que é responsável, e os resultados judiciais, de que não é, nem poderia ser, responsável.
Moniz “estreou-se” num jantar da Bairrada como orador-benfiquista, soldado no activo, prometendo luta contra “os truques da arbitragem” e a casa, naturalmente, veio abaixo. Veremos se vem mais alguma coisa abaixo nos próximos quatro anos.

POSITIVO
Postiga bem bom
A titularidade de Hélder Postiga no “onze” de Paulo Bento está longe de ser indiscutível entre os adeptos. Mas a verdade é que em dois jogos de pobreza extrema da selecção, só Postiga cumpriu. Um golinho, bem bom.

Queiroz avança
O Irão de Carlos Queiroz venceu a Coreia do Sul em Teerão e segurou-se no segundo lugar do grupo A asiático que confere a qualificação directa para o Mundial de 2014. Está quase lá, professor.

NEGATIVO
Bento recua
Dupla jornada para a selecção de Paulo Bento e dupla depressão. Uma derrota em Moscovo e um empate pindérico com os irlandeses do Norte no Dragão não acabam com o sonho português mas a coisa complicou-se.

PÉROLA
“Oceano é intocável.”
GODINHO LOPES
É interino mas é intocável. Enquanto for interino, obviamente. Fará também “parte da estrutura” técnica do futuro mesmo que o treinador a contratar não queira. Oceano “forever”, sendo que, em Alvalde”, o “para sempre” é o que é. Muito confusos se devem sentir os jogadores do Sporting, não é?"