Últimas indefectivações

terça-feira, 7 de maio de 2013

Aguarela do Brasil...

"Epidemia sentimental, chamaram-lhe depois das vitórias frente ao Peñarol no Maracanã e ao palmeiras no Pacaembu. O Benfica ganhava prestígio. De Lisboa as felicitações viajavam para o lado de lá do Atlântico.

uma semana falei aqui da primeira deslocação do Benfica ao Brasil. Da festa, do ambiente acolhedor e amigo que a comitiva 'encarnada' foi encontrar, da derrota inicial frente ao Flamengo, por 0-1.
Mas essa digressão não se fez de derrotas, não foi de derrotas que o Benfica construiu a sua história. Por isso, prossigamos. Já no Brasil, claro está! nos dias que se seguiram ao embate com o Flamengo no Maracanã. Acrescente-se que essa estreia na América do Sul foi longuíssima. Os 'encarnados' saíram de Lisboa a 17 de Junho e 1955 e só regressaram a 3 de Agosto, com jogos no Rio de Janeiro e São Paulo para o torneio Charles Miller, e em Caracas para a Pequena Taça do Mundo.
Fiquemo-nos, para já, pelo Brasil. Haverá tempo e espaço, certamente, para batermos de novo nesta tecla sul-americana das viagens do Benfica. O Torneio Internacional do Brasil, ou Torneio Charles Miller (o homem que levou o Futebol de Inglaterra para o velho país irmão) teve a presença de quatro equipas brasileiras (Flamengo, Corinthians, América FC e Palmeiras) e dois convidados especiais, o Peñarol de Montevideu, do Uruguai, e o Benfica, de Portugal. Gente para ninguém botar defeito, como diriam os que falam português com sotaque de açúcar e manga.
Pois, pode dizer-se que, sem ser excelente, o Benfica portou-se à altura. Sobretudo por ser uma primeira vez. Derrotas perante o Corinthians (1-2) e o América FC (2-4) e vitórias sobre o Palmeiras (2-1) e Peñarol (2-0). Valeu! Por isso escrevia-se na imprensa portuguesa, logo após o jogo com os uruguaios: «Que o Maracanã perdeu a cabeça, que o Benfica se transformou na epidemia sentimental e que o Sport Lisboa e Benfica escreveu uma linda página das relações desportivas luso-brasileiras - eis o que é já hoje uma consoladora certeza!».

Palmeiro marcou ao Palmeiras
O Benfica jogara no Maracanã como se fosse em casa. A massa de gente que recebera a comitiva portuguesa no aeroporto e se deslocara ao estádio para ver treinar os homens de Otto Glória - também ele mais uma ponte de aproximação entre o Benfica e o Brasil - adoptara os 'encarnados' como centro do seu maior carinho. E isso foi inegável para os enviados-especiais dos jornais portugueses. «A quem jamais viveu semelhantes momentos de entusiasmo, de verdadeira loucura, será melhor que não tentemos explicar o que se passa nesta soberba capital do Rio de Janeiro». As bancadas do Maracanã agitavam-se vermelhas. Bandeiras e camisolas e gritos de Benfica!, Benfica!, Benfica! Portugueses e brasileiros misturados. À distância do tempo, que tudo reduz a uma insignificância igualitária, não é possível perceber o impacto que a vitória do Benfica sobre o Peñarol, com golos de Coluna e Águas, o primeiro num remate fantástico com o pé esquerdo, o melhor que teve no Futebol português da época. Os adjectivos perdiam-se de vista. As Direcções do FC Porto e do Belenenses trataram de expedir, com carácter de urgência, telegramas para o lado de lá do Atlântico felicitando os dirigentes benfiquistas pelas exibições e resultados obtidos no Brasil. Outros tempos...
No Pacaembu, cheio a rebentar pelas costuras, Águas e Palmeiro marcaram ao Palmeiras. E foi inenarrável o que aconteceu após o jogo. Leiam, não fui eu quem escreveu: «O Benfica, delirantemente aplaudido pelo público que pejava as bancadas deu uma volta de honra ao gramado enquanto que ao ar subiam dezenas de foguetes e morteiros que estralejavam festivamente, dando ao ambiente um ar alacre de alegria vibrante. Nas tribunas, os repórteres brasileiros abraçavam os portugueses presentes exclamando: o Benfica é na realidade um grande Clube! O resultado justo seria de 4 a 1...» Entre o colorido da festa, o Benfica fincava nome por mais um lugar do Mundo. Não tardaria a partir para a Venezuela. O destino da águia é voar..."

Afonso de Melo, in O Benfica

Uma conspiração de estúpidos

"«Quando aparece no Mundo um verdadeiro génio é possível reconhecê-lo através deste sinal: todos os estúpidos se unem contra ele.» É assim que começa o livro de John Kennedy Toole «Uma Conspiração de Estúpidos ». A frase é tirada de Jonathan Swift, alguém que percebia bem o que era a estupidez. Por isso, quando ouvi a fandangueira figura dizer, alto e bom som, que só os estúpidos falam de árbitros, fiquei com a certeza de que estava a preparar-se para falar daquilo que só os verdadeiramente estúpidos falam: ou seja, de árbitros.
Uma vez vi uma cena digna de um filme do Buster Keaton: um grupo de rapazes com camisolas às riscas corria atrás de um árbitro a todo o comprimento de um campo de Futebol; o árbitro era rápido, esquivava-se como uma lebre por entre galgos, corria aos ziguezagues, e a rapaziada às risquinhas atrás dele. Foi grotesco. A fandangueira figura não falou de árbitros nesse dia. Mas, excepto ele, toda a gente falou. Estúpidos, é claro! Uma conspiração de estúpidos!
Um dos empregados da fandangueira figura fala de árbitros todos os dias. Mas esse não é estúpido, é só mandado. Nem todos os estúpidos falam de árbitros; outros falam, mas pouco. A regra mantém-se: são estúpidos que conspiram contra o génio que ilumina o Mundo.
A fandangueira figura fala de árbitros a torto e a direito, mas além disso fala com árbitros, o que o iliba de qualquer género de estupidez.
São assim os estúpidos: dividem-se em classes. Admito que seja um estúpido de primeira classe quando, volta e meia, falo de árbitros. Ou quando os vejo a fugir, ou então aos beijos e abraços aos rapazes de camisolas às riscas. E pergunto-me: o estúpido serei mesmo eu?"

Afonso de Melo, in O Benfica

Falta o... quase

"1. Decisiva (espera-se) vitória na Madeira coloca-nos na rota do título. Está quase. Mas ainda falta o quase e teremos que o garantir em campo. O Estoril não será 'pêra doce' na próxima segunda-feira. Será mais uma final rumo ao principal objectivo da época - o título nacional.
Na Madeira, jogámos bem melhor à procura do golo do que defendê-lo. Chegou a ser enervante a exibição a seguir ao nosso 1.º golo. Foi brilhante a actuação a caminho do 2.º tento. Mas a vitória foi justíssima e... importantíssima. Vamos a isto Benfica! Vamos encher o Estádio na 2.ª feira e levar a equipa a novo triunfo, a caminho do título. Está quase. Mas falta esse... quase!

2. Tive oportunidade de assistir ao Benfica-Fenerbahçe nas novas (e excelentes) instalações da Casa do Benfica no Porto, com três andares na Rua de Santa Catarina, onde a Casa, aliás, foi fundada, em 1988. Só foi pena apenas ter sabido da mudança depois do Benfica-Sporting, razão por que, com outros consócios, fiquei à porta da Rua de Camões, onde a Casa esteve instalada nos últimos anos. Ter-se-ia imposto uma melhor divulgação da mudança de instalações... que só na passada semana foi finalmente actualizada no nosso site...

3. Admitamos que João Capela não assinalou duas grandes penalidades no Benfica-Sporting. Mesmo assim, o Benfica ainda tem saldo negativo neste Campeonato: foi mais prejudicado (em dois jogos - quatro pontos) que beneficiado (um jogo - dois pontos). Bem ao contrário do Sporting, beneficiado numa série de jogos... incluindo o desta última jornada. Quanto ao FC Porto, que ao longo de anos e anos teve os árbitros na mão (e ainda agora há dúvidas relativamente a alguns...), não tem qualquer moral para falar. E nunca vi ou ouvi o comentador Rui Santos, que agora vem falar em 'Liga Capela', escrever ou falar em 'Liga Proença', por exemplo...

4. Soma e segue. Infelizmente. A (triste) actuação dos No Name no Benfica-Sporting custou ao Clube mais 12.750 euros, ou seja, a quota de 1062 sócios. Ao longo do campeonato já vão 130.128 euros. Estiveram 10.844 sócios a pagar as suas quotas para isto. Já sem falar nos 72 mil euros de multas da UEFA só esta época. Volto a perguntar: até quando?"

Arons de Carvalho, in O Benfica

Humildade

"Quatro pontos de avanço, a escassas três rondas do termo da competição, ficam bem ao Benfica, na antecâmara do título nacional. A trajectória tem sido fulgurante, também na Taça de Portugal, projectando uma "dobradinha" que o nosso Clube não consegue há mais de duas décadas.
Nesta altura, vive-se uma atmosfera de euforia nas hostes "encarnadas". Sem qualquer derrota nas provas domésticas, o Benfica tem patenteado uma superioridade inequívoca, de resto aceite até por alguns dos seus habituais opositores ou mesmo detractores. O entusiasmo faz todo o sentido, é contagiante, é estimulante, é excitante. Ainda assim, tal como insistentemente têm referido os principais responsáveis, em particular o presidente, Luís Filipe Vieira, e o treinador, Jorge Jesus, importa não subestimar os antagonistas (Estoril, FC Porto, Moreirense e V.Guimarães) e cultivar humildade.
Que também fica bem ao Benfica. A luta, em particular com o rival do Norte, vem sendo titânica. Em desespero, do Dragão disparam-se atoardas com o fito de inquinar o previsível desfecho das competições. Com elevação, mas também com firmeza, a estratégia tem sido denunciada, tem sido desmontada. O Benfica não marca só (muitos) golos no campo, marca também (muitos) golos nas palavras.
Sem sobranceria, sem jactância, sem triunfalismo exacerbado, esta temporada pode ficar nos anais do Clube como uma das mais saborosas e produtivas. Pode e vai ficar, certamente. Da mesma forma que se prova à saciedade quão importante é manter a humildade, ao invés de outros que tudo prometeram, inclusive a Liga dos Campeões. Eles pagam a factura da arrogância, nós ganhamos o registo da modéstia. Da modéstia vitoriosa e convincente."

João Malheiro, in O Benfica

Praia à vista

"No momento em que esta edição chegar às bancas, já será conhecido o desfecho da meia final da Liga Europa. Já saberemos se o Benfica regressou a uma Final, 23 anos depois de Viena, ou se, pelo contrário, se quedou por uma presença honrosa - que, em condições normais, será suficiente para na próxima temporada nos colocar como cabeça-de-série do sorteio da Fase de Grupos da Champions League, e como brilhantes sextos classificados no ranking da UEFA, apenas superados por Barcelona, Bayern de Munique, Real Madrid, Manchester United e Chelsea.
Independentemente do que a frente europeia nos tenha reservado, o principal objectivo da temporada (a conquista do Campeonato) está cada vez mais perto de ser atingido. Há umas semanas atrás, nestas mesmas páginas, referi ser minha convicção que cinco vitórias consecutivas seriam suficientes para, senão festejar o título, pelo menos encomendar as faixas. Essa série de cinco jogos termina justamente na próxima segunda-feira, quando, no nosso Estádio, recebermos uma das grandes revelações da época: o Estoril-Praia.
Caso consigamos ultrapassar esta etapa - cuja dificuldade, para além do valor do adversário, encontrará razão no desgaste do jogo com o Fenerbahçe, e de toda a época cada vez mais longa -, entraremos no Estádio do Dragão com uma vantagem que nos põe a salvo, quer de uma noite menos conseguida, quer dos subterfúgios a que o FC Porto recorre quando vê as coisas escaparem ao seu controlo (chamem-se Proenças, Casagrandes ou bolas de golfe). Pelo contrário, uma escorregadela diante do Estoril deixar-nos-á à mercê de todos esses factores, podendo pois dizer-se que - segunda-feira sim - estamos perante 'o' jogo do título. Importa deste modo perceber a relevância da ocasião, e criar uma onda de apoio capaz de, a partir das bancadas, ajudar a equipa a chegar à vitória. Um Estádio cheio será a força suplementar que, depois de tanto mar (como dizia Chico Buarque), nos conduzirá à terra prometida e ao cheiroso alecrim da festa."

Luís Filho, in O Benfica

Acreditar


Benfica 1 - 1 Estoril

Aconteceu o que eu temia à bastante tempo, logo uma semana depois de eu ter passado para o clube dos optimistas!!!
Foi notório desde dos primeiros minutos, que fisicamente a equipa estava de rastos. Hoje, não faltou atitude, bem pelo contrário, os jogadores deixaram tudo em campo, mas quando o cansaço se acumula, as pernas não respondem, e até a cabeça deixa de funcionar da melhor forma, e as decisões mais óbvias, tornam-se complicadas. A equipa não tremeu, na perspectiva do título: os jogadores mais rápidos não tinham mudança de velocidade, perdíamos os ressaltos, perdíamos quase todos os duelos físicos, defensivamente e ofensivamente.


Também já o disse: mais vale um jogador fresco, do que um jogador, potencialmente melhor, mas cansado. Hoje, o Ola John e o Rodrigo tinham que ter sido titulares. E mesmo o Carlos Martins (com toda a sua estupidez) podia ter jogado de início. A saída do Melga também foi um erro, o Nico que estava completamente de rastos, e inconsequente, ele é que tinha que ter saído, e para jogar na esquerda o Ola tinha sido melhor opção. O Rodrigo devia ter entrado para o lugar do esgotado e desinspirado Lima. E com a expulsão, com o Matic de rastos, o Aimar tinha que ter entrado...


O jogo seria sempre difícil, o Estoril é uma equipa organizada, teve 11 dias para preparar este jogo (enquanto o Benfica nos últimos 12 dias fez 4 jogos, muito intensos!!!), para o Benfica ser feliz, tínhamos que ser eficazes, e não fomos... alguns dos falhanços foram aberrantes, para dificultar as coisas, ainda resolvemos oferecer um golo ao adversário (que depois de ver na televisão, parece-me que o Licá está em fora-de-jogo, e apesar de não tocar na bola, tem influência no lance, não ilibando o Artur), que só depois, em vantagem, e em superioridade numérica, criou oportunidades claras de golo, antes disso, a defesa ia com dificuldade é verdade, ia controlando. O Artur este ano com os Corruptos, na Choupana e hoje, já vale -6 pontos (se fosse o Roberto?!!!), o Melga na 1.ª jornada, também ofereceu 2 golos ao Braga (além do serviço do Soares Dias), tem sido sina esta época perder pontos em jogos onde sofremos golos com erros individuais perfeitamente escusados...
O apitadeiro sem lances muito polémicas, fez aquilo que todos os Frutados experientes sabem fazer: controlar o jogo no meio-campo.: Sempre que o Benfica tentava sufocar ofensivamente o adversário, lá vinha o apito salvador, que dava para respirar; o critério apertado dos amarelos, tanto por protestos - o Carlos Eduardo nesse aspecto devia ser inimputável -, como por por entradas para travar contra-ataques só foi apertado para o burro do Carlos Martins; no livre do Cardozo, afastou-se rapidamente da barreira, 8 metros de distância foi mais do que suficiente; e ainda teve direito a brinde, quando já nos descontos mostra o amarelo ao guarda-redes do Estoril, por fazer aquilo que andava a fazer desde do 1.º minuto de jogo!!!


Não me passa pela cabeça, o Jesus não renovar (por vários anos... creio mesmo que já houve assinatura de contracto...), mas hoje esteve mal. O problema é que neste momento o Benfica já devia ser matematicamente Campeão. Na pior das hipóteses, o jogo com os Lagartos deveria ter sido o jogo do título (matematicamente). E só estou a contabilizar os roubos descarados, para estas contas não entra os treinos amigáveis, com resultados combinados, como por exemplo tivemos nesta jornada na Choupana: enquanto o Benfica tem 30 batalhas para ganhar, pars os Corruptos, mais de metade dos jogos, são autênticos passeios...


O fantasma 'Peseiro' vai ser recordado esta semana recorrentemente, nem que seja só para pressionar mais: aviso desde já, que não tem comparação. Ninguém acreditaria que o Benfica neste momento da época tivesse nesta situação após a pré-época, ninguém. A época tem sido extraordinária, e será no mínimo, boa...
Para os próximos dias, é preciso calma e confiança... e muito descanso, mais do que o Jorge Sousa (que vai ser de certeza o árbitro...), mais do que o ambiente terrorista que vai ser montado, o Benfica tem que fisicamente recuperar as forças... sem o Enzo (?!) (e sem o Carlos), provavelmente será o André Gomes o escolhido, espero que a opção seja só por um avançado com o Nico (fresco) nas costas... mas mais importante do que tudo isto, é a recuperação física, e o acreditar, dos adeptos e dos jogadores.
Recordo que os últimos 2 campeonatos que vencemos, não foram em competição directa com os Corruptos. Temos que recuar aos anos 90 para termos vencido em compita directa com os Corruptos. Quem não compreender este facto, não sabe em que País vivemos.