Últimas indefectivações

quarta-feira, 8 de junho de 2016

Viva a fartura!

"A fartura de jogos e de entre-jogos está a provocar-me um acrescido distanciamento do futebol televisionado. De tal monta que sou cada vez mais selectivo, evitando passar os olhos por soporíferos envoltos em excipientes e adjuvantes futebolísticos. Esta overdose tem o risco de conduzir ao mesmo efeito da inflação em relação à moeda: o de, por tanto excesso, se desvalorizar o seu valor.
A não ser - para mim, evidentemente - quando joga o Benfica. Porque aí a paixão clubista está bem à frente do gozo que me dá, em abstracto, um jogo de futebol. A minha paixão e o meu acicate é o clube, não obrigatoriamente a guarnição à volta do jogo.
É, por isso, que esgotado o período de fortes emoções da época (este ano foi mesmo até ao fim), costumo «tirar férias» e revigorar-me para a temporada seguinte.
Acontece que este ano, há, a nível internacional, uma acumulação que não deixa interstício temporal fora de «bola à discrição». Vão ser dois meses com o Euro 2016, a Copa América, e, por fim, o desconsolado futebol das Olimpíadas do Rio de Janeiro, desporto dito olímpico, mas que fere à saciedade os ideais que estão na base dos Jogos.
E até ao começo destas competições, lá temos os jogos chamados «amigáveis». Curiosa esta expressão, que, aliás, Bruno Alves caracterizou em Wembley. São também chamados «particulares» ou «não oficiais» (?), outras designações estranhas para bilhetes de ingresso, em regra, pouco particulares ou amigáveis. São jogos entediantes, sem chama, que servem para coleccionar minutinhos de «Internacionalizações» e empolar, por esse mundo fora, o valor de troca de (alguns) artistas."

Bagão Félix, in A Bola

Mitro... glicerina !!!

Renato Sanches outra surpresa?

"Há pouco mais de um mês, expressei ideia de que, dada a quantidade de qualidade nos centrocampistas, o miúdo Renato Sanches não estaria entre os nossos 23 para este Europeu. Sim ou não porque Bernardo Silva sofreu lesão e Tiago também de lesão não recuperou a tempo de adquirir bom ritmo competitivo, Fernando Santos convocou Renato Sanches.
Face ao alto nível de opções para o meio campo - Danilo e William Carvalho, João Moutinho e Adrien, João Mário e André Gomes -, os 18 aninhos de Renato Sanches, quase de certeza o 7.º médio na linha de chamada, pareceram reservados para emergência... Será assim?
Saltando do banco perante a Noruega e, sobretudo, nos derradeiros 20 minutos em Inglaterra, o miúdo revelação desta época veio dizer olhem bem como estão enganados... Impressionante a sua personalidade, com descarada audácia para imediatas acelerações ofensivas que, nestes dois jogos, nenhum outro médio conseguiu imprimir - no mítico Wembley, rasgou espaços para contra-ataques até aí nulos (um jogador a menos durante quase uma hora). Moutinho, habitual e imprescindível motor, ainda está com baixas rotações após baixa clínica. Adrien pode discutir posição na faixa central, não na direita como depois do intervalo em Wembley. André Gomes, excelente técnica e visão de passe, não é um flanqueador. João Mário sim, versátil, indiscutível. Mas as pujantes acelerações do irreverente Renato Sanches podem ser cruciais no apoio abre defesas de que os dois avançados muito carecem. Talvez surpreendente dor de cabeça para Fernando Santos. Expectativa pelo teste desta noite."

Santos Neves, in A Bola

PS: O Renato é claramente o melhor '8' desta Selecção, metê-lo nas faixas é desperdiçar todo o talento e capacidade de ultrapassar 'linhas'... além de ganhar quase todos os duelos físicos. O Adrien é de outro 'Campeonato' e o Moutinho está muito longe da forma ideal...
Acho que todos já chegaram a esta conclusão, mas desconfio que o seleccionador, vai ser o último a admitir o óbvio!!!

Entendam-se, sff

"E protejam o que temos E pronto, está - de novo - instalada a confusão em torno do número de equipas (e quais delas) a disputar a Primeira Liga. Já vamos ao "de novo". Quanto à decisão do juiz, pode ter sido justa ou injusta. Tendo sido injusta, reclame-se. Tendo sido justa, então faça-se mea culpa pelo facto de acções e submissões à margens dos regulamentos continuarem a ser validadas. Donde voltamos ao "de novo". Porque, no fundo, a pergunta mantém-se: quantos clubes queremos na Primeira Liga? Já tivemos 20, já tivemos 16, já tivemos 18. Há dois anos, alargámos o campeonato para acondicionar o Boavista, aparentemente com relutância, mas depois não se fez a operação contrária. Em que ficamos? Por mim, ficávamos com 18 clubes e extinguíamos a Taça da Liga, de utilidade tão evidente como os clubes satélites ou a selecção B. Percebo outras decisões. Mas não percebo, com certeza, 38 jornadas, a Taça da Liga, a Taça de Portugal, as competições europeias e os compromissos de selecções - tudo numa época só. Temos um futebol competitivo e forte. É disso que querem dar cabo?"


PS: Tudo serve para reclamar o fim da Taça da Liga!!! Estes Lagartos têm pouco imaginação...!!!
Sou obrigado a informar este profissional do desporto português, que a Taça da Liga, é neste momento de crise financeira, uma das fontes de receita importantes, para a maioria dos clubes médios e pequenos da I e II Liga... a distribuição das receitas ao estilo 'Champions' faz muito jeito a vários Clubes...
Mas as sete vitórias do Benfica, em nove edições são difíceis de engolir!!!

Liga da justiça

"A justiça não deve tardar, inviabilizando a correcção de eventuais falhas processuais, mas também não deve ser apressada, atropelando direitos
uma diferença considerável entre cumprir a lei e fazer justiça e essa diferença pode ser medida em tempo. Como dizia Rui Barbosa, jurista brasileiro e pai da constituição da Primeira República, "justiça tardia não é mais do que injustiça institucionalizada". Mas, se o tempo é a medida da justiça, não pode ser demasiado longo, tornando cada vez menos provável a correcção de eventuais falhas na condução dos processos, nem demasiado curto, atropelando direitos e apressando conclusões. O desfecho do Caso Mateus, lamentavelmente, enferma dos dois problemas. Dez anos depois da decisão que despromoveu o Gil Vicente é impossível fazer justiça ao clube de Barcelos pela via desportiva. Aliás, entretanto os gilistas já subiram à I Liga pelos próprios meios e já desceram pelas próprias limitações. A questão é que, uma década depois, deve ser um pesadelo calcular a indemnização a que o Gil Vicente terá direito e que, cá entre nós, mais do que a vontade de fazer justiça, terá sido a verdadeira motivação por detrás da decisão da FPF e a justificação para o carácter de urgência que assumiu: tempo é dinheiro e neste caso, mais um ano são mais milhões para a Federação pagar. O problema é que, para além da barafunda que provocou na definição do formato das competições para a próxima época, a urgência que o processo assumiu ameaça criar injustiças novinhas em folha. A falta de tempo até ao arranque dos campeonatos pode, por exemplo, inviabilizar a realização de um play-off de acesso à I Liga entre o União da Madeira e o Portimonense, roubando aos algarvios o direito a discutir olhos nos olhos uma vaga entre os grandes. Ora, pelo menos para quem as sofre, não há injustiças pequenas. Seria um mau sinal que as começássemos a medir apenas pelo tamanho das indemnizações que obrigam a pagar."

Apresento-vos o Europeu da minha vida


"Figo, Poborsky, Van Basten, Panenka, Suker: tenho espaço para vocês todos. E quero mais...
O Europeu da minha vida começa no pé direito de Luís Figo. Tantas boas histórias começam assim. Vai com ele até à baliza de Seaman e volta no tempo, até outro pé direito, de Van Basten, lá ao fundo, no impossível. Olho para ele como Dasayev: espantado. Vemos o mesmo, nenhum de nós faz nada.
O Europeu da minha vida prossegue a dois toques. Esquerdo, direito, golo. Gascoigne assina. E volta a voar. Descola a prumo, cai a pique, maldito, na baliza de Baía. Culpa tua Karel, culpa tua.
Como em tudo, há o bom e o mau. Que sentido teria um filme que não tem amargura para dobrar? Arranjo no Europeu da minha vida espaço para o cattenaccio de 68, que até a moeda controlou, e para o catenaccio de 2004, que Charisteas coroou.
Há o que vi e o que os livros de história me disseram. Há Yashin, Schmeichel e Casillas a pedir para parar o massacre. Há Beckenbauer, Rijkaard, Sammer, Gullit. Há o pé direito de Jordão, o esquerdo de Chalana, a cabeça de Costinha e a mão de Abel Xavier.
Da minha praia saio para dominar, como a Dinamarca. Da minha defesa não saio por nada e ganho na mesma, como a Grécia. Sobrevivo e ganho com um golo que vale mais. Que vale ouro. Como Alemanha e França.
No Europeu da minha vida apaixono-me pela República Checa de 2004. Até Dellas. E pela Holanda de 2008. Até Arshavin. Marco no fim como a Turquia. Choro com Ronaldo e tento agarrar Platini para que não marque aos 119. Bebo uma Erdinger com Sérgio Conceição, mostro o peito a Balotelli e corro ao lado de Schmeichel para evitar que Suker humilhe. Nada feito. Acerto em Toldo como qualquer holandês que se preze.
E se for a penáltis, se não tiver Ricardo de mãos despidas, que apareça Panenka a mostrar ao mundo como se entra para a história. Ou Postiga, pode ser. Seja de que forma for, é certo que Inglaterra vai perder. 
Misturo tudo, baralho e volto a dar. Sexta-feira continuo a história, com mais atores do que nunca. 
Confesso: estou ansioso por escrever mais umas linhas. Com Ronaldo, Iniesta, Muller, Bale, Pogba ou até pelas calças de Király. Mas também com aqueles que, agora, pouco conheço e espero que França me apresente.
Que role a bola, então, e que as páginas do Europeu da minha vida tenham mais letras de júbilo, arte e lágrimas.
Se puder ser em português, tanto melhor. Mas, acima de tudo, que se escreva futebol."

Os milhões de João Mário

"O Euro ainda não começou, mas as notícias mais recentes garantem pelo menos um jogador da Selecção portuguesa hiper motivado, a jogar nos 200%. João Mário sente-se preso a uma bola de ferro feita cláusula de rescisão e pago como jogador de fancaria.
João Mário é dos melhores jogadores europeus da sua geração. Pertence aquela classe rara de jogadores que parece jogar de saltos altos e afagar a bola como se parte do próprio corpo fosse. No Sporting ou num grande clube europeu, João Mário merece ganhar ao nível dos melhores, principalmente se confirmar toda a sua classe a favor das cores portuguesas.
Para já este grito do Ipiranga dado pelo seu pai, onde se denuncia a discrepância entre os milhões da cláusula de rescisão e o valor reconhecido ao jogador no salário, remete-nos para um problema que parece mal resolvido no futebol português e que não parece merecer grande atenção do sindicato da classe. O valor da cláusula de rescisão não deveria ter nexo num limite mínimo de salário para o jogador que ficará preso a essa cláusula?
Não é aceitável, nem à luz da boa fé que se pague a um jogador um salário que não lhe garante independência financeira futura e por esse mesmo jogador se peça uma fortuna para o libertar desse mesmo contrato.
Para já, a bem das nossas aspirações a um grande Euro, façamos votos de que João Mário transforme esta aparente injustiça em motivação extra. Assim, na maior montra da Europa, poderá mostrar que, se vale 60 milhões para o Sporting, também alguns milhões deverá valer para ele."

A França merece um grande Europeu

"Na sexta começa o Europeu e a França sustém a respiração durante um mês. O país que em menos de um ano sofreu dois atentados particularmente abomináveis (Charlie e Bataclan) não cedeu à chantagem terrorista e manteve a organização do Europeu nos moldes previstos: jogos com público nos estádios e fan-zones para promover a reunião e o convívio entre adeptos. A França podia ter desistido da prova ou realizá-la em moldes completamente diferentes - chegou a ser encarada a possibilidade de os jogos decorrerem à porta fechada. Não o fez e esse ato de coragem e dignidade merece o respeito e o apoio de todos os outros países europeus, que certamente estão com a França nesta luta de vida ou de morte (é mesmo o termo) contra a barbárie terrorista. É claro que este campeonato não decorrerá num clima tão alegre, e distendido como o do nosso Euro-2004: a tensão é latente e haverá muitas restrições e medidas de segurança pouco usuais, porque a possibilidade de novos atentados é real e, infelizmente, quase uma inevitabilidade. Toda esta gigantesca operação de segurança tem custos, claro. Na ordem dos milhares de milhões. Estão destacados mais de cem mil agentes de segurança (entre polícias, militares e seguranças privados) para vigiar 24 selecções e respectivas comitivas e os 2,5 milhões de adeptos esperados. A França endivida-se e gasta o que não tem para garantir a segurança de um evento que interessa e diz respeito a milhões de cidadãos europeus. Só por isso merece que tudo corra bem. Já decidi que se Portugal ficar pelo caminho é pela França que torcerei.
Sobre a Selecção. Gostava de partilhar o optimismo de Cristiano («estou em grande forma») e de António Costa («Cristiano disse-me que está em grande forma») mas não consigo. Acho difícil CR7 estar em grande forma apenas semana e meia depois de ter jogado o que jogou - bola! - na final da Champions. Mas pode ser que sim, que o Euro francês corra de feição e não seja uma repetição da tristeza mundialista de 2014: uma equipa estoirada, envelhecida, sem ideias nem energia. O sound byte inteligente do selecionador pegou e por todo o país se ouve dizer que «não somos favoritos», mas «candidatos à final». Uma espécie de bandeirinha à Scolari em modo verbal. Mas é claro que tudo depende da condição física de um e um só jogador. Para chegarmos à final precisamos de um Cristiano devastador (o que é muito duvidoso) e mesmo assim acho que não chega: é preciso que Nani e João Moutinho joguem com a dinâmica com que jogavam há quatro ou cinco anos; que Pepe e Carvalho não facilitem um milímetro; e que João Mário e Danilo, cada qual na sua função, repitam as melhores exibições da época. Por mim, confio no famoso pé quente do engenheiro - com ele no banco ganhámos todos os jogos oficiais (quase sempre à rasquinha, mas ganhámos caramba!) e na inversão do destino. Nos últimos vinte anos jogámos quase sempre muito bem e ganhámos... bola. Agora que não jogamos assim tão bem...

Nuno e Renato, a mesma luta
A meu ver o FC Porto escolheu Nuno Espírito Santo sobretudo para poder voltar a contar com a ajuda, os conhecimentos e a argúcia negocial do melhor amigo de Nuno, o superagente Jorge Mendes. Que, imagina Pinto da Costa, não deixará Nuno descalço ou pendurado no momento em que ele precisa, por razões óbvias, de recuperar todo o crédito perdido em Valência. Naquilo que lhe for possível ajudar, Mendes ajuda Nuno e, consequentemente, o FCP...; o risco que Pinto da Costa corre neste disfarçado escancarar de portas ao superagente é enfurecer os comissionistas que gravitam na órbita portista (leio que no último exercício abocanharam 13 milhões). É sabido que Mendes não precisa de intermediários nem costuma delegar no exercício daquilo que faz melhor que ninguém. Portanto...
De resto, Nuno não mostrou até agora capacidade para treinar uma equipa como o FCP. Por isso, não deixo de achar alguma graça à súbita profusão de comentários elogiosos ao ex-valenciano. Alguns jogadores conhecidos sentiram esse impulso ao mesmo tempo. Faz lembrar a súbita e genuína inspiração daquele miúdo que, com Cristiano em campo, invadiu o relvado para abraçar... Renato. Os portistas, pouco ou nada entusiasmados com a escolha de Pinto da Costa, sempre vão lembrando que Mourinho e Villas Boas também não tinham provas dadas quando chegaram ao Dragão. Isso é verdade. Como é verdade que Nuno até pode vir a ser um óptimo treinador. Mas para isso precisa de ser primeiro um grande condutor de homens. Nesse particular, alguns episódios valencianos (o modo como lidou com João Pereira e Alvaro Negredo; e se deixou enredar em guerras que não eram suas; a perda progressiva do balneário; o fecho sobre si mesmo...) sugerem que Nuno tem muito que aprender.

Viva a 'silly season'!
Campeonato com 20 à imagem da Premier e da Bundesliga? OK. Em vez de quatro ou cinco, passamos a ter seis ou sete jogos por jornada com pouco ou nenhum interesse. Faz todo o sentido. Viva! Slimani em férias castigado com um jogo de suspensão seis meses depois da cacetada a Samaris. Faz todo o sentido. Viva! Antigo vice- presidente do Sporting armadilha árbitros por sua conta e risco, já que para tribunal Sporting clube tem rigorosamente nada a ver com o caso. Faz todo o sentido. Viva! Juíza dá dez dias a Benfica para melhorar a geringonça judicial (alvo: Jorge Jesus) mais indigna e ridícula da história do clube. Faz todo o sentido. Viva! Pinto da Costa diz que querem matar o FC Porto (quem?) mas não vão conseguir (quem?) e Luís Figo (porquê?) diz que Pinto da Costa deve sair. Faz todo o sentido. Viva a silly season!"

André Pipa, in A Bola

Benfiquismo (CXXVIII)

O Melhor, alguém tem dúvidas ?!!!