"O Benfica vai a votos. A competição, hoje, é outra. Decidir pela continuidade ou experimentar uma outra solução é o desafio que se coloca aos associados benfiquistas. A compita eleitoral é útil, desde logo. A discussão livre de ideias constitui a mais democrática das expressões. O nosso Clube teve e tem, inclusive no tempo do fascismo, uma cultura da liberdade. Predicado que deve, em larga medida, à sua génese, à sua matriz popular.
A campanha eleitoral (pelo menos até ao momento em que escrevo esta prosa) foi digna. Podem contestar-se argumentos, mas não se pode alegar falta de urbanidade. Ainda que o desfecho eleitoral se me afigure previsível, honra-me pertencer a uma família como esta. Tem alguns membros desavindos? E seria possível outra situação num agregado tão numeroso, que provoca tanta inveja e angústia aos nossos principais opositores?
O Benfica vai a votos. Amanhã, os votos têm que ser substituídos por golos. Golos e triunfos. Triunfos e troféus. Com um Benfica unido, a despeito dos resquícios da refrega das urnas. O Benfica precisa de respeito pelos seus líderes institucionais, os vencidos têm que saber felicitar os vencedores. Mais importante que tudo é o Benfica, só o Benfica. A sua unidade a sua coesão, a sua pujança.
A partir de amanhã é inaceitável a existência de oposição ao Benfica no seio do... Benfica. Um desafio ao unanimismo? Não se trata disso. Podem subsistir divergências no domínio da gestão do Clube, mas só podem existir convergências no domínio do que verdadeira e apaixonadamente encima o nosso desígnio colectivo. Um Benfica em regime permanente de ganho, um Benfica vencedor."
João Malheiro, in O Benfica