"A equipa de futebol do Benfica e, por contágio, os adeptos benfiquistas, têm vivido esta época momentos da maior ansiedade. As coisas não têm corrido sobre rodas, como no ano passado. Na Europa, o Benfica deixou cair as expectativas, no campeonato caseiro exibições e pontuação estão aquém do que todos esperávamos. Há rumores de quezílias no balneário. E o bombardeamento das parangonas nesse sentido é de tal intensidade que não permite suficiente discernimento para avaliar, com clareza, a situação. Por tudo isso, era muito importante que o Benfica seguisse em frente na Taça de Portugal. E seguiu.
A ansiedade é um estado emocional, com origens e reacções psicológicas ou físicas, que constitui uma reacção normal dos indivíduos e grupos a determinadas situações. Neste caso, é evidente que os sintomas de ansiedade se sucedem a alguma frustração pelas exibições e resultados do campeão nacional depois de uma época retumbante. O que aconteceu é que a ansiedade potencia mais ansiedade, até se transformar numa perturbação persistente e obsessiva. Daí a importância de travar o avanço dos sintomas. A vitória clara na eliminatória da Taça foi um oportuno antídoto. Importa agora seguir com a terapia, digamos assim.
E como? A equipa precisa de nós, os benfiquistas, como nós precisamos da equipa, para ultrapassar a ansiedade. Temos que exigir à equipa que corresponda ao apoio que lhe damos. Tal como a equipa nos deve exigir o apoio de adeptos incondicionais. Quem começa? Nós, enchendo os estádios e puxando pela equipa. A equipa é a do Benfica, um plantel de jogadores com merecimento e lealdade para vestir aquela camisola e usar sobre o coração aquele emblema."
João Paulo Guerra, in O Benfica