"Os Jogos Olímpicos da Juventude foram criados por iniciativa de Jacques Rogge, antigo Presidente do Comité Olímpico Internacional, a exemplo do que já tinha acontecido com as Jornadas Olímpicas da Juventude Europeia, quando exercia o cargo de Presidente dos Comités Olímpicos Europeus. Após a aceitação oficial da proposta de JR, o projecto dos YOG foi aprovado no plenário da 119ª Assembleia Geral do International Olympic Committee (IOC), efectuada em 2007 na cidade de Guatemala. Este evento desportivo internacional destinado aos jovens (entre os 15 e os 18 anos), de ambos os sexos, que se encontram no percurso da alta competição, procura incutir nos jovens desportistas uma filosofia de vida em que o desporto deve ser entendido como um meio de valorização pessoal, através do desenvolvimento das suas qualidades motoras e intelectuais, na participação na competição duma forma esforçada, leal e fraterna e na promoção e defesa dos valores do olimpismo. Em consonância com esta decisão, os primeiros Youth Olimpic Games (YOG) foram marcados para a cidade de Singapura em 2010.
Os jogos realizam-se nos meses de Verão (férias escolares) de quatro em quatro anos, intercalados com os YOG de Inverno, tal como acontece nos tradicionais Jogos Olímpicos. Têm um conceito único, não são uns mini jogos olímpicos, mas sim um evento multi-desportivo (10 a 12 dias de duração), secundado por imensas actividades extra desportivas, integradas num inovador programa educativo e cultural apropriado a este escalão etário. Competição, Aprendizagem e Partilha são três palavras chaves que traduzem a intenção da inclusão de outras modalidades desportivas no programa desportivo, introduzir novos modelos competitivos que ao serem experimentados poderão, por sua vez, ser aproveitados por outras modalidades desportivas.
Não devem ser construídas novas instalações desportivas. O conceito de desenvolvimento sustentável defendido pelo movimento olímpico diz-nos que é preciso enquadrar as diversas competições desportivas em instalações apropriadas às respectivas modalidades, sem cair em exigências de carácter especializado ou refinado ao nível da alta competição. O número de desportistas participantes está limitado a 3.800 atletas, nos jogos de Verão (204 países) e 1.100 nos de Inverno (entre 70 e 80 nações). Atendendo a que um evento desportivo desta natureza não atrai os grandes patrocinadores internacionais, foi decidido que as despesas de organização deste evento seriam suportadas, em conjunto, pelo Comité Olímpico Internacional e pela cidade responsável pela organização dos YOG.
Enquanto membro da Comissão das Jornadas Olímpicas da Juventude Europeia dos Comités Olímpicos Europeus (1997 a 2002), participámos em diversas reuniões nas quais tivemos a oportunidade de sugerir que após a consolidação das JOJE (actual Festival Olímpico da Juventude Europeia) com bons resultados, o Comité Olímpico Internacional deveria procurar implementar uma actividade semelhante nas outras regiões continentais. Entendíamos e continuamos a pensar que esta etapa era de fundamental importância no desenvolvimento do movimento olímpico internacional, na educação olímpica dos jovens desportistas dos diferentes continentes e de promoção do espírito olímpico, como se estava a processar a nível europeu.
Quando o Comité Olímpico Internacional decidiu organizar os primeiros Jogos Olímpicos, em 2010, em Singapura, percebemos a intenção de Jacques Rogge que, no momento da sua saída da Presidencia do IOC, gostaria de o fazer pela porta grande. Assim, nada melhor que deixar como herança olímpica a criação dos YOG à juventude olímpica mundial. Julgamos que a estratégia de Jacques Rogge foi bem delineada, embora sintamos que à maioria dos continentes ainda faltava percorrer uma etapa fundamental, a organização dos Festivais Olimpicos da Juventude nas suas respectivas regiões.
Entretanto, no continente africano a Associação dos Comités Nacionais Olímpicos Africanos organizou, em 2010, os 1ºs Jogos African Youth Games (AYG) na cidade de Rabat (Marrocos) com a participação de 1008 atletas, de 40 países em 16 desportos. Os segundos jogos tiveram lugar em 2014, na cidade de Gaborone (Botswana) com a presença de 2.500 jovens praticantes, de 54 nações em 20 modalidades desportivas e os 3ºs AYG efectuaram-se recentemente (19 a 28 de Julho de 2018), na cidade de Algiers (Argélia), com a participação de 3.098 atletas, de 54 países em 35 desportos. O facto, destes jogos africanos se terem realizado pouco tempo antes dos YOG, significa que os mesmos tiveram como principal objectivo o apuramento dos representantes africanos para as edições anteriores dos Jogos Olímpicos da Juventude (Singapura e Nanjing) e, agora, para os de Buenos Aires-2018.
Na América do Sul, os 1ºs Jogos Sul-Americanos da Juventude foram organizados pela Organizacion Deportiva Suramericana (ODESUR), na cidade de Lima (Perú), de 20 a 29 de Setembro de 2013, com a participação de 1.200 atletas, de 14 países em 19 desportos. Os segundos efectuaram-se em Santiago (Chile), entre 29 de Setembro e 8 de Outubro de 2017, com a presença de 1.279 desportistas, de 14 nações em 20 modalidades desportivas. Os próximos jogos estão previstos para a cidade de Rosário (Argentina) em 2021. A ODESUR teve o cuidado de organizar os Jogos Sul-Americanos da Juventude nos anos anteriores ao dos Jogos Olímpicos da Juventude o que demonstra que as suas organizações têm objectivos distintos do que o simples apuramento dos seus representantes.
Os Asian Youth Games (AYG) foram organizados pelo Olympic Council of Asia (OCA) e tiveram o seu início em 2009, na cidade de Singapura (Singapura), de 29 de Junho a 7 de Julho, com a participação de 1.237 atletas de 43 nações e abrangeram 9 modalidades desportivas. Os segundos AYG foram efectuados em 2013 na cidade de Nanjing (China), de 16 a 24 de Agosto, com a presença de 2.404 atletas, de 45 países, em 16 desportos. Como se pode verificar estes dois eventos funcionaram como testes experimentais às organizações, nos anos seguintes (2010 e 2014) dos Jogos Olímpicos da Juventude, realizados nas mesmas cidades do continente asiático.
Na Oceania, a obsessão de privilegiar o apuramento dos seus atletas é muito semelhante ao que a maioria das federações internacionais fazem. Nesta situação, organizaram torneios de apuramento por modalidade, em diferentes locais e datas, de acordo com a implantação da modalidade, no período de férias do verão.
Numa rápida retrospectiva histórica verificamos que os primeiros Jogos Olímpicos da Juventude foram realizados na cidade de Singapura (Singapura), de 14 a 26 de Agosto de 2010, com a participação de 3.524 atletas em representação de 204 nações, abrangendo 26 desportos. Os 2ºs jogos foram efectuados em Nanjing (China), entre 16 e 28 de Agosto de 2014, frequentados por 3.579 desportistas de 203 países e envolveram 28 modalidades desportivas.
No que diz respeito aos Jogos de Inverno, os 1ºs tiveram lugar na cidade de Innsbruck (Austria), de 13 a 22 de Janeiro de 2012, com a presença de 1.059 atletas, de 69 nações e envolveram 7 desportos de inverno. Os 2ºs realizaram-se na cidade de Lillehammer (Noruega), de 12 a 21 de Fevereiro de 2016, com a participação de 1.100 atletas em representação de 71 países, abrangendo 7 desportos. Os 3ºs estão previstos para 2020, na cidade de Lausanne (Suiça), no período de 9 a 22 de Janeiro, abrangendo 8 desportos de Inverno. Aqui, o sistema de rotatividade dos eventos não tem funcionado na medida em que os dois primeiros YOG tiveram lugar no continente asiático e, no que diz respeito aos YOG de inverno, os dois primeiros realizaram-se na Europa e o próximo também tem destino europeu.
Dentro de dias (6 a 18 de Outubro) temos os 3ºs Jogos Olímpicos da Juventude (YOG), na cidade de Buenos Aires (Argentina), com a participação de cerca de 3.500 jovens desportistas (entre os 15 e os 18 anos) , em representação de 203 nações, distribuídos pelas 32 modalidades do programa: andebol de praia, atletismo, badminton, basquetebol, boxe, canoagem, ciclismo, dança desportiva, equestre, escalada, esgrima, futebol, ginástica, golfe, halterofilismo, hóquei, judo, karaté, lutas amadoras, natação, patinagem de velocidade, pentatlo moderno, remo, rugby de sete, saltos para a água, taekwondo, ténis, ténis de mesa, tiro, tiro com arco, triatlo, e vela.
A Argentina é um país que está a atravessar uma enorme crise financeira. Esta semana o peso argentino acumulou uma desvalorização histórica frente ao dólar. A desvalorização acelerada da moeda argentina já atingiu este ano os 50%. A previsão é de mais inflação. Assim, o cenário a curto prazo não é promissor. Por essa razão, não se vai efectuar a tradicional Cerimónia de Abertura contributo importante para a redução das despesas da responsabilidade da cidade de Buenos Aires. Embora esta organização não tenha os encargos previstos com os tradicionais Jogos Olímpicos, existem despesas fixas com a logística do evento que não se podem evitar. Esperamos que a realização deste evento não agrave a situação financeira da capital argentina, evitando-se assim a repetição do que se passou nos últimos Jogos Olímpicos com a cidade do Rio de Janeiro."