Últimas indefectivações

sexta-feira, 26 de abril de 2013

Benfica! Benfica! Benfica!

"Esta edição do nosso Jornal é publicada numa conjunção simbólica fortíssima, incomum. Se não mesmo, verdadeiramente singular.

PRIMEIRO, porque se refere à semana do 25 de Abril que ontem celebrámos. precisamente num momento da história portuguesa em que voltámos a viver num clima de indesmentível inquietação social, com laivos daquele desesperador ambiente que caracterizava o final do marcelismo, as graves circunstâncias do presente português trazem claramente à memória daqueles que viveram os tempos de 73-74, algumas das mesmas razões que levaram a que um grupo de bravos - então, genericamente despojados da cupidez do poder - viessem resgatar um país triste e pobre e lhe dessem ensejo à Liberdade, à Paz e à Democracia. Mesmo sabendo tudo quanto nos acontece agora, todas as homenagens continuam a ser devidas aos nossos Militares de Abril: não são eles os culpados.

DEPOIS, porque o Jornal O Benfica publica hoje a edição n.º 3600, mais de setenta anos depois do primeiro Director José Magalhães Godinho ter subscrito o seu editorial de fundação, em 11 de Novembro de 1943. Era a época do décimo sétimo presidente do Benfica - o dr. Augusto da Fonseca Júnior, um médico ilustre e ex-atleta do Glorioso, que já havia anteriormente sido eleito por diversas vezes, Presidente da Assembleia Geral do Clube. Foram dois cidadãos notáveis, ambos tendo mantido corajosos percursos de oposição muito activa e persistente ao regime salazarista. O seu ilustríssimo antecessor e mestre Magalhães Godinho, advogado célebre, falecido há 19 anos, entre muitas outras assinaláveis actividades públicas e pessoais, fundaria em 1943, com amigos seus, o Movimento de União Democrática Antifascista e, em 45, o Movimento de Unidade Democrática e vindo a redigir, em 1961, o famoso Programa para a Democratização da República que provocaria a incontida ira do ditador beirão. E juntamente com o Presidente Augusto Fonseca, além de ambos terem desenhado n'O Benfica os fundamentos primordiais que ainda hoje constituem o desígnio rigoroso do nosso Jornal, nunca temeram participar de modo constante, em sucessivas candidaturas para a Presidência da República - Norton de Matos (1949), Quintão Meireles (1953) e Humberto Delgado (1958), quando, no Portugal-sem-outras-cores e em tempos tão difíceis, o Benfica já era, como hoje se mantém, um impressionante bastião da Liberdade e da Democracia.

E POR FIM, porque nesta fase absolutamente crucial da época, estamos a viver de novo uma exaltante circunstância, com os nossos atletas, técnicos e estruturas, a terem voltado a elevar a fasquia da nossa esperança em muitas modalidades e torneios.
Mas não estão sozinhos no seu esforço.
Na Luz e em todos os estádios ou campos, nos nossos pavilhões e nas casas dos outros, cabe agora aos Sócios e aos adeptos do Benfica, desempenharem o papel mais honrado e importante, que é próprio dos que sentem e vivem com paixão as vitórias da nossa Glória.
Como exemplo de unidade e de comum entrega, até à rouquidão, também se nos exige, a cada um de nós o nosso próprio esforço nas bancadas: BENFICA! BENFICA! BENFICA!"

José Nuno Martins, in O Benfica

Mota para o título !!!

A notícia do dia é a nomeação do Manuel Mota para o jogo do Funchal. Pessoalmente, acho que podia ser muito pior!!! A única coisa, que me incomodou foi mesmo o acto de 'adivinhação' do 'Rui Benfiquista':



A carreira do Manuel Mota é curta, até agora para a Liga apitou dois jogos do Benfica, ambos com o Beira-Mar!!! O ano passado na Luz, esteve mal mas foi coerente - estilo Capela!!! Deixou jogar, teve um critério larguíssimo, mas esteve muito mal no critério disciplinar, onde perdoou mesmo um vermelho directo a um Aveirense (tenho que realçar que este jogo com o Beira-Mar foi no meio da Grande Roubalheira, entre o jogo em Guimarães e o jogo do Alvalixo. Neste período foi praticamente a única arbitragem 'mais ou menos' decente!!!). Esta época, apitou o Beira-Mar - Benfica, onde até marcou um penalty - descarado - a favor do Benfica. Na altura pareceu-me que a indicação foi do fiscal-de-linha, mas marcou... é verdade que ficaram mais dois penalty's por marcar a favor do Benfica - um por braço na bola, e outro quando o Lima foi agarrado pelo Camará!!! Recordo-me também que houve vários foras-de-jogo mal assinalados (ou não assinalados erradamente!!!), mas isso é responsabilidade dos fiscais, e não sei se serão os mesmos...
Também tem poucos jogos dos Corruptos, e dos Lagartos... e tudo sem grande polémica. Recentemente ficou marcado pelo Feirense-Sporting B, onde expulsou 3 jogadores da Feira - o primeiro aos 4 minutos -, o que é estranho, sendo este um árbitro, que usa normalmente o tal critério largo!!!
O tal critério largo, pode ser negativo, já que vai permitir ao habitual caceteiro meio-campo do Marítimo distribuir porrada em grande quantidade... mas sem a tal notícia da nomeação 'antecipada', até ficaria semi-confiante, mas com os dados que agora são públicos, o Benfica tem que fazer pressão alta...

Todos os olhos postos no Funchal

"Na segunda-feira o Estádio dos Barreiros vai ser palco de um jogo que pode decidir a Liga. Uma vitória do Benfica coloca a equipa de Jorge Jesus na autoestrada do título; um empate ou derrota dos encarnados projeta as contas finais para a penúltima jornada, no Estádio do Dragão. É esta realidade que ajuda a compreender várias coisas que estão a passar-se no futebol português: do lado do Benfica, apesar de tratar-se de uma meia-final da Liga Europa, Jorge Jesus não apostou todas as fichas no duelo com o Fenerbahçe, reservando trunfos frescos para lançar no Funchal; do lado do FC Porto, a máquina de comunicação do clube seguiu em ordem unida a palavra do presidente e tomou por suas, amplificando-as, as dores do Sporting relativas ao 'derby'.
É em alturas como esta que a mais famosa das frases de Pimenta Machado recupera atualidade: «O que hoje é verdade, amanhã é mentira.» Há não muito tempo, era possível ouvir do presidente do FC Porto que «os burros é que falam de árbitros». Hoje, diz que «o Marítimo é difícil mas Portugal é um país de Capelas.» E pensar como é ténue a linha que separa esta frase da pressão sobre a arbitragem, que tem punição prevista nos regulamentos disciplinares! De facto, os riscos que Pinto da Costa corre e faz correr o FC Porto ao patinar sobre gelo tão fino mostra bem o que vale o jogo do 'caldeirão' dos Barreiros...
PS - Vítor Pereira, treinador FC Porto, disse ontem: «Somos do norte, estamos habituados a lutar até ao fim, sem atirar a toalha ao chão.» Estará a falar de quem? Helton, Danilo, Otamendi, Alex Sandro, Fernando, Lucho, James e Jackson são da América... do Sul; Moutinho é de Portimão e Varela de Almada. Deve estar a falar de Mangala, que nasceu nos arrebaldes de Paris..."

José Manuel Delgado, in A Bola

Amargo mas acredito na final

"Sempre defendi, ao contrário da generalidade dos adeptos, que considerava o jogo da Madeira o mais difícil para o Benfica. No jogo contra o Sporting, em casa, dificilmente se perderiam pontos. Bem sei que um derby tem encantos e motivações que podem mudar o rumo da história, mas como diz um sportinguista amigo meu, o Sporting jogou como nunca e perdeu como sempre.
Um híper motivado Sporting, e um Benfica menos inspirado, deu 2-0 para os encarnados. A diferença de qualidade, colectiva e individual é grande. Muito faz Jesualdo com esta equipa. Justo dizer que o sonho europeu do Sporting, a manter esta entrega, pode bem ser alcançado. Este Sporting está num patamar muito acima daquele com que se arrastou nos primeiros dois terços do campeonato. Vai ser uma luta a cinco com boas hipóteses para os de Alvalade. 
O Benfica joga na Madeira o verdadeiro jogo do título. Tem que se vencer o cansaço, as viagens e Marítimo para se conseguir vencer o Campeonato.
Este FC Porto, e bem, não dará tréguas. O 'Twitter' de Luisão no fim do jogo contra o Sporting disse tudo: «Foi espectacular. A luta continua. Todos juntos», o girafa sintetizou tudo para quem quer ser campeão.
A Liga Europa seria difícil de conquistar com todo o plantel disponível, mas sem Luisão, Enzo e André Almeida fica missão impossível.
No entanto como sabemos do filme com o mesmo nome por vezes conseguem-se feitos impossíveis. Desta velha Constantinopla, com linda vista para o Bósforo o Benfica traz um resultado amargo. Não deixa de ser semânticamente ilícito que o Benfica possa ter perdido a Liga Europa na Ásia. O Benfica 'normal', aquele a que nos habituamos é muito melhor que o Fenerbahçe tem tudo para estar em Amesterdão. O resultado não foi bom mas acredito que estaremos na final, dia 15. Na quinta-feira, todos na Luz a empurrar o Benfica."

Sílvio Cervan, in A Bola

Tudo em aberto

"1. A primeira mão das meias-finais da Liga Europa deixou tudo em aberto para o Benfica e colocou o Chelsea a um pequeno passo do jogo decisivo em Amesterdão. Os encarnados sentiram enormes dificuldades em Istambul mas têm legítimas esperanças de virar o resultado na próxima quinta feira. Na Luz, já vão ter Enzo Pérez, enquanto o Fenerbahçe estará privado de jogadores importantíssimos como Topal, Webó e, tudo indica, Raul Meireles.
2. Embora ainda em luta com o Benfica pelo título nacional, os responsáveis do FC Porto já começam a encontrar desculpas para uma eventual perda do título para o grande rival. A arbitragem de João Capela no último dérbi, que não assinalou dois penáltis favoráveis ao Sporting, foi providencial. Identificou-se um culpado e amplificou-se um caso, como já acontecera em 2010, com o famoso episódio do túnel da Luz. Mas encontrar justificações para o fracasso, neste caso para o possível fracasso, está longe de constituir um exclusivo portista. Na última época, foi Pedro Proença o bode expiatório dos encarnados, o responsável por um campeonato que a águia deixou fugir entre os dedos. E se algo correr mal até final, haverá, por certo, alvos a abater. Carlos Xistra, pelo desempenho no Académica- Benfica, está em banho-maria, mas, nas 4 jornadas que faltam disputar, surgirá facilmente um vilão que faça com que se explique um eventual descuido da equipa dentro de campo.
3. 0 Sporting encontra-se em reestruturação. Saem os antigos apoiantes de Godinho Lopes para entrarem, num futuro próximo, os de Bruno de Carvalho. Também como funcionários, claro está. A vida é dura para um ex-jogador de futebol em tempo de eleições. Quem apostar no candidato certo tem emprego. Quem ficar com o perdedor está desgraçado. E o sistema não contempla abstencionistas. No período pré-eleitoral começa a contagem de espingardas, com os convites a serem feitos a todas as antigas glórias. "Sim" é a única palavra que vale. Dizer "talvez" ao vencedor significa, desde logo, o purgatório.
4. Na Liga dos Campeões, os colossos espanhóis foram literalmente atropelados na Alemanha e só muito dificilmente estarão na final de Wembley. Bayern Munique e Borussia Dortmund mostraram argumentos demasiado eloquentes ao nível técnico, táctico e físico. Se a Bundesliga não estivesse tão escondida em termos mediáticos, se calhar a surpresa era menor."

Uma questão de dimensão

"Na última jornada, o nosso Benfica ultrapassou mais um obstáculo, mais uma “final”, para obter o desejado título de campeão. Faltam quatro jogos para terminar o campeonato e, até ver, faltam-nos três vitórias para podermos cumprir o principal e prioritário objectivo da época.
Terminado o referido jogo, foi interessante ver o esplendor da manifestação dos complexos dos nossos vizinhos da Segunda Circular. Num acesso histérico de delírio psicótico, insistem em forçar a realidade em função da ilusão. O estado de negação da realidade fá-los repetir à exaustão uma cantilena patética e bem ensaiada pelo clube do Sr. Costa, o tal que nas últimas décadas tem servido de conselheiro, modelo e amparo para os sucessivos insucessos desportivos e financeiros dos do Lumiar. Enquanto gritam pela marcação de grandes penalidades, à dúzia, em função de correntes de ar e achaques oportunos dos seus avançados, esquecem-se de que têm como elemento mais consistente no seu sector defensivo um lateral emprestado pelo… Beira-Mar. Enquanto demonstram à saciedade o seu complexo para com o Benfica, fingem não ver que têm menos pontos conquistados (33) do que os pontos que os separam do Glorioso (37). Enquanto choram por não terem cumprido o seu único objectivo de todas as épocas – tentar evitar o sucesso do Benfica – esquecem-se de que conseguiram (na 26ª jornada) cumprir o único objectivo que a realidade insiste em atirar-lhes à cara – garantir matematicamente que não descem de divisão. E ainda há quem estranhe que nós, benfiquistas, não entremos em euforia com vitórias de circunstância sobre rivais que cantam orgulhosamente, como um feito, um ignóbil incêndio provocado na nossa casa…
Fomos habituados a festejar apenas as conquistas de títulos e, uma vez que ainda não conquistamos nenhum dos três que estamos perto de vencer, não festejamos em euforia vitórias contra um clube que se põe em bicos de pés, para que ninguém se aperceba de que está algures pelo meio da tabela."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica

O Benfica não é o Arouca («O futuro de Capela é ser o Pedro Proença do Sporting»)

"É de temer que o futuro de Capela seja suceder a Proença como melhor árbitro de Portugal, da Europa e do mundo num curto espaço de tempo.

não bastava o Capela. Agora também o Jô Soares é do Benfica. Para quem não conhece Jô Soares informo que se trata de um artista brasileiro (que já não é propriamente um rapaz novo), um homem do espectáculo, enorme comunicador e finíssimo humorista, apresentador do Programa do Jô na TV Globo lá do outro lado do Atlântico. 
Jô Soares é um figura a tal ponto popularíssima no Brasil que o seu programa leva o seu nome porque assim mesmo, curto e directo, basta como selo de garantia.
Lamentavelmente, e não se sabe porque estrondosos motivos, desde o Verão passado, que o Programa do Jô se vem transformando no Programa da Águia Vitória.
E até parece que lá longe, sem ter nada a ver com o assunto, há um Jô todo ele vermelhão, tal e qual como o Vítor Pereira cá dos árbitros, que também faz o seu trabalhinho para levar o Benfica ao colo sabe-se lá até onde.
E isto não é especular.
Em Julho o Jô convidou o Deco para ir ao Programa da Águia Vitória. Para quê, caramba?
Para que Deco, já reformado e salvaguardado pela imensidão de um oceano inteiro, debitasse uma versão final do incidente da bota atirada ao árbitro Paulo Paraty, versão essa que, bem analisada, é um bocadinho contrária à versão que acabaria por vingar perante a justiça e perante a opinião pública do insólito e já distante acontecimento do ano de 2003.
Como se já não bastassem o Deco em Julho e o Capela no domingo, ma segunda-feira passada, menos de 24 horas passadas sobre o derby e provavelmente ainda empolgado com o goleco do Lima, o mesmo Jô convidou Walter Casagrande, outro ex-jogador do FC Porto, para ser entrevistado no tal Programa da Águia Vitória na TV Globo. E para quê?
Para que Casagrande, reformadíssimo e também ele salvaguardado pela imensidão do oceano anteriormente referido, viesse debitar acusações contra um qualquer no name enfermeiro que lhe terá ministrado quatro injecções que o deixaram com uma «disposição acima do normal» para jogar à bola no ano (do século passado) em que o FC Porto foi pela primeira vez campeão europeu.
Bonito serviço, Jô Soares. Duas vezes, bonito serviço, não haja dúvida.
Bonito serviço de dar a palavra a um tipo como Casagrande que não é de confiar. Os seus antigos problemas com drogas das chamadas sociais são sobejamente conhecidos no Brasil e que credibilidade pode ter um tipo que por andar nessa vida até escreveu um livro sobre isso?
Quanto ao Jô, o do Programa da Águia Vitória, é com certeza outro carocho. Lançando o tema das drogas, o entrevistador brasuca começa logo a conversa com Casagrande de modo, cá para mim, bastante suspeito.
«Maconha para jogar... imagina o tempo que leva um lançamento», diz o Jô todo sorridente.
Ai é? Ai «imagina»? Como é que ele sabe desse propalado fenómeno da distorção do tempo que pode ser provocado, dizem os cientistas de ponta, pelo uso da maconha?
É porque o já experimentou, com certeza. E, se calhar, até experimentou mais do que uma vez. Concluindo-se que o Jô também não tem credibilidade alguma.
É isto o Terceiro Mundo.

NINGUÉM de bom senso pode admitir ou acreditar que Vítor Pereira tenha mandado no domingo para a Luz o fiscal de linha Ricardo Santos para compensar a sua espectacular desatenção no lance do célebre golo do Maicon da época passada.
A lei da compensação tal como a lei do critério largo não constam dos regulamentos do jogo.
Também não é de crer que a nomeação do árbitro João Capela tenha sido para compensar a polémica expulsão de Cardozo no derby do ano passado na Luz, decisão tomada a meia hora do fim do jogo obrigando o Benfica a recuar para defender a magra vantagem de 1-0, o que foi conseguido com brilhantismo e espírito de sacrifício.
Estarão porventura recordados de que Óscar Cardozo foi expulso no Benfica-Sporting de 2011/2012 por ter protestado contra uma decisão de João Capela dando uma vigorosa palmada na relva. Acresce que estava sentado.
No Benfica-Sporting, este último, Cardozo foi (muito bem) substituído na segunda parte do jogo e assim que, extenuado, se sentou no banco dos suplentes aplicou uma grandíssima palmada no assento da cadeira vazia que tinha ao seu lado. Viu-se muito bem na televisão. Já o árbitro não viu porque estava atento ao que se passava dentro das quatro linhas. E nem tinha que ver. Desta vez não era nada com ele.
Adiante.
Pior ainda e totalmente inverosímil é que a nomeação de João Capela para o Benfica-Sporting tenha ocorrido para compensar, por portas travessas, o Futebol Clube de Arouca.
O Futebol Clube de Arouca? - dirão os senhores pasmados.
Esse mesmo, o Arouca que luta garbosamente pela subida à I Liga e que vai bem lançado. Dizem os arouquenses que poderiam ir melhor lançados nessa luta pela ascensão se no jogo em casa com o Sporting B o mesmo João Capela não tivesse assinalado duas grandes penalidades a favor dos visitantes, o que lhe permitiu virar o resultado tangencialmente desfavorável e vencer por 2-1 em Arouca.
O jogo acabou com os ânimos muito exaltados, com uma invasão de campo, com a fuga do árbitro Capela, com a polícia a fazer o seu trabalho (isto ainda foi no tempo em que o policiamento era obrigatório) e com o director desportivo da equipa da casa Joel Pinho, a ameaçar que o Futebol Clube de Arouca poderia deixar as competições profissionais «porque não vale a pena».
Felizmente, para o futebol, o Arouca reconsiderou esse propósito de abandono, deitou para trás das costas e percalço e prosseguiu na luta pelos seus objectivos que são altos e respeitáveis. E hoje está no lugar em que está com muito mérito. Quanto aos penalties de Arouca, bons ou maus, passaram à História como passam todas as coisas, nomeadamente os penalties.
Voltando ao derby e a Capela. O Benfica não é o Arouca.
Se houvesse intenção por parte de quem nomeia árbitros de compensar o Futebol Clube de Arouca pelo sucedido no jogo com o Sporting B, saber-se-ia certamente esperar com toda a tranquilidade pela próxima época para, já em 2013/2014, mandar João Capela ou para o Arouca-Sporting B, dando-se o caso de o Arouca não subir, ou para o Sporting A-Arouca, dando-lhe o caso inverso.
Mandá~lo para o Benfica A-Sporting A de 2012/2013 é que não faz sentido se a intenção era a de compensar por causa de um jogo de um escalão inferior a que o Benfica foi 100 por cento alheio.
Teremos, assim, nós benfiquistas, de agradecer ao Futebol Clube de Arouca, por portas travessas, os (no mínimo  quatro penalties perdoados por Capela ao Benfica?
Dizem que sim.
E que futuro para João Capela? O presidente do FC Porto diz que vai ser grande e, atenção, trata-se de um especialista a falar. Do lado do Benfica só se ouvem elogios ao futuro de Capela, o que se compreende. Do lado do Sporting, teme-se que venha a acontecer aquilo de que já muito boa gente suspeita. Isto:
O futuro de João Capela, depois do jogo da Luz, é transformar-se no Pedro Proença do Sporting e, provavelmente, suceder-lhe como o melhor árbitro de Portugal, da Europa e do Mundo num curto espaço de tempo.
Tenho dito.

GILBERTO FREYRE, um sociólogo, antropólogo e historiador brasileiro, tão brasileiro quanto Jô Soares, publicou em 1933 um ensaio maravilhoso, que se devora como um bom romance, sobre a dominação colonial portuguesa. O livro chama-se Casa Grande & Senzala.
Esta semana, na pátria dos antigos colonizadores, tivemos Casa Grande e Capela em todos os escaparates.
Também poderia chamar-se, sempre dentro do ramo das mansões de luxo, Casa Grande, Capela e Piscina. Mas isso já era meter o Capel ao barulho."

Leonor Pinhão, in A Bola