Últimas indefectivações

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

A sorte ainda explica o jogo?

"Fascinante: onde uns podem ver mérito e incompetência, outros só vêem sorte e azar.

Na edição de ontem de A Bola escrevemos um texto que, felizmente, era premonitório. Dizíamos que o Benfica tinha ao seu dispor um daqueles raros dias em que podia surpreender a Europa a que essa oportunidade valia o «sacrifício da tentativa honesta de todos». Acrescentávamos a receita: «É só preciso talento, inteligência, capacidade de sacrifício e... sorte. Às vezes acontece».
Pois não é que aconteceu mesmo!?
De tudo o que se pedia, talento, inteligência, capacidade de sacrifício e sorte, o Benfica teve um pouco de tudo isso, mas teve muito de sorte. O que nos remete para uma dura realidade para aqueles que olham o futebol numa base sistemática e até essencial das ciências aplicadas. É o que o futebol pode ser muita coisa junta, mas nunca deixa de ser um jogo e um jogo pode ser decidido pela sorte, ou pelo azar, e contrariar a ciência.
Dirão os mais cépticos que a sorte é feita de competências e os azares de défices técnicos e tácticos.
Não é verdade. A primeira parte do Benfica teve uma soma quase exagerada de algumas incompetências (desajustado preenchimento das zonas fundamentais do campo, erros de escolha de jogadores, incompreensão do jogo, má adaptação ao adversário) e o Benfica conseguiu chegar a salvo ao intervalo.
Dirão os meus contrários: pois, mas isso ficou a dever-se à competência de Ederson e à incompetência de Aubameyang.
Posso contrariar a tese repetindo os meus argumentos, dizendo que em noite de pouca ou nenhuma sorte, o Benfica tinha já perdido a eliminatória, mas compreendo que seja, apenas, uma visão do problema e que a oportunidade que um jogo de futebol nos dá, a todos, de ter diversas visões e interpretações, é, afinal uma dádiva e uma sorte que nos contempla a todos os que gostamos deste jogo fantástico."

Vítor Serpa, in A Bola

A arte maior de Ederson

"Os deuses eram encarnados e 'São Ederson' mostrava argumentos únicos

1. Início estonteante com o jogo aberto e as suas equipas em busca da baliza contrária sem amarras tácticas. Dortmund a aparecer como era previsto com 3 defesas e projectando a equipa ofensivamente com 5 médios e dois jogadores mais à frente, numa louca vertigem ofensiva. O Benfica, fiel ao seu figurino, com Rafa a entrar no lugar do infortunado Jonas, emprestando mais velocidade à equipa mas subtraindo virtudes que só o brasileiro empresta (grande limitação no processo ofensivo). Volvidos os primeiros minutos, as dificuldades eram gritantes para um macio Benfica, com um meio campo sem capacidade para pressionar os adversários.
A equipa germânica foi construindo sucessivas oportunidades e a sua capacidade de colocar muitos homens em situação de finalização era avassaladora. O Benfica mostrava debilidades; falta de agressividade nos diferentes momentos do jogo, intensidade baixa para os duelos, dificuldades imensas em sair do esmagador espartilho alemão, um tormento para o Benfica.

2. O intervalo foi como o soar do gongue para um atordoado e golpeado pugilista. Rui Vitória mexeu e dispôs a equipa num mais 4x3x3 com um triângulo no meio campo com Filipe Augusto e Pizzi a saltarem-se no apoio aos avançados. O recomeço mostrava um Benfica mais subido no campo e caído do céu apareceu o golo num canto do lado direito do seu ataque. Num canto aberto, (não se percebeu a colocação de Guerreiro no primeiro poste quando pelam trajectória da bola tal não se justificava), o habitual bloqueio e Mitroglou apareceu a facturar. Por estratégia ou pura incapacidade de disputar o jogo no campo todo, o Benfica recuou e entregou de novo a iniciativa de jogo ao adversário.
As múltiplas opções ofensivas alemãs voltavam ao jogo. Apesar dos espaços entre os jogadores do Benfica se terem tornado mais curtos, (Filipe Augusto e Pizzi mais perto do Fejsa), o Dortmund demonstrava estar muito mais forte que o Benfica, e a incapacidade dos homens de Rui Vitória de beliscar o último reduto forasteiro e trazer a nu as insuficiências da sua linha defensiva, permitiu que os germânicos mantivessem incessante a corrida louca à baliza de Ederson.

3. Inúmeras foram oportunidades - até uma grande penalidade - desperdiçada pelo Borussia neste derradeiro assalto, mas os Deuses eram encarnados e São Ederson mostrava argumentos únicos que o tornam quase inultrapassável. Era uma vitória difícil dos visitados, bafejada de sorte, com fortes motivos de análise para Rui Vitória (dificuldades em acompanhar o ritmo diabólico do adversário), mas que permite ao Benfica sonhar com uma passagem para os quartos de final."

Daúto Faquirá, in A Bola

Sinais da bola

"Viram-se gregos
por uma vez Mitroglou conseguiu fugir à marcação do compatriota, ontem adversário, Sokratis. E foi suficiente. Ao minuto 49, o grego do Benfica ficou sozinho com Burki e, com alguma sorte no domínio, não deu depois hipótese: aí estava o 1-0!

O bom gigante
Na celebração do seu 500.º jogo pelo Benfica, Luisão não marcou o golo que daria toque de perfeição ao momento mas foi fundamental com passe de cabeça para Mitrolgou fazer o 1-0. No fim, o bom gigante, o girafa da Luz, sorriu. Tinha motivos para isso...

3 minutos infernais...
O nervosismo demonstrado tinha sido muito mas, de súbito, e já com as águias a vencer, eis que, em três minutos (entre o 56 e o 58), Ederson assumiu o papel de diabo, infernal para o Dortmund: três defesas fundamentais, a última na conversão de penalty de... Aubameyang!

... e o 'imperador' sorriu
Faltava pouco para o fim e Ederson fez defesa do outro mundo, após remate de Pulisic e desvio em Jiménez... No banco, Júlio César, imperador das balizas, ergueu-se para aplaudir. Na bancada, Taffarel, técnico de guarda-redes da selecção, sorriu perante visão... do futuro.

Posse de bola?!
As estatísticas não ganham jogos. Nem a posse de bola, nem a quantidade de passes, nem a percentagem de acerto dos mesmos. Ganha quem marca. O Dortmund teve 64 por cento de posse de bola e fez mais 360 passes certos do que o Benfica. Mas... perdeu."

João Pimpim, in A Bola

Muitos golos desperdiçados...

Ac. Viseu 2 - 1 Benfica B


O Académico também falhou alguns golos (marcou os dois, praticamente se seguida... no início do 2.º tempo), mas o Benfica 'exagerou' no desperdício... o golo só apareceu nos descontos, e já foi tarde demais...
Desta vez, 'entrámos' com um 11 totalmente da Formação... e dos três substitutos, só 'entrou' um 'estrangeiro' (Belém)!!!

Treinadores portugueses

"De volta às competições europeias. Das equipas portuguesas, restam as do costume: Benfica e Porto. Não sendo favoritas nestes oitavos de final da Champions, podem justamente alimentar alguma esperança na passagem à fase seguinte (escrevo este texto antes do jogo da Luz).
Há dias, li no Diário de Notícias, um excelente trabalho sobre os treinadores portugueses emigrantes não só por essa Europa fora, como pelo mundo inteiro. Regra geral com bons resultados da sua acção, como ainda agora vimos com Paulo Duarte, treinador do Burkina Faso, terceiro classificado no CAN.
Os treinadores das 48 equipas ainda em prova da UEFA (16 na Champions e 32 na L. Europa), distribuem-se por nacionalidades assim: 1.º Portugal (7); 2.º Espanha (6); 3.º Itália (5); 4.º Alemanha, Holanda, França e Argentina (4 cada). Depois seguem-se a Rússia, Roménia e Turquia com 2 treinadores cada e com um há seis países: Noruega, Rep. Checa, Polónia, Israel, Bulgária, Bélgica, Suíça e Sérvia.
O 1.º lugar para Portugal é a prova categórica do nível dos nossos treinadores. Neste caso, Rui Vitória, Nuno Espírito Santo, Leonardo Jardim (na Champions) e Paulo Bento, Paulo Sousa, José Mourinho e Paulo Fonseca (na L. europa). Além de Fernando Santos, campeão europeu de selecções.
Há quatro treinadores que lideram as suas ligas: Rui Vitória no Benfica, Paulo Fonseca no Shakhtar Donetsk, Paulo Bento, no Olympiakos e o sensacional Leonardo Jardim no Mónaco (ele que era tido como técnico defensivo, orienta a equipa com melhor ataque na Europa: 75 golos em 25 jogos)! Simplesmente notável! Assim o dirigismo e a arbitragem pudessem dizer o mesmo..."

Bagão Félix, in A Bola

Eram três, agora são dois

"Se há dores de cotovelo, a de Jesus deve ter sido aguda quando olhou para o lado e viu Augusto Inácio, que foi o último treinador português a ser campeão nacional pelo Sporting.

Quando a Liga começou o Sporting tinha o objectivo de ser primeiro, mas, nesta altura, a mesa principal passou a ser uma classificação que permita, na próxima época, «entrar na Champions», de forma directa ou indirecta. Diluíram-se as dúvidas: de três candidatos, restam dois...
A seguir ao empate com o Marítimo, o treinador leonino, em declaração a quente e apressada, apontou ao segundo lugar. Anteontem, após árdua e categórica vitória em Moreira de Cónegos, baixou a fasquia para o terceiro, a última posição de acesso à Liga dos Campeões através do play-off, parecendo esse desiderato de fácil alcance devido ao Sporting de Braga, outro assumido pretendente, não estar a recolher o sucesso desejado com a mudança de treinadores.
Pela segunda vez, em menos de um mês, Jesus confundiu-se no discurso. Entrou por atalhos que as circunstâncias não aconselhavam em face de uma exibição convincente e que nos transporta para a questão central: em vez de justificações que suavizem o atraso pontual para os primeiros, sugerem-se esclarecimentos para uma dúvida que emergiu do relevante desempenho de quase todos os jogadores, desempenho esse a encaixar mal na oratória do treinador, o qual, pacote de desculpas à parte, onde cabem azares, guarda-redes, árbitros e afins, não explicou por que razão um plantel que era bom há ano e continua a ser bom hoje perdeu o rótulo, no seu entendimento, de candidato ao título de corpo inteiro, sem dar conta que ainda há treze rondas por disputar, com dois clássicos de permeio (Benfica-FC Porto, 27.ª e Sporting-Benfica, 30.ª) que alguma agitação irão provocar no topo da tabela.

Na temporada passada, à saída da 21.º jornada, o Sporting estava a par do Benfica, ambos com 52 pontos. Agora, o leão soma menos onze. Trata-se de uma queda pronunciada, embora insuficiente para se proclamar a capitulação. A situação é problemática mas há futuro, prometido pela dimensão de Adrien Silva, jogador que merece uma Liga com mais visibilidade, pela valentia de Bas Dost, que pouco fica a dever a Slimani, pelo talento de Gelson Martins, um jovem especialista em desembrulhar jogos, o termo é feliz e tem a assinatura de Jesus, e pela estabilidade associada aos outros campeões da Europa: Rui Patrício (não se chama Casillas, mas foi considerado o melhor guarda-redes do Europeu de França) e William Carvalho, que tem resistido aos efeitos devastadores do furacão.
Os futebolistas são os menos culpados porque obedecem a ordens, respeitam estratégias e em caso de incumprimento ou menos aplicação saem de cena, são substituídos por outros. Que às vezes não existem com atributos para clube grande, mas, nesse caso, a responsabilidade continua a ser do mesmo: de quem escolhe. Sabe-se que o futebol é um negócio de risco, mas deve haver limites até para os enganos...

Apesar de sobrarem poucos adjectivos no dicionário para qualificar os méritos de Jesus, abro um parêntesis por causa das dores de cotovelo, que as há, sim senhor, e a dele deve ter sido aguda quando subiu ao relvado de Moreira de Cónegos, olhou para o lado e viu Augusto Inácio, que foi o último treinador português a ser campeão nacional pelo Sporting, fecho o parêntesis, insisto na convicção de que, nos seis anos em que esteve no Benfica, nas mesmas condições de trabalho, que foram excelentes, e dispondo dos mesmos jogadores, qualquer outro treinador com o mínimo de competências teria apresentado idêntico saldo. Por isso também já o escrevi, considerei o ataque leonino extravagante, no foguetório e nos milhões despendidos, sem o cuidado de acautelar que Jesus era contratado: o que ganhou três campeonatos ou o que perdeu três campeonatos. Se calhar o segundo,daí Bruno de Carvalho ter feito uma revisão de matéria e percebido que as coisas não eram como lhe terão pintado.
Parou para pensar, rectificar coordenadas e impor medidas. Vai ganhar as próximas eleições, porque depende só dele, mas não sabe quando será campeão nacional, porque não depende só dele. Um troféu (Supertaça) em duas épocas é o que Jesus tem para oferecer. Caríssimo.
«Não vamos baixar os braços», afirmou o capitão Adrien Silva, no final do jogo com o Moreirense. Mensagem simples e forte que, seguramente, calou fundo na família sportinguista. Porque é sincera e exprime um estado de alma. O resto é conversa de embalar...

Nota final - Rui Vitória, líder no Campeonato, e Nuno Espírito Santo, 2.º classificado, a um ponto, seguem os seus caminhos, firmes, lúcidos e discretos. Preparam-se para competir nos oitavos de final da Liga dos Campeões: mais logo, o Benfica, com o Borussia Dortmund; na próxima semana, o FC Porto, com a Juventus. É o futebol português representado ao mais alto nível."

Fernando Guerra, in A Bola

Hoje serias o nosso Messi, Chalanix!

"O destino é coisa lixada, Chalanix. Hoje, esta Bombonera é sobre ti. Equipa-te, que jogas. Calça as botas pretas, já sei que são dois pés esquerdos. Ou direitos. Vai dar no mesmo para ti.
Estás a ver aquele lateral com ares de hastado romano enfezado, atrás do gládio desembainhado? Bebe a tua poção e enrola-lhe os rins como corda de pião, faz com que voe como um dois-de-copas ao vento, segue em fúria para a área, não deixes que nenhum russo te derrube antes de lá chegares.
Já alguém te disse que foste grande? Claro que disseram. Como não? Muitas, tantas vezes, e mesmo assim tão poucas.
Vi-te a desenhar golos em esquadria para Jordão quando tinha dez anos, a deixar defesas por terra com uma simples insinuação do bigode, a tornar ésses numa linha recta. Sei, e posso escrevê-lo com todas as gordas que vieram com este teclado em tempo de vagas magras
Hoje serias enorme! Enorme!
Chalanix. O terceiro anel sempre foi teu. Literalmente. Foste tu quem acabou de pagá-lo com os 200 mil euros que vieram de Bordéus. Só que todos sabem que bastariam as arrancadas anteriores para derrubar os ideais de qualquer materialista convicto.
Melhor ainda se o velhinho Vélodrome também se tivesse tornado teu como se justificava, não tivessem os gauleses bebido também da poção mágica de Panoramix, resistido ao prolongamento e acabado com o sonho de um primeiro Euro, com um tal de Domergue, defesa-central, a tornar-se herói improvável, aguentando os Bleus com o bis até um Platini Astérix-reencarnado apunhalar-nos no abdómen, a um minuto do fim.
O destino é coisa lixada, Chalanix! Um gigante como tu não merecia tantas lesões. Que te deixassem jogar, arrancar, fintar e cruzar. Marcar. Festejar. Com um pé, com outro. Era igual, sempre foi igual. Como podia ser igual?
Que te deixassem ser tu!
Barreirense e Benfica. Bordéus, Benfica, Belenenses, Estrela da Amadora e o fim. Em França, começou o mundo a virar do avesso. Sempre França.
Tantos acidentes de percurso também do lado fora de campo. O azar perseguiu-te sempre. O azar era também um Domergue disfarçado a aparecer do nada, um Platini com superpoderes, capaz de destruir legiões inteiras. O azar crescia até ficar desse tamanho para ti. Um karma incomensurável.
A tua vida foi feita de Domergues injustos, capazes de se superar a si próprios, empurrando-te para trás.
Tu, Chalana, no tempo em que o futebol amarrava os portugueses atrás foste enorme! E também hoje o serias! Um dos maiores, um dos melhores. O Messi de um país que também teve Futre, Figo e Cristiano Ronaldo, depois de Eusébio. Tomara a ti que te tivessem dado também uma poção mágica que te fizesse resistir a tudo.
Enorme, Fernando! Hoje e sempre. Nunca o esqueças!"

"Chupa, betão", diz (...) sobre a exibição de Ederson, num jogo em que Pizzi cumpriu com dignidade as instruções de não morrer

"(Preâmbulo)
Rui Vitória, ao intervalo
Rapazes, tenho uma boa e uma má notícia. A boa notícia é que por milagre não estamos a levar na pá. A má notícia é que ainda faltam 45 minutos. Podia agora fazer uma comparação entre a minha condição miserável e a situação em que vocês se encontram, mas sinceramente a minha vida é bastante porreira, acabei de renovar e isto não é o Any Given Sunday. Uma coisa posso dizer-vos: se fosse fácil não era para nós. Estou a brincar. Já ninguém consegue ouvir essa. Até eu estou farto.
É assim. Eu prometi à minha família que só fazia esta barba se ganhássemos a uma equipa alemã, ou se algum dia tivesse todo o plantel disponível. Neste momento, parece-me mais provável o Grimaldo entrar para o lugar do Eliseu do que vencermos este jogo. Mas, nem eu nasci para usar estas pilosidades capilares, nem vocês estão cá para levar baile. Vamos lá comê-los vivos. Antes de voltarem lá para fora, só algumas indicações.
Ederson, pára de pontapear adversários.
Nélson, seguiste o Bayern no instagram, não foi? Porreiro. Experimenta seguir os adversários. 
Lindelof, nem acredito que vou dizer isto, mas estiveste bem. Luisão, a direção já avisou os jornais que o teu jogo 500 afinal é só no próximo domingo. Isto assim não é nada.
Eliseu, é isso mas em bom.
Fejsa, parece que levaste uma injeção de estrogénio e estás jogar de saltos altos.
Salvio, um dos teus lances individuais terminou na Casa do Artista. Levanta a cabeça.
Rafa, pareces o filho de um jogador do Benfica que entrou para fazer número.
Carrillo, a jogar assim nem os chineses te pegam.
Mitroglou, eu sei. Estamos todos a sofrer. Eu também queria que ele estivesse aqui.
Filipe Augusto. Porque é que tens dois nomes? Que raio de ideia. Ninguém te deu uma alcunha no Brasil? Veste lá a camisola e calça-te. Tenho aqui uma táctica muita simples para ti: vais andar ali perto do Fejsa e do Pizzi e fazes o contrário do que eles fizerem.
Só mais uma coisa. Alguém sabe do Pizzi?

Análise Individual
Ederson Moraes
Incansável. Melhorou no único capítulo em que tem demonstrado inexperiência, já que desta vez não enfiou os pitons no adversário. O árbitro reconheceu a boa fé do pontapé em Dembélé e mandou seguir. Ederson olhou para Nicola Rizzoli, contemplou o céu, e decidiu que iria confundir a decisão errada do árbitro com uma intervenção divina - graças a Deus que assim foi. A partir daí, avançou decidido para uma exibição inesquecível, que justificaria comparações com um muro de betão não fosse esta uma matéria com muito menor maleabilidade, total inaptidão para fazer a mancha, incapacidade para defender penalties, e muito menos possuidora dos mesmos reflexos. Chupa, betão. 

Nélson Semedo
Entrou em campo com a tranquilidade de quem vai pendurar meias no estendal, mas rapidamente a normalidade se esfumou quando percebeu que o adversário de hoje não era o Portimonense. Aos 35 minutos foi visto a duvidar das suas capacidades para vingar no futebol alemão, mas um berro de Luisão devolveu-o à realidade, onde por acaso um individuo em roupa fluorescente já surgia desmarcado. Passou o resto do jogo a recuperar deste rude despertar e terminou em bom plano, tendo no final agradecido aos adeptos, a Rui Vitória e a Carlo Ancelotti pela confiança depositada.

Luisão
Tudo se encaminhava para ser o mais deprimente jogo 500 de qualquer jogador que tenha feito 500 jogos num só clube, mas felizmente houve mais 45 minutos e portanto esse galardão continuará à espera do Rui Patrício. Não que tenha sido dos piores na primeira parte, mas a sua exibição após o golo foi, piadas à parte, uma das coisas mais bonitas que vimos neste novo Estádio da Luz. Luisão sempre foi líder e capitão nos maus momentos, mas a sua capacidade de somar energia e uma aura de invencibilidade aos melhores momentos da vida do clube merecem o maior dos agradecimentos, e estão inscritos no código genético daquilo que são hoje o orgulho e a mística benfiquista. Luisão trabalha no Benfica há quase 14 anos. Porra. São 14 anos a partilhar o balneário com alguns dos melhores jogadores do mundo e com alguns dos piores. 14 anos em que nunca foi dos que se limitavam a picar o ponto. O contrário: passou uma carreira inteira preocupado em chegar a horas ao lance seguinte, ao seguinte, e ao seguinte. Já perdemos a conta à quantidade de vezes que celebrámos desarmes seus como se fossem golos, mas, sempre que a memória nos parece trair enganada pelo BI do nosso capitão, ele regressa para nos mostrar, como hoje, 14 anos depois, exactamente ao minuto 78, como é que se vencem jogos de futebol e porque é que isto é tão importante para nós. 14 anos. A maioria dos miúdos hoje não aguenta 14 dias sem exigir o lugar do director-geral. Amanhã voltaremos às piadas, mas hoje é altura de dizer: Muito obrigado, capitão. 

Victor Lindelof
Uma das melhores exibições da época. Mostrou níveis de atenção que não lhe víamos desde que recebeu a proposta salarial do Manchester United.

Eliseu
A sua primeira intervenção no jogo foi uma fruta descomplexadíssima num alemão. Parecia um bom presságio, mas rapidamente se percebeu que aquelas rabias manhosas dos alemães na zona central tinham como finalidade apanhar Eliseu a sonhar com carne maturada e fazer a churrascada nas suas costas. A coisa só não correu pior devido a uma combinação de eventos espácio-temporais que Stephen Hawking, na sua famosa conferência de Geneva, descreveu como “uma sorte dos diabos”.

Ljubomir Fejsa
Nota-se que foi pai há pouco tempo. Só na segunda parte conseguiu adormecer o bebé e lá foi tentando dominar as circunstâncias em que se encontra, com um pé junto à canela dos adversários e outro a abanar a espreguiçadeira, não vá o gajo acordar.

Pizzi
Rui Vitória tinha instruções muito específicas para Pizzi na partida de hoje. Pediu-lhe essencialmente que não morresse. Pizzi cumpriu com toda a dignidade. Agora é levantar a cabeça e pensar no próximo jogo.

Carrillo
Exibição muito apagada do peruano. Foi substituído ao intervalo e recebido em apoteose no regresso ao banco de suplentes.

Toto Salvio
Começou o jogo com vontade de fintar meia equipa do Borussia Dortmund, e assim o fez, quase sempre indiferente ao facto de sobrar outra meia equipa para lhe tirar a bola. Esta espécie de narrativa paralela Toto vs. mundo, que tantas alegrias já nos deu, foi pouco consequente e serviu para expôr algumas fragilidades da nossa construção de jogo, mas fez milhares de adeptos acreditarem que era possível ganhar o jogo. Terminou por isso no lado certo da história.

Kostas Mitrolgou
Heróico. Sobreviveu a este dia de São Valentim longe do seu amor Jonas, que torcia por si na cama de um osteopata qualquer. Foi o único indivíduo em campo que teve oportunidade de se dirigir a uma câmara de tv para fazer um coraçãozinho ridículo com as mãos, mas soube ser superior a isso.

Rafa Silva
Foi uma das histórias do jogo. Ao intervalo, já no seu balneário, o defesa Bartra encontrou Rafa num bolso dos calções. Felizmente, o fair-play dos alemães imperou e o jogador foi devolvido a Rui Vitória. Dizem que a barba faz o homem, mas nem assim o miúdo fez esquecer Jonas.

Filipe Augusto
À hora em que escrevemos isto, Filipe Augusto continua no relvado da Luz a perseguir furiosamente a bola, e já avisou que vai a correr para casa.

Aubemayang
Que grande benfiquista."

Cadomblé do Vata

"1. Da primeira vez que vêm a Lisboa, os alemães apanham o Patricio, da segunda apanham o Ederson... o pessoal de Dortmund ficou com a sensação que tinha ganho uma corrida contra um Fiat Punto e depois perdeu outra contra um Lamborghini.
2. Uma equipa portuguesa ganhou a uma alemã com um golo de um grego... metade dos PIGS foram à boca à Merkel.
3. "Ahh o Benfica ganhou mas foi totalmente dominado ai ai, o drama o horror"... há gente que sempre que vê uma equipa amarela pensa que é o Paços de Ferreira que está em campo. 
4. Não sou muito bom a geografia, por isso preciso de ajuda... o país de origem do Aubameyang chama-se Gabão ou Falhão?
5. PSG ganhou ao Barcelona e SLB bateu o Dortmund... grande noite para as equipas da Cidade Luz e da Cidade da Luz."

Benfiquismo (CCCLXXX)

Mais uma !!!

105x68... com o rescaldo Europeu

Vermelhão: calha a todos...!!!

Benfica 1 - 0 Borussia Dortmund


Pois é, estamos habituados a estar no outro lado das 'injustiças': assim de repente, recordo-me das Finais da Liga Europa, recordo-me do jogo com os Corruptos na Luz o ano passado...; recordo-me de alguns jogos do tempo do Fernando Santos, um com o Boavista, outro com o Espanhol de Barcelona; entre outros!!! Nem sempre quem ataca mais: ganha; nem sempre quem pensa que merece: ganha...! O Futebol, neste aspecto é 'diferente' de outros desportos, no Futebol é mais fácil estas coisas acontecerem... Em Portugal, este tipo de partidas, muitas vezes, acaba por ser manchadas por Frutas e afins... e isso acaba por 'estragar' a festa, mas isso não aconteceu esta noite... E nem foi preciso recorrer ao anti-jogo que tantas vezes, temos que 'aguentar' dos nossos adversários!!!
A 'sorte' que vai ficar para a história, vai esconder o 'azar' nos ressaltos de bola, nalgumas perdas de bola em faltas não assinaladas, que deram ataques perigosos ao Borussia... naquele 'empurrãozinho' do Raphael nas costas do Fejsa, naquela bola 'estúpida' que passou por 'cima' da linha... e naquela defesa 'impossível' no remate da meia-lua que é desviado: ninguém se vai lembrar que quem desviou a bola foi o Jiménez (se tivesse sido golo, teria sido muito cruel)!!!

Para mim, o momento do jogo foi mesmo aquela perda de bola do Pizzi, que acabou no desperdício do Aubameyang!!! Até aquele momento, o jogo estava repartido, o Benfica estava a conseguir trocar a bola no meio-campo adversário... havia equilibro!!! Mas a partir deste momento, o Benfica ficou 'desconfiado' da própria capacidade de 'construir' jogo; e o Dortmund 'acreditou' que podia ser premiado caso fizesse pressão alta...!!!
Com o Benfica a jogar com o bloco baixo, faltou capacidade para 'esticar' o jogo, isto porque os nossos avançados não conseguiam 'segurar' a bola... Além disso, posicionalmente, o nosso meio-campo não estava encaixado no 'modelo' do Borussia...
Ao intervalo, Rui Vitória arriscou muito! Não me recordo de uma alteração tão significativa no 'esquema' táctico do Benfica, a meio de uma partida, com 0-0 no marcador!!! Também não me recordo a última vez que o Benfica usou um 433 !!! Mas foi isso que fizemos na 2.ª parte!!! A inclusão do Filipe Augusto foi essencial... é verdade que o Borussia voltou a criar perigo, mas isso deveu-se essencialmente à fadiga de alguns dos nossos jogadores; à avalanche (e qualidade) ofensiva do adversário... posicionalmente, demos muito menos espaço!
E olhando para o plantel, creio que sem o Filipe Augusto dificilmente poderíamos executar esta estratégia!!!
Se o golo não tivesse surgido tão cedo, após a alteração no sistema, não sei se o Benfica iria conseguir manter o ritmo, com o qual saiu do balneário... Será uma daquelas coisas, que nunca saberemos!!!

Apesar do 'sucesso' no final, acho que o treinador cometeu um erro: quem devia ter saído ao intervalo, devia ter sido o Rafa!!!
Estou à vontade, porque eu fui um dos que pedi o Rafa a titular, logo a seguir ao jogo do Arouca, antes de saber dos problemas físicos do Jonas!!! Mas na prática, a solução Rafa não resultou, porque fisicamente o Rafa foi sempre anulado... Creio que o Carrillo teria outra capacidade nos duelos individuais!
Uma nota para o Borussia: conseguiram aproximar-se da qualidade de posse de bola, do melhor Barcelona...! Curiosamente (ou não) tentaram a mesma estratégia que o Guardiola (o ano passado) e os Corruptos nos dois últimos jogos com eles: atrair o 'bloco' do Benfica, para o nosso lado esquerdo, e depois fazer a rápida mudança de flanco para as costas do Semedo...
No início o Salvio ainda deu a 'cobertura' necessária, mas com o passar dos minutos, o espaços foram aparecendo... Felizmente, o defesa esquerdo do Borussia, fez quase sempre a diagonal interior, facilitando o nosso trabalho...
Mas antecipando aquele que poderá ser o jogo do título nacional, devemos rectificar esta situação!
Que dizer da exibição do Ederson?! Por acaso começou com alguns 'sustos' lá atrás... mas depois foi sempre a 'subir': defendeu um penalty, num remate para o meio da baliza (aquilo que os teóricos dizem que os guarda-redes deviam fazer sempre, mas praticamente ninguém defende estes penalty's!!!); e na defesa mais complicada da noite, conseguiu reagir a um desvio num dum próprio colega de equipa!!! O Taffarel se tinha dúvidas, ficou sem nenhuma!!! O único 'problema' é que com exibições destas na Champions, se já era difícil 'aguentar' o Ederson no final da época, assim, será mesmo impossível...!!!
Só faltou mesmo o golo, no jogo 500 do nosso Capitão!!! Recordo-me do 1.º jogo do Luisão, no Jamor... Daqui a alguns anos, poderei 'contar' que assisti a praticamente todos os jogos do Luisão... Nos dias de hoje, é raríssimo encontrar este tipo de estatísticas, só nos Clubes 'fim da linha' (financeiramente) os grandes jogadores não 'trocam' de camisolas... E como provou hoje, o Luisão ainda tem pernas para mais... Acho mesmo que o Luisão, 'prefere' este jogos onde o Benfica, defende com o 'bloco baixo'... verdadeiramente imperial!!!
O Lindelof não ficou atrás... ainda 'tentou' complicar uma ou outra jogada, mas tudo correu bem...
O Semedo voltou a ser a 'vitima' preferida dos nossos adversários, e temos que admitir: ganhou praticamente todos os duelos, e mesmo quando foi apanhado em inferioridade numérica, manteve a 'cabeça fria' e não perdeu a 'posição'... E ainda teve tempo, para várias 'saídas'...
Já com o Arouca Eliseu tinha jogado bastante bem... mesmo assim no final da partida, os anti-Eliseu voltaram a destilar o fel do costume!!! Hoje, repetiu a dose... sem nunca perder o 'norte'!!!
O Fejsa teve um jogo complicado... o Borussia canalizou quase todo o jogo pelos flancos, longe a sua zona de influência, e como o Benfica não pressionou 'alto', acabou por perder 'destaque'... Foi ingénuo naquele lance com o Raphael... e teve 'azar' no penalty... Conclusão: um dos jogos menos conseguidos com a camisola do Benfica!!!
O Dortmund estudou o Benfica, e sabia que pressionando o Pizzi, condicionaria o nosso processo ofensivo... Na 2.ª parte, com um esquema diferente, o transmontano soltou-se mais um pouco, mas nunca conseguiu 'construir' jogo... mas pelo menos defendeu muito, muito mesmo...
O Salvio começou bem, conseguiu vários dribles... só esteve mal naquele remate disparatado, quando deveria ter passado a bola... Mas foi o primeiro a 'relaxar' no posicionamento, e meteu o Semedo em sarilhos várias vezes... no 2.º tempo, em vantagem no marcador, percebeu que o melhor era mesmo 'fechar' o flanco, em vez de fazer as habituais cavalgadas...!!!
Não é fácil avaliar a exibição do Carrillo... a bola nunca chegou com qualidade... gostaria de o ter visto no meio ao lado do Mitro...
Já falei do 'problema' do caparro do Rafa... e contra estes adversários, é preciso 'aguentar' as 'cargas de ombro'!!!
Mais um golo do Mitro... talvez no jogo, onde o Mitro mais correu sem bola...!!! Recordo que o Mitrolgou apesar de Grego de 'sangue', nasceu e cresceu na Alemanha!!! Na primeira meia hora, ganhou vários duelos físicos, mas depois faltava apoio...
Estreia de sonho do Filipe Augusto... Não fez nada de 'espectacular' mas equilibrou o nosso meio-campo, ajudou muito o Eliseu e o Fejsa, e permitiu que o Pizzi no lado contrário, desse apoio ao Semedo... e como estava mais 'fresco' ainda conseguiu 'esticar' o jogo algumas vezes... Vai ser muito útil seguramente...
Franco Cervi tem algumas limitações, mas na entrega, e na disciplina táctica é um dos melhores... cometeu só um erro ('agarrou-se' demasiado a uma bola), mas não merece ser penalizado por isso... Com o Zivkovic e o Carrillo a 'subir' de forma, o Cervi foi 'despromovido' nas opções, mas o Cervi não vai desistir...
O Jiménez ainda não está no pico da sua forma... nota-se, mas voltou a dar tudo... Agora, no jogo da 2.ª mão, acho que vamos precisar do melhor do Jiménez: se tivermos o Raúl do Benfica-Bayern, do ano passado, o Benfica estará nos Quartos-de-final da Champions!!!
Não gostei do Rizzoli... o 'choque' do Ederson foi o único lance decidido a 'nosso favor' o resto foi sempre 'contra', inclusive algumas faltas perto da área do Borussia e algumas perdas de bola perigosas do Benfica, que deram ataques-perigosos aos Alemães...

Mais uma vez, na antevisão, tivemos um festival degradante de anti-Benfica nas descomunicação social desportiva, tentando desvalorizar este Borussia...!!! Recordo que este Borussia, no último ano e meio, derrotou por 2 vezes os Corruptos e os Lagartos... sendo que destes 4 jogos, aquele com menos lesionados do Dortmund foi este, com o Benfica!!!
Mas aquilo que importa, é 'refocar' a cabeça dos jogadores para o Braga!!! Depois de um triunfo destes, é normal alguma descompressão... o trabalho da nossa equipa técnica, é a partir de amanhã, é exactamente este: Braga será ainda mais complicado!!!
O Braga está num mau momento, mas isso não interessa para nada... Contra o Benfica tudo é diferente!!! Já demos todas as abébias que podíamos dar no Campeonato, não podemos voltar a facilitar... Muito provavelmente no Domingo, quando entrarmos dentro do relvado, estaremos em 2.º lugar... e todos os pasquins e televisões, vão repisar esse 'facto'... portanto a pressão será enorme! Além disso, vamos ter um apitadeiro coagido... seguramente!!!
Antes do jogo da 2.ª mão (8 de Março), vamos ter 4 jogos (3 na Liga e 1 na Taça), vamos ter muito tempo para pensar no Muro Amarelo!!! Até lá, poderemos ter alguns jogadores recuperados (e outros lesionados...!!!!) e pensar na forma como marcar golos na Alemanha...
Deixo só uma estatística: das 13 vezes que o Benfica venceu 1-0 a 1.ª mão, 'passámos' em 12 ocasiões!!!

Uma última nota, para o facto da Luz não ter esgotado: e só não foi pior, porque havia muitos 'estrangeiros' nos sectores reservados ao Benfica (Alemães, mas também espanhóis, brasileiros... etc...)!!! Os bilhetes eram caros? Sim. O jogo deu em canal aberto? Sim. Jogo em dia de trabalho? Sim. Quem está longe, ou quem financeiramente não pode, tem o meu 'perdão', mas os outros, os comodistas do sofá, fazem-me confusão... muita confusão... para não dizer outra coisa!!!