"Fascinante: onde uns podem ver mérito e incompetência, outros só vêem sorte e azar.
Na edição de ontem de A Bola escrevemos um texto que, felizmente, era premonitório. Dizíamos que o Benfica tinha ao seu dispor um daqueles raros dias em que podia surpreender a Europa a que essa oportunidade valia o «sacrifício da tentativa honesta de todos». Acrescentávamos a receita: «É só preciso talento, inteligência, capacidade de sacrifício e... sorte. Às vezes acontece».
Pois não é que aconteceu mesmo!?
De tudo o que se pedia, talento, inteligência, capacidade de sacrifício e sorte, o Benfica teve um pouco de tudo isso, mas teve muito de sorte. O que nos remete para uma dura realidade para aqueles que olham o futebol numa base sistemática e até essencial das ciências aplicadas. É o que o futebol pode ser muita coisa junta, mas nunca deixa de ser um jogo e um jogo pode ser decidido pela sorte, ou pelo azar, e contrariar a ciência.
Dirão os mais cépticos que a sorte é feita de competências e os azares de défices técnicos e tácticos.
Não é verdade. A primeira parte do Benfica teve uma soma quase exagerada de algumas incompetências (desajustado preenchimento das zonas fundamentais do campo, erros de escolha de jogadores, incompreensão do jogo, má adaptação ao adversário) e o Benfica conseguiu chegar a salvo ao intervalo.
Dirão os meus contrários: pois, mas isso ficou a dever-se à competência de Ederson e à incompetência de Aubameyang.
Posso contrariar a tese repetindo os meus argumentos, dizendo que em noite de pouca ou nenhuma sorte, o Benfica tinha já perdido a eliminatória, mas compreendo que seja, apenas, uma visão do problema e que a oportunidade que um jogo de futebol nos dá, a todos, de ter diversas visões e interpretações, é, afinal uma dádiva e uma sorte que nos contempla a todos os que gostamos deste jogo fantástico."
Vítor Serpa, in A Bola
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