Últimas indefectivações

sexta-feira, 1 de novembro de 2013

Evolução...

Académica 0 - 3 Benfica

Quem estava à espera que o Benfica iria sair de uma fase de más exibições, e alguns maus resultados, com exibições deslumbrantes, se calhar continua desiludido... mas quem estava à espera que o Benfica, mesmo continuando a jogar com uma nota artística baixa, conseguisse no mínimo, salvar o resultado e os respectivos pontos, deve estar neste momento, satisfeito.

O jogo em geral foi fraco, sem grande interesse. Diga-se que a Académica pouco fez - principalmente na 1.ª parte -, para que o resultado fosse outro, a vitória do Benfica é justa... mas como é óbvio, nós Benfiquistas, queremos sempre mais. E não nos podemos esquecer das desilusões que temos tido em Coimbra recentemente. A diferença, além da arbitragem - Xistra e Hugo Miguel -, esteve no aproveitamento à frente da baliza, hoje ao contrário de tantos outros jogos, fomos eficazes suficientes... E, muito importante, voltámos a não sofrer golos, pela segunda vez consecutiva, creio ser a primeira vez que isso acontece esta época...

A história vai recordar, essencialmente o golo do Markovic - o do Tacuara também deveria merecer elogios -, mas pessoalmente este jogo confirmou duas situações: o Enzo é nosso melhor jogador, e motor da equipa - aquela mudança para a direita nos primeiros jogos foi mesmo suicida!!!; e o Cardozo continua a facturar - o Jesus avisou que quando o Óscar marcasse o primeiro, os outros viriam atrás!!!

Espero que o regresso de lesão do Markovic seja duradouro!!!

Hoje, voltámos a ver no final a tripla Matic/Enzo/Amorim. Será a aposta para Atenas?!!!

Mais uma terapia antidepressiva

"O Benfica venceu com naturalidade o Nacional da Madeira num jogo que sem ser brilhante, foi de facto suficiente para cumprir os objectivos essenciais.
Sempre à volta do Benfica, ou há euforia ou há depressão. Agora a nova razão da euforia é Ivan Cavaleiro. O miúdo tem talento, mas vive num clima de exagero que o prejudica. Mesmo quando faz uma asneira tem o público a bater palmas, estão reunidos os ingredientes para mais exemplos de fogo de artifício pouco duradouro. Havia que deixar crescer com calma, esperar que ganhe a maturidade, e depois teremos um jogador de primeira na equipa do Benfica. Jorge Jesus saberá dar-lhe as oportunidades, na conta e razão certas, em vez de querermos fazer um astro à pressa. Os mesmos adeptos que lhe batem palmas hoje, estarão para o insultar amanhã.
Elogio para aquele que tem sido um dos nossos melhores jogadores do Benfica, muito esquecido pela crítica, André Almeida. Melhor em campo com o Olympiakos, e excelente na hora que jogou contra o Nacional. Brilhante à direita e muito bom na esquerda.
Hoje em  Coimbra teremos uma etapa da nossa terapia antidepressiva. Vou repetir argumentos, o jogo de Coimbra é mais importante que o de Atenas. Temos que ganhar em Coimbra. O segundo lugar que ocupamos é péssimo. A tabela classificativa, para o Benfica, só tem um lugar que não é péssimo.
Este episódio Blatter/Ronaldo mostra muito de quem e como se dirige o futebol. O protagonismo tonto e senil não tem noção do ridículo,  proporções e dos modos. Cristiano Ronaldo respondeu com um hat trick nos 7-3 ao Sevilha.
Gostei duma resposta com bom futebol, à ébria dança do dirigente exótico que escolhe países/desertos com mais de 40.º de temperatura para realizar Campeonatos do Mundo. Messi não merecia isto, porque é um jogador fantástico."

Sílvio Cervan, in A Bola

As coisas relativas

"Grupos organizados promovem violência gratuita, planeada e anunciada. Utilizam o futebol para dar azo a violência extremada e actos criminosos perpetrados em público com direito a visibilidade mediática. 
A recorrência destes crimes é cada vez maior. Uns publicam livros a vangloriarem-se dos crimes, dão entrevistas e transforma-se em personagens periféricas ao desporto com influência directa nos resultados desportivos. Outros são conhecidos nos “bas-fond” como elementos ligados directamente à criminalidade organizada e em larga escala. Alguns servem de guarda pretoriana a dirigentes desportivos que fazem da corrupção uma bandeira. Comum a todos é sensação de completa impunidade de que gozam. Comum a todos é o aproveitamento que fazem da desculpabilização pública que se segue à violência. Tudo é desculpado na relativização da violência. Relativiza-se a morte de um adepto num estádio; relativiza-se o apedrejamento selvático do autocarro de um clube à entrada de um estádio; relativiza-se a tentativa de homicídio de um presidente de um clube com o apedrejamento do carro em plena auto-estrada; relativiza-se o fogo posto na bancada de um estádio; relativiza-se o arremesso de bolas de golfe aos autocarros dos clubes e aos futebolistas no relvado; relativizam-se as agressões públicas a jornalistas que retiram as queixas por falta de proteção… Tudo isto se relativiza desde que se relativizou a violência encomendada de um tristemente famoso Abel em tempos idos.
Tudo isto se relativiza com o mesmo à vontade com que se relativiza a corrupção desportiva e as provas escutadas da mesma. Tudo isto se relativiza ao ponto de hoje em dia conceitos como “estado de direito”, “democracia” e “valores civilizacionais” serem umas coisitas relativas e pouco significantes perante o valor absoluto e inquestionável do regabofe assumido com fina ironia no futebol português."

Pedro F. Ferreira, in O Benfica