"Disse que o Renato Sanches tinha condições incríveis logo que o vi jogar. Primeiro com o Astana, a 25 de Novembro de 2015, para a Liga dos Campeões, cinco dias mais tarde em Braga, e, a 4 de dezembro, frente à Académica, onde assinou um golo monumental.
Agora, neste Europeu, e depois do que ele fez contra a Hungria, pedi para que fosse titular o mais depressa possível, tal como aconteceu com milhões de portugueses. Com ele em campo, a dinâmica ofensiva da equipa é outra. A velocidade aumenta e a Selecção joga melhor, pelo que não me surpreendeu que tenha sido considerado o melhor em campo pela UEFA nos jogos com a Croácia e Polónia.
O que me surpreendeu, isso sim, foi a resposta que deu depois do jogo com a Polónia: "O míster, perguntou quem queria bater os penáltis. O Ronaldo disse que batia o primeiro e eu que batia o segundo. Fui para a bola e fiz aquilo que costumo fazer nos treinos: escolho um lado e meto na baliza!" Estas afirmações surgiram com uma tranquilidade tal que até parecia que as grandes penalidades em causa referiam-se a um qualquer torneio de pré-temporada.
Hoje, 33 anos depois, continuo a ser o estreante mais jovem com a camisola das quinas. Tinha 17 anos. Ainda assim, tento colocar-me na mente do Renato e entro em pânico. Os outros que iam marcar as penalidades eram Cristiano, Moutinho, Nani e Quaresma, quatro glórias que sabiam o que estava em causa. Um falhanço naquele momento era uma cruz para toda a vida...
O país estava 'dependente' daqueles malditos penáltis e muitos craques fugiriam se pudessem. O Renato tem 18 anos, era o seu primeiro jogo a titular pela Selecção A e fácil seria dizer ao míster que não estava preparado para aquela responsabilidade.
Mas ele é de outra fibra, não fugiu à responsabilidade e revelou uma coragem incrível. Sete meses depois de vê-lo jogar pela primeira vez, digo que o Renato é um craque, com carácter de ferro e de autêntico campeão. Com a sua personalidade ganhadora será o líder e o capitão da Selecção assim que o Cristiano se retire.
Positivo
Dois jogadores portugueses teriam merecido nota máxima no jogo com a Polónia. Rui Patrício, pela defesa espectacular no penálti, e Pepe. Foi, talvez, o melhor jogo que vi dele.
Negativo
Parece que os árbitros têm medo de marcar penáltis e Portugal está a ser a mais prejudicada de todas as selecções. Foi assim com Nani, frente à Croácia, e com Ronaldo diante da Polónia."