Últimas indefectivações

quarta-feira, 10 de abril de 2019

Coincidências !!!

"Na mesma semana em que viria a ser descoberta a identidade do hacker por detrás dos emails, Diogo Faria foi a Budapeste. Segundo Diogo Faria, é tudo uma enorme coincidência e uma cabala montada, pois o mesmo apenas foi passar umas simples férias a Budapeste.
Certamente, também é coincidência ter ficado num hotel a escassos metros da residência de Rui Pinto. São tudo coincidências.
Podem ir comprar as pipocas, meus senhores. O Titanic Futebol Clube do Porto está prestes a bater num iceberg chamado Polícia Judiciária.
Continuamos a observar pacientemente e a ajudar em tudo o que for necessário. O karma pode tardar, mas a seu tempo ele aparecerá."

Mitómano...

"A tentativa de pressão e de coação continua por parte dos maiores mentirosos de que há memória. Até mesmo quando perde nas competições europeias, este espécime que veio apodrecer o futebol português e que é o maior responsável pelo esgoto em que o desporto português se tornou, vem abrir a boca sobre o Sport Lisboa e Benfica, representando o verme que é e demonstrando uma vez mais o modus operandi que circunda o clube da fruta, com pressão constante sobre a arbitragem através de todos os meios que tem disponíveis.
Pois não, seu corrupto, não vai ser sempre o Bruno Paixão. Mas também não vai ser o Soares Dias, o Macron, o Veríssimo, o Xistra, nem 90% dos árbitros da AF Porto como vocês tanto gostam de ter nos vossos jogos. O tempo da fruta, do café com leite, das orgias pagas ao Jacinto Paixão, dos chocolatinhos e do “é o que a gente combinou” terminou.
Em breve as nossas luzes apontarão para este senhor, não se preocupem. O mesmo não está esquecido.
Cada peça do puzzle a seu tempo e já temos mais elos de ligação na teia de corrupção que está instalada no desporto português.
O Polvo das Antas está sempre atento.
Sempre"


Quem defende o futebol português?

"Se há coisa que a última reunião do G15 nos mostrou a todos foi a completa inutilidade da Liga de Clubes. Por uma razão muito simples: os clubes não têm maturidade nem juízo para tratar do negócio futebol.
Não é propriamente uma novidade, mas vale a pena lembrá-lo: os clubes são há anos liderados por dirigentes irresponsáveis, imprestáveis e negligentes.
A forma como tentaram modificar em cima do joelho a decisão de reintegrar o Gil Vicente na Liga da próxima temporada, de forma a ganharem um lugar de permanência para mais um clube, é disso o mais lapidar dos exemplos.
Os dirigentes dos clubes portugueses não defendem o futebol, não defendem o campeonato, não defendem os jogadores e não defendem os adeptos.
Defendem apenas o clube deles. Ponto final.
É suposto esperar que esta gente seja capaz de legislar no interesse do futebol? Claro que não. Na melhor das hipóteses vão legislar no interesse do clube deles. O passado já o mostrou uma, e outra, e mais outra vez.
Bruno de Carvalho costumava dizer, aliás, que tinha desistido de ir às reuniões da Liga quando percebeu que só serviam para discutir árbitros e penaltis. Mesmo que a fonte não seja a mais insuspeita, não me custa admitir que seja verdade.
Ora por isso vale a pena voltar ao início para sublinhar a completa inutilidade da Liga de Clubes.
Ou alguém espera que saia de uma Assembleia Geral da Liga a aprovação de medidas fortes de combate à violência no futebol, por exemplo? De combate à falta de condições dos estádios? De combate à suspeição no futebol? De combate à má distribuição das receitas? De combate à desvalorização da competição?
Claro que não.
Independentemente de serem medidas importantes para a valorização do negócio futebol, nunca partirão da Liga se mexerem com os clubes: e em particular com o clube de cada um daqueles homens que se sentam na Assembleia Geral.
Porque lá está, a Liga não existe para proteger o futebol, pensam eles: existe para proteger os clubes. Por alguma razão lhe chamam a casa dos clubes, aliás.
Ora assim sendo, o que é mais necessário para a Federação, o Governo ou ambos organizarem o futebol como ele merece: entregando-o a quem se preocupe com ele e em valorizá-lo, em vez de se preocupar só em proteger o seu quintal.
O primeiro passo já foi dado, com a devolução da disciplina e da arbitragem à Federação. Mas é preciso mais.
É preciso que a própria organização e que o negócio encontrem também quem o defenda, seja na Federação ou em comissões independentes.
O futebol português tem um diamante nas mãos: a paixão dos adeptos. O que é um excelente ponto de partida. Depois disso, porém, é necessário encontrar quem se preocupe em valorizá-lo, em defendê-lo, em prestigiá-lo.
Infelizmente já se percebeu que não é a Liga de Clubes que o vai fazer."

Digam-me, porque às vezes tenho medo de não conseguir cortar o cordão umbilical: acham mesmo que os árbitros estrangeiros são melhores?

""Árbitros estrangeiros, ou melhor, árbitros que tenham nascido fora do território nacional. Não! Árbitros que tenham tirado o seu curso lá fora. Esperem, esperem!! Árbitros que façam jogos lá fora e que não vivam nem estejam habitualmente por cá. Assim é que é!"

É grande o título desta crónica, não é? Isso é porque é importante. Muito importante.
O assunto é actual e está em cima da mesa da opinião pública, por isso é justo trazê-lo hoje a este espaço.
Na prática, a pergunta é muito simples:
- Será ou não benéfico para a Liga NOS importar árbitros para dirigir os jogos mais importantes que faltam?
Por partes.
Percebe-se a bondade (genuína e sincera) de quem levanta a questão. De facto, há dores que só a morfina pode resolver. Dores que paracetamol e diclofenaco já não curam. E isso parece-me óbvio. 
Se o momento é de tal forma tenso e suspeito, se as dúvidas sobre a competência e integridade de quem apita são tão grandes, se tudo o que está em jogo é assim tão crucial e estruturante... porque não retirar, dos nossos árbitros, pesos que os podem marcar para sempre?
Porque não deixar nas mãos de outros (que vão e vêm sem ler jornais, sem ver resumos e sem se importar que rebente uma guerra civil) responsabilidades que jamais trarão algo de positivo para eles ou para a nossa arbitragem?
Faz sentido, de facto. Tal como faz recorrer a uma greve quando horas, dias e semanas de negociações não resolvem o conflito.
É, digamos, uma solução de recurso. Uma solução tipo bomba atómica. Uma com um letreiro, a vermelho, que diz "Só utilizar em caso de emergência".
Se esse é o caso, se é assim que os entendidos vêem e sentem o estado actual das coisas, então sim: que venham nuestros hermanos, unsere brüder, nos frères... e que venham ainda i nostri fratelli, våra bröser e האחים שלנו.
E, já agora, que antes de virem, tomem uns quantos ansiolíticos (ou arranjem uma otite bilateral). Pode dar jeito.
Mais a sério, é claro e sabido que quem quer resolver problemas de fundo não o faz recorrendo a terapias de recurso. A medidas de choque. Tem é que tratar o mal pela raiz. E o mal aqui, não tem uma mas muitas raízes, algumas com anos e anos de existência e que requerem outras abordagens, outras curas.
Mas não dispersemos.
A questão de trazer árbitros lá de fora começou a colocar-se depois do célebre fora de jogo de Briseño, no ainda mais célebre "Feirense-Benfica".
O tal lance que qualquer pessoa razoável e sensata diria ser de avaliação impossível, tendo em conta as imagens que as câmaras mostraram lá em casa.
O tal lance que valeu a chacina pública de um árbitro, de um árbitro assistente e de um videoárbitro que - no lance em concreto, naquele lance em particular - muito provavelmente até tomaram a melhor decisão.
A partir daí, instalou-se o caos (que, como bem sabemos, já andava a pairar, tipo nuvem negra, há muito, muito tempo).
Agora digam-me, porque eu às vezes tenho medo de não conseguir cortar o cordão umbilical:
1. Acham mesmo que os árbitros estrangeiros são melhores do que os nossos? Alguém viu, por acaso, o jogo de ontem à noite, entre Liverpool e FC Porto? E se viram o penálti não assinalado a favor da equipa portuguesa, viram aquele que foi assinalado no outro jogo, a favor do Manchester City? Sabiam que esses jogos também tinham videoárbitro e que essa função foi ocupada por juízes de elite da UEFA?
2. Partindo do princípio que os nossos "colegas" estrangeiros estariam descontextualizados com o ambiente que se vive por cá (o que seria uma enorme vantagem, sem dúvida), acham mesmo que não iriam cometer erros na mesma? E acham mesmo que esses potenciais (e naturais) erros de análise não poderiam "afectar", à mesma, o mérito de quem venceria ou perderia? O mérito de quem seria campeão ou vice-campeão?
3. Acham que, ao recorremos aos préstimos de árbitros lá de fora, a mensagem que passaríamos para a UEFA e FIFA seria boa? Seria positiva? Essa imagem, de total desconfiança nos nossos agentes desportivos, de cedência a pressões externas, traria benefícios futuros junto daqueles organismos? É para isso que anda tanta gente boa a trabalhar? Para afinal reconhecermos que não somos capazes de governar, sozinhos, a nossa própria casa?
4. Que jogos sobrariam para os nossos juízes? Os da segunda metade da tabela? Que mensagem se estaria então a passar para eles? A de que só têm valor para dirigir jogos dos patamares de baixo? Vocês estariam disponíveis para trabalhar com base nessas condições? Eu não.
E que mensagem se estaria a passar para as equipas envolvidas nessas partidas? Que levavam com o "refugo"? Quem iria dirigir os jogos que decidem despromoções? Os nossos ou os outros? E os que decidem as promoções da segunda liga? Os menos maus cá do burgo ou os razoáveis lá de fora?
5. Que fariam os nossos árbitros perante este atestado de incompetência? Perante a seguinte mensagem: "Vocês até servem para desenrascar a coisa até seis jornadas do fim, mas a partir de agora, que é a doer... deixem isto com os profissionais".
Por vezes, parece que andamos todos perdidos no marasmo imenso que são os problemas que nós todos criámos.
Ficamos histéricos, com a razão toldada e pensamos em soluções de curto prazo, como se fossem medidas que resolvessem tudo de um momento para outro. Milagrosamente.
Somos reactivos. Vemos com palas. Andamos a reboque de reacções, de emoções.
Queremos pôr pensos rápidos em tudo o que aparece, sem percebermos que a única solução racional é tentar descobrir qual é a causa da doença.
Que venham então os árbitros estrangeiros, meus amigos.
Vai correr bem, ninguém vai errar, não vão haver falhas nem prejuízos desportivos.
Os nossos árbitros vão aprender muito e jamais voltarão a equivocar-se.
Os clubes (os que ganharem e os que perderem) nunca mais falarão, porque vão estar com a alma cheia, radiantes. Saciados.
Os adeptos que não tiverem a sorte de festejar nos Aliados ou no Marquês ficarão felizes também. Vão estar em êxtase, a bater palmas ao mérito do adversário e a fazer a "hola" numa gigante demonstração de fairplay, extensiva a manifestações de júbilo nas redes sociais.
Todos ficarão muito contentes e melhor: os problemas do futebol português ficarão resolvidos para sempre.
Bolas. Como é que eu não pensei nisto antes?"

Duarte Gomes, in Tribuna Expresso

PS: Eu não sei se os árbitros estrangeiros são mais ou menos competentes, agora tenho a certeza que um árbitro estrangeiro evoluiu na carreira sem qualquer favor dos 'avençados' da AF do Porto...
Todos nós sabemos que nas competições Europeias existem arbitragens más, e algumas corruptas... Agora aquilo que os árbitros estrangeiros poderiam trazer ao Tugão, era ausência de 'favores', ausência de 'historial'... E mesmo estes poderiam ser corrompidos, mas pelo menos o 'circuito' seria mais complicado de manter silenciado!

O triste espectáculo do futebol

"Como habitualmente, espera-se a constituição da inevitável comissão parlamentar de inquérito para apurar o porquê de não se ter feito aquilo que toda a gente sabe que não se fez e, sobretudo, porque não se fez.

A abordagem do melindroso tema do futebol, pelas paixões e consequente parcialidade que habitualmente acarretam, recomenda uma prévia declaração de interesse por parte de quem sobre o assunto se pronuncia. Pessoalmente, faço uma declaração de desinteresse, dado não ser o futebol uma modalidade pela qual nutra entusiasmo e não ser adepto de clube algum.
Todavia, a relevância social do futebol e a animosidade que em seu torno se avoluma, justificam alguma reflexão, não centrada na actividade desportiva, mas enquanto potencial problema de ordem e paz públicas, matérias do interesse de todos. É, pois, enquanto cidadão e não enquanto adepto, que a questão me merece atenção.
A paixão do futebol legitima e normaliza a inobservância das regras elementares da civilidade. Aceitamos sem dificuldade que os jogos entre os chamados grandes clubes exijam a mobilização de uma aparatosa operação de segurança, mais adequada a uma situação de insurreição do que a um mero evento desportivo, destinado ao entretenimento. Conformamo-nos com a simbologia inspirada nos movimentos neo-nazis usada pelas claques e o seu comportamento tribal e agressivo.
Não nos indignamos com o comportamento de personalidades respeitáveis da nossa vida pública, às quais é consentida a transfiguração em protagonistas de arruaça quando falam sobre futebol, estimuladas nas televisões à berraria e ao insulto por moderadores imoderados, que o permitem em nome das audiências que sobem na justa medida dos decibéis.
Habituámo-nos à linguagem desbragada com que os dirigentes e o exército de comentadores televisivos, que oficiosamente representam os clubes, denunciam escândalos – reais ou fictícios –, levantam insinuações e suspeitas, acentuando, com a irresponsabilidade e a inconsequência que só a impunidade consentem, um ambiente de conflitualidade que não apenas desvirtua a essência do futebol, que deve assentar no fair play e numa rivalidade respeitosa e urbana, como gera um ambiente tenso, que pode degenerar em situações de violência de consequências dramáticas, pois das palavras proferidas num estúdio de televisão aos actos nas ruas vai uma curta distância.
À complacência geral, por que somos todos responsáveis, junta-se a falta de coragem do poder político em abordar com mão firme a questão – dadas as ligações de muitos aos clubes de futebol e às sociedades anónimas desportivas e a convicção de que a proximidade com os dirigentes se traduz em votos –, aprovando mecanismos sancionatórios particularmente severos a todos os responsáveis por esta escalada.
Pelo contrário, os agentes políticos mostram uma confrangedora tibieza, patente, por exemplo, na reacção do Governo aos graves incidentes de Maio do ano passado na Academia de Alcochete, que se escusou a comentar o caso com o confortável pretexto de que se tratava de um assunto da esfera da justiça, antes se preocupando apenas em garantir que a final da Taça de Portugal se realizasse, ou seja, procurando tão-só assegurar que não faltassem os ingredientes da velha receita romana de pão e circo para contentar as gentes.
Como habitualmente acontece por cá, é de esperar que somente em caso de tragédia, que infelizmente é bem mais do que um cenário hipotético, as autoridades se resolvam a agir. Assistiremos então ao proverbial carpir de mágoas das principais figuras do Estado, solenemente proferidas de rosto fechado, anunciando uma profusão legislativa e regulamentar, a criação de uma enxurrada de comités e institutos, a somar aos já existentes, que pouco ou nada têm feito, remetendo-se, até agora, a um comprometido silêncio, e à constituição da inevitável comissão parlamentar de inquérito para apurar o porquê de não se ter feito aquilo que toda a gente sabe que não se fez e, sobretudo, porque não se fez. Como habitualmente, demasiado tarde."

Burnout: é urgente normalizar a adversidade presente no quotidiano

"No passado dia 28 de Março a revista "Visão" publicou uma extensa reportagem sobre o tema do burnout, claramente enriquecida por um conjunto de testemunhos de pessoas que focavam, não só as fontes de stress presentes na sua vida e contexto laboral, mas também as estratégias e estilos de vida que adoptavam para poderem ter um quotidiano com normalidade, diminuindo o risco deste tipo de ocorrência, muito frequente em profissões de elevada responsabilidade e stress.
O tema do burnout e outros temas que tendam a envolver maior fragilidade emocional merecem, claramente, o devido destaque – importa aumentar a consciência social sobre a necessidade de identificar precocemente as primeiras manifestações do mesmo, para que se possa actuar com maior eficácia sobre as fontes que o possam estar a promover.
Importa, acima de tudo, Aumentar e Consciência Individual de que Adversidade faz parte do dia-a-dia de cada um de nós e que, muito frequentemente, a tentativa de “escolher” evitá-la precipita a entrada em quadros de esgotamento emocional - até porque, muito frequentemente a “terapia” escolhida passa pela activação de “exercícios de adrenalina” (excesso de comida, excesso de redes sociais, entre outros “excessos”) onde se confunde “activação” (uma mera resposta fisiológica do organismo) com “felicidade” (a resposta subjectiva de significado atribuída ao período de vida que estamos a viver).

A Adversidade Enquanto Ferramenta de Inovação
Na cultura ocidental, a palavra “adversidade” transporta um “peso” que promove o “encolhimento” de qualquer um, face à possibilidade da sua ocorrência. Quem, no seu juízo perfeito, escolheria um “caminho sinuoso” se pudesse escolher uma “linha recta” até ao seu propósito?
Em boa verdade, “linhas rectas” não existem, ainda que se assista a uma enorme tendência das pessoas tentarem adivinhar uma “fórmula mágica” que permita saltitar de “estado de graça” em “estado de graça”, fintando as “adversidades da Vida” – infelizmente, e a título de mero exemplo, a frequência (sem sentido nem significado) de retiros atrás de retiros que se observa algumas pessoas adoptarem como estilo de vida, acaba muitas vezes por se traduzir neste tipo de “fenómenos”, onde a “Vida” é o que se passa, de facto, entre retiros.
Somos, em larga medida, levados a “competir” por estados de felicidade que, aparentemente, deveriam ser activados pela mera vontade.
Na cultura Oriental, e na Vida propriamente dita, a Adversidade assume-se como uma enorme alavanca de auto-conhecimento, que permite reconhecer padrões (de pensamentos, emoções e comportamentos) que aproximam ou afastam o individuo do que o próprio entende ser o seu propósito de Vida (pelo menos, o que reconhece como tal no momento).
Permite, por isso, ajustamento, aguça curiosidade, obriga a encontrar soluções alternativas às inicialmente imaginadas – mobiliza a tentar, a errar, a tentar de novo e... a escolher desistir ou persistir – enfim, gera uma imensidade de informação acerca das nossas motivações mais óbvias e mais escondidas e dos recursos que possuímos ou necessitamos desenvolver.

O Poder da Disciplina
Há umas semanas, tendo sido convidada a comentar o desempenho de Cristiano Ronaldo na SIC Noticias, face à “remontada” da Juventus face ao Atlético de Madrid na Champions, tive a oportunidade de comentar: “CR é fruto de Necessidade e Direcção” e a característica que mais o distingue não é, certamente, a sua “genialidade” (que muitos possuem) mas a sua infindável capacidade de trabalho, superação e disciplina (que poucos exibem, mesmo ao seu nível).
Em boa verdade, a sua Enorme Disciplina e Vontade de Superar as Adversidades são sua maior alavanca para o sucesso (na realidade, não só as considera parte do “caminho”, como aprendeu a ir buscar energia às mesmas!) – contudo, este não é um “argumento” que conquiste a atenção das pessoas, pois prefere-se ainda acreditar que “alguns” são especiais (fica sempre a possibilidade de cada um de nós o poder ser...).

O Impacto dos Testemunhos
Exemplos reais mostram a possibilidade do que pode acontecer quando se fazem determinadas escolhas e, tal como a observação dos estilos de vida de performers de topo pode trazer este tipo de informação útil (como é o exemplo do atleta já referido), também pelo menos cinco dos testemunhos que surgiram na dita reportagem da Visão, evidenciaramuma mesma perspectiva:
Clara noção das exigências ambientais (contextuais), em termos de ser necessário produzir uma performance elevadíssima em paralelo com uma Consciência igualmente Clara de que as Adversidades fazem parte do Caminho – razão pela qual, importa planear vida pessoal e profissional, importa definir estratégias de regulação de energia e repouso e/ou promover a aquisição de novas competências, tal como importa ser disciplinado e focado no plano definido.
Dito assim, parece “pesado” embora não o seja porque acaba por ser integrado num estilo de vida muito próprio, onde a Adversidade é vivida com normalidade e, até, alguma desejabilidade - um estilo onde se activam escolhas conscientes, um foco no retorno a médio-longo prazo em termos do propósito e da qualidade de vida que se pretende alcançar, e uma consciência de que, a curto-prazo, as escolhas “mais fáceis” precisam, muitas vezes, ser evitadas.
Ou não fosse a Adversidade uma enorme fonte de inovação e recriação."

Os Jogos Olímpicos Modernos

"25 de Novembro de 1892, Sorbonne (Paris):
“Quinze séculos passaram depois da destruição do templo sagrado Olímpio (395 depois de Cristo) por um cristão fanático, Imperador Romano Teodósio. Mas a lembrança dos Jogos Olímpicos sobreviveu no coração dos ferventes de uma Antiguidade sempre renascente. No decurso do século XIX, a educação do corpo foi conhecendo um novo impulso sob o impulso de um coronel espanhol, de um oficial alemão e de um oficial sueco e de um reverendo inglês. A educação física se desenvolveu e os estudantes franceses fundaram clubes… É assim que um homem jovem sonha em restaurar os Jogos Olímpicos. Era um barão com gosto pela história e a pedagogia. Ele tinha as ideias muito audaciosas, era eloquente e inteligente. Ele viajava muito, enviava cartas para o mundo inteiro, multiplicava a suas visitas às universidades, aos embaixadores, aos ministros, mas sobretudo aos barões, aos condes, aos duques, do qual ele fez aliados do seu ideal. Ele adorava envolver-se os seus atos em cerimónias que lhe custaram muito caro, mas que permitiu passar as suas ideias. No entanto, faltava-lhe o humor, ele tinha apenas 29 anos quando resolveu fazer da Sorbonne o berço do que ele chamava “o seu bebé: o olimpismo” (Magnane, 1952, p. 71).
Uma noite de Novembro de 1892. Exactamente uma sexta-feira, dia 25. O grande anfiteatro da Sorbonne foi palco da cerimónia do quinto aniversário da União dos Desportos Atléticos. Para terminar o seu discurso de forma sensacional, o barão Pierre de Coubertin, nascido em 1863, em Paris, propõe a restauração dos Jogos Olímpicos (JO). Oposição? Protestos? Ironia? Indiferença? Nada disso. Recebeu alguns aplausos, desejaram-lhe bom sucesso, mas ninguém percebeu a mensagem. Foi a incompreensão total e absoluta. Assim começou. E durou muito tempo. Em 16 de Junho de 1894, ainda na Sorbonne, Coubertin decidiu organizar um grande congresso, tendo na ordem de trabalhos o restabelecimento dos Jogos Olímpicos. Perseverou e ganhou. Dois anos depois foram realizados os primeiros JO Modernos, em Atenas.
A primeira Olimpíada contou com 285 atletas oriundos de 13 nações para se afrontar em 9 desportos. 70 mil espectadores assistiram ao espectáculo. O vencedor do disco lançou 29 metros e 15 centímetros e o americano Burke foi consagrado campeão olímpico dos 10 metros em 12 segundos. Outras provas foram “legendárias” (Magnane, 1952, p 79). Nos quartos JO, em 1908, em Londres, já participaram 23 nações e 2085 atletas. Os JO ganharam em autonomia e força. O cerimonial agradou a Coubertin, mas o espectáculo ainda estava longe do que ele sonhara. Os JO de 1936, na Alemanha, impressionam de forma grandiosa e inquietante, pelo desvio nacionalista, traindo o carácter universal e pacífico dos JO. Os alemães construíram um estádio com cem mil lugares. O barão não deixará de enaltecer o projecto conseguido e de agradecer ao povo alemão, como demonstra um raro áudio do INA (Institut national de l’audiovisuel).
Ele coloca o papel do desporto como um meio de educação. Afirmou sempre que o desporto não era nada se fosse separado da educação; só assim se poderia resolver todos os males individuais e sociais.
Os “deuses dos estádios” continuam com as suas proezas e os JO continuam a fazer o seu caminho. Os últimos tiveram lugar no Rio de Janeiro (Brasil), em 2016. Este evento internacional instalou-se no quadro moderno, mas com o espírito antigo que os anima. Inúmeros são os problemas de ordem técnica, negociações, concessões recíprocas e legislação imposta. As aberturas e os encerramentos, com aspecto solene, são desejáveis. Fazem parte do espectáculo. A lei fundamental dos JO mantém-se: “para que 100 se entreguem à cultura física, é preciso que 50 façam desporto. Para que os 50 façam desporto, é preciso que 20 se especializem. Para que os 20 se especializem, é preciso que 5 sejam capáveis de proezas surpreendentes” (Coubertin, 1972 [1922]).
Para o grande público, o barão de Coubertin é o renovador dos JO. Ignora-se, geralmente, que ele fundou, em 1906, e presidiu a Associação para a Reforma do Ensino Francês; que, em 1910, fundou a Liga de Educação Nacional; que, em 1917-1918, em Lausanne, com o nome de “Instituto Olímpico”, organizou e animou um centro de educação; e que consagrou vários anos da sua vida a escrever a História Universal em 4 volumes. Muitos só vêem os aspectos negativos, nomeadamente o de ter sido contra a participação das mulheres no desporto.
Será que o Olimpismo triunfa segundo a vontade de Coubertin? Será que é exaltado o desporto desinteressado e o desporto praticado apenas pelo prazer e o desenvolvimento de si próprio? Infelizmente, não.
De divertimento aristocrático na origem, o desporto conheceu desde o século XIX uma evolução prodigiosa, sendo um dos fenómenos sociais mais marcantes da actualidade. A sua prática democratizou-se e abrange toda a população. O seu carácter internacional continua a afirmar-se com força. Se é certo de que o desporto continua a ser uma distracção, à mão de um grande número de indivíduos, ele é também uma actividade de compensação indispensável ao Homem maltratado pelos múltiplos constrangimentos da vida moderna.
O desporto é mais necessário do que nunca. Os progressos da ciência e da técnica, o desenvolvimento da máquina, da divisão do trabalho, a concentração urbana e as condições de alojamento, o aumento dos tempos de lazer e a melhoria dos níveis de vida transformaram a existência dos indivíduos. A civilização tecnicista fez nascer nele a necessidade crescente de movimento, da necessidade de uma actividade física compensadora, de um jogo e fonte de descontracção e de distracção."

NCAA March Madness: Sweet Sixteen - Elite 8 - Final Four

"Fez agora no início de Abril, 27 anos que, o Eng. João Pinto Carmona (então Presidente da Associação de Basquetebol de Lisboa, Sub-Director da revista “Basket” e responsável pela área internacional)) e eu, tivemos a oportunidade de assistir à “Final Four” do Torneio Nacional Universitário de Basquetebol Masculino (I Divisão) NCAA-1992 na cidade de Minneapolis, estado de Minnesota, a convite do nosso amigo e conceituado treinador George Raveling que, ao tempo, tinha sido eleito melhor treinador universitário do ano nos USA.
Naquele ano, as quatro equipas universitárias que ficaram apuradas para a “Final Four” foram, como é norma, as vencedoras das finais regionais:
- East Regional: Duke 104 -  Kentucky 103;
- West Regional: Indiana 106 - UCLA-79; 
- Southwest Regional: Michigan 75 -  Ohio State 71;
- Midwest Regional: Cincinnati 88 -  Memphis State 57.

De acordo com os entendidos em matéria de basquetebol universitário nos Estados Unidos, o encontro disputado entre as Universidades de Duke e Kentucky (104-103), ainda hoje é considerado o melhor jogo da história do basquetebol universitário.
As equipas das Universidades de Duke, Michigan, Indiana e Cincinnati, estavam recheadas de excelentes jogadores tais como: Bob Hurley, Christian Laettner, Grant Hill, Antonio Lang e Brian Davis (Duke), Chris Webber, Jalen Rose, Juwan Howard, Jimmy King e Ray Jackson (Michigan), Calbert Cheaney, Greg Graham, Alan Henderson e Damon Bayley (Indiana), Herb Jones, Anthony Buford, Nick Van Exel e Corie Blount (Cincinnati) que, mais tarde, foram recrutados pelas equipas da NBA.
Por sua vez, os treinadores eram dos mais conceituados do basquetebol universitário norte americano: Mike Krzyzewski (Duke), Bobby Knight (Indiana), Steve Fisher (Michigan) e Bob Huggins (Cincinatti). Os resultados verificados foram na meia final: Duke - 81 Indiana - 78; Michigan - 76 Cincinatti - 72. À grande final assistiram cerca de 50.000 espectadores. O resultado foi surpreendente com a vitória de Duke por 71-51 sobre o fabuloso cinco inicial do Michigan. Deste modo, naquele ano, a equipa da Universidade de Duke conquistou o ambicionado título nacional universitário de basquetebol masculino pela segunda vez.
Por coincidência, 27 anos depois, a “Final Four” deste ano foi realizada na mesma cidade (Minneapolis) mas não na mesma instalação desportiva (Metrodome) que, posteriormente, teve que ser demolida após a respetiva cobertura ter desabado com o peso da neve (Dez/2010). Agora, a derradeira fase do NCAA Division I Men´s Basketball Tournament, mais conhecido por “March Madness”, foi efectuada no novo estádio “U.S.Bank Stadium” que foi construído, exactamente, no mesmo local. O torneio deste ano foi, como habitualmente, um dos mais interessantes e populares eventos desportivos norte americanos, porque se trata de uma competição universitária de basquetebol de âmbito nacional, extremamente rigorosa e muito exigente, sem margem de erro na medida em que as equipas são eliminadas à primeira derrota. O “March Madness” que faz parte da cultura desportiva norte americana desde os anos quarenta do século passado, é uma festa nacional de um desporto colectivo inventado nos EUA, praticado pela maioria das crianças e jovens americanos, que já ultrapassou todas as fronteiras à escala mundial, inclusive as mais fechadas, como a Coreia do Norte. Trata-se de uma competição muito exigente para os jovens praticantes universitários, no entanto, o povo norte americano adora este sistema competitivo pelo que acompanha de perto o seu desenrolar, ao vivo ou em directo, através das transmissões televisivas efectuadas pelas principais estações de desporto a nível nacional.
Durante o mês de Março e primeira semana de Abril, a comunicação social fez uma ampla cobertura à participação das 68 equipas das diversas universidades que, para terem acesso a este torneio tiveram que ter um percurso desportivo exemplar (época 2018-19) nas competições das conferências regionais em que estão inseridas.
A grande novidade, para nós, foi a participação de 3 jovens portugueses integrados nas equipas das universidades que frequentam, através da concessão de uma bolsa de estudo ao abrigo do estatuto estudante/atleta, muito utilizado no ensino superior nos Estados Unidos. Os seus nomes são Neemias Queta e Diogo Brito da Utah State University que ao vencerem a Mountain West Conference ficaram apurados para o “March Madness” tendo, no entanto, sido eliminados na 1ª ronda pela equipa da Universidade de Washington por 78-61. De igual modo, Francisco Amiel em representação da equipa do Colgate College, vencedora da Patriot League, também teve acesso ao torneio nacional tendo a sua equipa sido afastada na primeira eliminatória pela formação da universidade de Tennessee por 77-70. De qualquer modo, um aplauso para os referidos atletas e que esta experiência sirva como forte motivação para a sua valorização pessoal como estudantes e desportistas de elite e, já agora, também contribua para aumentar o interesse dos jovens portugueses pelo basquetebol de maneira a melhorar uma modalidade que, há demasiados anos, se encontra numa letargia incompreensível e inaceitável. 

Diferentes fases da Competição/Apuramento
First Four (19 e 20 Março):
As oito equipas repescadas jogaram uma eliminatória entre si tendo sido apuradas para o first round as seguintes universidades: Farleigh Dickinson, Belmont, North Dakota State e Arizona State.
First Round (21 e 22 Março):
Participaram nesta 1ª eliminatória 64 equipas tendo ficado apuradas as 32 vencedoras, ou seja, o contingente ficou reduzido a metade: Minnesota, Louisiana State, Auburn, Florida State, Michigan State, Maryland, Kansas, Murray State, Florida, Kentucky, Villanova, Gonzaga, Michigan, Wofford, Purdue, Baylor, Iowa, Oklahoma, Texas Tech, UC Irvine, Tennessee, Virginia, Buffalo, Oregon, Washington, Duke, Houston, Liberty, North Carolina, UCF, Ohio State, Virginia Tech.
Second Round (23 e 24 Março)
Das 32 equipas participantes na segunda eliminatória metade foi eliminada tendo sido apuradas as 16 seguintes universidades: Louisiana State, Kentucky, Michigan, Florida State, Gonzaga, Michigan State, Purdue, Auburn, Tenessee, North Carolina, Duke, Texas Tech, Virginia Tech, Virginia, Houston e Oregon.
Sweet Sixteen (28 e 29 Março)
Pela primeira vez na história da competição não se registou nenhuma grande surpresa com a eliminação das equipas mais cotadas nos rankings nacionais o que veio valorizar, ainda mais, a fase denominada de Sweet Sixteen, ou seja, os confrontos entre as melhores quatro formações de cada região.

Resultados:
Gonzaga 72 - Florida State 58;
Purdue 99 - Tennessee 94 (prolongamento);
Texas Tech 63 - Michigan 44;
Virginia 53 - Oregon 49;
Michigan State 80 -  Louisiana State 63;
Auburn 97 -  North Carolina 80;
Duke 75 - Virginia Tech 73;
Kentucky 62 - Houston 58.

Elite 8 (30 e 31 de Março)
- Final Regional do Midwest: Auburn 77 - Kentucky 71 (após prolongamento);
- Final Regional do Este: Michigan State 68 - Duke 67
- Final Regional do Oeste: Texas Tech75 - Gonzaga 69
- Final Regional do Sul: Virginia 80 - Purdue 75 (após prolongamento).

As finais regionais não só definem os campeões de cada uma das quatro regiões em que a prova está dividida, como também servem de apuramento para a derradeira fase “Final Four” para se encontrar o Campeão Nacional Universitário.

Final Four
Meias Finais (6 Abril):
Virginia (Campeão do Sul) 63 -  Auburn (Campeão do Midwest) 62
Michigan State (Campeão do Este) 51 - Texas Tech (Campeão do Oeste) 61

Estes dois encontros foram um autêntico clinic sobre defesa no jogo de basquetebol. Quem teve a oportunidade de assistir ao desenrolar destes dois jogos deve ter ficado deliciado com o ambiente festivo que decorre à volta do recinto e à intensidade introduzida no próprio jogo por estes estudantes/atletas universitários.

Final (8 Abril):
Virginia 85 - Texas Tech 77 (após prolongamento)

As duas universidades finalistas, Virginia e Texas Tech fizeram a sua estreia no jogo decisivo da competição, situação que não se verificava, desde 1979, quando se defrontaram Michigan State e Indiana State, então lideradas por Magic Johnson e Larry Bird, dois dos melhores jogadores de sempre da história do basquetebol. Por outro lado, desde 2008 que não se assistia a uma final do March Madness com prolongamento, o que tornou este encontro ainda mais entusiasmante e indeciso até aos momentos finais, para os 70.000 espetadores que estiveram presentes no U. S. Bank Stadium de Minneapolis.
Universidades multi-vencedoras do March Madness
UCLA (11) (1964, 1965, 1967, 1968, 1969, 1970, 1971, 1972, 1973, 1975, 1995);
Kentucky (8) (1948, 1949, 1951, 1958, 1978, 1996, 1998, 2012);
North Carolina (6) (1957, 1982, 1993, 2005, 2009, 2017);
Duke (5) (1991, 1992, 2001, 2010, 2015);
Indiana (5) (1940, 1953, 1976, 1981, 1987);
Connecticut (4) (1999, 2004, 2011, 2014);
Kansas (3) (1952, 1988, 2008);
Villanova (3) (1985, 2016, 2018);
Louisville (2) (1980, 1986);
Cincinnati (2) (1961, 1962);
Florida (2) (2006, 2007);
Michigan State (2) (1979, 2000);
North Carolina State (2) (1974, 1983);
Oklahoma State (2) (1945, 1946);
San Francisco (2) (1955, 1956).

Treinadores com mais Títulos Nacionais
John Wooden (10) (UCLA);
Mike Krzyzewski (5) (Duke);
Adolph Rupp (4) (Kentucky);
Jim Calhoum (3) (Connecticut);
Bob Knight (3) (Indiana);
Roy Williams (3) (North Carolina);
Denny Crum (2) (Louisville);
Billy Donovan (2) (Florida);
Henry Iba (2) (Oklahoma State);
Ed Jucker (2) (Cincinnati);
Branch McCracken (2) (Indiana);
Dean Smith (2) (North Carolina),
Phil Woolpert (2) (San Francisco)
Jay Wright (2) (Villanova).

Finalmente, para além dos êxitos desportivos ou títulos conquistados pelas universidades, treinadores e jogadores, o mais significativo destas competições desportivas universitárias é que a grande fatia do bolo das receitas provenientes da venda de bilhetes, dos contratos com cadeias de televisão, do marketing do evento, dos acordos com marcas desportivas, é destinada à concessão de bolsas de estudo (cerca de 480.000) aos estudantes/atletas do universo das universidades norte americanas. 
Bem hajam."

Benfiquismo (MCXLVI)

Tochada...!!!

Benfica FM - Vamos a eles...

Força, Benfica!

"Uma referência ainda à energética reacção feirense. É que não vi tal alarido quando lá jogaram outras equipas, mesmo grandes

1. Força, Benfica! Faltam seis obstáculos. Somos os actuais líderes do campeonato, sem um qualquer aparvalhado à condição. Somos a única equipa que depende de si própria para se sagrar campeã, o que lendo a generalidade dos media até parece ser encoberto pela costumeira frase «Benfica e Porto na liderança», o que é falso, pois que tendo os mesmos pontos, estão separados pelo desempate de duas vitórias encarnadas sobre os portistas. Temos a correcção politicamente-futebolística contra nós, ou, pelo menos envergonhadamente, fazendo o discurso mole da normalidade de tudo o que se vem passando no campeonato. É, sem dúvida, uma luta difícil, para a tal importa uma concentração que não se deixe distrair por parvoíces comunicacionais de chicos, chicos-espertos e outros cérebros da intriga e da mentira. Estas guerrilhas de comunicados pós-jogos é lamentável e, se decidisse pelo meu clube, deixava os outros e falar sozinhos e não alimentava o ruído que jamais beneficia em lidera, que, outrossim, deve estar exclusivamente concentrado nos jogos.
O jogo contra o Feirense foi bem mais complicado do que o resultado final pode sugerir. Campo difícil, com uma equipa virtualmente despromovida mas que, como habitualmente sucede, se supera quando joga contra o Benfica. Decisões difíceis e polémicas da equipa de arbitragem, que inundaram, assanhadamente, os programas televisivos do costume, como se não houvesse passado e passados. Os mesmos que vociferaram contra o fora-de-jogo assinalado ao Feirense (sem dúvida, de dificílima decisão e de escrutínio) haviam descoberto um offside de meia unha de um pé de Rafa no Benfica - Porto da meia-final da Taça da Liga. Os mesmos que acharam que a pisadela de Florentino em 2 cm da chuteira do adversário merecia penálti, entenderam que, naquela meia-final, os golos do Porto não foram precedidos de faltas grosseiras sobre jogadores do Benfica!
Uma referência ainda à energética reacção feirense. É que não vi tal alarido quando lá jogaram outras equipas, mesmo grandes. Por que será? E, em vez de protestarem nos fora-de-jogo, bom seria haver condições adequadas no campo para filmar e dilucidar os casos.

2. É cada vez mais previsível o tipo de análise que se vem fazendo a um jogo do futebol, quase exclusivamente em função do resultado. O caso mais recente foi o da meia-final entre Benfica e o Sporting. Tendo este vencido, logo se tiveram algumas conclusões: «Sporting melhor no jogo, merecido vencedor, Benfica cansado e em fase descendente, etc, etc...» Pus-me a imaginar o que seriam os comentários se Seferovic tivesse convertido uma ou duas oportunidades fáceis e Bruno Fernandes não tivesse marcado aquele magnífico golo: «Benfica superior, Sporting insuficiente, Benfica jogando quando baste para levar a melhor esta eliminatória, Sporting aos repelões e sem capacidade para alcançar a baliza encarnada, etc, etc...» E, se tivesse acabado 0-0, talvez pudéssemos ler ou ouvir: «Benfica cínico a poupar-se para a Liga, Sporting sem imaginação e incapaz de incomodar o adversário, etc...» Em qualquer caso, jogando melhor ou pior, o Benfica teve a eliminatória perfeitamente ao seu alcance, sobretudo na Luz em que o 3-0 esteve bem mais próximo do que o 2-1. Em síntese, Benfica 2, Bruno Fernandes 2+, o que permite uma final tranquila e amistosa, curiosamente precedida imediatamente por um jogo mais ou menos burocrático no Dragão, na última jornada do campeonato.
Devo dizer que o Benfica deveria ter entrado para, cedo, tentar marcar um golo. Aliás, nas poucas vezes em que a equipa acelerou viu-se a relativa fragilidade da defesa contrária. É certo que houve duas os três oportunidades para matar a eliminatória, mas nunca a determinação constante de o fazer. Depois, a partir dos 60 minutos, foi a velha máxima: quando se joga para não perder, acontece, quase sempre, que se acaba por perder. Não alinho, porém, na ideia de uma equipa mais fragilizada do que há semanas. Qualquer equipa por melhor que seja quando está em boa forma colectiva, tem jogos menos conseguidos. Vejam-se as grandes equipas da Europa, onde isso acontece. É ou foi o caso do Man City, Liverpool, Barcelona ou Bayern.
Há um ponto com o qual, todavia, embirro, mas que, em Portugal (e não só) é frequente: a tornada compulsiva troca de guarda-redes, com o verdadeiro titular a jogar no campeonato e o suplente a ser titular nas taças e taçinhas. Falando do Benfica, saiu Vlachodimos e entrou o miúdo Svilar. nos dois jogos contra o Sporting, não ficou isento de culpas nos dois golos de Bruno Fernandes (sobretudo no do jogo da Luz que, verdadeiramente, foi o decisivo), pese embora a excelência da execução do médio leonino. Pergunto para quê esta mania substitutiva numa posição nuclear? O que se ganha com isso) Neste caso, ainda é mais notória, para mim, a bizarria da mudança, pois que Svilar, com os seus 19 anos, não tem qualquer experiência nestes rasgadinhos dérbis. Aliás, até se tem falado que irá ser emprestado para rodar. Ou se esta intenção corresponder à verdade, um guarda-redes que irá estagiar num outro clube, estagia antes em dois jogos decisivos para a conquista de um troféu?

3. Esta quinta-feira, joga-se para a Liga Europa. Dois jogos contra uma equipa alemã, numa fase crucial do nosso campeonato. Já aqui escrevi que, embora formal e oficialmente não se possa dizer, o Benfica deve apostar antes de tudo no campeonato. Esta Liga Europa não dá sequer dinheiro (só por via indirecta através da melhoria do ranking para a Champions), mas dá jogos a mais, cansaço quase sempre, e lesões às vezes. Claro que adoraria ver o Benfica a ganhar esta competição, a única a que, agora, os clubes portugueses podem ainda aspirar. Mas o lençol, não sendo curto, não é elástico. Por isso, se fosse eu a escolher a equipa para os confrontos com o Eintracht Frankfurt, chamaria não a equipa B, mas antes a A menos ou a B mais. Atrevidamente, seria assim: Vlachodimos; Corchia, Jardel, Ferro e Yuri Ribeiro; Fejsa, Krovinovic, Zivkovic e Cervi; Jota e Seferovic...

4. No cacharolete de alguns programas televisivos dedicados ao futebol (?), e no meu irreprimível zapping proporcionado por uma das melhores invenções das últimas décadas ao dispor no comando tv, deparei com um oráculo onde li que «João Félix pintou o cabelo». A seguir, talvez ainda se venham a lembrar que o jovem vai tratar do acne desta ou daquela maneira! Não fiquei para ver se tal novidade assim tão importante foi dissecada pelos comentadores residentes. Mas fiquei a reflectir sobre o modo como, subliminarmente, se procura desestabilizar um jogador de excelência e com grande futuro.
Não tenho de dar conselhos ao meu homónimo, mas a nossa diferença de idades leva-me a pedir-lhe para não ligar patavina a estas historietas e prosseguir, humilde e inteligentemente, o seu caminho de larga expectativa. Ele que nunca esqueça que o sucesso de hoje pode ser o fracasso de amanhã, que a fama desta semana se pode virar contra si na semana seguinte, que a fronteira entre génio e besta é menor do que espessura de um fio de cabelo, que entre milhões e milhões de euros em notícias em catadupa, são precisos muito trabalho, dedicação e consistência. João Félix tem dado prova de que é um rapaz esclarecido a atento. Com 19 anos tem muito tempo à frente para prosseguir uma carreira de ouro, não precisando sequer de queimar etapas que, não raro, têm consequências negativas. Por isso, caro João, não se deixe nunca inebriar pela lógica mundana e de maliciosa distracção com que o querem, mefistofelicamente, seduzir.

Contraluz
- Transferências:
A de Jiménez para o Wolverhampton que, por agora, é a que deu maior encaixe (bruto, é certo) ao Benfica (41 milhões de euros). Um bom negócio de um jogador que foi um bom profissional na Luz. Lembro-me agora do que diziam alguns, com sarcasmo, quando se falava destes valores, para um jogador que custou à volta de 20 milhões. Ora tomem lá...
- Critério:
Os do Conselho de Arbitragem na escolha dos árbitros e VAR. Por exemplo, depois de Manuel Mota, um medíocre árbitro, ter sido quase caricato no Chaves - Sporting, eis que dois dias a seguir esteve no Braga - Porto (Taça de Portugal) com mais uma arbitragem desastrosa. Não havia necessidade, nem para as equipas, nem para o próprio árbitro.
- Fascinante:
Alguns jogos fabulosos que a televisão nos proporciona. Por exemplo, Villarral 4, Barcelona 4; Bayern 5, Heidenheim (da segunda divisão germânica) 4; Southampton 1, Liverpool 3 e tantos outros. Alguém se lembrou de parvoíces à sua volta? Ou de árbitros?
- Significativo:
Na 'final four' da Liga Europeia de hóquei em patins há três clubes portugueses (SLB, FCP e SCP) e o sempre presente Barcelona. Prova de que o nosso campeonato é o melhor, o que, porém, não prova que o nosso hóquei também o seja. É que nas nossas equipas há espanhóis e argentinos à farta..."

Bagão Félix, in A Bola

Na Feira perdeu o 'antibenfiquismo'

"Foi grande a expectativa colocada nesta viagem da águia e quando se previa que ela fracassasse, por vários factores, a verdade é que triunfou, e bem

O jogo da Feira foi didáctico por ter ajudado a perceber que, embora a vitória na maratona do título esteja ser discutida por dois, e ao alcance ainda de mais dois, há outros intervenientes a correr por fora e que tentam interferir no desenrolar da própria corrida.
No quadro de evidente bipolarização que define o futebol português, com duas grandes potências que se sobrepõem às restantes, é natural a tentação de perverter uma desejável neutralidade e resvalar para uma posição menos aceitável, mas compreensível, de aproximação a um dos candidatos ao título, desde que seja respeitada a fronteira do razoável, o que parece não ter acontecido no camarote presidencial do estádio do Feirense, ao ponto de Luís Filipe Vieira abandonar o local em consequência do ambiente reprovável que lhe foi criado.
Num camarote presidencial não há anónimos nem clandestinos. Quem lá entre tem nome, está identificado. Neste caso, com certeza que é conhecido quem molestou o presidente do Benfica e o cargo que detém na estrutura directiva do Feirense.

O jogo da Feira foi didáctico também porque permitiu ver uma equipa pré-condenada à despromoção que não estaria no lugar em que está se tivesse conseguido manter no seu campeonato os níveis competitivos exibidos nos mais recentes encontros diante do FC Porto (25.ª) e, sobretudo, frente ao Benfica (28.ª). Mas isso são contas de outro rosário e têm a ver com o processo de substituição de Nuno Manta Santos, podendo verificar-se agora, em função dos resultados, que o problema não estaria tanto na figura do treinador, nem sequer na qualidade do plantel.
É estranha, por isso, a reacção do actual mister feirense. O mesmo que ainda não conseguiu ganhar um jogo na Liga: «... no balneário há muita gente desiludida e destroçada. Não merecíamos perder, muito menos por 1-4».
Extraordinário. Por curiosidade, gostaria de saber como se sentiu o balneário na semana anterior, depois da derrota, também em casa, com o Vitória de Setúbal. Deve ter havido crises de ansiedade e gente a precisar de assistência hospitalar...Acredito que Filipe Martins teria dito outra coisa se tivesse ponta de humildade (ou de coragem?) para aceitar que ainda não tem carreira, nem estatuto para se meter onde não é chamado. Há ocasiões em que o silêncio é a melhor das soluções e esta foi uma delas.

Na primeira volta, no jogo com o FC Porto, no Dragão, aí, sim, o Feirense, ao ver um golo anulado de uma forma enviesada (esse mesmo, o de Felipe), devido a uma trapalhada que deixou desfocados árbitro, árbitro assistente e VAR, mesmo assim, com razões de queixa, Nuno Manta Santos afirmou: «Não falo da arbitragem».
Nem o Feirense se indignou como desta vez, através de estrambólico escrito, que de tão pungente e ofendido dá a ideia, para quem ande distraído, que o presidente e o futuro do clube se esboroaram neste jogo com o Benfica. Nada disso, tão-somente em obediência a uma política de boa vizinhança com quem lhe comprou um guarda-redes, que pouco utilizado é, por um milhão, teve o cuidado de mostrar de que lado está, sublinhando a sua fidelidade à campanha anti-Benfica.
Filipe Martins, sem aquelas nem outras razões, conforme rezam, maioritariamente, as opiniões de especialistas sobre arbitragem, terá pretendido agradar a quem quis que este jogo fizesse história. E fez, mas em sentido contrário ao desejado. Foi grande a expectativa colocada nesta viagem da águia e quando se previa que ela fracassasse, por vários factores, a verdade é que triunfou, com vantagem esclarecedora e irrefutável.

Objectivamente, nenhuma melhoria trouxe a mudança técnica operada no Feirense, nem tão-pouco foi prudente o investimento num quase desconhecido que construía a sua carreira no Campeonato de Portugal e mão amiga o puxou para cima, mesmo sem apresentar qualificação para tal.
Diz o povo que o comboio pode não passar duas vezes pela mesma estação, de aí Filipe Martins ter aceitado, no convencimento de estar a dar um passo em frente. Há momentos de sorte e o jovem treinador apostou, mas, como também já deve ter compreendido, o seu bilhete não teve prémio.
Vamos ver se a seguir ao passo em frente não será forçado a dar dois atrás. Basta olhar em redor e reparar nos exemplos de percursos interrompidos cedo de mais por causa de ultrapassagens imprudentes, feitas em excesso de velocidade."

Fernando Guerra, in A Bola

Tempo útil de jogo

"A solução de combate é eficaz, simples e óbvia. Chama-se cronometragem do tempo de jogo

A revolução que tem vindo a ser implementada nas regras do futebol visa tornar o jogo mais atractivo, justo e equitativo. Esse é, pelo menos, o princípio assumido pelo IFAB.
Há, no entanto, uma realidade que as leis de jogo ainda não conseguem contrariar com a eficácia que todos gostaríamos: a da prática sistemática do anti-jogo.
A expressão, em si, diz tudo: 'anti-jogo' é a antítese do que de melhor o jogo tem para oferecer. É uma malandrice camuflada, que conta com a cumplicidade do cronómetro e com a inércia da lei e de quem a aplica.
Há, sobre esta matéria, uma verdade universal que convém não nos esquecermos: todas as equipas recorrem ou já recorreram a este subterfúgio para, aqui e ali, obterem dividendos desportivos.
É certo que a táctica serve melhor as equipas teoricamente mais fracas (quando se encontram com alguma vantagem), mas os chamados 'clubes grandes' também a utilizam, nomeadamente em confrontos entre si ou quando jogam com tubarões de outra galáxia.
A indignação de quem se sente nomeadamente prejudicado faz sentido - a manobra é contranatura e deve ser fortemente condenada - mas o melhor é que não surja via memória selectiva. Como diz o ditado, de cada vez que se aponta o dedo a alguém, há vários virados para nós.
O futebol, como qualquer outra actividade desportiva, tem regras. E o argumento encontrado para as ludibriar, contornar ou explorar as suas omissões, chama-se batota. A solução de combate é eficaz, simples e óbvia. Chama-se cronometragem de tempo de jogo.
Se o relógio para de cada vez que a bola estiver fora das quatro linhas ou quando um jogador se lesionar, se parar quando um golo for marcado ou o jogo for interrompido, não haverá benefício directo em perder tempo deliberadamente.
Claro que queimar segundos não visa apenas dar menos tempo de recuperação ao adversário. Visa, sobretudo, enervá-lo. Quebrar a sua dinâmica ofensiva. Afectar a sua concentração e levá-lo a cometer mais erros. Visa também perturbar as respectivas equipas técnicas e os adeptos. Visa criar um clima de diversão que retire oponente o foco daquilo que é essencial.
Se o relógio parar naqueles momentos, a sensação de justiça será maior. Quem estiver em desvantagem terá mais tranquilidade. Haverão menos reacções intempestivas e menos conflitos entre jogadores. Não existirão lesões de circunstância nem caminhadas a passo de caracol de cada vez que houver uma substituição.
Os adeptos assobiarão menos, os elementos técnicos estarão mais calmos e até o árbitro tomará melhores decisões, porque terá de lidar com ambiente menos hostil. Em última instância, o registo disciplinar será inferior e o jogo melhor. Ganham todos.
Estudos recentes apontam que as cinco maiores ligas europeias ficam abaixo dos 60' de média, em tempo útil de jogo. Itália lidera com uns surpreendentes 57', enquanto que Espanha não passa dos 53'.
Por cá, estima-se que a média de tempo útil em cada jogo não vá além dos 47', o que é francamente pouco se tivermos em conta que o tempo total é praticamente o dobro.

A introdução desta medida é tão óbvia quanto inevitável. O que espanta é não ter sido ainda implementada. Mais cedo ou mais tarde, acontecerá. Não há alternativa."


Duarte Gomes, in A Bola

Tribuna... da última segunda...