Últimas indefectivações

sábado, 13 de setembro de 2025

Vermelhão: Absurdo...

Benfica 1 - 1 Santa Clara


Mau jogo e resultado absurdo, numa partida condicionada pela pausa das Seleções, pela entrada tardia dos últimos reforços, pela lesão do Dedic (o nosso grande desequilibrador deste início de época....), mas a jogar contra 10, durante mais de 50 minutos, tínhamos que ter criado mais oportunidades e marcado mais golos... Se isso tivesse acontecido, o Otamendi podia 'errar', e os 3 pontos não fugiam!!!

O tempo, para ser mais exacto a falta de tempo que o Lage se queixa, é real. A pré-época curta, e as alterações no final do Mercado, deixaram o Benfica preso a um Modelo de jogo, muito estático, muito defensivo, e pouco criativo. Hoje, o nosso adversário, mesmo quando estava 11 para 11, estacionou o 'autocarro', deixou-nos rodar a bola pelos Centrais, mas nunca conseguimos criar desequilíbrios nas Laterais... até porque o Schjelderup e a sua finta habitual, para dentro, só complicava!

Acabámos por criar perigo, quase sempre em remates fora da área, ou após recuperações altas... Mas essas foram poucas, porque o nosso Meio-campo, principalmente o Enzo, jogou claramente 'intimidado' com os potenciais Amarelos (e acabou por levar um por protestos!)...

A entrada do Prestianni ao intervalo foi positiva, o golo acabou por surgir numa falta sobre o jovem argentino (ficou por mostrar o 2.º Amarelo ao jogador faltoso... que foi imediatamente substituído!) Após o golo do Pavlidis, devíamos ter carregado ainda mais... Ao não marcar o 2.º golo, deixámos o adversário acreditar, o jogo ficou perigoso, mesmo assim o Santa Clara em toda a 2.ª parte, só numa jogada cheia de carambolas se aproximou com perigo da nossa área...

Até mais um erro do Nico. O 2.º jogo consecutivo do Campeonato, com o Benfica a sofrer um golo, após um erro, evitável do Otamendi. E se em Alverca, até posso desculpar uma atrapalhação motora, hoje, foi excesso de confiança...

2 pontos perdidos de forma absurda! O pós-Seleções, pré-Champions é sempre perigoso, e o Benfica neste momento não tem margem de erro, pois os níveis de jogo praticado tem sido baixo, principalmente contra estas equipas de bloco baixo...


Numa partida, onde ninguém se destacou, duas notas:
- Enzo, com muitas dificuldades nas transições defensivas... com 'medo' dos contactos, foi ultrapassado muitas vezes, com demasiada facilidade!
- Sudakov, pouco minutos, mas o toque de bola, é indisfarçável... foi fácil de verificar imediatamente que era o jogador mais talentoso, com os pés, em campo!!! Falta entrosamento, confiança, mas vai ser muito útil...

Neste período pré-eleitoral, com o Lage sem margem, com os adeptos sem paciência, para os espectáculos feios, este tipo de resultados, são muito complicados de gerir emocionalmente, e podem ser fatais para as aspirações do Clube. No passado, houve inicíos de época, onde perdemos pontos de forma frustrante como hoje, por exemplo com o Jesus ou o Schmidt, mas nessa altura as equipas, tinham maior margem de erro, pois o futebol praticado era mais entusiasmante, mais ofensivo...

Nada ficou decidido hoje, mas as indicações foram péssimas! E isto, com o Sudakov a jogar os primeiros minutos, ainda sem o Dodi... e ainda sem o Dedic, aquele que tem sido o nosso melhor e mais decisivo jogador esta época!!!

O Pinheiro ficou todo contente, por ter terminado partida, com o Benfica a marcar um Canto (após o jogo do Santa Clara, o jogo esteve mais de 1 minuto parado...), durante partida foi mais um festival de daltonismo! O Enzo leva um Amarelo por protestos, quando a equipa do Santa Clara passou o jogo todo a protestar...!!! Na expulsão, se não fosse o VAR tinha ficado pelo Amarelo... E no lance sobre o Prestianni, esqueceu-se do 2.º Amarelo... A quantidade de Cantos e Lançamentos Laterais marcados ao contrário foi significativa, sempre contra o Benfica.... A quantidade de faltas sobre os nossos jogadores assinaladas pelo Fiscal-de-linha ou 4.ª árbitro, no 2.º tempo, foram significativas, porque se fosse pelo Pinheiro, não marcaria nada...

Felizmente, o próximo jogo, é já na Terça, para a Champions. No único jogo onde estamos 'obrigados' no papel em ganhar! O problema é que o Benfica dá-se mal contra este tipo de equipas: o Qarabag vem jogar à Luz, provavelmente, com o mesmo Modelo que o Santa Clara apresentou... com uma diferença, tem melhores jogadores!!! E o Benfica, ainda sem o Dedic, não tem muita margem para mudar o 11 inicial... Talvez, o Sudakov, no lugar do Ivanovic!

 

De volta à competição


"O Benfica recebe o Santa Clara às 20h15 no Estádio da Luz. Este é o tema em destaque na BNews.

1. Ganhar
Para o treinador do Benfica, Bruno Lage, "o mais importante é estarmos no nosso melhor e entrar neste novo ciclo com o pé direito". "Vencer os três pontos que são muito importantes para o nosso objetivo maior, que é vencer o Campeonato", afirma.

2. Reforço
Federico Coletta, internacional jovem italiano de 18 anos, é jogador do Benfica e vai integrar a equipa B.

3. Triunfo a abrir
Em hóquei em patins, o Benfica ganhou, por 1-10, à APAC Tojal na 1.ª jornada do Grupo C da Taça Jesus Correia.

4. Jogos do dia
Além do desafio com o Santa Clara em futebol, a equipa feminina de voleibol tem o jogo de apresentação aos sócios na Luz, às 17h30, frente ao Leixões. A equipa masculina de basquetebol joga às 19h30 no Complexo Municipal do Casal Vistoso ante os islandeses do UMF Álftanes na meia-final do Torneio Internacional de Lisboa.

5. Renovação
O basquetebolista Betinho Gomes continua de águia ao peito. "Quero ajudar a equipa a conseguir mais títulos", vinca. No voleibol feminino, Beatriz Paiva passa a integrar a estrutura.

6. Convocatórias
São cinco os jogadores do Benfica que constam na mais recente chamada da Seleção Nacional masculina de futsal. E a Seleção Nacional feminina de andebol também integra cinco atletas do Benfica.

7. Mundiais de atletismo
Acompanhe o desempenho dos atletas do Benfica no Site Oficial. O certame, realizado em Tóquio de 13 a 21 de setembro, arranca nesta noite.

8. Protagonista 
A entrevistada da semana é Madalena Lousa, melhor marcadora do polo aquático benfiquista em 2024/25. Uma entrevista que pode ser vista, na íntegra, na BTV e lida na edição desta semana do jornal O Benfica.

9. Reconhecimento
Fundação Benfica distinguida com o Prémio Responsabilidade Social.

10. História
Veja a rubrica habitual das manhãs de quinta-feira na BTV.

11. Doação
O acervo do Museu Benfica – Cosme Damião está mais rico."

Entrevista: Betinho..

É tempo de fazer contas


"O Benfica não foi ao casino. Foi ao mercado. E no mercado, quem sabe negociar não joga às cegas: pesa, calcula, equilibra. É isso que distingue a aposta irracional da estratégia consciente.

Com o fim de agosto fechou-se o mercado de transferências, terminou o primeiro ciclo competitivo e foram apresentados os resultados financeiros de 2024/2025. O calendário fechou um capítulo e abriu outro. É o momento certo para parar, olhar para trás e fazer contas no Benfica.
Durante semanas repetiu-se que o Benfica estava em all in. Como se fosse um jogador perdido numa mesa de casino, disposto a empurrar todas as fichas para o centro numa jogada desesperada para salvar o presente e hipotecar o futuro. Essa narrativa encheu jornais, debates televisivos e conversas de café. Repetida tantas vezes, parecia ganhar consistência. Mas, quando o mercado fechou e os números foram analisados com calma, a história revelou-se bem diferente.
O Benfica não foi ao casino. Foi ao mercado. E no mercado, quem sabe negociar não joga às cegas: pesa, calcula, equilibra. É isso que distingue a aposta irracional da estratégia consciente. O Benfica contratou reforços importantes, jogadores com qualidade e ambição para uma época longa. Investimento no presente, mas também no futuro.
Ao mesmo tempo que contratava, o Benfica também vendia. E vendeu bem. Não foram liquidações ou saldos: foram operações que trouxeram receitas relevantes e que superaram o valor investido nas aquisições. O resultado final é simples de enunciar, mas difícil de alcançar: o clube reforçou a equipa e ainda fechou o mercado com saldo positivo.
É aqui que a tese do all in cai por terra. A aritmética é clara: entrou mais dinheiro do que saiu. E, quando os números falam, não há metáforas de casino que resistam. O que parecia risco cego revelou-se planeamento. O Benfica não apostou o futuro numa jogada de desespero. Saiu deste mercado mais forte do que entrou, com a equipa preparada para competir e com as contas em ordem.
Contas em ordem foi também aquilo que revelou o exercício financeiro de 2024/2025 da SAD do Benfica, que registou um resultado positivo de 34,4 milhões de euros. Não é apenas uma linha no relatório: é um sinal de vitalidade que merece ser sublinhado. O clube, tantas vezes avaliado pelo que faz dentro das quatro linhas, mostrou também fora delas a sua força.
O dinheiro veio de onde tinha de vir: da Liga dos Campeões, que continua a ser a maior competição de afirmação internacional e, ao mesmo tempo, uma fonte essencial de receitas. O Benfica sabe que estar na Champions não é só prestígio, é também sustentabilidade. Cada jogo, cada fase ultrapassada, cada noite europeia é um reforço para as contas. Não há outra competição que combine tão bem o coração e a razão: emoção desportiva e robustez financeira.
Veio também do Mundial de Clubes, onde o Benfica marcou presença entre os gigantes do futebol. Essa participação não trouxe apenas projeção mediática e desportiva, trouxe também retorno financeiro. Jogar na montra mundial tem sempre um preço, e o Benfica soube recolher os frutos dessa presença, reforçando o seu nome e a sua posição.
Do mercado chegaram mais recursos. As transferências, cada vez mais inevitáveis num futebol moderno, garantiram ao clube uma almofada importante. Não se trata de vender por vender. Trata-se de um modelo em que a formação, a valorização de jogadores e a capacidade de negociar se transformam em músculo financeiro. Mas não foi só isso. A marca Benfica, viva e poderosa, é também uma máquina de gerar receita. A camisola vermelha não é apenas um símbolo de identidade: é um ativo comercial capaz de atrair patrocinadores, mobilizar multidões e alimentar a economia do clube.
Tudo isto, somado, explica o resultado final. Não é um acaso, não é um golpe de sorte, não é um número solto. É a consequência direta de estar presente nas grandes competições, de ter uma estratégia clara no mercado e de manter viva a força da sua marca.
O que fica desta fotografia é a ideia de que o Benfica não se limita a competir no relvado. Compete também nas finanças, na gestão da sua marca, na capacidade de gerar receita e na forma como transforma cada desafio em oportunidade. Os resultados são positivos porque houve Champions, porque houve Mundial, porque houve mercado e porque há uma marca que continua a ser motor de pertença. É esta soma de forças que permite ao Benfica não apenas sobreviver, mas crescer, num futebol cada vez mais exigente e global.
No fundo, é a confirmação de que o Benfica é mais do que um clube de futebol: é uma força que se expressa nas vitórias, mas também nas contas. E esta vitória, fora das quatro linhas, merece ser celebrada com a mesma intensidade com que se celebra um golo no Estádio da Luz. Porque cada número positivo é também uma forma de vitória, menos visível mas igualmente decisiva.
São resultados financeiros destes que permitem, no futuro, continuar a conquistar os objetivos a que o clube se propõe, tal como aconteceu no primeiro ciclo competitivo da temporada, em que o Benfica cumpriu, com rigor, tudo o que tinha definido. Conquistou a Supertaça frente ao rival, ultrapassou duas eliminatórias exigentes de acesso à Liga dos Campeões e somou três vitórias em três jogos do campeonato. É um arranque limpo que mostra desde cedo a ambição e a preparação da equipa para uma época longa.
Estes números acrescentam corpo e contexto ao balanço do primeiro mês oficial de competição. Enquanto dentro de campo a equipa soma vitórias, fora dele o clube apresenta contas equilibradas, uma estratégia definida e sinais claros de vitalidade. O Benfica mostra, assim, que sabe competir em todas as frentes: no relvado, no mercado, nas finanças e na afirmação da sua identidade. É a conjugação de resultados desportivos e de solidez institucional que dá confiança aos adeptos e garante que o futuro se constrói com bases firmes."

Terceiro Anel: Diário...

Observador: E o Campeão é... - "Benfica é favorito mas Santa Clara é uma equipa incómoda"

Observador: Três Toques - Conflitos no balneário. Começou o todos contra todos?

Tramaram mesmo o nosso João!


"Redução da distância do contrarrelógio da Vuelta, de 27 para 12 quilómetros, era mesmo necessária? Não havia alternativas? João Almeida ganhou 10 segundos a Vingegaard, quantos mais ganharia?

Dois pontos prévios antes de ir ao que interessa: 1.º, respeito que a segurança de atletas e público seja prioritária relativamente à competição; 2.º, sim, no que toca a Desporto, roço o nacionalismo bacoco.
Posto isto, vamos lá então à tramóia. Uma volta como a de Espanha (a Vuelta) é uma prova de fundo, de gestão de esforço ao longo de três semanas, com o sonho da vitória em Madrid. As etapas ficam definidas muitos meses antes e é a partir dessa definição que equipas e ciclistas se preparam.
João Almeida partiu como chefe de fila da UAE Emirates e, infelizmente, nem sempre teve ao seu lado uma verdadeira equipa. Ainda assim, o supercampeão português lutou (e ainda luta) ombro a ombro com Jonas Vingegaard, mostrou-se em grande forma e chegou ao dia de ontem, quinta-feira, o do decisivo contrarrelógio de 27 quilómetros em Valladolid, em segundo lugar da geral, a 50 segundos do líder.
Precisava, portanto, de anular a diferença, bastando-lhe para isso recuperar menos de dois segundos por quilómetro, ele que é um especialista (superior a Vingegaard) na especialidade de crono.
Porém, na véspera, alegando «questões de segurança», por conta das manifestações anti-Israel que já tinham afetado outras etapas, a organização avisou que reduziria o contrarrelógio para apenas 12 kms. «Pena não terem sido os 27 kms», desabafou um desolado João Almeida no final, após ter recuperado 10 segundos a Vingegaard.
Quantos segundos seriam se o percurso fosse o original? Mais: se havia 12 kms seguros, porque não duplicar esse circuito (ida e volta ou duas voltas) e, pelo menos, ter um crono com 24 quilómetros?"

Portugal é favorito no Mundial


"Fez bem Pedro Proença em não vir com aquele discurso insonso do somos candidatos mas não favoritos, que já farta e não motiva ninguém, a começar pelos jogadores...

«Estamos muito crentes que, se ganharmos à Hungria, damos um passo fundamental para o nosso objetivo, que é estar nos EUA. E como já disse, temos grande vontade de sermos campeões do Mundo e há que assumi-lo. Com esta geração de jogadores e com a estrutura que a Federação tem, temos de ser ambiciosos. Queremos obviamente conquistar coisas boas.»

Como disse Pedro Proença, ganhar na Hungria era passo fundamental para chegar ao Mundial, um passo importante numa caminhada que, porém, ninguém acreditaria que não fosse para alcançar o destino como numa etapa a rolar de uma qualquer volta do pedal. Tendo em conta o grupo, e tendo em conta a duração da caminhada em período inicial da temporada, pode exigir-se não apenas a qualificação como deve exigir-se que sem máquinas de calcular outrora tão necessárias e, mais ainda, pode até pedir-se um percurso 100 por cento vitorioso, uma espécie de cartão de apresentação imaculado na entrada na maior competição de seleções, onde também teremos o estatuto da equipa vencedora da última Liga das Nações da UEFA.
Até agora, com menor (5-0 na Arménia) ou maior (3-2 na Hungria) dificuldade, o desafio está assumido e até ver cumprido. Novidade e muito bom sinal é o discurso ambicioso que esta Seleção Nacional passou a ter, como mostram as palavras do presidente da Federação Portuguesa de Futebol no arranque da jornada a caminho do Canadá, dos Estados Unidos e do México. Assumir com clareza, sem receios ou meias palavras, o objetivo de ir à América do Norte e vir de lá com o título de campeão do Mundo é muito bom sinal e mensagem clara para uma equipa que no passado, com grande qualidade individual também, acabou por sair do grande palco, fosse mundial ou europeu, com a sensação de que ficou aquém do que se esperava e podia efetivamente fazer. E tenho para mim que ser comedido a assumir a ambição teve nos falhanços papel importante, porque saímos de prova com a certeza de que se podia ter ido mais além e eu com a sensação de que não se foi porque o discurso não motivou para uma força efetiva de vencer. Saímos mais cedo de cena e parece que não houve problema algum com isso, que a convicção de que podíamos ter conquistado o título nunca fez realmente parte da alma da equipa, algo que houve, por exemplo, em 2016…
Por isso fez bem Pedro Proença em não vir com aquele discurso insonso do somos candidatos mas não favoritos, que já farta e não motiva ninguém, a começar por quem mais interessa: os jogadores. Porque com estes, com esta equipa, Portugal não se pode apresentar no Mundial apenas como um candidato: tem de assumir-se como favorito, ou um dos um dos favoritos. A não ser que o selecionador invente quando não tem nada para inventar…
Roberto Martínez, também ele, entra nesta nova etapa mundial da Seleção Nacional com o crédito de que nunca dispôs no passado e que até teve perto de perder por completo à entrada para a final four da Liga das Nações. A vitória na prova devolveu-lhe a cor à barra de confiança e até e sobretudo o apoio dos jogadores. Mais um fator de harmonia que em poucas ocasiões acontece e que Portugal tem de saber aproveitar e canalizar para um objetivo assumido e que faria certamente justiça não apenas a uma Seleção que sonha mas também a um capitão que merece, aos 40 anos, uma saída em grande com o maior de todos os títulos."

Cancelo na equipa de Djalminha


"Antes alguém com o coração nos pés do que um cérebro que se deixa inibir pelo lado estratégico do jogo: o internacional português tem lugar cativo na 'equipa' do antigo jogador brasileiro

Longe de mim estar aqui a defender a ideia de que antigamente é que era, que o futebol moderno perdeu a magia por completo. Continuo a ver golos daqueles que fazem jogar as mãos à cabeça, a vibrar na ténue linha que separa glória e insucesso, a entender o fascínio das crianças que vejo nas bancadas. Mas eu, que cresci a desenhar táticas, apaixonado pelo lado estratégico do jogo, e até rendido ao profissionalismo da dieta alimentar e da pressoterapia, não posso deixar de concordar com Djalminha, mesmo que não seja a ponto de dizer que «a palavra espetáculo não existe mais no futebol». «Agora não se pode mais driblar. O ponta só toca para trás, o meia não pensa, tem que correr igual um louco, box-to-box. Não é o meu futebol, acham que é copiar e botar isso na cabeça dos jogadores. O meu filho tem oito anos e só vejo treino tático e jogada ensaiada», lamentou o antigo internacional brasileiro de Flamengo, Palmeiras e Corunha, entre outros.
Uma crítica localizada, de quem sente falta de samba no futebol brasileiro, mas aplicável à escala global. Em tempos os treinadores gritavam por pragmatismo em zonas recuadas, agora até no último terço é preciso pesar bem as consequências. O risco é mínimo, não vá a equipa entrar em desequilíbrio logo ali, quando até estava a jeito de marcar um golo. Basta o adversário direto respirar fundo e a pressão obriga a soltar a bola. Já ninguém ensina a pescar, lá está, é mais fácil dar uma cana sem isco a todos. O guião é comum, com pouca ou nenhuma margem para improvisos.
Pensei nas palavras de Djalminha enquanto via a imprevisibilidade de Cancelo novamente ao serviço da Seleção. Ele que é lateral direito por princípio, mas tantas vezes vai pela esquerda, ilusionista quando aparece ao meio, matreiro a encontrar o caminho do golo. Aqui e ali também a errar, com falhas de concentração, mas quase sempre com saldo positivo, e sempre — mesmo sempre — a jogar como se não existisse amanhã.
Talvez Cancelo pudesse ser mais cauteloso, até fora do campo, e porventura isso até teria evitado o marcante desentendimento com Pep Guardiola, mas não consigo concluir que isso tenha travado o que quer que seja. Prefiro acreditar que foi precisamente essa irreverência, tão vincada, que o fez chegar às melhores equipas do mundo, conseguir tantas conquistas para dedicar à mãe.
O cérebro será sempre o principal atributo de um jogador, mas não deixemos de lado a emoção."

Seleção: quando ganhar ainda não chega


"Há um crescimento mental assinalável na Seleção, que se já sente como equipa grande em campo, mas ainda não recebeu de Martínez todas as armas para poder de facto sê-lo

Provavelmente, já passou, para quase todos vós, o momento para falar da Seleção. Esse período vai, religiosamente, de 1 hora antes a 1 hora depois da convocatória e, depois, da divulgação do 11 até 30 minutos após o derradeiro apito. De resto, interessa pouco, a não ser quando já se luta pelo Europeu ou Mundial. Aí, há bandeirinhas nas janelas, cachecóis em para-brisas, anúncios em série nas televisões, hinos afinados cantados a capella e gazetas acumuladas para ir ver jogos lá fora. Um aviso: se a sua companheira engravidar agora, ainda consegue garantir licença para ir para a bancada nos Estados Unidos, México e Canadá. Já se for você a abençoada, gabo-lhe a coragem. Vá — e pode fazê-lo a partir das duas semanas de vida — ou fique em casa, será sempre uma heroína.
Portugal é, reconheça-se, também vítima do próprio sucesso. Passou a ganhar mais vezes do que no passado, não só por estar mais forte, mas também por disputar qualificações acessíveis e que apuram cada vez mais seleções, o que afasta a discussão. Já eu vi Portugal cair diante de Itália e Suécia (1988), Bélgica e Checoslováquia (1990), Países Baixos (1992), Itália e Suíça (1994), e Alemanha e Ucrânia (1998). Hoje, rivais assim já só se veem lá mais para a frente. Sem haver muito a perder, o interesse também é menor, porém estou tentado a ficar-me pelo paradigma da falta de cultura desportiva, que leva a que as paragens para as seleções coincidam com a perda generalizada de interesse em campo, graças ao menor sentido de pertença. Quantos de nós não passaram pelas redes sociais e viram comentários como «A minha Seleção é o Sporting!» Ou «o Benfica». Ou «o FC Porto». Apenas sintomas.
Nas bancadas também se percebe, à exceção de uma ou outra claque arregimentada pela federação, que os adeptos, na maioria, não são os mesmos. Os que vão ver a Seleção estão ali pela festa, pela família, por Cristiano Ronaldo, por exemplo, ou outra estrela, e não tanto pelo jogo. Não é que isso tenha algo de errado, bem pelo contrário, todavia, há aqui uma fratura entre o que significa o clube e a Seleção para cada um dos portugueses, com penalização para a última. Roberto Martínez até veio de certa forma preparado, de uma Bélgica dividida política, social e culturalmente, que ainda assim se conseguia unir, no seu tempo, à volta da equipa nacional.
Mesmo que a poeira já tenha assentado e a maior parte de vós já esteja a pensar como organizar a agenda para assistir à próxima partida do mais-que-tudo, seja no estádio ou à frente do ecrã, num grupo de amigos, com cerveja, amendoins e tremoços à discrição, ou simplesmente sozinho, este texto é sobre a Seleção.
Ora, perante adversários de classe média baixa, Portugal fez o fundamental. Venceu e tem o apuramento na ponta da língua. Na Hungria, fê-lo de forma mais sofrível do que o esperado, mesmo que se reconheça a Szoboszlai e a Kerkez, sobretudo estes, grande qualidade. E a essa nota de instabilidade defensiva juntam-se mais umas quantas ideias que reúno aqui.
Dos quatro centrais, o selecionador tem uma certeza (Rúben Dias) e três dúvidas, ainda que não o admita. Gonçalo Inácio foi ainda assim titular diante da Arménia, mas com o crescer de exigência preferiu-se adaptar Rúben Neves. António Silva saltou lá para dentro na hora de defender, contudo, Renato Veiga, que a certa altura pareceu ganhar espaço, não somou um único minuto. Por isso, talvez seja importante fazermos o exercício: o que é que um médio da liga saudita, que tem boa capacidade de distribuição longa e remate de fora da área, acrescenta a um central da Liga, capaz de distribuir curto e longo com eficácia, está mais rotinado na cobertura da sua área e ainda é referência nas bolas paradas ofensivas? Deixo que respondam vocês.
No meio-campo, o selecionador está convicto de que Vitinha e João Neves, mais ou menos vezes pela direita, têm de jogar juntos, porém a verdadeira questão tem sido encaixar as demais figuras. Ainda não foi desta que Bruno Fernandes pareceu confortável em ter apenas o que sobra da dinâmica de construção transplantada de Paris, enquanto Bernardo Silva já pareceu mais ligado ao processo que o rival mancuniano, muito confortável no controlo da partida através da posse e há muito preparado para ocupar o espaço livre sem bola. Desperdiçar o talento de qualquer um dos dois parecerá criminoso, porém o processo coletivo deveria mais uma vez ser prioritário. Já sabemos que Martínez pensa doutra forma.
Não há muito a acrescentar na frente. Prefere-se a eficácia de Ronaldo na área a soluções que aproximariam o espanhol em muitos mais momentos do seu modelo, como Gonçalo Ramos. No primeiro encontro, a proximidade do agora também Al Nassr João Félix ajudou o recordista de tudo e mais alguma coisa (sem ironia), no segundo o seu isolamento forçou os colegas a cruzar demasiado, bloqueou o ataque posicional — os seus movimentos são quase sempre feitos à sua medida e não de um ponto de vista mais associativo e coletivo — e a equipa tornou-se também mais vulnerável às saídas rápidas magiares naquela pressão que só funcionará quando for verdadeiramente feita em conjunto. E era apenas a Hungria…
Quem ler pode ficar com a sensação de que muita coisa está mal, porém a ideia que deve ser retirada é que poderia estar ainda melhor. A equipa continua muito débil diante de blocos mais baixos, um momento em que Roberto Martínez sente dificuldades desde os primeiros tempos da carreira, quando começou a treinar melhores atletas, ainda que haja quem elogie aquela rotação quase estéril da maior parte dos elementos do ataque. Sublinhe-se sim o crescimento mental da Seleção no pós-Liga das Nações, que o modelo ainda não acompanha. E não esqueçamos de elogiar vontade e postura.
O espanhol continua a ser um ou dois passos em frente em relação a Fernando Santos, que as melhores línguas considerariam certamente que apenas perdeu o toque de Midas ao ser despedido do Azerbaijão, depois de Besiktas e da Polónia. Ou a Mourinho. Ou às ideias de Abel Ferreira. É que, ainda longe de ser o homem certo, Roberto Martínez é o mais certo que, para já, podemos ter."

SportTV: Até onde vamos chegar? 😱 Rescaldo do Mercado c/ Rui Amaro

Zero: Fantasy - Jornada 5 - 11 do Benfica conhecido antes da ronda estar bloqueada e dúvidas no Dragão

Mito ou realidade: no futebol, a equipa médica pode ganhar campeonatos?


"No futebol profissional moderno, a margem entre o sucesso e o fracasso é cada vez mais estreita. Pequenos detalhes, muitas vezes longe das câmaras e dos holofotes, podem decidir títulos. Se antes o foco estava centrado quase exclusivamente no talento dentro das quatro linhas, hoje o paradigma mudou: a ciência e a medicina desportiva assumiram um papel fulcral na preparação, prevenção e reabilitação dos atletas.
A equipa médica deixou de ser apenas o bombeiro que apaga incêndios quando há lesões. O trabalho começa muito antes de o jogador vestir, oficialmente, a camisola do clube. Os exames médico-desportivos de admissão servem não só para avaliar a condição física, mas também para identificar fatores de risco e orientar programas de prevenção de lesões cada vez mais personalizados. Ao longo da época, a vigilância é constante, englobando a nutrição, a fisiologia do esforço, a monitorização diária das cargas físicas e o acompanhamento psicológico. Este trabalho silencioso, profissional e científico é determinante para manter a saúde dos jogadores e maximizar o seu rendimento competitivo.
Não é por acaso que os grandes clubes europeus investem, fortemente, nesta área. No FC Barcelona, por exemplo, o trabalho liderado por Carles Bestit alterou para sempre o papel da medicina no futebol. O modelo deixou de ser puramente reativo para passar a prevenir lesões antes de estas ocorrerem, integrando exames regulares, planos nutricionais e apoio psicológico como parte da rotina. Esta nova realidade ajudou a sustentar anos de sucesso nacional e europeu.
Também em Espanha, mas em Madrid, a abordagem é de excelência. O Real Madrid TEC, sob a coordenação de Valter Di Salvo, apostou na tecnologia e na análise de dados para monitorizar cargas de treino, individualizar programas e acelerar processos de reabilitação. Jogadores como Cristiano Ronaldo ou Karim Benzema beneficiaram deste suporte médico e científico que lhes permitiu manter níveis de performance extraordinário ao longo de várias épocas.
Na Alemanha, o Bayern Munique é exemplo no uso de análise preditiva para redução de lesões. Com recurso a dados biométricos avançados, parâmetros como o ritmo cardíaco, a fadiga muscular ou a recuperação pós-jogo são monitorizados. Esta informação é utilizada para ajustar treinos e cargas de esforço, reduzindo o risco de lesões e aumentando a consistência do plantel.
Em Inglaterra, o Liverpool apostou, fortemente, na reabilitação estruturada de lesões graves. Sob a liderança de Andy Massey, foram implementados protocolos rigorosos que permitiram a jogadores como Virgil van Dijk e Joe Gomez regressarem ao mais alto nível após longos períodos de paragem. Este trabalho teve impacto direto nos títulos conquistados nos últimos anos, incluindo a UEFA Champions League de 2019 e a Premier League de 2020.
A escolha da equipa clínica é uma decisão da maior importância, que deve ser baseada em critérios curriculares de competência e prestígio com padrões internacionais. Esta filosofia tem permitido a minimização dos tempos de paragem por lesão e aumentar a disponibilidade dos jogadores, ao longo das épocas, mantendo os clubes competitivos nas provas nacionais e internacionais.
O futebol atual é um jogo de alta intensidade, onde a preparação física e mental necessita de estar no topo todos os dias. Neste contexto, a equipa médica assume um papel que vai muito além do tratamento de lesões: antecipa problemas, otimiza a recuperação, ajusta cargas de treino e garante que os atletas estão sempre prontos para competir.
Dizer que a medicina desportiva pode ganhar campeonatos já não é exagero. Pelo contrário, é uma realidade cada vez mais evidente, sustentada por dados e por taças levantadas. No fundo, a ciência também marca golos — e, muitas vezes, falha ou marca os golos decisivos…"