Últimas indefectivações

sexta-feira, 11 de maio de 2018

Casa do complexo

"Os insultos e as palavras de ordem jocosas dedicadas ao Benfica e aos benfiquistas são recorrentes nos festejos dos nossos principais adversários e, como tal, ainda mais por serem estimulados por responsáveis e protagonistas desses clubes, são demonstrativos do sentimento de inferioridade, em relação ao Benfica, de portistas e sportinguistas. Essa forma de estar vira-se contra eles: O Benfica, ganhando ou perdendo, sai sempre por cima. O cântico mais entoado de acordo com a comunicação social, o 'Penta Ciao', é particularmente significativo. Adaptado da canção da resistência antifascista italiana, recordada, em 2018, à escala mundial devido ao sucesso da série espanhola A Casa de Papel, serviu agira de expressão da alegria portista.
Nem sequer preciso de evocar a ironia de adopção de práticas comuns aos regimes fascistas - violação de correspondência privada, deturpação do conteúdo dessa correspondência, propaganda, intimidação, coacção - serem celebradas recorrendo a uma melodia que simboliza o repúdio a esses práticas. Menos ainda os adeptos do clube da inauguração do estádio englobada nas comemorações do Estado Novo cantarem a Bella Ciao... As voltas nos túmulos que grandes dirigentes do FC Porto, como, entre outros, Urgel Horta, salazarentos até à medula, estarão agora a dar...
Basta A Casa de Papel, que, muito resumidamente, é sobre um grupo de marginais que faz um grande assalto. E depois, ainda mais ironicamente, com o Penta Ciao, os portistas tentam esfregar-nos na cara a nossa hecatombe, a nossa crise desportiva sem precedentes, esta coisa de não termos conseguido ganhar, pela quinta vez consecutiva, o Campeonato Nacional...
Está tudo dito!"

João Tomaz, in O Benfica

Duas novas competições internacionais

"Existe em cima da mesa uma proposta no montante de 20 mil milhões de euros, para criar duas novas competições de cariz internacional, uma nova competição mundial de selecções e outra reformulação do campeonato mundial de clubes. Esse monstruoso valor respeita às duas competições ao longo de 12 anos (2021-2033).
Uma parte dos mais de 20 mil milhões de euros também será investida no novo mundial de clubes. Desse valor, cerca de 10,8 mil milhões de euros vão para o mini-mundial de selecções, e mais de 10 mil milhões para o mundial de clubes.
O documento que chegou aos membros do Conselho FIFA, constituído por representantes da UEFA, CONMEBOL, CONCACAF, AFC, CAF e OFC, propõe organizar um mundial de futebol de elite a cada dois anos (sempre anos ímpares), com uma fase final de apenas oito selecções. Poderá vir a ser um mini-mundial por agora designado de 'Final 8'. O modelo desta competição poderá ser idêntico ao da récem-criada Liga das Nações Europeias, e a primeira edição poderá ocorrer já em Outubro ou Novembro de 2021. No documento entregue às confederações, a FIFA garante que a prova não vai colidir com Campeonato da Europa, Copa América ou Taça das Nações Africanas.
A outra competição é o mundial de clubes, igualmente em preparação para anos ímpares, que deverá abranger 24 clubes participantes e realizar-se em Junho. Até agora, esta prova era disputada em Dezembro, por sete clubes.
Se a proposta de Infantino avançar, a FIFA mantém o actual modelo do Campeonato do Mundo de selecções a cada 4 anos, mas acaba com a Taça das Confederações - a prova que se realiza no ano anterior ao Mundial.
A inovação, se é o que podemos assim chamar-lhe, está no facto de a FIFA deixar de ter a totalidade da empresa que exploram as competições e passar apenas a ter a maioria. É o que podemos designar de privatização da exploração das competições.
Na reunião ordinária do Conselho FIFA, realizada em Bogotá, Colômbia, no mês de Março, Infantino não quis dizer quem são os investidores asiáticos que pretendem realizar este investimento.

No entanto, o Financial Times revelou que um dos membros do consórcio é o Softbank, a multinacional japonesa que opera o maior fundo de investimento do mundo para tecnologia. Mas há mais!
A forma como será desenhada a nova entidade poderá ter vários contornos, quer quem controlará a parte desportiva, quer quem controlará a parte financeira.

A FIFA ficará incumbida de redistribuir os ganhos das provas pelas federações e confederações, e quanto ao mundial de clubes, que poderá ter uma edição de juniores e em futebol feminino, as ligas nacionais também deverão receber uma parte das verbas."

Pragal Colaço, in O Benfica

Redesenhar o troféu de campeão imediatamente

"Estive a analisar serenamente a época do Benfica e cheguei a uma conclusão: ainda bem que não fomos campeões. Foi agradável erguer o troféu durante quatro anos consecutivos, porém, a ambição não deve nunca transcender a sensatez. O leitor já imaginou o Paulo Lopes, quase a completar 40 anos, a trepar para a trave da baliza e levantar 10 Kg no ar? A idade não perdoa, e a agilidade não é a mesma de outros tempos. Acontecia de o homem dar um tombo, e a festa tinha de se deslocar do Marquês de Pombal para o Hospital da Luz.
Não seria a mesma coisa. Para além disso, as 36 taças de campeão nacional são exactamente iguais. Desde a de 1936 à do 2017. Há, naturalmente, espaço para mais no Museu Cosme Damião, contudo, sou da opinião de que só valerá a pena conquistar o campeonato quando a Liga alterar o formato do troféu. Viaja um benfiquista desde a Suíça, Cabo Verde ou mesmo de Marte até à Luz para visitar as relíquias do museu, na expectativa de contemplar uma considerável variedade de estatuetas e, logo à entrada, depara-se com uma overdose de canecos idênticos? Há um profundo desencanto. Para aqueles clubes que têm, sei lá, somente metade desses troféus, a repetição não cansa tanto a vista. Lembro-me bem de entrar no museu do Benfica em 1971, quando as 18 taças de campeão nacional se ladeavam harmoniosamente entre si (é mentira, em 1971 o meu pai tinha apenas três anos, podia lá eu ser nascido). Concordo que 18 taças iguais ainda é um número aceitável, mas 36 já começa a ser aborrecido.
Espero bem que a Liga contrate um designer o quanto antes. Quero poder torcer pelas vitórias do Benfica sossegado, em ter de me preocupar com a questão estética do Museu Cosme Damião."

Pedro Soares, in O Benfica

Os golos

"Não são as fintas, não são os passes, não são as reviengas, não são as rabonas, não são as chicuelinas. O que decide os jogos são os golos.
Há algum tempo atrás, um conhecido jornalista e comentador desportivo afirmava olimpicamente que o nosso Tacuara Cardozo 'não era um grande jogador, pois só sabia marcar golos'. Lembrei-me disso durante o último dérbi, no qual o Benfica se superiorizou ao adversário, dominou a maioria do tempo de jogo, criou sete ocasiões claras de golo, mas saiu de Alvalade em branco, e a depender de terceiros para alcançar o importante 2.º lugar.
Ronaldo é o melhor do mundo porque... marca golos. A este Benfica faltou alguém que, em frente da baliza, soubesse ser eficaz. Temos esse alguém no plantel: é o melhor marcador do campeonato, lesionou-se num momento crucial, e nesta partida entrou a poucos minutos do fim, ainda sem ritmo, e já sem tempo para procurar a felicidade. Há dois anos saímos do mesmo estádio dominados, mas vencedores. Um pontapé certeiro do também saudoso Mitroglou (outro que só sabia marcar golos...) deu-nos a vitória que havia de valer o título. Desta vez, nem Rafa (duas vezes), nem Douglas, nem Pizzi, nem Zivkovic, nem Samaris, nem Raúl conseguiram meter a bola dentro da baliza, e foram os rivais que acabaram por sorrir.
Por alguma coisa os pontas-de-lança são tão caros e tão valorizados. E também são cada vez mais raros. Temos um dos melhores ataques do campeonato. Mas a verdade é que, sem Jonas, em dois jogos decisivos (FC Porto e Sporting) não lográmos marcar um golo. E, sem golos, tudo o resto não serve para nada."

Luís Fialho, in O Benfica

Onde?

"Life is a roller coaster. Em português:
'A vida é uma montanha-russa'. Sem dúvida.
Quando a única alternativa ao ridículo é fazer de conta que se está a sofrer muito e que se ama um clube, para com isso fazer acreditar os sócios e simpatizantes que se é brejeiro apenas por essa razão, está tudo dito!
Existem muitas razões, todas elas, compreensíveis e inteligíveis, para explicar porque não fomos penta!
- Jonas lesiona-se numa aquecimento prévio e um conjunto de jogos importantes;
- Rotinada para jogar com ele, algo que confesso em tempos não acreditei, mas a realidade fez-me meter a viola no saco, a equipa não tinha mais homens-golo em massa!;
- Benfica tem um futebol extraordinariamente móvel, corre, passa, dribla, mas falha golos atrás de golos;
- André Almeida lesiona-se no princípio de um jogo também ele fundamental;
- Herrera remata uma bola mal aliviada, acerta na baliza nem sabe muito bem como, fazendo lembrar o Kelvin, ou não fosse a crise do minuto 92, ou 93 ou 94;
- Como foi possível alguém ceder, vender um ficheiro Excell, em plena traição, onde constavam os endereços electrónicos e as passwords dos e-mails de todos os trabalhadores, colaboradores do Sport Lisboa e Benfica?;
- Como foi possível tanta ingenuidade?;
- Qual a técnica de comunicação e de marketing inovatória que foi criada, para se apelidar de polvo algo que nem uma sépia é?;
- Como pode existir tanta falta de união onde ela devia mais existir?;
- Como pode alguém candidatar-se a candidato dois anos antes das eleições?;
- Como pode existir tanto ódio pelo presidente do Sport Lisboa e Benfica?;
- Como podem ser afastados os que mais mereciam lá estar só porque o ego de alguns que lá estão (poucos, felizmente) se tornou maior que a Torre Eiffel?;
- Um médio ceifar um jogador longe da baliza não é punível, mas um defesa central habituado a saltar com os braços já o é! Vamos ter defesas centrais manetas?;
- Um ex-árbitro escrever num jornal de tiragem nacional, a propósito de um lance entre o Rafa e Rui Patrício, 'Só uma mente doentia ou uma opinião de uma rola de olhos vermelhos...' poderia dizer que esse lance foi penalty, este brejeiro merece alguma consideração?;

Havia muita coisa para dizer. Uma instituição secular como o Sport Lisboa e Benfica está muito acima de tudo isto. Ela será eterna. As pessoas são mortais! Não se podem caçar monstros com pressão de ar!
A justiça, quando a lei era muito branda, caiu em cima do FC Porto. Agora, com a lei muito complicada, onde tudo o que se mexe é crime, caiu em cima do Benfica. Falta cair em cima do Sporting e obviamente a seu tempo cairá! Nesse momento e altura, estaremos cá para ver. Se eu fosse a eles, começava já a apagar os servidores!

Quanto ao resto deixem a Justiça trabalhar! Os processos discutem-se nos tribunais!"

Pragal Colaço, in O Benfica

Saraiva

"Esta foi uma semana muito triste. Partiu mais uma das nossas glórias. António da Cruz Pinto Saraiva tinha 84 anos e deixou-nos nesta segunda-feira. Ele era um dos 17 Magníficos que escreveram as páginas mais brilhantes da história do nosso Clube. Natural do Peso da Régua, Saraiva chegou ao SL Benfica proveniente do Caldas e logo na primeira época, em 1959/60, sob o comando de Béla Gutmann, conquistou o Campeonato Nacional. Saraiva participou em 10 dos 26 jogos. Mas seria na época seguinte que este médio se notabilizaria. Além de ter contribuído para a conquista do Bicampeonato, Saraiva e mais 13 briosos atletas levaram o nome do Sport Lisboa e Benfica por essa Europa fora, conquistando a Taça dos Clubes Campeões Europeus. Saraiva jogou 5 dos 9 jogos da mágica campanha de 1960/61. Estreou-se frente ao Hearts, em 29 de Setembro, em Edimburgo, jogo que vencemos por 2-1 com golos do capitão José Águas e do extraordinário José Augusto. Seguiram-se os jogos frente aos húngaros do Ujpest, aos austríacos da Rapid Viena e a ambicionada final, frente ao Barcelona. Em Berna, ganhámos por 3-2, e Saraiva sofreu por fora. Mas o seu nome ficou na história. Infelizmente, dos 17 Magníficos restam vivos apenas Artur Santos, Cruz, Ângelo Martins, Mário João, José Augusto e Simões.
Nesta hora de dor, invoco a memória de Costa Pereira, Cavém, Germano, Neto, Serra, Humberto Fernandes, Coluna, Santana, José Águas e Eusébio. Foi graças a este naipe de briosos e dedicados atletas que o SL Benfica atingiu o mais alto patamar do futebol internacional. Elas acreditaram sempre!"

Pedro Guerra, in O Benfica

Vida

"Todos sabemos que sangue é vida. Crescemos a ouvir dizer e sabemos que ser dador é simples e muito importante, mas talvez a maioria das pessoas tenha dado sangue apenas a propósito da cirurgia de um amigo ou familiar. Por outro lado, às vezes damos connosco a pensar que pouco podemos fazer pelo mundo, enorme e problemático, fora de escala para que a intervenção de um único individuo possa fazer a diferença.
Ora, se há coisa que podemos fazer e com grande impacto na humanidade, é dar sangue ou medula.
Às vezes, ser um no meio da multidão pode ser uma vantagem, e, se é verdade que cada um de nós é um ser único e insubstituível, não é menos verdade que a massa de que somos feitos é comum a toda a humanidade. É por isso que o sangue que nos circula nas veias pode facilmente tornar-se num sopro de vitalidade para os nossos semelhantes. Às vezes, mesmo, na sua última esperança. Quando damos sangue, o que fazemos é permitir que outros possam viver mais e melhor simplesmente porque partilhamos com eles um pouco da nossa energia vital.
Mas se os programas de doação de sangue são dos processos de cooperação e partilha mais bem-sucedidos da nossa vida em sociedade, isso fica a dever-se à adesão das pessoas e à elevada compatibilidade que a natureza determinou para nós.
Infelizmente, essa mesma natureza não foi tão generosa com a medula e tornou-se num bem tão precioso e raro, que é mais fácil encontrar uma agulha no palheiro que um dador compatível com cada um de nós. Tantas e tantas famílias conhecem esse drama de saber possível a cura dos seus entes queridos, mas nada poder fazer por incompatibilidade. Ansiedade, impotência e revolta são muitas vezes coroados pela tristeza da perda, mas há cada vez mais esperanças e sucessos nesta luta desigual. Hoje, felizmente, os avanços da medicina, dos tecnologias de informação e da mobilidade tornaram possível a constituição de bases de dados com grandes números de dadores de medula e a sua disponibilização a toda a humanidade. Mais uma vez a cooperação entre todos e o somatório das contribuições individuais produzem um resultado virtuoso, e a esta escala, sim, é possível encontrar mais e mais dadores, salvando mais e mais vidas.
Ser dador é, pois, uma oportunidade única para cada um de nós contribuir de forma decisiva para a vida. E a vida é um bem tão escasso e preciso, que só aproveitaremos bem a nossa se a colocarmos também ao serviço dos outros.
Seja dador... dê vida!"

Jorge Miranda, in O Benfica

A competência como medida...

"A cimeira de presidentes, que juntou 32 dos 33 emblemas do futebol profissional em Portugal (faltou o Sporting), tratou do caso da integração do Gil Vicente na Liga de forma responsável, recusando a tentação da via mais fácil, a do alargamento, que traria a tiracolo um decréscimo da qualidade média da competição. A solução para que apontam os clubes, três lugares de descida, excepcionalmente, na época de 2018/19, para acolher duas subidas por mérito e uma outra por via administrativa, parece razoável.
Indesejável, sem dúvidas, será a época do Gil Vicente no terceiro escalão, na próxima temporada, onde jogará para aquecer, sem pontuar. Pelo menos não vai prejudicar a integridade da competição, valha-me isso...
No lavar dos cestos desta época, um primeiro balanço à principal novidade, o VAR, remete-nos para alguns pontos interessantes, que deverão ser aprofundados nas próximas semanas. O primeiro tem a ver com a forma cruel como o acesso às imagens pôs a nu a incompetência de vários árbitros, privados da desculpa de que não decidiram bem porque não tiveram meios para tal. A seguir, fica por saber quais as consequências para os árbitros que não se mostraram minimamente à altura da função (particularmente quando chamados à cadeira do VAR). Depois,  Conselho de Arbitragem da FPF comportou-se, ao longo da temporada, como uma sociedade secreta, o que só serviu para aumentar o descontentamento (e a desconfiança, porque não?) de jogadores, clubes e adeptos. Mesmo dando o desconto de estarmos no ano zero, não será abusivo concluir que se não houver competência humana, não há VAR que nos valha."

José Manuel Delgado, in A Bola

Carrick: honra ao anti-herói

"Michael Carrick vai sair de cena. Percebe-se a inexorabilidade do tempo e, neste caso, os cuidados cardíacos após o susto contra o Burton Albion, em Setembro, diminuíram o número de presenças no Manchester United nesta época.
Estes são os últimos dias da temporada e, tal como Carrick, outros vão-se preparando para os últimos minutos de competição nas carreiras. Em Portugal, Luisão ainda não anunciou o que pretende fazer no Benfica e, em Espanha, para além de Iniesta ter feito o seu último Clássico, Xabi Prieto motiva manchetes inspiradoras na imprensa basca para o próximo fim de semana.
Xabi Prieto é uma verdadeira lenda 'donostiarra' e só conheceu um clube: a Real Sociedad. Será que, algum dia, o Athletic vai homenagear o capitão 'txuri-urdin', do maior emblema rival, com o prémio atribuído desde há quatro anos intitulado “Homem de um só clube”, como fez com Le Tissier (Southampton), Sepp Maier (Bayern), Paolo Maldini (Milan) e, na semana passada, com Carles Puyol (Barcelona)? Xabi Prieto preenche os requisitos e eu gostava de assistir a isso.
Mas voltemos a Carrick, que talvez seja um dos médios-centro mais subvalorizados dos últimos tempos. Podia ter sido mais rentabilizado num alinhamento em simultâneo com Gerrard e Lampard na seleção inglesa. Tinha de ser num triângulo, mas a obsessão britânica pelo 4-4-2 tirou-lhe contexto para se afirmar com a camisola dos Três Leões com maior assiduidade. “Só” completou 34 internacionalizações.
Em Manchester, ficou com o número 16 de Roy Keane nos Red Devils, mas é melhor deixar os pontos em comum por aí mesmo. Carrick precisava de garantir eficácia na recuperação da bola ao lado de Paul Scholes. Mas caçava a bola sem fazer peito ou carrinhos a matar para intimidar e a partir daí controlar o meio-campo. Esse até podia ser mais o ‘modus operandi’ de Keane, salvaguardando, ainda assim, que o irlandês nem era propriamente desprovido de técnica.
Em todo o caso, Carrick era diferente. O 'playmaker geordie' (era adepto de infância do Newcastle e foi polido pelo West Ham, em Londres) impunha-se, antes, pela leitura de jogo, que era mais avançada do que a maioria dos centrocampistas ingleses na segunda metade da década de 2000. E Ferguson percebeu o que tinha em mãos, até já numa fase em que recorria mais vezes a um desenho com três médios, rascunho que já tinha imaginado quando adquiriu Verón em 2001 para que a equipa não manifestasse inferioridade no meio-campo em provas europeias.
Carrick tinha a particularidade de chegar muito bem à baliza para marcar golo. Procurava a tabela e a rotura com movimentos objectivos, ao mesmo tempo que a sua manobra em zona de construção teve sempre alguns traços de Busquets, acrescentando mais ideias na elaboração das jogadas de ataque. 
Mourinho prometeu que, domingo à tarde, Carrick jogará a titular em Old Trafford, contra o Watford, no seu último jogo na Premier League, antes de abraçar a carreira de treinador. Acredito que vai entrar e sair com o recato do costume, com toda a pinta de anti-herói. Mas será exactamente desse modo que o vamos glorificar."

Apenas um mau sinal entre elogios ao Sp. Braga

"Equipa comandada por Abel Ferreira bateu recorde de pontes do clube

Ainda não foi desta que o Sp. Braga foi campeão, um desejo reforçado internamente para assinalar o centenário do clube, em 2021. O emblema minhoto não conquistou nenhuma taça e até pode nem conseguir intrometer-se entre os «grandes» na tabela classificativa da Liga, mas ainda assim o balanço da época só pode ser positivo.
Com 75 pontos à entrada para a última jornada, foi até batido o recorde pontual do clube, que reportava a 2009/10 (71 pontos), embora num campeonato com apenas 30 jornadas.
Abel está de parabéns por aquela que foi – convém lembrar – a sua primeira temporada a treinar no principal escalão. Apresentou resultados, e ainda para mais a praticar um futebol atractivo, que valoriza o clube e os jogadores que integraram um plantel construído com muito equilíbrio. Basta pensar no rendimento apresentado por Raúl Silva, na notável temporada de Ricardo Esgaio, que não se deixou abalar pela saída do Sporting, e a surpreendente campanha de Paulinho, provavelmente o melhor marcador português da Liga (parte para a última ronda com dois golos de vantagem sobre Bruno Fernandes).
A temporada bracarense voltou a ficar muito marcada por lesões (Marafona, Ricardo Ferreira, Fransérgio ou Wilson Eduardo), mas Abel fez bom proveito dos recursos à sua disposição. E quando pensamos ainda na influência assumida também por jogadores como Matheus ou Ricardo Horta, por exemplo, torna-se difícil eleger uma figura maior.
Há quem defenda que é essa “estrela” incontornável que carrega as equipas para um patamar superior, mas o campeão FC Porto até veio contrariar essa teoria, por mais impressionante que tenha sido a campanha de Marega. Isso por vezes é sintoma de um plantel desequilibrado, e isso o Sp. Braga não teve/tem.
Mas falar de desequilíbrio é falar do único aspecto negativo da campanha do Sp. Braga. Um mau sinal para a Liga, e não propriamente para o emblema «arsenalista». É que ao andar tão colada aos três crónicos candidatos ao título, a equipa de Abel Ferreira “destapou” o fosso existente no principal escalão, deixando quase trinta pontos de distância para o quinto classificado. E já é tempo de se perceber que a forma de lidar com este buraco não é esperar que alguns clubes façam de ponte.
O Sp. Braga quer mais do que isso, e ainda bem."

Controlo antidoping

"1. Como se processa o controlo antidoping?
Um dos meios cruciais de combate à dopagem passa pelo controlo e fiscalização dos praticantes desportivos, em especial os de elevado nível competitivo. Para efectivar essa fiscalização revelou-se necessário ter um conhecimento real da localização dos praticantes desportivos inseridos nos grupos alvo (que, na prática, são todos os praticantes de alto rendimento de todas as modalidades desportivas). Para tal, diz o art. 31º da Lei 38/2012, de 28/08, com as alterações da Lei 93/2015, de 13/08 que todos os praticantes desportivos que participem em competições oficiais estão obrigados a submeter-se ao controlo antidopagem, aplicando-se este regime a controlos fora de competição e em acções de controlo que não estão sujeitas a aviso prévio. Para que os praticantes desportivos sejam alvo destas acções "inesperadas", têm os mesmos de fornecer trimestralmente informação precisa e actualizada sobre a sua localização.
2. Que implicações práticas tem este quadro legal?
Na prática quer isto dizer que qualquer atleta de alto rendimento poderá ser alvo de controlos antidoping surpresa, estando em qualquer lugar ou situação, seja ela pessoal, social ou profissional, o que significa abdicar de direitos fundamentais que a maioria de nós tem como garantidos, pela prossecução do que é encarado um bem maior, ou seja, a verdade desportiva. Não retirando qualquer mérito deste valor que deve ser o expoente máximo de qualquer competição desportiva, parece-nos que o actual sistema antidoping extravasa aquilo que seria desejável no âmbito dos direitos privados e intrínsecos de qualquer cidadão, seja atleta ou não, uma vez que condiciona as liberdades dos atletas de uma forma que o poder público não se atreve a fazer."

O jogo online: o bom, o mau e todos os outros

"Dizer que qualquer comerciante quer enganar o “freguês” pois o seu único objectivo é obter lucro soa mal não soa? Tratar o jogo online como uma fonte do mal também.

Existem verdades com as quais não gostamos de ser confrontados. Perceber que temos uma veia radical é uma delas. No entanto existem temas que revelam isso mesmo, a nossa incapacidade de ver áreas cinzentas e que nos remetem directamente para o oito ou oitenta, para o bem vs. mal, sem nada pelo meio…
Assim, assumo que a maioria dos leitores já tenha irremediavelmente “vilanizado”a indústria do jogo online, actividade legalizada em Portugal a 29 de Abril de 2015.
Esta percepção generalizada resulta de elementos históricos, da informação disseminada acerca do impacto da actividade na vida de alguns jogadores, da existência de um mercado negro (não regulado) que poucas ou nenhumas garantias oferece aos jogadores, e ao facto de os comportamentos de jogo disfuncionais serem equiparáveis a dependências como a do abuso de álcool ou de drogas. 
Onde quero, afinal, chegar com tudo isto? A um meio-termo. À desmistificação da actividade do jogo online num ambiente regulado, enquanto actividade comercial que visa o lucro e que tem os seus riscos, como tantas outras actividades de mercado, mas na qual tudo é feito, quer pelo Regulador quer pelas entidades exploradoras, para proteger a integridade do jogo e os jogadores. Tal como todas as outras actividades de mercado reguladas, também nesta existem regras para garantir a qualidade dos bens e serviços vendidos, e a protecção dos consumidores.
Aliás, foi provavelmente a reputação do jogo que fez desta uma das mais reguladas actividades da actualidade. Focando-me única e exclusivamente no mercado do jogo online em Portugal, e independentemente da imagem que se tende a associar a esta actividade, a indústria não tem como não ser o aluno bem comportado do mercado, senão vejamos:
1. Os menores de idade estão impedidos de jogar online. O registo num website licenciado obriga ao fornecimento de diversos dados de identificação. Esses dados são efectivamente verificados (nomeadamente a data de nascimento) junto de uma base de dados oficial;
2. Temos uma Entidade Reguladora que de facto pratica, diariamente, o seu poder de monitorização sobre os websiteslicenciados, os quais, para estarem operacionais, tiveram de passar por um exigente processo de licenciamento;
3. Deste processo, o que provavelmente mais interessará saber ao jogador é que, associado aos jogos de fortuna ou azar, existe um Gerador de Números Aleatórios (“GNA”) que ditará os resultados de jogo. Este GNA é sempre testado e certificado por um laboratório creditado, independente, e reconhecido pelo Regulador nacional;
4. Os jogadores podem, a todo o tempo, rescindir o seu contrato de jogo e optar por sair do website; 
5. Os jogadores que queiram restringir a sua actividade de jogo, podem definir um valor máximo para depósitos e apostas, impor curtos períodos de pausa, optar pela auto-exclusão por tempo determinado (mínimo 3 meses), ou por tempo indeterminado;
6. As coimas aplicáveis às entidades exploradoras podem ser superiores a 1.000.000,00 de euros, podendo ascender a 10% do volume de negócios (e não do lucro) da entidade;
7. Antes de obterem a licença, as entidades exploradoras são obrigadas a prestarem duas garantias bancárias de valor elevado, uma para garantir as obrigações de pagamento aos jogadores, e outra para garantir o pagamento do imposto especial de jogo online (“IEJO”);
8. Os infractores podem ver suspensa ou perder a sua licença de jogo;
9. Estas entidades são expressamente visadas pelas leis de combate ao branqueamento de capitais e financiamento de terrorismo.
Acresce ainda que, um dos principais requisitos de entrada nos mercados regulados (pelo menos a nível europeu) é o da idoneidade. A infracção num país é facilmente punida noutro, quer através da revogação da licença, quer mediante o impedimento de entrada no mercado. Pior, muitas destas entidades estão cotadas em bolsa, e quaisquer infracções registadas, independentemente do mercado, podem ter um impacto negativo no valor das suas acções.
Logo, nenhuma entidade quer, voluntariamente, colocar-se numa posição de não cumprimento.
Por fim, as entidades exploradoras do jogo online são boas pagadoras de impostos. Conforme dados divulgados pelo Regulador em 2017, no primeiro ano completo de actividade regulada, 54,3 milhões de euros foram tributados como IEJO. E estamos apenas a começar.
Portanto, cá estamos nós numa de tantas áreas cinzentas. As entidades exploradoras do jogo online licenciadas, e como quaisquer outras empresas privadas, têm um objectivo principal, que é o de fazer lucro, neste caso através da prestação de serviços de entretenimento. Para alcançar o lucro há regras a cumprir, é necessário satisfazer os clientes, e ainda zelar pelo bom nome das marcas sob as quais operam.
Dizer que qualquer comerciante quer enganar o “freguês” pois o seu único objectivo é obter lucro soa mal não soa? Tratar o jogo online como uma fonte do mal também."

Benfiquismo (DCCCXXIV)

Sentimento...

Aquecimento... Tugão a chegar ao fim...

Benfica Podcast... dos Stades - 283

Vitória... em mais uma roubalheira monumental!!!

Benfica 4 - 2 Burinhosa

O vírus da lama continua a alastrar-se... É verdade que hoje ganhámos, mas ficámos muito 'condicionados' para a Meia-final com os Lagartos. Sem o Hemni e agora sem o André Coelho..
A Burinhosa é de longe a equipa que mais porrada dá... e hoje sabiam à partida que teriam impunidade total (mais uma vez)!!! Por incrível que pareça, o jogo acabou com o Benfica a levar: 3 Amarelos e 1 Vermelho, enquanto o adversário levou 1 Amarelo!!!
O Benfica não pode continuar em silêncio após estas situações recorrente... vir falar depois dos 'factos' não resolve nada!

Muito mérito aos jogadores, que a perder 0-2 e com a quadra totalmente inclinada, não perderam a cabeça...!!!