"O Benfica joga esta noite em Paços de Ferreira e, para além da valia dos donos da casa, já sabe com o que contar. O Pizzi tem de ver um cartão amarelo, dê lá por onde der. Um cartão amarelo que o impeça de defrontar o Porto daqui por duas semanas, sob pena do árbitro, se for o do talho, ficar sem talho, se for do restaurante, ficar sem restaurante, de for da advocacia, ficar sem escritório, se for o bancário, ficar sem balcão de atendimento ao público. Estão com medo do Pizzi? Parece que sim. Imagine-se, ter medo do Pizzi, esse excedentário do futebol português que só foi agora chamado aos trabalhos da Selecção porque o seleccionador, de tanto ouvir falar no Pizzi e no Pizzi, outra vez, no Pizzi, se lembrou que o Pizzi existia. E poderia parecer mal não dar uma oportunidade a um jogador de quem toda a gente fala, por amor à verdade desportiva e por respeito aos bens materiais e imóveis do nossos pobres árbitros que não têm quem os defenda. Pizzi, atenção, hoje à noite em Paços de Ferreira não te ponhas com continências que podem ser consideradas flagrante atitude de grosseria para com as instituições militares, tendo em conta que és um civil, nem, muito menos, te atrevas a franzir o rosto semicerrando os olhos quando te couber cobrar uma falta a favor do Benfica, isto se houver faltas a favor do Benfica, naturalmente. Aquele teu olhar maroto, tão característico. configura há 15 jornadas um grande desrespeito pela oftalmologia nacional. É hoje, Pizzi, é hoje.
Julgado, uma vez mais, improcedente, terminou no Tribunal Arbitral do desporto o, afinal, não-caso dos vouchers. O queixoso reagiu através das redes sociais, o seu campo de eleição, clamando por uma "total sintonia entre os regulamentos disciplinares" do futebol e "as leis da República". Ninguém, com bom senso e espírito democrático poderá ser contra essa desejável concordância que, em boa hora, retiraria a todo o edifício do futebol o privilégio absurdo de se ver como um Estado à parte dentro do Estado a sério. Tome-se por exemplo o caso judicial que ficou conhecido como Apito Dourado, em que o FC Porto foi condenado na justiça desportiva e os seus responsáveis ilibados na justiça civil. Ou, mais recentemente, o caso Cardinali em que o seu responsável foi condenado na justiça civil que, entretanto, já prescreveu alegremente na justiça desportiva. Ah, que sinfonia seria se houvesse sintonia."